segunda-feira, outubro 31, 2011

“as árvores não sobem até o céu”

As mentiras que nos contam sobre a economia mundial

Em seu livro "Nos mentem!", os economistas franceses Olivier Pastré e Jean-Marc Sylvestre elaboraram uma espécie de catálogo da mentira em economia política ao mesmo tempo que evidenciam os erros monumentais dos organismos de crédito multilaterais, das agencias de qualificação e da mídia, que dão crédito às mentiras travestido-as de verdade. Em entrevista à Carta Maior, Pastré sustenta que, com o agravamento da crise, o sistema volta a reproduzir os mesmos problemas e as mesmas mentiras.
Conforme a hora do dia, o analista, o colunista ou o canal de televisão, os argumentos para explicar a crise mundial variam como a cor do céu. Qual é a verdade? Na realidade, a verdade é um acúmulo de mentiras que se disparam de todas as partes: o Fundo Monetário Internacional mente, as agencias de qualificação mentem, os analistas financeiros mentem, as instâncias de regulação mentem. A mentira, ou sua exposição, é a trama do ensaio dos economistas franceses Olivier Pastré e Jean-Marc Sylvestre. Em seu livro “Nos mentem!”, Pastré e Sylvestre elaboraram uma espécie de catálogo da mentira em economia política ao mesmo tempo que evidenciam os erros monumentais dos organismos de crédito multilaterais, das agencias de qualificação e da mídia, que dão crédito às mentiras travestido-as de verdade. 
Não escapam às análises os dirigentes políticos e os grupos como o G20, todos amordaçados e paralisados até que o incêndio cerca a casa. Mas como destaca nessa entrevista o professor Olivier Pastré, uma vez que o incêndio se afasta, o sistema volta a reproduzir os mesmos problemas.
Seu livro é uma espécie de catálogo das mentiras que os atores econômicos expandem pelo mundo seja para explicar a crise, seja para ocultá-la. Por acaso pode se dizer que o capitalismo parlamentar nos mentiu para manter as coisas no mesmo lugar?
Como dizia Lampeduza, tem que mudar tudo para que nada mude! Mas acredito que não se deva ter visões simplificadoras. Com isso quero dizer que é muito provável que um segmento importante dos dirigentes não tenha nenhum desejo de que as coisas mudem. Sendo assim, mentem a si mesmos primeiro e depois mentem ao seu público. Contudo, para explicar a cegueira do sistema, também há que mencionar uma espécie de mecanismo de auto-sugestão. Há uma frase muito conhecida na bolsa que diz “as árvores não sobem até o céu”. Até há pouco, os dirigentes da economia de mercado acreditaram que as árvores subiam sim até o céu. 
Lembro que existe uma referência recente desta com a bolha internet, a bolha das novas tecnologias. Em 2000, a valorização das empresas que operavam na rede chegou à loucura total. Contudo, os dirigentes políticos, os bancos, os analistas financeiros, os meios de comunicação, todo o mundo dizia que a internet havia criado um novo modelo e que uma empresa podia valer 500 vezes seus lucros anuais. Aqui está uma prova de inconsciência que foi sancionada pelos mercados. O mesmo acontece agora. A inconsciência de 2005, 2006 e 2007 está sendo agora sancionada pelos mercados, mas de uma forma muito mais grave. Hoje, diferente do que ocorreu com a bolha das novas tecnologias, todos os setores e todos os países estão envolvidos. Nisso radica a gravidade da crise atual.
Existem outros emissores de mentiras que detém um poder considerável: as estatísticas, as agências de qualificação e o FMI.
Se observarmos as previsões do FMI constatamos que desde muito tempo são errôneas. O FMI não antecipou a crise e hoje este organismo nos diz com certa dificuldade que a crise se instalou. E, contudo, apesar de que as previsões do FMI são largamente falsas, continuam considerando-as com uma devoção quase religiosa. E com as agencias de qualificação acontece exatamente a mesma coisa. Nenhuma agencia antecipou a crise. Quero lembrar que as agencias de qualificação haviam dado aos créditos sub prime um triple A, o que é muito preocupante. Aqui também se segue escutando as agencias de qualificação como se fossem uma Virgem Santa. 
Mas a devoção e a idolatria não têm nenhuma justificativa. Se trata agora de saber a quem há que criticar: as estatísticas, as agências de qualificação, aqueles que lhe dão uma importância maior? Todo o mundo é responsável do que está acontecendo. Os bancos centrais são responsáveis, em particular o banco central norte americano, as autoridades bancárias são responsáveis, os bancos, as agências de qualificação, os analistas financeiros, os Estados são igualmente responsáveis. De fato, não há que destacar um culpável nem procurar um bode expiatório. A responsabilidade é global. A responsabilidade da crise não é só das estatísticas ou das agências de qualificação. A responsabilidade é inescapavelmente coletiva.
