segunda-feira, dezembro 14, 2009

contando estórias (7)

Once the spell is broken

“Todo homem possui duas biografias eróticas. Em geral só se fala da primeira, que se compõe de uma lista de casos e de encontros amorosos.

A mais interessante é, sem dúvida alguma, a outra biografia o bando de mulheres que queríamos ter e que nos escaparam, a história dolorosa das possibilidades irrealizadas.

Mas existe ainda uma terceira, uma misteriosa e inquietante categoria de mulheres. Elas nos agradam, nós lhes agradamos, mas ao mesmo tempo compreendemos logo que não podíamos tê-las porque, na nossa relação com elas, nos encontrávamos do outro lado da fronteira”.

Ao reparar nas entrelinhas dessa passagem do “o livro do riso e do esquecimento” Horácio dormiu bem melhor, muito tarde, como sempre, largando-se pesadamente sobre a cama. Mas, foi sacudido desde as primeiras horas de luz matutina que, batendo no alumínio e vidros da janela de seu quarto, levantou o dia que veio estender uma lona de calor em ondas sobre o colchão do aturdido amante. Abria-se uma manhã entorpecente, fazendo-o suar e levantar-se incomodado com a quentura martelada pelo mormaço. O sol vinha acompanhado de memórias que passeava por cantos descascados de tintas, e quinas de encantos quebrados, assentando-se sobre seu peito de pelos grisalhos.

Inquieto, Horácio, acordara de olhos debruçados numa ressaca de experiências recentes, quando teve um sonho desmanchado – acontece às vezes, isso arranhava ainda mais o desejo de escrever, e fosse o que fosse, importava, não como o começo, era o final que tinha significado, o que lhe motivava a apoiar-se nas idéias e por as mãos sobre o rosto estampando um olhar reflexivo que o estimulava seguir o impulso, o silencioso desespero por entender o que tinha restado de bom, em decifrar a parte do que ele considerava especial e positivo na experiência com a “pequena” gaúcha Ludmila, mulher com dificuldade em reconhecer sua sensualidade, contudo mostrava-se com pele doce e cadeiras cheia de fogo no intento da conquista fortuita, tinha um jogo de sensualidade inconsequente por ignorar o imprevisto de suas respostas gostosas. Não era sua intenção chegar as vias de fato, o ato em si, mesmo porque, como já se sabia, tinha uma história... sua fronteira, e o objetivo, talvez inconsciente, era o controle da situação, o domínio da emoção, a afirmação de seu poder de sedução. Um exercício do charme feminino.

Riso e esquecimento era o que o fazia perceber, e tocar a fronteira. E assim, o solitário poeta reconsiderou suas limitações, idiossincrasias de um delinquente de meia idade diante de uma oportunidade única apresentada pela vida, esqueceria as “coisas do coração” e a palpável barreira da decepção. Sua decisão era consciente, então foi direto ao Paraíso. Passara a noite em companhia de Marie Etiene, quando aprendera num dedinho de prosa bilingue uma receita nova de sobremesa, juntos apetitosamente dedaram, lamberam e deliciaram sabores. Apenas não fizeram amor. No melhor sentido, esse era um conceito desconstruido por Horácio, e sobre isso revelava que no sexo com amor havia uma realização de integração entre sentimento e corpo. No puro sexo, o essencial está no erotismo e no prazer obtido individualmente, independente de se gostar. Aqui, o animal é resgatado às pressas, arrancando a camisa de força e os adereços civilizatórios, o que eles experimentaram nada tem de estranho, é como o canto das cigarras em qualquer casa noturna, do impulso animal em uma selva de epiléticos da metrópole, das Bocarras e sites pornôs, exercitado por gente de melhor know-how que a francesinha, mas, Horácio sentia uma real empatia por ela e se entregou a fantasias nem sempre permitidas e brincadeiras prazerosas alcançando orgasmos femininos vulcânicos, gozos de criações apimentadas com a orientação oferecida na farta literatura sexual oriental bem a mão, centelhas da arte num leito cultural sem cobertura de tempo limitante onde rolavam todas as vontades sem modos ou mentiras.

O engraçado, melhor, interessante, era que Horácio não sentia o cansaço natural de todo homem de sua idade, absolutamente, suas baterias continuavam carregadas, o que o motivava continuar sua escalada numa montanha de atividades que ele sabia ter pela frente, eram compromissos acumulados que exigiriam um esforço maior dele até a sua última noite na cidade. Teria de encontrar um jeito de atender com suporte via Internet alguns de seus antigos clientes, concluir dois projetos de sistemas de gestão, e mais que isso, além de recuperar dados supostamente perdidos em um HD de uma empresa que sofreu uma pane durante um apagão no bairro, para fechar a semana, teria de cobrar devedores (de preferência em cash) e fazer uns pagamentos inadiáveis. Depois podia parar em casa, fazer as malas, se organizar para a viagem que o afastaria por alguns meses do que ele mais evitava, o dejavu da rotina.


quinta-feira, dezembro 10, 2009

economia & meio ambiente

por Najar Tubino en Vía Política
O ecologismo dos pobres é o título de um livro do economista espanhol Joan Martínez Alier, professor da Universidade Autônoma de Barcelona e presidente da Sociedade Internacional de Economia Ecológica, editado no Brasil pela Contexto, no ano passado. Trata da sobrevivência de dezenas de povos tradicionais e tribais, espalhados pelo mundo, em face do crescimento econômico globalizado. Um movimento que começou com camponeses e suas famílias na região do Vale do rio Ganges, no Himalaia, na década de 1970, lutando contra a derrubada das florestas, que garantiam o seu sustento – comida e lenha. Homens e mulheres abraçavam as árvores, que seriam derrubadas por lenhadores profissionais, autorizados pelo governo indiano. Era o movimento Chipko, que depois teve uma iniciativa similar no Brasil, com Chico Mendes, e o “empate”, na Amazônia – quando grupos de seringueiros e suas famílias impediam a derrubada da mata para implantação de pastagens, no Acre, na década de 1980.

A questão continua atingindo milhões de pessoas mundo afora. Uma hora é a exploração de petróleo no Delta do Níger, na África, ou a mineração na América Latina, ou a destruição dos mangues no sudeste asiático, para criação do camarão em cativeiro. Na Tailândia, grupos de agricultores lutam contra a plantação de eucalipto, das indústrias de celulose japonesas, usando como argumento a ideologia do sagrado, o protetor das matas dos povos do interior – as aldeias. Eles envolviam mantos dos monges budistas nas árvores tentando protegê-las.

Preço de bananas

Nos Estados Unidos e na África do Sul, Alier enfoca o tema dos resíduos tóxicos, destinados às áreas onde, predominantemente, residiam afroamericanos ou descendentes indígenas, uma história que resultou na criação de um movimento pela “justiça ambiental”. O Brasil é citado em vários capítulos: “No Brasil a exportação de recursos naturais a ‘preço de bananas’, ou mesmo a um preço inferior ao das bananas, aumenta a cada ano” (...) “a nova fronteira não está mais configurada apenas no ferro de Carajás e no alumínio do norte do Pará, mas também na exportação de soja, em breve, numa maciça exportação de biodiesel”.

