terça-feira, novembro 30, 2010

quem nunca fez concessões?

A COERÊNCIA É UM VALOR MORAL?

por Contardo Calligaris
No fim de semana retrasado, estive em Olinda, na Fliporto (Feira Literária Internacional de Pernambuco). No sábado, Benjamin Moser, que escreveu uma linda biografia de Clarice Lispector ("Clarice", Cosac Naify), lembrou que, na famosa entrevista concedida à TV Cultura em 1977, a escritora afirmou que não fizera concessões, não que soubesse. 
Moser acrescentou imediatamente que ele não poderia dizer o mesmo. E eis que o público se manifestou com um aplauso caloroso.
Talvez as palmas de admiração fossem pela suposta coerência adamantina de Clarice, que nunca teria feito concessões na vida. Talvez elas se destinassem a Benjamin Moser pela admissão sincera de que ele (como todos nós) não poderia dizer o mesmo que disse Clarice.
Tanto faz. Nos dois casos, o pressuposto é o mesmo. Que as palmas fossem pela força de caráter de Clarice ou pela honestidade de Moser ao reconhecer sua própria fraqueza, de qualquer forma, não fazer concessões parecia ser, para os presentes, uma marca de excelência moral.
A pergunta surgiu em mim na hora: será que é mesmo? Posso respeitar a tenacidade corajosa de quem se mantém fiel a suas convicções, mas no que ela difere da teima de quem se esconde atrás dessa fidelidade porque não sabe negociar com quem pensa diferente e com o emaranhado das circunstâncias que mudam? Aplicar princípios e nunca se afastar deles é uma prova de coragem? Ou é a covardice de quem evita se sujar com as nuances da vida concreta?
Como muitos outros, se não como todo mundo, cresci pensando que não fazer concessões é uma coisa boa.
Fui criado na ideia de que há valores não negociáveis e mais importantes do que a própria vida (dos outros e da gente). Talvez por isso me impressionasse a intransigência dos mártires cristãos (embora eu tivesse uma certa simpatia envergonhada por Pedro renegando Jesus para evitar ser reconhecido e preso).
Durante anos admirei os bolcheviques por eles serem homens de ferro (a expressão é de Maiakóvski, nada a ver com "Iron Man") e desprezei Karl Kautsky, que Lênin estigmatizou para sempre como "o renegado Kautsky", por ele ter mudado de opinião sobre a Primeira Guerra, sobre a revolução proletária, sobre o bolchevismo etc.
Vingança da história: Lênin se tornou quase ilegível, mas a obra principal de Kautsky, que acaba de ser traduzida, "A Origem do Cristianismo" (Civilização Brasileira), continua crucial.
Mas voltemos ao assunto. Hoje, estou mais para Kautsky do que para bolchevique; até porque descobri, desde então, que Mussolini se vangloriava gritando: "Eu me quebro, mas não me dobro". Ele se quebrou mesmo, enquanto eu me dobro e posso renegar ideias minhas que pareçam ser, de repente, inadequadas ao momento (dos outros, do mundo e meu).
Olhando para trás, descubro (com certo orgulho) que, ao longo da vida, fiz inúmeras concessões, inclusive na hora de escolhas fundamentais. Poucas vezes lamentei não ter sido coerente. Mas muitas vezes lamento não ter sabido fazer as concessões necessárias, por exemplo, na hora de ajustar meu desejo ao desejo de pessoas que amava e de quem, portanto, tive que me afastar.
Alguém dirá: espere aí, então a fidelidade a princípios e valores não é uma condição da moralidade?
Estou lendo (vorazmente) "O Ponto de Vista do Outro", de Jurandir Freire Costa (Garamond). O livro é, no mínimo, uma demonstração de que a forma moderna da moral não é o princípio, mas o dilema. E, no dilema, o que importa não é a fidelidade intransigente a valores estabelecidos; no dilema, o que importa é, ao contrário, nossa capacidade de transigir com as situações concretas e com os outros concretos.
A coerência é uma virtude só para quem se orienta por princípios. Para o indivíduo moral, que se orienta (e desorienta) por dilemas, a coerência não é uma virtude, ao contrário, é uma fuga (um tanto covarde) da complexidade concreta. Oscar Wilde, que é um grande fustigador de nossas falsas certezas morais, disse que "a coerência é o último refúgio de quem tem pouca fantasia" e, eu acrescentaria, de quem tem pouca coragem.
Resta absolver Clarice. Aquela frase da entrevista era, provavelmente, apenas uma reverência retórica a um lugar-comum de nosso moralismo trivial.