Outra das mentiras que você assinala e que se transformou num mito desde 2008 é o da regulação financeira. Você afirma que o G20 é em realidade papel molhado.
Sobre o G20 é preciso dizer três coisas. A primeira é que a criação do G20 foi uma muito boa idéia. Antes da criação do G20 a economia mundial estava governada pelos países mais endividados: Estados Unidos, França, etc. Além disso, haviam sido deixados de fora os países que criavam mais valores, ou seja, Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul. A criação do G20 é então, uma evolução extremamente positiva em matéria de governo econômico mundial. 
Em segundo lugar, na cúpula do G20 que se celebrou em Londres em 2009 se tomaram decisões corretas no que concerne ao papel do FMI, os paraísos fiscais ou as bonificações dos traders. Mas em terceiro lugar, e aqui está o problema, desde esta cúpula de Londres o G20 deixou de tomar decisões. Por quê? Pois porque o G20, como todas as demais instâncias de regulação, só toma decisões quando se espalha o medo. Tem que acontecer o que vimos com Lehman Brothers para, seis meses depois, tomar as decisões necessárias. 
O problema radica em que, uma vez que passou a tormenta, nos esquecemos de que tivemos medo e tudo volta a começar igual: a especulação, as bonificações surrealistas destinadas aos traders, etc., etc. Prova disso, foi necessário que explodisse a crise grega para que os reguladores tivessem medo e voltassem a regular. Por conseguinte, se pode dizer que o governo mundial só progride com a crise. Só quando os reguladores têm medo se botam a regular.
Mas como se pode explicar tal recurso à mentira em economia política. Economistas, dirigentes políticos, organismos internacionais, todos mentem.
É lamentável mas esta é a triste realidade. Há três tipos de mentiras: a mentira voluntária, esta que se apoia atrás do argumento segundo o qual esconder a realidade é um bom princípio; a mentira involuntária que se funda sobre uma análise errônea da situação e conduz a difundir falsas informações quase de boa fé: e a mentira que se conta a si mesmo, ou seja, quando se dispõe de uma boa análise da situação mas como não se quer reconhecer a validade da mesmo se acaba dissimulando a realidade. 
Nos três casos se emitem enunciados falsos e quase ninguém questiona o discurso dominante. Há vários elementos para explicar isso. Um deles é o chamado pensamento único. Às pessoas gostam pensar o que pensam os demais. Na sociedade atual contar com um pensamento heterodoxo não é algo fácil. Por outra parte, os meios de comunicação têm uma marcada tendência a acentuar este fenômeno. Os meios se focalizam no instantâneo, no espetacular. Assim terminam difundindo a mesma análise sem profundidade.
Você é um dos poucos analistas econômicos que afirma sem ambiguidade que os Estados Unidos estão em processo de quebra.
Se os Estados Unidos fossem uma empresa já tinham declarado falência. Não há nenhuma dúvida a respeito. Os Estados Unidos viveram acima de seus meios, se endividando além do razoável e desindustrializando-se em excesso. Isso dura 20 anos! A situação norte americana é muito, muito má.
Entretanto, pese ao inocultável marasmo, você sugere que não tudo está perdido. Como se sai deste pântano? Por acaso há que terminar com a tão comentada globalização?
Eu sou um crítico das teses que propõem o fim da globalização. De fato, a globalização teve muitos defeitos, é obvio que aprofundou as desigualdades, mas, globalmente, a economia mundial nunca conheceu um crescimento tão forte como com o processo de globalização. Não há, então, que se jogar tudo no lixo. A desglobalização poderia acarretar uma perda dos benefícios adquiridos. Não quero dizer com isso que, por exemplo, a situação dos operários chineses que trabalham no setor industrial graças à globalização seja boa, não, nada disso. O que digo, sim, é que a globalização foi um fator de crescimento inquestionável, em particular para os países do sul. 
Os excessos da globalização devem ser criticados. Nesse sentido, se continuo sendo otimista é precisamente porque se admitimos que todos somos responsáveis da situação atual, tanto as empresas, os bancos, os dirigentes políticos, as instâncias de regulação como as pessoas em geral, podemos mudar o curso das coisas. Se cada um destes atores econômicos se reforma é possível desembocar num governo econômico mundial mais satisfatório. Lamentavelmente, as reformas só se realizam quando não cabe outra saída. Provavelmente fará falta que a crise se agrave mais para que os dirigentes e os dirigidos aceitem as reformas.
Tradução: Libório Junior
Fonte: Carta Maior | Economia, 30/10/2011