O Rio Grande do Sul também é citado, em um capítulo chamado “O breve sonho de uma zona livre de transgênicos”, onde é analisada a tentativa do governo estadual da época de proibir o uso da soja da Monsanto, enquanto o contrabando corria solto da Argentina, estendendo-se às lavouras gaúchas. O resto da história é popularmente conhecida.

Mas o eixo do livro de Joan Martínez Alier é o intercâmbio desigual, do ponto de vista ecológico, entre os hemisférios Norte – onde estão os países industrializados – e Sul, onde ainda se conservam o pouco da biodiversidade do planeta. Historicamente, a função continua a mesma: os pobres exportam matérias-primas, pagas com baixos valores. Ao mesmo tempo, precisam quitar suas dívidas externas e os juros embutidos. Na argumentação do economista espanhol, os países do Sul ainda não abordaram a questão da dívida ecológica, que os países industrializados mantêm com o Sul. Por várias razões, principalmente porque nunca pagam os custos ambientais, que estão presentes nas exportações. Valores, porém, que não são identificados, muito menos quantificados. No caso da mineração: no preço do ferro não está incluído o desmatamento, o assoreamento dos rios, sem contar o carvão, que virou energético preferido das siderúrgicas.

Não pagam

Na agricultura industrial, ninguém coloca no preço da soja o envenenamento dos rios, dos trabalhadores e mesmo agricultores atingidos, nem as inundações por enchentes, das matas que deveriam proteger o solo e as populações. “Os países ricos utilizam desproporcionalmente o espaço e os serviços ambientais, sem pagar por eles, inclusive ignorando os direitos dos demais a tais serviços, como os reservatórios naturais e os depósitos temporários de dióxido de carbono – os oceanos, vegetação em crescimento e os solos”, indaga Joan Alier.

Aí chegamos no x do problema. Os países industrializados sempre compraram matéria-prima barata, apropriaram-se dos recursos naturais de outros países, na forma de impérios coloniais, e assim, tornaram-se os maiores poluidores do planeta. Como exemplifica o economista: ¼ da humanidade (os ricos) emite ¾ da poluição. Ocorre que os reservatórios do CO2 (dióxido de carbono), principal gás estufa, são os oceanos, a vegetação em crescimento e os solos. Estes reservatórios, na sua maioria, estão localizados nos países pobres, ou no caso dos oceanos, são usufruídos por todas as nações. Na teoria, por exemplo, a taxa de poluição per capita seria de quase uma tonelada de CO2 por ano, contabilizando uma emissão superior a seis bilhões de toneladas. Seria muito equilibrado, se a maior parte dessa emissão não fosse de responsabilidade dos países industrializados, com os Estados Unidos, a Europa e o Japão liderando o ranking.

Quem deve?

Se eles implantaram o sistema desigual, usaram os recursos de uma maneira suicida, por que os países do Sul ainda devem ao Norte? Esta é a pergunta que o economista registra no livro. Não têm que pagar nada. O cálculo é simples: a redução das emissões, para livrar o planeta do problema do aquecimento e das mudanças climáticas, está na ordem de 50%. Ou seja, três bilhões de toneladas de CO2 por ano. Uma redução que os países ricos anunciaram, mas não praticaram, mesmo com a implantação do protocolo de Quioto, que prevê a redução de 5, 2% das emissões. Contando cada tonelada reduzida a US$ 20 dólares, multiplicando pelos três bilhões, teríamos US$ 60 bilhões anuais.

A redução e os valores de mercado, previstos no chamado Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), foram definidos pelos países do Norte. Além disso, transformaram-se nos intermediários na questão da venda de certificados de emissões, já negociados em Bolsas – Chicago e Londres. Alier define: os pobres são baratos e vendem barato.


Lixo para os pobres


Em 1991, um outro economista, Lawrence Summers, PhD em Harvard, alto dirigente do Banco Mundial, fez uma sugestão “estritamente econômica” em um documento interno da instituição: estimular a transferência das indústrias contaminantes e o envio de lixo tóxico aos países pobres. Para lembrar, foi a Union Carbide que provocou o desastre em Bhopal, na Índia, em 1984, quando morreram mais de três mil pessoas e 200 mil ficaram feridas, ao explodir a fábrica de inseticidas. E até agora não pagou as indenizações. Em 2001, a Dow Chemical comprou a empresa e recusa-se a assumir a responsabilidade pelas conseqüências do desastre. Nem mesmo o local foi descontaminado – do isocianato de metila e outros venenos. Nos Estados Unidos, uma vítima da contaminação do plutônio receberia US$ 500 mil de indenização.

Para encerrar, uma última citação: “O Sul tem permitido que o Norte assuma uma posição eticamente superior no campo ambiental, credenciando países cujo estilo de vida não pode ser imitado pelo resto do mundo, visto serem esbanjadores e antiecológicos.”

O ecologismo dos pobres foi publicado em 2002 pela Editora Edward Elgar, do Reino Unido, sendo reeditado em 2005, em Delhi, pela Oxford University Press, acompanhado de uma introdução dirigida aos leitores indianos. Também foi editado em castelhano pela Editora Icaria, de Barcelona. No Brasil, a edição da Contexto pode ser adquirida pelo site http://www.editoracontexto.com.br/index.php.


* Najar Tubino é jornalista, colaborador de ViaPolítica e autor do livro "O Equilíbrio".

Nos últimos anos tem se especializado em questões relativas ao meio ambiente, e atualmente divulga seu trabalho na palestra "Uma visão holística e atual sobre a integração do planeta".

segunda-feira, dezembro 07, 2009

interesse no mundo

consciência ambiental

DEBATE ABERTO

De Copenhague a Yasuní

A reunião de Copenhague não será totalmente em vão porque a sua preparação permitiu que se conhecessem melhor iniciativas reveladoras de uma nova consciência ambiental global e de outras possibilidades de inovação política. Uma das propostas mais ousadas é a Iniciativa ITT do Equador.

Como já se previra, a próxima Conferência da ONU sobre a Mudança Climática, que ocorrerá em Copenhague, de 7 a 18 de dezembro, será um fracasso que os políticos irão tentar disfarçar com recurso a vários códigos semânticos como “acordo político”, “passo importante na direção certa”. O fracasso reside em que, ao contrário dos compromissos assumidos nas reuniões anteriores, não serão adotadas em Copenhague metas legalmente obrigatórias para a redução das emissões dos gases responsáveis pelo aquecimento global cujos perigos para a sobrevivência do planeta estão hoje suficientemente demonstrados para que o princípio da precaução deva ser acionado.

A decisão foi tomada durante a recente Cúpula da Cooperação Ásia-Pacífico e, mais uma vez, quem a ditou foi a política interna dos EUA: a braços com a reforma do sistema de saúde, o presidente Obama não quer assumir compromissos à margem do Congresso norte-americano e não pode ou não quer mobilizar este último para uma decisão que envolva medidas hostis ao forte lobby do setor das energias não renováveis. Os cidadãos do mundo continuarão pois a assistir ao espectáculo confrangedor de políticos irresponsáveis e de interesses económicos demasiado poderosos para se submeterem ao controle democrático e assim ficarão até se convencerem de que está nas suas mãos construir formas democráticas mais fortes capazes de impedir a irresponsabilidade dos políticos e o despotismo econômico.