Fonte: Blog Contardo Calligaris, 24/11/2010

vitrine de mega empreendimentos

SALVADOR, BA: ILHAS DE CALOR – OS IMPACTOS DO BOOM IMOBILIÁRIO

Não muito distante no tempo, o baiano se questionava sobre o isolamento do condomínio Flamboyant, quase engolido pelo verde na pouco habitada Av. Paralela. Hoje essa “pré-ocupação” foi substituída por outras inquietações. A expansão indiscriminada das fronteiras de Salvador, impulsionada pelo aumento da industrialização e da urbanização dos últimos anos, tem estimulado a especulação imobiliária, provocando impactos sócio-ambientais, como mudanças no clima urbano e na qualidade de vida da população.
Em 2008, dados do IBGE já apontavam Salvador como a capital de maior densidade demográfica do país (9.087 pessoas por km²). O superpovoamento traz diversos problemas urbanísticos, sobretudo nas áreas mais carentes da cidade, onde o percentual de habitantes por quilômetro quadrado é ainda maior, gerando sérios obstáculos no acesso à infraestrutura e outros serviços. Reportagem do jornal Bahia Norte.
“O descontrole da ocupação repercute em questões ambientais e sociais não só em Salvador, mas em toda a Região Metropolitana, que não é pensada. Este é um dos maiores desastres ambientais causados pela administração negligente do poder público”, disse Agostinho Muniz, jornalista, advogado e ex-integrante do Conselho de Desenvolvimento Urbano (Condurb). “E outros prejuízos vão se agravar em breve”, alertou.
O norte do desenvolvimento
“O Vetor Norte é o filé mingnon dessa expansão. As empreiteiras já chegaram a Lauro de Freitas invadindo zonas litorâneas como Vilas do Atlântico e Buraquinho, um dos pontos mais bonitos da Região Metropolitana. E a natureza já sente os impactos desse ‘êxodo capitalista’. Existem muitos empresários de olho nisso aqui. Planos para restaurantes, resorts e até um centro de convenções a beira-mar. Os projetos são muito caros e bonitos, mas na maioria das vezes licenciados de forma simplificada, o que os torna “questionáveis pelo aspecto sustentável”, disse um funcionário da prefeitura de Lauro de Freitas que preferiu não se identificar.
Enquanto falava, o funcionário apontava para o condomínio Brisa Mar, erguido sobre uma área de mangue, que ainda o circunda, e às margens do rio Joanes. “A praia virou o quintal da casa deles”, disse Aroldo Silveira, barraqueiro em Buraquinho e ativista ambiental. Só entre os 2,7 km entre a Estrada do Coco e a praia, há pelo menos mais de cinco edificações em construção.
“O poder público não tem sido capaz de responder a essa demanda crescente, de atuar como mediador e regulador entre as pendências e as possibilidades de oferta, nem mesmo a que pode advir da iniciativa privada. Por isso falta saneamento, transporte, educação, assistência à saúde, etc.”, observa Floriano Amoedo, arquiteto, urbanista e conselheiro do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB).
O centro da bússola
A Paralela de hoje é vitrine de mega empreendimentos que chamam a atenção de quem passa. Alguns são arquipélagos residenciais: condomínios fechados que reúnem trabalho, diversão e moradia no mesmo lugar, como o Manhattan Square.
Segundo o site do Manhattan Wall Street Empresarial, um dos projetos do empreendimento, “A região da Paralela tem hoje mais de 300 mil moradores. Mais de 6 mil novas unidades residenciais. 30 mil estudantes universitários. Mais de 2 mil alunos de escolas particulares. São milhares de pessoas esperando para virar clientes”.
“O governo municipal só parece preocupado em facilitar as coisas para os empresários, seja qual for o custo resultante para a população e o efeito sobre a cidade como um todo”, pensa Ordep Serra, antropólogo, pesquisador, professor da UFBA e integrante de movimentos da sociedade civil organizada, como o fórum “A Cidade Também é Nossa”
Alguns condomínios sofreram consequências pela ocupação dos espaços de Mata Atlântica. O Alphaville, onde o prefeito João Henrique residia, foi assolado por barbeiros, escorpiões e outros animais endêmicos da mata destruída. O fato foi notícia nos principais jornais em outubro de 2008.
Mudança Climática
A orla é outro ponto visível de crescimento. Só no trecho entre Jardim de Alah e Aeroclube, mais de dez esqueletos de concreto vão tomando corpo.
Segundo alguns urbanistas, se não houver maiores cuidados e uma atenção sobre a altura e a distância entre os prédios, essa verticalização da cidade poderá criar barreiras para os corredores de ar que canalizam os ventos soprados do litoral para dentro da área urbana, e trazer efeitos climáticos, como a formação de “ilhas de calor”.
Esse fenômeno climático que já acontece em outras cidades, como o Rio de Janeiro, é provocado pela grande quantidade de asfalto e concreto em detrimento de áreas verdes, que concentram o calor mais intensamente e por mais tempo, dissipando a umidade relativa do ar.
Para os especialistas, a alternativa é repensar a logística urbana a fim de integrar Salvador e Região Metropolitana como um todo. “Somente um processo que envolva a gestão democrática das cidades, com base num planejamento sistêmico, poderá garantir o retorno dos investimentos para a melhoria da qualidade de vida de todos”, ressalta Amoedo.
Desenvolvimento e meio ambiente deveriam jogar lado a lado. Porém, a atual política pública do município, que facilita a expansão do mercado imobiliário, parece promover exatamente o contrário. “A devastação ambiental é séria e se não for contida logo cobrará um terrível preço às gerações futuras”, completa Serra.
(*) Colaboração de Ruben Siqueira, CPT/BA para o EcoDebate
Fonte: Portal EcoDebate, 30/11/2010 publicado em novembro 30, 2010 por HC

segunda-feira, novembro 29, 2010

privatizações de rios e de energia

HONDURAS: MOVIMENTOS SOCIAIS REAGE A PRIVATIZAÇÕES DE RIOS E ENERGIA
por Giorgio Trucchi | Intibucá (Honduras)
A aprovação pelo Congresso Nacional de Honduras de 47 contratos de produção de energia renovável provocou o rechaço de povos indígenas e afrocaribenhos e de várias organizações sociais. Segundo eles, a concessão de rios e também o processo de licitação para contratação de energia renovável devem gerar ganhos milionários para poucos grupos de empresários – que já controlam a produção de energia térmica – e mais pobreza para as populações locais. 
 
Na faixa carregada por moradores de San Francisco Lempira, a frase: "Defendamos nossos recursos naturais, antes que seja tarde". 