domingo, outubro 30, 2011

alimentar a crescente população mundial pressionará os recursos naturais


A necessidade de aumentar a produção agrícola para alimentar a crescente população mundial pressionará os recursos naturais, principalmente a água, segundo José Graziano, que em 2012 assumirá a direção geral da FAO (agência da ONU para agricultura e segurança alimentar).
"A água se tornou o maior entrave à expansão da produção (de comida), especialmente em algumas áreas como a região andina, na América do Sul, e os países da África Subsaariana", diz à BBC Brasil Graziano, atualmente diretor da FAO para a América Latina e ex-ministro de Segurança Alimentar e Combate à Fome no governo Luiz Inácio Lula da Silva, quando foi o responsável pela implementação do Programa Fome Zero.
A reportagem é de João Fellet e publicada por BBC Brasil, 28-10-2011.
Segundo previsão da FAO, até 2050, a produção mundial de alimentos terá de crescer 70% para dar conta do aumento populacional.
Graziano diz que, apesar da pressão sobre os recursos naturais, é possível pôr fim à fome no mundo por meio de quatro ações principais: a aplicação de tecnologias modernas na lavoura (muitas já disponíveis), a criação de uma rede de proteção social para populações mais vulneráveis, a recuperação de produtos locais e mudanças nos padrões de consumo em países ricos.
"Se pudéssemos mudar o padrão de consumo em países desenvolvidos, haveria comida para todos", diz ele.  "Nós desperdiçamos muita comida hoje, não só na produção, mas também no transporte e no consumo".
Segundo Graziano, enquanto a comida é mal aproveitada em nações ricas, cerca de 1 bilhão de pessoas passam fome em países emergentes.
"Precisamos assegurar que esse bilhão de pessoas sejam alimentados, que tenham bons empregos, bons salários e, se não pudermos dar-lhes empregos, encontrar uma forma de proteção social para eles".
Bolsa Família
Graziano afirma que programas de transferência de renda, como o Bolsa Família no Brasil, hoje atendem cerca de 120 milhões de pessoas na América Latina, ajudando a combater os índices de fome na região.  Ele defende ampliar essas ações para outros países afetados pela falta de alimentos, especialmente na África.
Outra ação que Graziano advoga é recuperar produtos agrícolas típicos de cada região. Segundo ele, por não serem commodities, esses produtos não são afetados por variações bruscas de preços, o que favorece consumidores e produtores.  Além disso, geram um ciclo de produção e consumo local, barateando a comida.
"O que é caro nos alimentos é o transporte, a produção de alimentos é muito barata.  Se conseguirmos diversificar, fazer uma regionalização e melhor distribuição de alimentos e consumo, os preços serão muito mais baixos."
Graziano diz ainda que o estímulo à produção de produtos tradicionais ajudaria a diversificar a fonte de alimentos.
"Hoje caminhamos para ter poucos produtos responsáveis pela alimentação de quase 7 bilhões de pessoas.  Precisamos diversificar essa fonte, criar maior variabilidade".
Ele afirma que a prioridade dada a alimentos cotados em mercados internacionais tem feito com que a América Latina, por exemplo, venha perdendo a capacidade de produzir feijão – um alimento tradicional altamente nutritivo, produzido a um custo baixo.
Obesidade
A diversificação da produção agrícola, segundo Graziano, também ajudaria a combater outro problema global relacionado à alimentação: os crescentes índices de obesidade, inclusive em países emergentes.
Ele afirma que o número de pessoas com problemas de má alimentação ou obesidade já alcança 2 bilhões, duas vezes mais que o total de pessoas afetadas pela fome.
Ele atribui o índice à "comodidade da vida moderna", que amplia o acesso a produtos industrializados, com alta concentração de açúcares, ao mesmo tempo em que desestimula atividades físicas.
Para Graziano, o combate desse mal também deve incluir ações educativas.
"Achamos que nossas mães sabem o que devemos comer.  Isso valia para nossas avós, que colhiam produtos na horta, mas hoje nossas mães buscam comidas prontas, fast food, já que elas também trabalham e têm longas jornadas fora de casa".
Graziano também cobra que as grandes empresas de fast food se sensibilizem quanto ao problema e ampliem a oferta de comidas frescas em seus cardápios.
Biocombustíveis
Na entrevista à BBC Brasil, Graziano também aborda outros dois temas que têm permeado discussões recentes sobre a produção de alimentos: a suposta competição entre a produção de comida e a de biocombustíveis e os riscos que o aumento da produção agrícola impõem à preservação ambiental.
Ele afirma que, em duas das três maiores regiões produtoras de biocombustíveis do globo (Estados Unidos e Europa), houve incremento em alguns preços de alimentos por causa da competição com biocombustíveis.
No Brasil, porém, ele afirma que a produção de etanol a partir da cana de açúcar não teve qualquer impacto nos alimentos, já que a produção cresceu principalmente em terras improdutivas e por meio da modernização de técnicas agrícolas.
Graziano também diz não ver conflitos em conciliar a preservação ambiental à necessidade de ampliar a produção agrícola.
"A intensificação da produção com modernas tecnologias, menor uso de fertilizantes e defensivos pode beneficiar muito o meio ambiente", diz.
"O avanço da tecnologia nessa direção permitiria terminar com essa falsa dicotomia entre ecologistas e agricultores".
Fonte: IHU | Notícias, 29/10/2011.