Mas a reunião de Copenhague não será totalmente em vão porque a sua preparação permitiu que se conhecessem melhor movimentos e iniciativas, por parte de organizações sociais e por parte de estados, reveladores de uma nova consciência ambiental global e de outras possibilidades de inovação política. Uma das propostas mais audaciosas e inovadoras é a Iniciativa ITT do Equador apresentada, pela primeira vez, em 2007 pelo então Ministro da Energia e Minas, o grande intelectual-ativista Alberto Acosta, mais tarde Presidente da Assembleia Constituinte.

Trata-se de um exercício de co-responsabilização internacional que aponta para uma nova relação entre países mais desenvolvidos e países menos desenvolvidos e para um novo modelo de desenvolvimento, o modelo pós-petrolífero. O Equador é um país pobre apesar de (ou por causa de) ser rico em petróleo e a sua economia depender fortemente da exportação de petróleo: o rendimento petrolífero constitui 22% do PIB e 63% das exportações. A destruição humana e ambiental causada por este modelo econômico na Amazônia é verdadeiramente chocante. Em consequência direta da exploração do petróleo por parte da Texaco (mais tarde, Chevron), entre 1960 e 1990, desapareceram por inteiro dois povos amazônicos, os Tetetes e os Sansahauris.

A iniciativa equatoriana visa romper com este passado e consiste no seguinte. O estado equatoriano compromete-se a deixar no subsolo reservas de petróleo calculadas em 850 milhões de barris existentes em três blocos — Ishpingo, Tambococha e Tipuyini (daí, o acrônimo da inciativa) — do Parque Nacional Amazónico Yasuní, se os países mais desenvolvidos compensarem o Equador em metade dos rendimentos que deixará de ter em resultado dessa decisão. O cálculo é que a exploração gerará, ao longo de 13 anos, um rendimento de 4 a 5 bilhões de euros e emitirá para a atmosfera 410 milhões de toneladas de CO2. Tal não ocorrerá se o Equador for compensado em cerca de 2 bilhões de euros mediante um duplo compromisso. Esse dinheiro é destinado a investimentos ambientalmente corretos: em energias renováveis, reflorestação, etc.; o dinheiro é recebido sob a forma de certificados de garantia, um crédito que os países “doadores” receberão de volta e com juros caso o Equador venha a explorar o petróleo, uma hipótese pouco provável dada a dupla perda para o país (perda do dinheiro recebido e a ausência de rendimentos do petróleo durante vários anos, entre a decisão de explorar e a primeira exportação).

Ao contrário do Protocolo de Kyoto, esta proposta não visa criar um mercado de carbono; visa evitar que ele seja emitido. Não se limita, pois, a apelar à diversificação das fontes energéticas; sugere a necessidade de reduzir a procura de energia, quaisquer que sejam as suas fontes, o que implica uma mudança de estilo de vida que será sobretudo exigente nos países mais desenvolvidos. Para ser eficaz, a proposta deverá ser parte de um outro modelo de desenvolvimento e ser adotada por outros países produtores de petróleo. Aliás, a sustentar esta proposta equatoriana está a nova Constituição do Equador, uma das mais progressistas do mundo, que, a partir das cosmovisões e práticas indígenas do que designam como “viver bem” (Sumak Kawsay) — assentes numa relação harmoniosa entre seres humanos e não-humanos, incluindo o que na cultura ocidental se designa por natureza — propõe uma concepção nova e revolucionária de desenvolvimento centrada nos direitos da natureza.

Esta concepção deve ser interpretada como uma contribuição indígena para o mundo inteiro, pois ganha adeptos em setores cada vez mais vastos de cidadãos e movimentos à medida que se vai tornando evidente que a degradação ambiental e a depredação dos recursos naturais, além de insustentáveis e socialmente injustas, conduzem ao suicídio coletivo.
Uma utopia? A verdade é que a Alemanha já se comprometeu a entregar ao Equador 50 milhões de euros por ano durante os 13 anos em que petróleo seria explorado. Um bom começo.
Boaventura de Sousa Santos é sociólogo e professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (Portugal).
Fonte: Agência Carta Maior .

domingo, novembro 29, 2009

contando estórias (6)

"O coração e as circunstâncias da vida nos reservam surpresas, boas e nem tão boas".

Em poucos dias, algumas horas não vividas, e Ludmila mudaria da água para o vinho, menos para dentro da dança da vida dos poemas de Horácio. Bem e mal me quer, par ou impar, pierrô temporário, colombina nua, pétalas arrancadas de uma fresca margarida encontrada ao acaso. Uma freada brusca. Uma trégua necessária a veloz reação dos instintos? Horácio transitava entre a imaginação e a afirmação de identidade daquela mulher, uma deusa, mas, ele admitia diante do tropeço, ter o pé quebrado no teatro da vida. "Já tenho uma história... podemos ser amigos, não teremos um relacionamento homem-mulher." - disse ela, pausadamente, como uma solução ao desafio dos impulsos vivenciados na eternidade de cada instante de interação, quando se viam. Isso ficou entendido entre os dois após um diálogo quase distante. No final, ela seguiu expirando uma certa postura profissional, um ar sério – uma sombra que ia seguindo ela -, mas, alguns olhares e toques subliminares ainda seriam permitidos durante o almoço que haviam combinado dois dias antes. "Não quero te magoar..." - assim definiu Ludmila, o desfecho desse encontro, uma trégua entre atores que brincam com a paixão, agora, eram só caçadores e caça temerosos do desconhecido poder de fogo do envolvimento real.

Horácio ainda lembrava daquele “Há possibilidades...”, que ela expressou, dando asas a algo promissor, essa frase intuiu várias energias, a dinâmica do corpo quase parou no tempo, e ele ficou leve sobre o chão ao ouvi-la (com todas as letras), ela soltando-se para sua satisfação, como resposta a proposta surpresa penetrando os olhos dela, alheio ao que poderia estar por perto de conservador, mas, soando normal – pensou o moço dominado – ao pronunciar bem junto do ouvido dela: “Quer fazer amor comigo?” – ousado, no entanto, ele só provaria as consequencias do seu ato na hora do almoço da quinta-feira.

Horácio teve um sonho, anteviu que o sorriso de Ludmila se desmancharia dentro desse sonho, assim como um raio apagado por um cusparada, com a ajuda dela mesmo, a sorte achada subitamente viajava sem perspectivas de ceder a atração presente no impossível tornado possível pela arte do encontro, e tudo daria na involução da química amorosa que aflorava. O chacra cardíaco de Horácio também se fecharia nessa direção. Ele ouvia "desmanchei o sonho", repetidamente.

Tanta energia borbulhava naquele limpo céu de domingo de novembro, um dia que esticou seu olhar até o por do sol, transpirando alegria, adrenalina, hormônios esperançosos pelo encontro, um contato fantasiado que estava envolto num desejo tácito que flamejava no sentimento caloroso exposto nas palavras de Ludmila. Poderia rolar a partir daí mesmo! O que abafou a chama? O que medrou no caminho o coração em vôo, o planejado cruzeiro? O pensamento não existiu para Horácio que suportaria qualquer coisa para conhecer as surpresas nem tão boas que viriam, caso só soubesse naquele dia e o tempo se dividisse para manter os dois do mesmo lado, ouvindo os batimentos de uma música comum a passos comuns, ou coisas além de sílabas soltas pela boca feminina pintada de emoção, e não seriam apenas retórica durando numa página virada não lida.

sábado, novembro 28, 2009

Economia de Baixo Carbono ?