Existem em Honduras 35 bacias hidrográficas primárias e seus rios se agrupam em duas vertentes costeiras: a do Caribe e a do Golfo de Fonseca. Só as bacias dos rios Patuca e Ulúa cobrem uma área de 25 mil e 22 mil km², respectivamente. Uma riqueza hidrográfica que agora corre sério perigo, conforme afirmaram ao Opera Mundi diversas organizações hondurenhas que se mobilizaram para combater esses projetos.
Em agosto de 2009, em meio ao cenário de crise institucional instalado após o golpe de Estado que derrubou o presidente Manuel Zelaya, o Congresso Nacional de Honduras aprovou a Lei Geral de Águas, que prevê a possibilidade de conceder a terceiros os recursos hídricos do país. 
Um mês depois, a ENEE (Empresa Nacional de Energia Elétrica) anunciou a licitação internacional 100-1293-2009 para a contratação de 250 MW de energia renovável. Em dezembro do mesmo ano, a empresa concluiu o processo com a abertura de 50 ofertas. 
Foi em abril de 2010, durante o atual governo de Porfirio Lobo, que o Ministério de Recursos Naturais tratou de conceder a licitação a 47 empresas nacionais, cujos contratos com a ENEE foram aprovados pelo Congresso Nacional em outubro deste ano. 
"Dos 47 projetos aprovados, mais de 70% foram concedidos aos membros da AHPPER [Associação Hondurenha de Pequenos Produtores de Energia Renovável], os mesmos grupos econômicos que já controlam a quase totalidade da geração térmica no país", disse Juliette Handal, presidente da CPN (Coalizão Patriótica Nacional). Segundo Handal, a licitação, que implica a concessão de dezenas de rios a entes privados, teria sido obscura e manipulada. "Isso garantirá ganhos milionários aos grupos econômicos e deixará a ENEE em um estado de quebra financeira." 
Aprofundando-se no assunto, a presidente da CPN explicou que foi feita uma alteração grosseira nas condições iniciais da licitação. "Temos as provas de que foram mudados os termos de referência dos contratos, e de que esses termos foram combinados diretamente entre executivos da ENEE e os grupos econômicos que venceram a licitação. Não houve uma verdadeira licitação, e sim um acordo manipulado entre as partes que favorecem os empresários. Além disso, as comunidades onde os projetos serão desenvolvidos nunca foram consultadas, e serão elas as maiores afetadas", observou. 
Negócio milionário 
“Este processo demonstra que Honduras é o país mais corrupto do mundo", disse ao Opera Mundi Rony Hernández, membro da CPN e do Colégio de Engenheiros Civis de Honduras.
Segundo o profissional, a Lei de Contratação de Honduras prevê que o Estado convoque um processo de licitação para obter a melhor oferta econômica e conceder um projeto. "Neste caso, não houve competição entre as empresas ofertantes, e sim distribuições em massa e coletivas de projetos. Para completar, várias dessas empresas, como o Grupo Terra, cujo presidente, Fredy Nasser, é o principal produtor de energia térmica do país, já possuíam as permissões do Ministério de Recursos Naturais para iniciar as obras de construção", explicou Hernández. 
 
Hondurenha segura cartaz com os dizeres "Os recursos naturais são um direito de todos, não mercadoria de poucos." 


Entre as principais mudanças nos termos de referência da licitação, Hernández apontou o aumento do prazo do contrato de 20 para 30 anos, a concessão dos rios por até 50 anos e o alto preço médio do kW/h (quilowatt por hora) contratado. 
Além disso, não serão Contratos BOT (Construção, Operação e Transferência), que preveem a transferência das obras para o Estado uma vez vencido o prazo do contrato. As obras permanecerão nas mãos das empresas. 
Finalmente, as geradoras serão beneficiadas por transferências econômicas a título de custos fixos, um ajuste médio mensal sobre cada quilowatt gerado, a indexação do preço do kW/h contratado, o reconhecimento pela ENEE das perdas técnicas de energia durante a transmissão, a possibilidade de vender a terceiros e isenções fiscais por um período de dez anos. 
"Com todas essas mudanças, a ENEE vai pagar às geradoras entre 13 e 14 centavos de dólar por kW/h. É um preço altíssimo se comparado aos preços praticados em outros países e ao preço marginal de curto prazo de 2009, que era de 8,69 e que a Lei de Incentivos à Energia Renovável obriga a aplicar." 
"Além disso", continuou Hernández, "a licitação inicial era para 250 mW, mas no final foram concedidos 709 mW, o que significa para as geradoras um ganho líquido de 712% sobre o investimento. Ou seja, são quase 12 bilhões de dólares que o povo de Honduras vai lhes pagar." 
Segundo o membro da CPN, com essa mesma quantia teria sido possível construir 500 mil casas, conceder 750 mil bolsas a estudantes universitários, desenvolver 50 mil projetos de água potável e redes de esgoto e pavimentar 75 mil quilômetros de rodovias e estradas, "ou seja, o dobro da rede viária inteira de Honduras". 
Comunidades excluídas 
Diante dessa situação, os povos indígenas e afrocaribenhos e as organizações sociais ergueram a voz e iniciaram mobilizações em todo o país para atacar o que consideram "um atentado à soberania de seus territórios e dos recursos naturais do país". 
Reunidas na cidade de San Juan Pueblo, no norte do país, dezenas de organizações iniciaram um processo para estabelecer uma estratégia única de luta contra as represas e a privatização dos recursos naturais. 
Juan Antonio Mejía, membro do MADJ (Movimento Amplo pela Dignidade e Justiça), afirmou que em quase nenhum desses projetos foram apresentados verdadeiros estudos de impacto ambiental. "Há até uma cláusula onde, de antemão, se exime as empresas de responsabilidade por qualquer tipo de desastre ambiental ou acidente que venha a ocorrer no futuro. Isto é inaceitável", continuou Mejía. "Em nosso caso, o Rio Laureles tem uma vazão de 6 m³/s e a concessão é para que a empresa possa utilizar 7,5 m³/s, ou seja, toda a água do rio. Onde fica o caudal ecológico para preservar as espécies e garantir o líquido vital às comunidades?" 
Mejía garantiu que o grupo se organizará em nível nacional e que irá exercer a soberania sobre os recursos naturais. “Agora aprovaram 47 projetos, mas já são mais de 600 os que eles têm prontos para o futuro. Não fomos levados em conta e há até casos de falsificação de assinaturas, para aparentar que as comunidades foram consultadas. Vamos impugnar esses contratos". 
De acordo com Salvador Zúniga, diretor do COPINH (Conselho Cívico de Organizações Populares e Indígenas de Honduras), os povos indígenas e afrocaribenhos vão "articular uma enorme luta em defesa da água, de nossos rios e territórios". 
O impacto ambiental desses projetos será forte. "Foram revogados decretos ambientais que protegiam essas zonas. Agora poderão devastar matas, inundar as áreas dos rios, contaminar as águas, com fortes impactos nos aquíferos e na distribuição das águas subterrâneas", afirmou Zúniga. "Além disso, sabemos perfeitamente que, em paralelo a esses projetos de energia renovável, serão desenvolvidos projetos de exploração mineira. Já fizeram isso no passado nos municípios de San José de la Paz, San Francisco Lempira, Camasca e muitos outros." 
"Nunca nos consultaram", continuou Zúniga, "e o resultado serão mais ganhos para a oligarquia nacional e mais pobreza, exploração, doenças e desarticulação para nossos povos. É um atentado contra nossas vidas." 
Resistência 
Entre as medidas já adotadas, o COPINH aponta a apresentação à Promotoria Especial de Etnias de uma demanda contra o Congresso Nacional por "violação flagrante do Convênio 169 da OIT [Organização Internacional do Trabalho] sobre Povos Indígenas e Tribais". 
A organização indígena e popular iniciou também uma longa viagem por todo o território nacional, visitando povoados e comunidades para organizar a resistência aos projetos e "exigir que se respeite sua decisão e o rechaço à privatização dos recursos naturais". 
 