sexta-feira, outubro 28, 2011

babilônia de crenças incompatíveis

Protocolos dos sábios do Sião,aqui, não!

Tem gente querendo reprisar a farsa dos Protocolos dos Sábios de Sião na política brasileira. Pouco importa que haja emprego e que as crianças pobres do Recife não expilam lombrigas pela boca nos sinais de trânsito. A farsa está na invenção de um inimigo bestial a ser revelado e denunciado como responsável por uma suposta onda gigantesca de corrupção.
Há uma grande conspiração em curso no Brasil. Trata-se da conspiração do PT e da esquerda em geral para assaltar o bolso das famílias, para imporem um modo politicamente correto de pensar, para censurarem o machismo, a homofobia, o sexismo e o nosso direito de andar armados. Essa gente quer assaltar os cofres públicos para nos fazer pagar impostos, com os quais eles só fazem roubar e enriquecer, enquanto eu me sinto vilipendiado e cada vez mais envergonhado. Nunca houve tanta corrupção neste país, nunca. É aquela coisa do pobre que jamais teve algo e que agora se lambuza, minha avó já dizia. Aqui, comediante é levado a sério, só porque é fascista, homofóbico, machista e age contra a lei, enquanto os políticos, ah, os políticos, esses seguem sem ser levados a sério. Por isso eu gosto mesmo é do Bolsonaro, inclusive. Ele vem sendo vítima do festival de autoritarismo e corrupção que assolam este país. Esses petralhas que estão mais preocupados em atacar a liberdade de imprensa do que em governar o país. Sim, porque o país só vai bem graças a Fernando Henrique, que não fosse ele, esses petralhas iam ver. O PT não faz nada que preste e só rouba o nosso dinheiro. O filho de Lula é milionário, Dilma sabe e acoberta Orlando Silva, aquele moleque safado que está podre de rico, caiu porque é culpado, óbvio.