Emissão do Brasil sobe 62% em 15 anos, mais que dobro da média mundial
[clique na imagem para ampliar]

Puxadas pelo desmatamento da Amazônia e do Cerrado, as emissões de gases de efeito estufa no Brasil aumentaram 62% em 15 anos, entre 1990 e 2005, segundo o inventário oficial de emissões, cujos dados preliminares foram apresentados nesta quarta-feira (25) pelo ministro Sergio Rezende (Ciência e Tecnologia). A previsão era de que o inventário só fosse sair em 2010.

"O aumento é muito inferior ao da Índia e da China: nesses países as emissões mais do que dobraram", avaliou o ministro. Mas o percentual brasileiro é mais do que o dobro da média mundial de aumento do lançamento de gases responsáveis pelo aquecimento global, que foi de 28% no período.

Supera também, ainda que bem ligeiramente, a média do crescimento das emissões da parte não desenvolvida do planeta, de 61,3%.

O país lançou carbono na atmosfera num ritmo mais acelerado do que o crescimento da economia. No mesmo período de 15 anos, o PIB brasileiro cresceu 47,4%.

O aumento das emissões teria sido maior caso o Ministério de Ciência e Tecnologia não tivesse corrigido o volume de emissões registrado em 1990 e anunciado no primeiro inventário nacional, em 2004. "A correção foi significativa, de mais de 10%", contou Sergio Rezende.

Em 2005, de acordo com o novo inventário, os gases de efeito estufa lançados na atmosfera somaram pouco mais de 2,2 bilhões de toneladas.

Tudo somado, o Brasil continua sendo o quinto maior poluidor do planeta, atrás de China (7,5 bilhões de toneladas), Estados Unidos (6 bilhões), União Europeia (4,6 bilhões) e Indonésia (2,3 bilhões). [Leia mais clicando no título "Economia de Baixo Carbono?"]

água potável e suas conexões

Cocaína, especiarias e hormônios são achados na água potável do estado de Washington, EUA

Que tal essa surpresa? Uma equipe de pesquisadores da Universidade Estadual de Washington encontrou traços de especiarias culinárias e condimentos nas águas do estreito de Puget. Richard Keil, professor associado da Universidade de Washington, comanda o programa Sound Citizen, que investiga até que ponto a vida em terra afeta as águas. Keil e sua equipe rastrearam “pulsos” de ingredientes alimentícios que entram nas águas durante os feriados.

Por exemplo, tomilho e sálvia costumam registrar picos durante o Dia de Ação de Graças, a canela durante o inverno, chocolate e baunilha nos finais de semana (provavelmente traços de alimentos consumidos em festas), e ingredientes usados para waffles disparam no feriado de 4 de julho.

O estudo do estreito de Puget é um dos diversos esforços em curso para investigar os ingredientes inesperados que encontram lugar no suprimento mundial de água. Reportagem da National Geographic.

Em todo o mundo, os cientistas vêm encontrando traços de substâncias – de açúcar e especiarias a heroína, passando por combustível para foguetes e anticoncepcionais – que podem ter consequências imprevistas para a vida humana e a fauna.

Mares de baunilha?
Quando as especiarias e condimentos são levados de um lar norte-americano pelo esgoto, vão para um centro de tratamento, e a maior parte de seu volume é removido lá. Na área em torno do estreito de Puget, os pesquisadores da Universidade de Washington descobriram que os resíduos de especiais que não são removidos terminam por se despejar nas vias aquáticas que emanam do estreito e penetram a terra.

De todos os sabores identificados nessas vias, a baunilha artificial predomina, diz Keil. Por exemplo, a equipe encontrou em média seis miligramas de baunilha artificial por litro de água analisado. Os esgotos da região contêm mais de 14 miligramas de baunilha por litro. Isso equivaleria a despejar em uma piscina olímpica cerca de 10 vidrinhos de 120 ml de baunilha artificial.

Por enquanto, não existem indícios de que um estreito mais doce e mais temperado seja um problema. “Os salmões, que são capazes de farejar o aroma desses produtos, talvez estejam aproveitando seu ambiente temperado com baunilha”, disse Keil.

No geral, disse ele, o projeto de identificação de especiarias se provou uma boa maneira de educar as pessoas, especialmente as crianças, quanto ao fato de que “tudo que fazem se conectar às águas da região”.

Drogas ilegais
A conexão entre banheiro e cozinha e a costa também pode abrir caminho a algumas substâncias menos agradáveis, tais como drogas ilícitas, descobriram os especialistas. Depois que uma pessoa usa drogas como cocaína, heroína, maconha e ecstasy, os subprodutos ativos das substâncias são liberados nas águas do esgoto por meio da urina e fezes dos usuários.

Esses subprodutos, ou metabolitos, muitas vezes não são removidos completamente durante o tratamento de esgoto, ao menos na Europa, diz Sara Castiglioni, do Instituto Mario Negri de Pesquisa Farmacológica, em Milão, Itália.

Isso significa que as águas contaminadas por drogas podem penetrar o lençol freático e as águas de superfície, que servem coletivamente como importantes fontes de água potável para a maioria das pessoas.

Em um novo estudo sobre pesquisas anteriores, Castiglioni e seu colega Ettore Zuccato constataram que as drogas ilícitas têm presença “generalizada” nas águas de superfície de algumas das áreas povoadas europeias.

Por exemplo, em um estudo de 2008, cientistas descobriram um subproduto de cocaína em 22 das 24 amostras de água potável testadas em uma usina espanhola de tratamento, a despeito do rigoroso processo de filtragem. Embora ínfimos, esses resíduos podem ser tóxicos para os animais de água fresca, de acordo com o estudo, que será publicado pela revista Philosophical Transactions of the Royal Society A.

Por isso, “não pode ser excluída a possibilidade de risco para a saúde humana e ambiental”, alerta o estudo.

Produtos farmacêuticos
Os cientistas também estão descobrindo mais sobre a presença de produtos como compostos farmacêuticos legais e itens de tratamento pessoal, de antibióticos e morfina a filtro solar, em volume cada vez maior nas nossas águas.

Pesquisas anteriores revelaram, por exemplo, que até 20 quilos de produtos farmacêuticos fluem pelas águas do rio Po, na Itália, a cada dia.

Como no caso das drogas ilícitas, traços desses produtos muitas vezes escapam à filtragem nas usinas de tratamento de esgotos. Os produtos também são encontrados em muitas vias aquáticas dos Estados Unidos, e estudos indicam que certas drogas podem prejudicar o meio ambiente -embora não haja indícios até o momento de que prejudiquem pessoas, de acordo com a Agência de Proteção Ambiental (EPA) norte-americana.

Contaminantes
As atuais normas da EPA dispõem que mais de 90 contaminantes sejam filtrados e eliminados dos sistemas de água potável, diz Cynthia Dougherty, diretora do serviço de água da agência.

Vírus e outros microrganismos são filtrados, e o mesmo se aplica a substâncias inorgânicas como chumbo, cianeto, cobre e mercúrio. Os poluentes gerados pelo uso de fertilizantes, como nitrato e nitrito, são removidos, igualmente.