Salvador Zúniga promove assembleia entre habitantes de San Francisco Lempira para debater projetos de privatização.
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Segundo o diretor da Radio Progreso, padre Ismael "Melo" Moreno, desenvolveu-se em Honduras uma grande sensibilidade em torno da proteção dos recursos naturais e as comunidades indígenas têm sido o principal elemento desta nova etapa de conscientização do povo. 
"Estamos em um processo de articulação entre a coerência, a participação e a defesa dos recursos, do qual participam muitos atores que já não se concentram apenas em suas lutas gremiais", disse o padre Melo. "Esses atores se unem às comunidades e estão desenvolvendo um conceito de soberania, que dá uma identidade à luta territorial, à luta de resistência."
"Uma luta", continuou o padre Melo, "que deve necessariamente transformar-se em luta política, para ter capacidade de articular ações, exercer o controle e tomar decisões sobre seu patrimônio natural." 
Um desafio que se choca contra uma forte campanha midiática de desprestígio. "Dizem que estamos contra o desenvolvimento. Mas nossa oposição não é contra a produção de energia verdadeiramente limpa, e sim contra os projetos de morte", disse Bertha Cáceres, coordenadora geral do COPINH. 
"Apontamos para um desenvolvimento baseado na dignidade humana, no respeito à mãe terra, no equilíbrio frágil entre os seres humanos e nosso planeta. Apontamos para uma geração de energia que respeite os ecossistemas, os direitos humanos, territoriais e culturais dos povos indígenas. Que não esteja baseada na lógica extrativista do capitalismo." 
"Uma geração de energia", concluiu Cáceres, "onde as comunidades e os povos Tulupanes, Pech, Miskitos, Maya-Chortis, Lencas e Garífunas sejam parte integrante desses projetos e de seus benefícios."
Fotos: Giorgio Trucchi 
Fonte: Opera Mundi, 06/11/2010

domingo, novembro 28, 2010

¿una educación mercantilista?

UN MUNDO DE GENTE RENTABLE

Un ensayo de la filósofa Martha Nussbaum y expertos españoles alertan del peligroso arrinconamiento de las humanidades en favor de una educación mercantilista

por Jesús Miguel Marcos 
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Seguro que recuerdan aquel chiste de un ingeniero, un físico y un informático que se quedan tirados en una autopista. Los dos primeros se enzarzan en una discusión sobre si hay que revisar la correa de distribución o la temperatura del radiador. El informático, mirándoles con cierta incredulidad, concluye con esta pregunta: ¿Y si salimos y volvemos a entrar? Da risa, pero es probable que su sugerencia sea incluso más práctica que la que hubiera ofrecido un filósofo. Por ejemplo: ¿Qué premisas podemos establecer para construir argumentos válidos que nos encaminen a una solución a nuestro problema en la autopista?
"¿Cómo se nos ha ocurrido meter a este en el coche?", dirían los otros tres, pensando con razón que las elucubraciones del filósofo podían abrir sus mentes, pero de ningún modo iban a arrancar el vehículo.
Que un chiste cuente que lo que no tiene un valor práctico inmediato no tiene valor nos hace reír, pero cuando se hace realidad se puede transformar en la peor broma macabra. Desde hace algunos años, existe la tendencia en los sistemas educativos de todo el mundo de arrinconar las humanidades (Filosofía, Filología, Historia...) en favor de los estudios con una proyección mercantilista.
"Los ciudadanos serán máquinas utilitarias", adivierte Nussbaum
El reciente Plan Bolonia o la reducción de la carga horaria de Filosofía en la Educación Secundaria son sólo dos ejemplos de un fenómeno que ha sido contestado con ruidosas protestas desde la comunidad académica. "Se están produciendo cambios drásticos en aquello que las sociedades democráticas enseñan a sus jóvenes. Sedientos de dinero, los estados nacionales y sus sistemas de educación están descartando sin advertirlo ciertas aptitudes que son necesarias para mantener viva la democracia", escribe la filósofa estadounidense Martha C. Nussbaum en Sin fines de lucro (Katz).
Nussbaum, prestigiosa profesora en Harvard y una de las cien intelectuales más relevantes de 2010 según la revista Foreign Policy, ha escrito un libro en el que alerta del peligro de que aparezcan "generaciones enteras de máquinas utilitarias, en lugar de ciudadanos cabales capaces de pensar por sí mismos". 

CIUDADANO ROBOT

No pienso, no protesto

En el año 2001, la compañía de energía Enron entró en bancarrota después de que sus dueños protagonizaran uno de los fraudes empresariales más espectaculares de la historia. Muchos trabajadores sabían lo que estaba pasando, pero ninguno alzó la voz. "La autoridad y la presión de los pares hacían que la gente no protestara, incluso cuando las cosas se pusieron realmente feas. Necesitamos producir gente que se sienta impulsada a ser crítica, tanto para lograr un futuro saludable en la cultura de empresa como, por supuesto, para la política", responde a Público Nussbaum.
El ciudadano adquiere las herramientas para desempeñar un trabajo, aprende conocimientos de aplicación inmediata y claramente dirigidos a promover el desarrollo económico, pero se deja a un lado la formación de su capacidad intelectual, de pensamiento crítico y de reflexión. "Se están cambiando las premisas de la educación: de un sistema donde se primaba la formación intelectual se está pasando a una enseñanza utilitaria. Estamos viviendo un proceso de conversión de las universidades en un modelo muy impreciso de escuelas laborales", razona el decano de Filología de la UNED, Antonio Moreno.