Outro dia um jornal muito importante disse no seu editorial que o país precisava de uma limpeza ética! Eu concordo! Cresce no país a consciência de que chega de tudo isso que aí está! E ainda querem mais imposto para a saúde, e fraudam até provas de ensino médio, que são de alta importância para os nossos filhos! Como eles terão certeza de que entrarão por seus próprios méritos na Universidade? Não basta ter direitos negados pelas vagas dadas de presente – às nossas custas – a quem se diz negro (como se houvesse racismo no Brasil, ora essa!), aos desqualificados das escolas públicas e, pasmem, para indígenas. Chega! Está na hora da nossa marcha, da marcha pela dignidade, contra essa gente que quer mandar em nós, que quer controlar o nosso modo de pensar, que pretende ganhar dinheiro às minhas custas e fazer demagogia com os impostos que eu e minha família e você paga!
Diariamente a Carta Maior recebe comentários de leitores que compartilham o balaio de enunciados contraditórios acima. Essa babilônia de crenças incompatíveis, que não sobrevivem a um inquérito minimamente lógico a respeito da relação entre uma e outra reina na mídia e, até aqui, parece apavorar setores poderosos do governo. Trata-se de uma onda de depravação consciente e deliberada, que convida a barbárie para uma grande orgia semântica, voltada para criar uma farsa. Não porque é contra o PT ou o governo ou a esquerda. A farsa está na invenção de um inimigo a ser revelado e denunciado como responsável pelas ameaças e fragilidades que o poder vem enfrentando. Mas que poder? O da mídia, o do tal do PIG, o da CIA e do FMI? E que fragilidades?
O Protocolo dos Sábios de Sião é uma farsa criada por um serviçal do Czar Nikolai II para tentar, sem sucesso, enfrentar as ameaças ao seu poder. Essa farsa, da virada do século XIX para o XX, denuncia a existência de um grupo de judeus que se reúnem e deliberam como controlar o mundo. Eles traçam planos e estabelecem metas para a empreitada. O texto é tão autêntico que todo judeu denega a sua veracidade, revelando, assim, a sua força, dizem as sumidades de todo tipo que acreditam nessa mentira. 
O modelo desse embuste é muito simples e imbecilizante: ele mobiliza o medo do lobo mau que habita as memórias infantis apontando um inimigo ao mesmo tempo genérico e específico que introduz, contamina e assegura a permanência de todo o mal na floresta, quer dizer, na sociedade. Na Rússia czarista, eram os judeus. Depois, no nazismo, eram os judeus comunistas, porque, como se sabe, a Revolução de 17 foi coisa de judeu, segundo nos disse Hitler, o sábio. Já na década de 30, quando as trevas do stalinismo assaltaram o Partido Comunista, os Protocolos foram recuperados, porque ali estariam claros os planos trotskistas – portanto judeus – para atacar o guia dos povos. 
Quando os delinquentes argentinos que agora estão sendo condenados (finalmente) deram o golpe de estado em 1976, com a missão de exterminar a esquerda, usaram essa bíblia de oligofrenia e irracionalidade para levarem a cabo o extermínio de aproximadamente 30 mil pessoas. Talvez fosse o caso dizer que, no caso da Argentina dos anos Videla-Massera – com o auxílio de refugiados nazi –, da Alemanha nazista e da barbárie stalinista os tais sábios de Sião tenham aumentado um pouco o número. Porque somando esse horrores se chega na casa dos milhões de “sábios”. Mas não é o caso dizer, quando se respeita a verdade e a razão que viabiliza o seu acesso. 
A Política e a inocência são e devem ser inimigas desde a gestação. Disso obviamente não se segue que a Política seja coisa de bandidos; só as pedras são inocentes, disse Hegel, dessa vez com razão: disso se segue que a defesa da inocência é a defesa de uma quimera, não apenas do reino que seria próprio às coisas do poder, mas do da razão. A origem da reclamação de inocência e pureza no mundo está na crônica mítica do pecado original, a primeira corrupção que teve sua CPI vendida pelo governo de Deus, no caso em tela. 
Até hoje há gente séria da teologia que debate se Adão levou a serpente a sério por curiosidade intelectual ou por desejo. A primeira vertente de interpretação defenderia que o livre arbítrio dos homens deriva da sua racionalidade; a segunda vertente, que deriva do seu desejo. Mas a coisa mais importante é que a liberdade dos homens, na qual, aliás, veio a se fundar a Política, não deriva nem pode derivar da inocência. Já na sua origem, a liberdade tem a ver com as condicionalidades da contingência.