Além disso, a agência estuda regularmente os novos produtos químicos que podem requerer regulamentação. No momento, há interesse quanto ao perclorato, um produto químico tanto natural quanto artificial usado em fogos de artifício e combustível de foguetes, disse Dougherty.

Tradução: Paulo Migliacci ME

Reportagem da National Geographic, no Notícias Terra

EcoDebate, 27/11/2009

segunda-feira, novembro 23, 2009

morto (neoliberalismo) vivo

  • O neoliberalismo está "vivinho da silva"

O recente colapso da economia mundial, causado predominantemente pela falta de regulação dos mercados financeiros, provocou uma erosão na credibilidade do neoliberalismo. No entanto, segue exercendo uma forte influência na maioria dos economistas e dirigentes de empresas, sobretudo pela ausência de uma doutrina alternativa. Por que a contínua invocação dos mantras neoliberais quando as promessas desta teoria foram contraditadas pela realidade em quase todas as ocasiões? O artigo é de Walden Bello.

Manila, Nov (IPS) – O recente colapso da economia mundial, causado predominantemente pela falta de regulação dos mercados financeiros, provocou uma erosão na credibilidade do neoliberalismo. No entanto, segue exercendo uma forte influência na maioria dos economistas e dirigentes de empresas, sobretudo pela ausência de uma doutrina alternativa.

Por que a contínua invocação dos mantras neoliberais quando as promessas desta teoria foram contraditadas pela realidade em quase todas as ocasiões?

O neoliberalismo é uma perspectiva que advoga a favor do mercado como o principal regulador da atividade econômica, enquanto busca limitar ao mínimo a intervenção do Estado.

Em tempos recentes, o neoliberalismo foi identificado com a própria ciência econômica, dada sua hegemonia como um paradigma dentro da disciplina, que induz à exclusão de outros enfoques.

Dado que a economia é vista em muitos setores como uma ciência irrefutável, quase como a física (é a única ciência social para a qual há um Prêmio Nobel), o neoliberalismo teve uma tremenda e penetrante influência não só em âmbitos acadêmicos, mas também nos meios políticos. Enquanto a Universidade de Chicago, lar do guru neoliberal Milton Friedman, se converteu em fonte de sabedoria acadêmica, em círculos tecnocráticos o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial foram vistos como instituições-chave que levaram esta teoria à política com uma série de prescrições que eram aplicáveis a todas as economias.

É surpreendente comprovar como só recentemente o liberalismo se transformou em um paradigma hegemônico. Até meados dos anos 70, as orientações econômicas keynesianas, que promoviam uma boa dose de intervenção estatal como necessária para a estabilidade e um crescimento econômico constante, eram a ortodoxia. No chamado Terceiro Mundo, o desenvolvimentismo, que prescrevia os princípios keynesianos para as economias que estavam insuficientemente penetradas e transformadas pelo capitalismo, era o enfoque predominante. Havia um tipo conservador de desenvolvimentismo e outro progressista, mas ambos viam o Estado como o mecanismo central do desenvolvimento.

Creio que há três razões pelas quais o neoliberalismo, apesar de seus fracassos, segue sendo dominante.

Em primeiro lugar, em certos países em desenvolvimento como Filipinas, a corrupção continua sendo considerada geralmente como uma explicação para o subdesenvolvimento. Deriva daí o argumento segundo o qual o Estado é a fonte da corrupção e o incremento do papel do Estado na economia, inclusive como regulador, seja visto com ceticismo. O discurso neoliberal concorda perfeitamente com esta teoria da corrupção, minimizando o papel do Estado na vida econômica e sustentando que tornar as relações de mercado dominantes nas transações às custas do Estado reduzirá as oportunidades para a corrupção tanto dos agentes econômicos quanto dos estatais.

Por exemplo, para muitos filipinos o Estado corrupto foi e segue sendo o principal obstáculo para a melhoria do nível de vida. A corrupção estatal é vista como o maior impedimento para o desenvolvimento econômico sustentável. A corrupção, por óbvio, deve ser condenada por razões morais e políticas, mas a suposta relação entre corrupção e subdesenvolvimento tem, de fato, pouca base.

Em segundo lugar, apesar da profunda crise do neoliberalismo, não surgiu ainda nenhum paradigma ou discurso alternativo convincente nem local nem internacionalmente. Não há nada parecido com o desafio que os princípios keynesianos colocaram ao fundamentalismo do mercado durante a Grande Depressão dos anos 30 do século passado. Os desafios apresentados por economistas estelares como Paul Krugman, Joseph Stiglitz e Dani Rodrik continuam enquadrados dentro dos limites da economia neoclássica.

Em terceiro lugar, a economia neoliberal segue projetando-se com a imagem de uma “ciência irrefutável” em razão de ter introduzido meticulosamente a tecnologia matemática. Como seqüela da recente crise financeira, esta extrema aplicação da matemática foi objeto de críticas dentro da própria profissão. Alguns economistas sustentam que o predomínio da metodologia sobre a substância converteu-se na finalidade da prática econômica e, consequentemente, a disciplina perdeu contato com as tendências e os problemas do mundo real.

Vale a pena notar que John Maynar Keynes, que era uma mente matemática, se opôs à “matematização” da disciplina precisamente pelo falso sentido de solidez que dava à economia. Como registrou seu biógrafo Robert Skidelsky, “Keynes era notoriamente cético acerca da econometria” e os números “eram para ele simplesmente pistas, indicações, gatilhos para a imaginação”, ao invés de expressões de certezas sobre fatos passados e futuros.

Superar o neoliberalismo, portanto, requer ir além da veneração dos números que, freqüentemente, cobrem a realidade, e ir além também do suposto cientificismo neoliberal.

(*) Walden Bello, é deputado da República das Filipinas e analista do centro de estudos Focus on the Global South (Bangkok)

Tradução: Katarina Peixoto

Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16246

domingo, novembro 15, 2009

o simbólico e o Real (1)

Reflexões

O resgate das utopias transformadoras, da esperança de que um outro mundo é possível, me parece um caminho essencialmente anterior e interior, uma re-conquista imprescindível ao ser, uma recuperação contínua e necessária de sentimentos, referenciais enriquecedores ao conhecimento, precisos, que hoje, parecem esquecidos ou destruídos no decorrer do dia-a-dia acelerado, não mais durante os longos anos de vida. O que parece natural não é mais. Quando pensamos que já experimentamos de tudo, caímos nas armadilhas dos processos personalísticos, da acomodação, da ignorância permitida, e deixamos de encontrar o novo do novo, o encantamento afetivo, a permanência do real do relacionamento humano, o re-conhecimento do outro, o respeito mútuo pelas diferenças. Manter o divino interior vai ficando para depois ou para outro momento que seja o ideal, na preparação, o planejamento demora, o risco da solução que procuramos é imensurável e o resultado que nos damos é mesquinho. A banalização dos sentimentos é sistematicamente repetida, nos colocamos à mercê de prioridades e importâncias pouco significantes para a realização da felicidade e nos afastamos da evolução espiritual, do divino que abrigaríamos ao nos conhecermos melhor e ao Outro (ser e Natureza).