CIUDADANO ÚTIL

Produzco, luego existo

Existe un abandono de aquellos conocimientos que no tengan una aplicación mercantil directa. Ahora prima la empleabilidad. No se forma a la persona de forma integral, sino que se persigue una educación que la convierta en sujeto de rendimiento inmediato en el ámbito económico. El ser humano como una pieza más del engranaje de un sistema productivo que requiere de ciudadanos fácilmente intercambiables que no se planteen otros posibles escenarios.
Para Ángeles J. Perona, profesora de Filosofía de la Complutense de Madrid, "esto conduce al adocenamiento del individuo, cierra su vida, su horizonte, e incluso limita mucho los criterios sobre su propia valía. Si haces algo que no tiene rendimiento mercantil, eres una persona excéntrica o un vago. Y hoy en día el criterio para juzgar es sólo ese".

CIUDADANO NEOLIBERAL

El mundo, un mercado

"Se está cambiando el modelo educativo de forma opaca", dice Antonio Moreno
El arrinconamiento de las humanidades está directamente relacionado con una concepción neoliberal de la educación: se forma a los individuos en función de las necesidades económicas de un país. "Las universidades pierden una de sus funciones fundamentales, fomentar la conciencia crítica respecto al status quo. Se propicia la integración económica, pero vamos a crear ciudadanos que no cuestionan el modelo económico y social porque no tienen herramientas para hacerlo", afirma la escritora Marta Sanz.
La universidad y la Educación Secundaria Obligatoria cada vez ofrecen programas más acordes con las necesidades de las empresas. Carlos Fernández Liria, profesor de Filosofía de la Complutense, lo ilustra con un ejemplo: "En una ocasión, un economista vino a dar una charla a la facultad para decir que las empresas necesitaban las humanidades, que los ejecutivos tuvieran cultura general, porque no podían ir a hacer una entrevista a Japón y no saber que hay que descalzarse para entrar en una casa. Eso van a ser las humanidades". 

CIUDADANO INFANTIL

Me quejo, no actúo

Estas tendencias aparecen, precisamente, en lo que se ha llamado la sociedad del conocimiento, un mundo interconectado donde los individuos tienen acceso a un volumen de información inimaginable. Sin embargo, conocer no es sólo saber cifras y datos, sino analizar los contenidos que la persona recibe y devolver algo nuevo y distinto a la sociedad. 
"Se está instalando el fenómeno del infantilismo, donde el individuo se cree que tiene acceso a todo, sin trabas, lo que es algo falaz. Cuando no lo consigue aparece el victimismo: la sensación de que se nos debe todo y nos quejamos de forma permanente. En lugar de asumir el papel de sujeto que actúa, somos pasivos, víctimas de un conjunto de factores que sencillamente nos impiden ser niños otra vez", explica Antonio Moreno.

CIUDADANO INMEDIATO

Logros a golpe de ‘click'

Las nuevas consignas educativas también quieren controlar el tiempo. "Ahora nos piden cronogramas de los programas: el tema 1 en dos semanas, el tema 2 en una semana... Eso impide que yo pueda cambiar el ritmo de mis clases en función de las preguntas de mis alumnos. El tiempo se mecaniza, se instala una sensación de seguimiento de las personas con la excusa de que te preocupas, cuando en realidad lo que haces es ahogarles", indica Ángeles J. Perona.
Se impone la idea de inmediatez, aumentada por las infinitas posibilidades que ofrece una tecnología cuyo poder no parece tener límites. Para Antonio Moreno, "el deslumbramiento de la tecnología, que aparentemente nos suministra un acceso a toda la información, crea una ficción de interpretación de la realidad y no contempla los intangibles del conocimiento. No son datos, son operaciones que tiene que realizar el sujeto. Y al sujeto hay que ilustrarlo, porque si lo toma de la red son opiniones prestadas, no un análisis propio".

CIUDADANO AISLADO

El otro no existe

Martha Nussbaum cree que una educación errónea es una de las causas que conducen a sistemas como el totalitarismo. Considera vital que se instruya a las personas desde muy pequeñas en la comprensión y experiencia de los otros. "La incapacidad para entender a los otros como seres humanos plenos fue una parte prominente del nazismo. El psicólogo Robert Jay Lifton hablaba del fenómeno de la disociación: los alemanes de la época eran capaces de tratar con gran humanidad a su familia y a continuación tratar a los judíos como meros objetos", explica Nussbaum.
"Esto conduce al adocenamiento del individuo", según Ángeles J. Perona 
Los problemas de la actualidad, descontextualizados, aislan al ciudadano, que sin los conocimientos de fondo que aportan las humanidades se vuelve más vulnerable. "Se cercena su curiosidad y se le priva de muchos placeres, como es el disfrute de la cultura. Esta educación tan enfocada a satisfacer las necesidades del mercado incluso atenta contra la posibilidad de ser felices y de ser buenos. Moralmente buenos. Ser mejores personas: más solidarios, más consecuentes, más generosos...", sostiene Marta Sanz.

CIUDADANO INDEFENSO

Soy lo que quieren que sea

Las posibilidades para el individuo se reducen a una sola variable: el valor de su producción en el mercado. "Se nos impone una noción de producción muy mercantil, muy capitalista. ¿Porque qué se entiende por producción? Un libro de poesía es una producción, algo nuevo y valioso, pero claro, su rentabilidad económica no es tan valiosa", explica Ángeles J. Perona.
Carlos Fernández Liria cree que "el totalitarismo neocon, que es el que ha impulsado este tipo de educación, va a imponer en la cabeza de la gente que nada que no tiene valor en el mercado tenga valor en sí mismo". Las personas, por lo tanto, tendrán valor cuando el mercado lo decida.
Fonte: Público.es, Madrid 28/11/2010

pescar flores, pétalas de poesia

PEDRAS E FLORES FUGIDIAS
   Horácio caiu da cama. Outra vivência que virou um iceberg e se transformou em um desafio, ele teria que refletir sobre uma das suas evidentes fraquezas – a entrega -, um exercício que parecia fácil, mas que por sua intensidade derramou-se sobre o resto do dia em uma preocupação aflitiva. Tudo seria uma questão de entender a mensagem que recebera ao fim de mais uma caminhada, uma intuição clara, todavia também um aviso, algo que ele até suspeitava vir a qualquer momento no vento, e ele nem deu o primeiro passo, afastou de sua sensível visão qualquer perigo, pois o medo não influenciava sua vida, talvez por não suportar uma certa ordem, um padrão, mas, ele nem tinha conta do real significado dessa vivência até chegar em casa, os seus medos lhe venceriam, por enquanto. O som do coração conspirava e batia desafinado lhe ajudando em sua reflexão prematura.
   Há alguns meses ele nem desconfiaria de que retornaria a esse árido terreno, tendo que respirar o ar quente, corredeira de carrapichos, rios rachados e nuvens ralas a lhe apontar direções. Na ausência de perspectivas em lhe aparecer sequer um pequeno oásis, lá ia seu longo olhar no horizonte virando quilômetros de terra seca, nada de avistar qualquer sentimento que servisse ou valesse a pena preencher o seu coração de estudante. O lugar que lhe acolheria mais próximo, ele conhecia, estava acostumado, tinha certeza que duraria, não tinha poesia, mas lhe parecia seguro.
   Após horas de caminhada avistou um olho d’água, apressou-se e chegou a um estreito córrego, mais adiante parou e curvou-se pescando algumas flores que flutuavam a beira do que ele chamou de riacho, isso cresceu uns metros mais a frente enchendo um pequeno rio, ele assoviou imitando pássaros, dançou, e continuou com suas migalhas de alegria, contemplando o rastro do sol cair na água doce. No outro lado da margem Horácio percebeu uma agitação que para ele seria apenas mais uma aglomeração de jovens tomando banho, pelados, e outros brincando de jogar pedrinhas achatadas para que contassem quantas vezes elas saltitavam na tensão do espelho líquido. Para ele um passatempo esquecido desde a sua grande infância e adolescência, menos interessante que pescar flores, pétalas de poesia, sabendo que depois elas murchariam e iriam, leves, dobradas em livros em essências mais fortes, independentes dele, e continuariam se juntado a outras sem ligar para a fria correnteza que já lhe tomava meia perna de calça.
   Horácio sentiu que sua alegria se afastava com a breve partida daqueles jovens que avistara no riacho, atores vigorosos, amantes da farta natureza humana, então, retirou-se cabisbaixo envolvido no calor que restava da emoção das brincadeiras que ainda ressoavam em sua memória, nos últimos raios da tarde. Ele já não era mais assim, disposto ao risco de experienciar tantos sentimentos, movimentos mais fortes que o seu coração poderia suportar. Já pensava duas vezes em atravessar o novo rio, participar dos jogos inevitáveis da vida, das aventuras loucas que o rio lhe apresentava. Sua sorte estava de férias, teria de buscar alguma ajuda para compartilhar a viagem.
   Essa sem dúvida foi a experiência mais rápida e fecunda que Horácio já teve numa entrada de primavera. A simplicidade do encontro e a complexidade com que se dissipou o aroma das pétalas em fuga, mais uma tentativa de entrega, um diálogo afetivo interrompido, uma comunicação só permitida pela sua identidade preservada. O significado desse movimento não se rompia, e a energia transferida ou recebida se manteria no seu movimento como o próprio sentimento guardado.
   A reação de Horácio seria circunstancial, se dando em função do que teve de calar dentro dele por mais uma estação. Ele mexeu em águas profundas aparentemente superficiais, remoinho de emoções fortes, mergulhara no caos, e agora procurava não se entregar a uma correnteza muitas vezes sem fundo e sem volta. A ponte mais próxima servia, antes que se afogasse próximo da beira. Agarrou-se na terceira margem, na certeza de ver um outro dia amanhecendo. Apesar de ter feito muito, a vida continuava constante.

sábado, novembro 27, 2010

parem por um minuto e pensem nisso

COMENDO OS IRLANDESES

por Paul Krugman
Estamos precisando de um novo Jonathan Swift. A maioria das pessoas conhece Swift como o autor de As viagens de Gulliver. Mas os acontecimentos recentes me fizeram pensar em seu ensaio de 1729, “Uma proposta modesta”, no qual ele observou a pobreza estarrecedora dos irlandeses e ofereceu uma solução: vender as crianças como alimento.
“Asseguro que essa comida será um pouco cara”, ele admitiu, mas isso a tornaria muito apropriada para proprietários de terras, que, como já haviam devorado a maioria dos pais, pareciam ser os mais indicados para os filhos. Tudo bem que desta vez não são os proprietários de terras, mas os banqueiros – e eles estão apenas empobrecendo a população, não a comendo. Mas somente um satírico para fazer jus ao que está se passando hoje na Irlanda.
A história irlandesa começou com um verdadeiro milagre econômico.
Esse, porém, acabou dando lugar a uma orgia especulativa provocada por bancos e incorporadoras imobiliárias fora de controle, numa relação promíscua com políticos de peso. A orgia foi financiado com empréstimos enormes captados por bancos irlandeses, em geral de bancos de outros países europeus.
Aí a bolha estourou, e esses bancos enfrentaram prejuízos imensos.
Seria de esperar que os que emprestaram dinheiro aos bancos dividiriam os prejuízos. Afinal, eles eram adultos responsáveis por seus atos, e se não conseguiram compreender os riscos que estavam assumindo isso não foi por culpa de ninguém além deles. Mas, não, o governo entrou em cena para garantir a dívida dos bancos, transformando prejuízos privados em obrigações públicas.
Antes do estouro da bolha, a Irlanda tinha uma pequena dívida pública.
Mas, com os contribuintes subitamente ameaçados por prejuízos imensos dos bancos, enquanto a arrecadação despencava, a credibilidade do país foi colocada em xeque. Assim, a Irlanda tentou tranquilizar os mercados com um programa austero de corte de gastos.
Parem por um minuto e pensem nisso. Essas dívidas foram contraídas, não para pagar programas públicos, mas por espertalhões privados que buscavam apenas seu lucro pessoal. Agora, cidadãos comuns irlandeses pagam a conta.
Ou, para ser mais preciso, eles estão arcando com um ônus muito maior que a dívida – porque aqueles cortes de gastos causaram uma severa recessão, de modo que além de assumir as dívidas dos bancos, os irlandeses sofrem com a queda das rendas e o alto desemprego.
Agora o quê? Na semana passada, a Irlanda e seus vizinhos montaram o que foi amplamente descrito como um “salvamento”. O que realmente se passou, porém, foi que o governo irlandês prometeu impor sofrimentos ainda maiores à população em troca de uma linha de crédito que, presumivelmente, daria mais tempo para a Irlanda, bem, recuperar a confiança. Os mercados, compreensivelmente, não se impressionaram quando as taxas de juros dos bônus irlandeses subiram ainda mais.
As coisas precisariam mesmo ser dessa maneira? No início de 2009, circulava uma piada: “Qual a diferença entre a Islândia (em inglês, Iceland) e a Irlanda (em inglês, Ireland)? Resposta: “Uma letra e cerca de seis meses.” Isso era para ser uma piada de humor negro. Por pior que fosse a situação da Irlanda, ela não poderia se comparar ao completo desastre que era a Islândia.
Neste ponto, porém, a Islândia parece estar se saindo melhor que sua quase homônima. Sua recessão econômica não foi mais profunda que a da Irlanda, suas perdas de empregos foram menos graves e ela parece melhor posicionada para a recuperação. Os investidores, aliás, agora parecem estar considerando a dívida islandesa mais segura que a irlandesa. Como isso é possível? Parte da resposta é que a Islândia deixou que os emprestadores estrangeiros a seus bancos descontrolados pagassem o prelo de seu mau julgamento, em vez de colocar seus próprios contribuintes na linha para garantir as dívidas privadas ruins. Enquanto isso, a Islândia ajudou a evitar um pânico financeiro em parte impondo controles temporários ao capital – isto é, limitando a capacidade de os locais tirarem fundos do país.
A Islândia também se beneficiou do fato de que, diferentemente da Irlanda, ela ainda tem sua própria moeda: a desvalorização da coroa, que deixou as exportações islandesas mais competitivas, foi um importante fator para limitar a recessão na Islândia, Para os sabichões, nenhuma dessas opções heterodoxas está à disposição da Irlanda. A Irlanda, dizem eles, precisa continuar infligindo sofrimento a seus cidadãos – porque fazer qualquer outra coisa fatalmente solaparia a confiança.
Mas, a Irlanda já está em seu terceiro ano de austeridade, e a confiança continua se exaurindo. É o caso se perguntar o que será preciso para as pessoas sérias perceberem que punir a população pelos pecados dos banqueiros é pior que um crime; é um erro.
Tradução: Celso M. Paciornik
Fonte: Estadão | Economia & Negócios | Blog, 27 de novembro de 2010 | 8h00