A efetividade da matéria objetivada na hipereconomização do mundo e a metástase do conhecimento relacionam-se diretamente a capitalização da natureza, a morte da simbologia humana e dos referentes da emoção cada vez mais racionalizada, tudo converte o ser em suas representações, em peças sem identidade ou significado, objetos de arquétipos pré-configurados na medida de uma sociedade individualista, personificada nos modismos, pela invasão tecnológica na vida e valores culturais esgarçados na correnteza violenta do império do Objeto globalizado. Os discursos e mentes vagam ausentes de ideais ou utopias humanizadoras sobre falsos fundamentos ideológicos afastando-se da ordem necessária e suficiente ao desenvolvimento dos seres e saberes, da ordem natural das coisas do mundo, do meio ambiente envolvente.

Sem uma consciência de justiça ou visão para uma transformação objetivamente social vamos ficando permanentemente em um simulacro de vida, terror e desespero, onde o inconsciente coletivo bóia submetido às simulações do racionalismo científico a serviço do interesse da dinâmica da acumulação do capital que domina o consumo e o uso dos recursos naturais além do limite do equilíbrio do planeta, segundo as necessidades e dependências criadas por uma hiper-realidade caótica que desloca a ordem simbólica, um jogo de espelhos desprovido de ética e movido pelos mecanismos de mercado tidos como lei; "um excesso de objetividade num jogo de simulações entre o modelo e o real dirigido por desígnios de uma razão sem sentidos nem referentes".

quinta-feira, novembro 05, 2009

o Andrógino Divino

Desvendando o Matrix
(Autor desconhecido por mim) - 2 Nov 2009

O filme Matrix começa com Trinity, a iniciadora, em conexão com o mundo real através de uma linha telefônica, no Heart O' The City Hotel. Essa linha do ponto de vista simbólico, equivale à vibração do Anahata, ou Chacra Cardíaco, que permite-nos, uma vez ativado, sintonizar nossa consciência com nosso átomo primordial. No atual estado evolutivo da humanidade, esse Chacra só pode ser dinamizado pelo elemento feminino.

O número que vemos em exposição na tela do console manipulado pelo personagem Trinity, é 506, equivale ao Arcano 11, (5+0+6 = 11), ou seja a lâmina da força. Nesta lâmina do Taro, vemos uma mulher abrindo com as mãos nuas, a boca de um leão. No filme, Trinity representa a Shakti, a força que penetrando no Chacra cardíaco do iniciado, promove a consciência.

O ser que está na Senda Iniciática, representado pelo personagem principal, utiliza um pseudônimo, o equivalente ao nome secreto empregado em algumas escolas. Neo, lido anagramaticamente, equivale a Noé, One (um), ou Eon, que em grego significa ciclo, era ou período, simbolizando a ligação desse personagem com um novo começo, algo novo, uma nova era.

Ele, Neo, recebe a primeira instrução de sua iniciadora, Trinity, que lhe diz como se estalasse os dedos, “Acorde, Neo”, da mesma maneira que os iniciadores repetem isso aos discípulos, durante toda a sua jornada na Senda.

O personagem principal do filme, como todos os outros que se iluminaram antes dele, procurava a resposta nas palavras de Trinity:

“É a pergunta que nos impulsiona”.

Quando finalmente trava contato, com Morfeu, seu Mestre, este diz a Neo, que “há duas formas de sair daí, uma é pelo andaime, outra é levado por eles”, ou seja, uma vez que o indivíduo desperta para as Leis ocultas que determinam os acontecimentos nos planos da manifestação elevando sua consciência a um nível superior as pessoas comuns, só há duas maneiras dele continuar seu desenvolvimento, uma é subindo, outra é capturado pelas forças, que representam os processos personalísticos que nos controlam.

Neo hesita, devido a seu medo e desconfiança, gerados pelo sentimento de auto-preservação e acaba capturado pelos elementos personalísticos.

Mas tarde, vemos Neo, de volta a sua vida comum, supostamente liberto, sendo levado ao encontro de Morfeu, para sua iniciação. Porém, antes dele entrar no vestíbulo onde o Mestre o espera, Trinity a iniciada que o guia, como uma Ariadne que guiou Teseu no labirinto de Creta, lhe dá um conselho semelhante ao que é dado a todo discípulo em prova; “Seja sincero. Ele sabe mais do que você imagina”. Só então, ela lhe abre a porta da sala onde o Mestre lhe espera.

Durante o diálogo que se segue, Morfeu observa que ele, Neo, é; “Um homem que aceita o que vê”. Entendemos melhor essa afirmação quando consideramos que o nome “real” do personagem Neo no filme, é Thomas A. Anderson, Thomas é equivalente a Tomás ou Tomé, demonstrando o relacionamento do personagem a São Tomé, o apóstolo que precisava ver para crer.

Vale notar, que o sistema iniciático adotado por Morfeu, relaciona-se, na sua forma extremamente simples e objetiva, a iniciação mental, praticada nas escolas em sintonia com o atual estado de consciência da humanidade, focado no mental concreto, e que, portanto não trabalham mais com o sistema de iniciação astral, ou fenomênico, utilizada em escolas mais primitivas.

Morfeu, ensina sobre A Matrix - (Ma = m = Maya, que significa ilusão em sânscrito e Trix = Tri = Três). Matrix tem o mesmo significado das tradicionais Três Mayas, Três Véus, ou Três Ilusões, a ilusão física, a ilusão psíquica e a ilusão espiritual, que segundo o hinduismo ocultam a realidade.

Ele, o Mestre, apresenta seus ensinamentos na forma de questões do tipo “Você deseja saber o que ela é?”, ao receber resposta afirmativa de Neo, continua “A Matrix, está em todo lugar. A nossa volta. Mesmo agora, nesta sala. Você pode vê-la quando olha pela janela, ou quando liga sua televisão. Você a sente quando vai para o trabalho, quando vai a igreja, quando paga seus impostos. É o mundo colocado diante dos seus olhos para que não veja a verdade...”.

Ao questionamento seguinte do discípulo (Neo), sobre o que é a verdade, ele continua implacavelmente, dizendo que a verdade é “Que você é um escravo. Como todo mundo, você nasceu num cativeiro, nasceu numa prisão que não consegue sentir ou tocar. Uma prisão para sua mente. Infelizmente é impossível dizer o que é a Matrix (ou a Maya). Você tem de ver por si mesmo”, nesse momento então ele oferece a Neo, uma pílula azul, para conservar o sonho, a Maya e outra vermelha para mudar sua percepção da realidade. A cor da primeira pílula, o azul é associado ao conservadorismo, no mesmo sentido do sangue real, ou azul das antigas monarquias européias. A cor da segunda é vermelha, relacionada às transformações revolucionárias violentas, associado a mudanças radicais. Morfeu, o Mestre, tem a chave que abre as portas para o real, mas Neo, o discípulo, tem que fazer a escolha.

Durante a iniciação ele morrerá para um mundo de sonhos e nascerá para o mundo real, despertando plenamente para a verdadeira natureza, do mundo físico, do mundo psíquico, e do mundo espiritual, compreendendo dessa forma a tríplice natureza unitária da realidade. Para entendermos melhor o que ocorre com Neo a partir daí, é importante considerarmos o que é dito no Bhagvad-gita, por Sri Krisna, quando se dirige a seu discípulo Arjuna e lhe diz “Ó Arjuna, o Senhor Supremo está situado no coração de todo mundo, e dirige as divagações (os sonhos) de todas as entidades vivas, que estão sentadas como numa máquina, feita de energia material”. (Bhagavad-Gita Como Ele É, texto 61, capítulo 18, pág. 706. - A.C.B. Swami Prabhupada).