o governo tem de estar atento

"BRASIL PRECISA SE PROTEGER E CUIDAR DAS CONTAS EXTERNAS"
Foto: Sidney Murrieta

A economista Maria da Conceição Tavares defendeu nesta sexta-feira, durante a Conferência do Desenvolvimento, promovida pelo IPEA, em Brasília, que o Brasil deve proteger sua economia, reverter o processo de sobrevalorização do real e adotar mecanismos de controle de capital para evitar um ataque especulativo. Em sua fala, ela deixou algumas sugestões para o futuro governo Dilma: "Eu diria que a primeira preocupação agora é, sem dúvida nenhuma, com o setor externo. Se ele continuar assim vai haver degradação da indústria, déficit crescente da balança de pagamentos e uma fragilidade externa que na crise de 2008 nós não tivemos".
por Katarina Peixoto
O sexto painel da Conferência do Desenvolvimento, promovida pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), em Brasília, apresentou um tema abrangente e desafiador: Macroeconomia e Desenvolvimento. Um tema à altura da homenagem feita pelo IPEA aos 80 anos da professora Maria da Conceição Tavares, formadora de mais de uma geração de economistas brasileiros. Bem humorada, ela brincou com a relação entre a homenagem e o tema escolhido para a conferência: 
“Esta homenagem está gloriosa, porque o clima é Woodstock, não é? Vamos ver se sou capaz de tocar guitarra elétrica. O tema proposto para mim, só tocando guitarra elétrica. Macroeconomia e Desenvolvimento não são temas pensados conjuntamente, geralmente”.
O propósito da política macroeconômica, lembrou, é evitar os desequilíbrios. E agora mais do que nunca em função da crise econômica mundial. Maria da Conceição Tavares fez um rápido resumo do quadro atual. 
“Neste ano que passou foram os países ditos emergentes que cresceram. O primeiro mundo não cresceu nada. A crise de 2008, agora em 2010, veio repicada com a crise na Europa. A política macroeconômica na Europa deve estar fazendo Keynes se remover na tumba. Um desemprego cavalar e eles vêm com ajuste fiscal. Além de tudo há uma pletora de dólares. O Banco Central europeu está sustentando os países mais pobres da UE, mas o problema não é de liquidez, mas de insolvência”. 
Frente a essa situação, alertou, o Brasil precisa ficar atento:
“Nossa taxa de juros é historicamente cavalar. Não é uma maluquice do presidente do Banco Central. Desde a década de 70 que a taxa de juros primária é muito alta. E as taxas ativas dos bancos também são muito altas. Então estamos numa situação braba: que tipo de investimentos essa taxa de juros elevada atrai? O investimento direto não tem nenhum problema, desde que sejam estertores importantes do desenvolvimento. Mas nossas taxas de juros fazem com que sejamos atrativos para o capital especulativo. Resultado: estamos com uma grande sobrevalorização do real”. 
Diante deste quadro, acrescentou, a economia brasileira precisa se proteger, não apenas dos Estados Unidos, mas também da China. Neste ponto, ela fez algumas advertências importantes ao governo Lula e, principalmente, ao futuro governo Dilma:
“Temos aumentado desvairadamente as importações. Está um festival de importação. Nós estamos diminuindo o conteúdo de valor agregado de nossa indústria, até com coeficiente em importação em aço, no qual temos competitividade internacional, temos 15% da importação em aço. Há sobra de aço na Europa, que está fazendo dumping para cima da gente e nós deixamos. Eu diria que a primeira preocupação agora é, sem dúvida nenhuma, com o setor externo. Se ele continuar assim vai haver degradação da indústria, déficit crescente da balança de pagamentos e uma fragilidade externa que na crise de 2008 nós não tivemos. Foi a primeira vez que o Brasil passou por uma crise sem se arrebentar. Ao contrário, somos credores líquidos internacionais. Passar dessa situação, outra vez, para devedor líquido é péssimo. Só não passamos a tanto porque o governo é credor líquido. Mas as grandes empresas, o capital privado já está devendo. O que significa que qualquer repique da crise internacional pode nos trazer problemas”.
O governo tem de estar atento, enfatizou a economista, para não agravar o déficit fiscal. “A inflação é de custos, não de demanda. Então, não é o caso elevar taxa de juros, para não agravar o déficit fiscal, aumentando o serviço da dívida. Isso tira a possibilidade de desenvolvimento. Como se faz desenvolvimento com uma taxa de juros dessas?” - indagou. 
A economista garantiu que não discutiu pessoalmente esses temas com ninguém do governo. E reafirmou a defesa da adoção do controle de capitais para proteger o país de um ataque especulativo.
“Já disse publicamente e repito, penso que numa situação como essa tem de ter controle de capitais. Todos os controles quantitativos. Aumenta o compulsório. Controla a taxa de crédito. Mas não com essa taxa de juros. Mesmo que o FMI tenha dito que controle de capitais pode ser recomendado, na atual conjuntura, o “mercado” e “os do mercado” aqui no Brasil não suportam ouvir isso. Mas temos no Banco Central gente discreta, não vedetes. Eu acho que a mudança do presidente do BC se prende a isso”.
O Brasil, recomendou ainda a economista, precisa fazer uma política fina e ir diminuindo lentamente a taxa de juros e a taxa de câmbio. “Devagar com o andor que o santo é de barro. Tem de andar devagar”, enfatizou. 
E criticou aqueles que defendem o corte de gastos para promover um duro ajuste fiscal.
“O eixo deste governo é a política econômica com eixo social. Esse é o nosso custeio. Cortar para investir, para agradar a imprensa? Eu acho que não há sentido nenhum. No desenvolvimento econômico, o eixo social está correto. Mas se não cuidarmos da parte cambial, não conseguiremos fazer política industrial e tecnológica e, no longo prazo, não há desenvolvimento econômico regredindo nessas coisas”.
Maria da Conceição Tavares manifestou confiança na capacidade da presidente eleita Dilma Rousseff enfrentar esses problemas:
“Graças a deus a nossa presidente é uma mulher de coragem, de discernimento e economista competente. Este primeiro ano dela é complicado, em todos os sentidos. Enfim, que deus a proteja. Não adianta pedir que deus proteja individualmente nestas questões. Nestas questões é melhor proteger o coletivo”.
“Tenho muita fé na presidente, mas uma coisa é saber, outra é operar – não sei se a proporção de forças dos industriais pesam tanto quanto a dos banqueiros. Para sair dessa encrenca, agora mais do que nunca, não dá para deixar para o mercado ou a divina providência. A solução é humana e de todo o governo. Até o fim dessa década vamos erradicar a miséria, para que isso ocorra não podemos fazer coisas que abortem essas intenções.”
O Brasil tem um caminho duro pela frente, concluiu, e “deve agir com a autonomia de um país independente e soberano”. “Precisamos fazer uma defesa soberana da política industrial, cambial e de balanço de pagamentos. Não quero que me impinjam política macroeconômica que me atrapalhe o desenvolvimento. E que não se espere que o G7, G20, o G 400 resolvam alguma coisa, porque a ordem mundial está uma bagunça e o mundo hoje é multipolar. Acho melhor cumprir o nosso papel”.
Fonte: Carta Maior, 26/11/2010