No filme, já no mundo real, a bordo do Nabucondonosor, observamos a analogia da lei que afirma que são necessários sete discípulos, para formar um Mestre, temos os personagens; Trinity, Apoc, Switch, Dozer, Tank, Mouse e Cypher, como os sete discípulos, tendo como representante da consciência do Mestre, a figura do líder Morfeu, ou Morpheus (Personagem mitológico, deus do sono grego).

Na nave, ou arca, chamada no filme de Nabucondonosor, percebemos referencia o ano 2069 (2+0+6+9 = 17), correspondente ao Arcano 17, a Estrela, símbolo relacionado a egrégora da Obra, em que estão empenhados esses divinos rebeldes.

Avançando um pouco mais, vemos que na segunda parte da iniciação de Neo, Morfeu lhe informa que no começo do século 21, número que no Taro iniciático de JHS, corresponde à lâmina do Louco, os homens criaram a A.I. (Inteligência Artificial), um tipo de consciência singular, que gerou uma raça inteira de máquinas, ou de seres mecanizados. Bem semelhante ao que acontece em nossos dias, onde os seres humanos, vão sendo “robotizados”, num processo de massificação que antigamente era chamado costume, mas que na atualidade tem o nome de moda. Tornando-se cada vez mais inconscientes, num mundo dominado por padrões de comportamento.

Segundo Morfeu, encantados com sua própria grandeza, os homens celebravam sua realização, porém na guerra que adveio após tal sucesso, eles queimarão o céu, ou seja, fecharão as portas para as energias solares, positivas, transformando o mundo num deserto tecnológico de trevas, sem Deus, onde os seres mecânicos se tornaram os senhores.

Da era de ouro, porém, só restou Sião, “a última cidade humana”, Sião ou Sinai, é na tradição israelita o Monte sagrado onde Moisés teria recebido as Tábuas da Lei do próprio Deus.

Segundo o personagem Tank, Sião fica localizada nas entranhas da Terra, próximo ao seu núcleo incandescente, o Sol Central do planeta. Relacionando-se claramente assim, aos mistérios dos Mundos Subterrâneos, especificamente a cidade subterrânea de Shamballa (Sião = S = Shangrilla, Shamballa das tradições transhimalaianas). Shamballa, é um núcleo de integração de consciências espirituais elevadíssimas, que vibra no interior da terra, representado alegoricamente como uma cidade. Dessa forma, Sião representaria o lugar onde realmente somos o que somos e do qual fomos enviados a face da terra, onde conforme diz o personagem Tank, será festejado o fim da guerra maniqueísta entre os filhos da Luz e os filhos das trevas, representados pelos homens e pelas máquinas.

Só o líder, ou o Mestre, de cada nave, ou Arca, recebe as senhas, ou as chaves, para penetrar em Sião, assim Morfeu, é também um pontífice (Pontifex = construtor de ponte), construindo a ponte entre o mundo ilusório e o mundo real, entre Matrix e Sião.

Já na terceira fase do processo iniciático (treinamento) que Morfeu submete seu discípulo, ele declara a Neo:

“Quero libertar sua mente, Neo. Mas só posso te mostrar a porta. Você tem de atravessá-la”.

Apesar do personagem de Morfeu declarar no filme, que os seres humanos não estão prontos para “acordar”, isso não faz das pessoas adormecidas inimigas. Suas palavras contundentes expõem o que é dito nos Vedas, quando os sábios afirmam que todos; pais, mães, irmãos, avôs, avós, amigos, namorados, cônjuges, etc. são “soldados ilusórios”, que promovem nosso apego a Maya, pois enquanto adormecidos, os seres humanos fazem parte do “sistema ilusório”, portanto possuem em sua estrutura processos personalísticos que eles mesmos desconhecem, mas que tomam conta de sua consciência em algumas ocasiões, para defender seus preconceitos e manter sua existência ilusória. Esses processos personalísticos que nos prendem a ilusão, são representados no filme pelos agentes da Matrix, programas sensitivos que entram e saem em qualquer software conectado ao sistema deles. Fazendo eco as palavras dos sábios nos Vedas, Morfeu diz, que “Qualquer um ainda não libertado, é um agente em potencial da Matrix. Eles são todos e não são ninguém”. Os processos personalísticos relacionam-se aos sete pecados capitais, “... eles são os porteiros, protegem todas as portas e tem todas as chaves”.

Às vezes os seres humanos, são vencidos por esses agentes da Matrix, alguns até pactuam com eles, como é o caso de Cypher. Ele é aquele que viu a verdade, despertou para a realidade mais prefere a ilusão e a mentira. Ele, Cypher, diz ter percebido após nove anos (número equivalente aos degraus da escada de Jacó, que simbolicamente leva o homem do mundo terreno ao mundo espiritual), que “A ignorância é maravilhosa”. Dessa forma, pensam os magos negros, aqueles que fazem opção por Avidya, pela ignorância, que voltam as costas à Luz e mergulham voluntariamente na escuridão.

Os que assim procedem, sempre acusam aos que lhes mostraram o caminho, de fraquezas e incapacidade, que eles mesmos possuem. Corroídos pelo ódio, pela luxúria e pela inveja, afirmam terem sido enganados, por seus Mestres, que quando fazem realmente jus a esse nome, tentaram sempre, guiá-los na Boa Senda. Cypher representa o traidor, que trai a sua própria natureza humana, ao submeter-se ao domínio das máquinas. Ele oferece a si mesmo, como pasto para as forças negativas que passa a servir, em troca de prazeres ilusórios. Age assim no intuito de satisfazer seus impulsos baixos, suas Nidhanas.

O iniciado, seguidor dos Mestres da Grande Fraternidade Branca, até que se torne verdadeiramente um Adepto, enquanto estiver encarnado, sentirá os apelos de seus veículos inferiores. Isso ocorre porque nesse estado, ainda possui elementos básicos em sua composição ainda por equilibrar e que por isso mesmo exigem satisfação. Apesar disso ele não os nega, mas os transmuta, canalizando-os para realizações reais que o libertem cada vez mais da ilusão da Maya, tornando-os elementos impulsionadores de sua evolução. Num determinado ponto do filme, inclusive, um dos membros da tripulação, Mouse, fala com Neo sobre isso, dizendo-lhe, que “Negar os nossos impulsos é negar aquilo que faz de nós humanos”. Ciente disso, o verdadeiro iniciado é extremamente consciente de seus impulsos, não os recalcando hipocritamente para as regiões do subconsciente, onde irão se acumulando, como esqueletos no armário, de onde continuarão a atuar sem nenhum controle, disciplina ou educação, até invadirem como uma enchente de um rio bravio, a consciência, dominando-a e arrastando-a as maiores perversões. Por isso o verdadeiro iniciado sabe que deve, como nos ensinou nossa Grã-Mestrina Helena Jeferson de Souza, vigiar seus sentidos, para através de um sistema iniciático sério, de uma disciplina superior, não recalcar, mas trabalhar, transformar suas Nidhanas, ou tendências negativas, em Skandhas, ou características positivas.

Num determinado nível dessa etapa da iniciação de Neo, Morfeu o conduz até o Oráculo, vemos que a entrada do elevador é guardada por um cego, que vê. Ele, o cego, que responde ao sinal que Morfeu lhe faz com a cabeça, representa os iniciados, guardiões da Luz, cegos para o mundo ilusório, mas iluminado para a realidade. Já dentro do elevador o Mestre, diz então a Neo, para tentar “Não pensar em termos de certo e errado”, pois para os que chegam ao Oráculo, certo e errado, bem e mal, feio e bonito, todos os pares de opostos se anulam. Às portas do Oráculo, Morfeu, o Mestre diz ao seu discípulo, “Só posso te mostrar a porta. Você tem de atravessá-la”, indicando assim que cada passo do discípulo em prova é dado por sua própria conta, pois na Senda da Iluminação ninguém caminhará, ou tomará as decisões por ele.

Porém, quando Neo coloca a mão na maçaneta da porta, esta lhe é aberta, mais uma vez por uma sacerdotisa. Essa atuação constante do elemento feminino demonstra a necessidade da interação dinâmica de ambas as polaridades humanas, de acordo com certas regras esotéricas.

Assim macho e fêmea, interagem ciclicamente no processo iniciático de crescimento espiritual, através do entrelaçamento das forças de Fohat e Kundaline. Ao integrarem-se dessa forma, ambas as energias dão origem ao Andrógino Divino, um ser verdadeiramente equilibrado, mas que conserva as características do corpo que ocupa, se masculino, vive e relaciona-se como homem, se feminino, vive e relaciona-se como mulher, podendo em alguns casos fazer opção pelo Brahmacharya, ou voto de castidade. O resultado da integração dinâmica das polaridades cósmicas é totalmente diferente das expressões caóticas homossexuais ou bissexuais, dois tipos que representam seres decaídos, em oposição ao Andrógino Divino, que é a perfeição evolutiva humana.

Já dentro da sala do Oráculo, Neo encontra várias crianças, especialmente um menino, uma espécie de pequeno monge, do qual aprende alguns mistérios, sobre esse mundo ilusório, num episódio que lembra bem aquela passagem bíblica, onde o Cristo bíblico, ensina que aquele que não se tornar como estas crianças, não entrará no reino dos céus. Dentro do Oráculo, uma cozinha, onde a Pitonisa, ou profetisa (novamente uma mulher), manipulando um forno moderno, quebra as expectativas do discípulo. A cozinha nos faz lembrar o laboratório dos alquimistas e o forno o Athanor, ou forno utilizado pelos alquimistas, Adeptos da Arte Real.

Num determinado ponto de sua conversa ela, a Pitonisa, cita-lhe o celebre axioma socrático, “Conhece-te a ti mesmo”, que via-se as portas do oráculo de Delfos, o qual essa etapa do filme representa. Só que as portas do Oráculo de Delfos, as palavras citadas no filme, estavam escritas em grego e de forma mais integral exortava, “Homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo e os Deuses”.

A mulher que representa a Pitonisa do Oráculo lhe afirma de forma metafórica, que “Ser o escolhido é como estar apaixonado. Ninguém pode te dizer se você está. Você simplesmente sabe. Não tem dúvida, nenhuma”. Assim ao lhe falar sobre o escolhido, ela descreve o processo de iluminação avatárica, pois este não é uma coisa que se busca e que se consegue, ou que fica-se esperando, ele simplesmente é, como algo que simplesmente acontece, e nesse ponto do filme, Neo, não é o escolhido. A Pitonisa, afirma que ele tem o dom, isso diríamos nós todos tem, mas ele parece que “está esperando por algo”. Quando Neo lhe indaga, a respeito do que poderia estar esperando ela lhe responde “Sua próxima vida talvez”. Dessa forma, Neo age como a maioria das pessoas que iniciam-se na Senda, e que protela para a próxima vida a iluminação, esperando, pensando que; afinal ela não é para agora, quem sabe mais tarde...

Ao sair do Oráculo, Neo, encontra-se com Morfeu e este lhe adverte, “o que foi dito era para você e apenas para você”, assim é com tudo que é comunicado nas verdadeiras iniciações Assúricas, com aquilo que é falado do iniciador para o iniciando, de boca-para-ouvido, de maneira sutil e discreta, quase que imperceptivelmente.

Quando, porém, os agentes de Matrix, capturam Morfeu, um representante dos processos internos personalísticos, intelectualiza a existência humana e de forma convincente, compara o seu desenvolvimento humano sobre a terra, que na maioria das vezes, foi totalmente controlado pela personalidade caótica, ou seja, por esses mesmos processos internos, ao o de um vírus. Dessa maneira, o agente se coloca como a cura para o mal, que segundo ele é representado pela maior de todas as criações de Deus na Terra, o Ser Humano, ignorando em seu discurso, o desenvolvimento do Espírito Humano, capaz dos maiores gestos de sacrifício, altruísmo e fraternidade, única esperança para o planeta. Esse Espírito Humano, quando plenamente desenvolvido, subjuga a natureza animal e mecânica e converte o Homem na expressão de Deus na face da Terra. Esse espírito humano, quer o chamemos, Deus, Bramam, Ala, Jeová, Tao, opõe-se aos processos mecânicos, instintivos e animalescos, que controlam os seres ainda inconscientes, atuando de forma a libertar a Centelha Divina, promovendo o nascimento do Avatar, ou como é expresso no filme do Escolhido. Vemos isso, quando Neo toma a decisão de sacrificar-se, dando-se em holocausto pelo seu amigo e Mestre Morfeu.

Apesar de conhecermos intelectualmente o exposto acima, as esclarecedoras palavras de Morfeu, após ser resgatado devem ser consideradas; “Cedo ou tarde, você vai perceber, como eu, que há uma diferença entre conhecer o caminho e percorrer o caminho”.

Num determinado ponto do fim do filme a personagem Trinity, reproduz um dos mais antigos mitos da humanidade, ao trazer Neo de volta a vida, fazendo com que ele obtenha sucesso na última e derradeira iniciação conhecida por nós como Morte.

Quase no final do filme, vemos através das palavras do personagem principal, que o Avatar não significa um fim, mas um começo, de algo novo, ilimitado, sem fronteiras, um novo ciclo, livre de Maya, sem ilusão, onde tudo é possível ao ser desperto. Ele dirigi-se a Matrix, a estrutura geradora da ilusão, declarando-se decidido a “...mostrar a essas pessoas o que Matrix não quer que elas vejam. Vou mostrar a elas um mundo sem você. Um mundo sem regras, sem controles. Um mundo onde tudo é possível”.

Sua última frase, dirigida a Matrix, a Maya, a Ilusão, ou melhor dizendo, dirigindo-se àquilo que torna possível esse processo de auto-hipnose, nossa personalidade, pode ser considerada como dirigida a cada um de nós. Ele fala calmamente sobre a decisão que deixa a cada um dos espectadores, “Para onde vamos daqui, é uma escolha que deixo para você”.

O filme termina, com Neo saindo do chão e voando, reproduzindo o arquétipo da ascensão, ou da subida aos céus, que simboliza a realização plena do iniciado, já tornado um verdadeiro Adepto, por fazendo parte agora de outro processo evolutivo, relativo ao desenvolvimento dos deuses.

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