se trata de “efeito manada” ?

MERCADO TEME QUE ESPANHA SEJA ‘BOLA DA VEZ’ DA CRISE

por Sílvio Guedes Crespo

Touro, um dos símbolos do mercado financeiro, e o toureiro, figura clássica da Espanha
(Foto:Susana Vera)
Ainda não está claro se se trata de “efeito manada” ou de uma análise fundamentada por parte dos investidores. Seja um boato ou uma informação verdadeira, o rumor de que a Espanha venha a ser o próximo país a precisar de ajuda internacional já tem consequência concreta: investidores estão vendendo títulos públicos do país ibérico e comprando dólares, num movimento que afetou mercados também de outros países, conforme observou o “Wall Street Journal“.
A moeda americana operava em alta em relação ao euro e ao real, entre outras divisas. No Brasil, a Bolsa de Valores de São Paulo caía 1,04% por volta das 15h. Na Europa, o mercado de Londres registrou queda de 0,53%, o de Paris, 0,84%, e o de Frankfurt, 0,45%. Os índices Dow Jones e Nasdaq, dos Estados Unidos, desciam 0,74% e 0,25%, respectivamente.
O retorno que os investidores exigem para comprar títulos da Espanha aumentou consideravelmente nesta semana, conforme noticiaram o “Financial Times” e o “Wall Street Journal”.
Nesta sexta-feira, particularmente, o medo de que a Espanha não consiga pagar seus investidores foi alimentado por uma reportagem do “Financial Times Deutscheland”, segundo a qual autoridades do governo da Alemanha, cuja identidade não foi revelada, estariam em conversas com a Comissão Europeia para elevar o fundo para resgate de países com problemas econômicos.
A reportagem gerou receio de que Espanha e Portugal estariam precisando de ajuda da União Europeia. Os governos alemão, espanhol e português negaram todas as informações da reportagem, assim como a Comissão Europeia.
O primeiro-ministro da Espanha, José Luis Rodriguez Zapatero, disse que seu país tem uma dívida pública menor do que a média europeia, que o processo de redução do déficit público está sendo conduzido adequadamente e que o sistema financeiro espanhol é um dos mais sólidos da Europa, conforme noticiou o jornal local “El País”.
Zapatero também disse que os investidores de curto prazo “vão se equivocar” se continuarem a vender títulos, atitude que o “Financial Times” considerou um “desafio ao mercado”.
Bola da vez?
“Se nós continuarmos a ver a tendência recente [de alta] nos retornos dos títulos da Espanha, então a crise vai se elevar para um patamar completamente novo, porque o país corresponde a 11,7% do Produto Interno Bruto [PIB] da eurozona, mais que o dobro de Irlanda, Grécia e Portugal [juntos]”, afirmou Gary Jenkins, da Evolution Securities, ao site do “Wall Street Journal”.
Fonte: Estadão, 26 de novembro de 2010 | 13h32

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