É claro que não é por isso que o Ministro x ou y cai ou não; por isso se torna evidente, apenas, que a gritaria por inocência não é nem pode ser inocente: ou tem alguma racionalidade, ou tem um desejo incontrolável. Em ambos os casos, é o poder, e não a inocência e a pureza de intenções, que organiza a sua inteligibilidade. 
Essas observações também vigoram quanto ao PT e aos seus aliados, em tempo. Não são poucos os que se lembram dos anos 90, no Brasil. Mas eu lembro como se fosse ontem do quanto me indignava com o PT, com o PCdoB e com muitos outros da oposição ao governo Fernando Henrique e Paulo Renato, no MEC de então, naqueles anos tristes. Enquanto a Vale do Rio Doce era entregue à iniciativa privada com financiamento do BNDES, enquanto a CSN e as companhias de energia elétrica eram entregues, enquanto bancos públicos estatais eram praticamente doados, enquanto tudo isso acontecia com o discurso de que era para se qualificar o Estado e este, no período em que o dinheiro das supostas vendas de patrimônio público deveriam estar entrando nos seus cofres, definhava, com os banheiros nas universidades fedendo e os professores doutores ganhando salários ridículos, o que fazia a esquerda, em geral? 
Denunciava a corrupção e berrava por CPIs, no Congresso. Eram poucos os que, à esquerda, investigavam e buscavam, amiúde, diagnosticar a destruição que estava em curso no país e que apontavam as dificuldades que viriam pela frente, não apenas para um eventual governo do PT, mas para o país mesmo - este que não se resume ao bolso e ao imaginário da classe média cuja vida é do tamanho do sábado com uísque e os amigos, para reclamar do que a revistinha semanal declara.
No início dos anos 2000 e no começo da primeira gestão de Lula na presidência ficou claro que essa tática tinha sido inconsequente: a destruição do Estado, o definhamento da República e o sequestro de seu financiamento pela política parasitária do sistema financeiro causaram uma gigantesca confusão em muitos que, como eu, tinham apostado na interdição do horror que assolou o país nos anos 90. A confusão não acabou, mesmo que muito daquele horror tenha sido revertido, pelo menos quanto ao futuro ou às gerações posteriores às dos beneficiários do Bolsa Família, quanto ao futuro da pesquisa, da Universidade, da ciência, do financiamento público-estatal por meio dos bancos públicos do Estado, do PAC, do Minha Casa, Minha Vida, da redução das desigualdades, enfim, de tudo isso que se tornou o Brasil, dos últimos 6 anos para cá, ao menos. 
E qual é a inconsequência, mesmo? É trazer a farsa dos Protocolos dos Sábios de Sião para a cena Política. A inconsequência, que emergiu na mais regressiva e violenta campanha eleitoral da jovem democracia brasileira, em 2010, é convidar o adão de antes da maçã para juiz das coisas do poder. Pouco importa que ditadura alguma leve a sério a pesquisa e a universidade, como se leva a sério no Brasil, hoje. Não interessa à imbecilidade que não entendeu o que aconteceu há quinze anos, saber o que realmente aconteceu no Ministério dos Esportes hoje ou no do Planejamento, em 1995. Pouco importa que haja emprego e que as crianças pobres do Recife não expilam lombrigas pela boca nos sinais de trânsito. Nada importa que a abundância tenha se tornado regra até para a classe média, mesmo que nos cartões de crédito. Não se preocupam com o valor, sobretudo nas próprias vidas, do automóvel, desde que se angustiem com os impostos a pagar. Desde que os Sábios de Sião sejam os culpados. 
É desnecessário e inútil dizer o quanto esse convite à orgia semântica dos Protocolos dos Sábios de Sião é depravado e perigoso. É desnecessário porque na mídia das oito famílias abundam declarações com documentos e atas das reuniões dos Sábios que conspiram para prejudicar as pessoas de bem deste país. E é inútil porque parte do PT aceitou esse convidado indecente, o adão de antes da maçã, para juiz da Política. Então, não é útil, aqui, lembrar que não adianta denunciar a mídia das 8 famílias, nem lembrar que houve, sim (mesmo que seja verdade), um gigantesco e brutal saque do erário no processo de privatização. Não se combate a criação de monstros com uma briga de arquibancada. Na melhor das hipóteses, a briga contra o tal do PIG enche o saco de quem pensa e quer saber o que diabos está acontecendo, até mesmo quando não se tem mais muita esperança de que se vai, afinal, ter alguma ideia do que realmente ocorreu com aquela licitação ou com aquela fraude declarada numa manchete daquele panfleto com papel jornal. 
A história dos Protocolos dos Sábios de Sião não parece nem próxima do fim, mas isso não implica que o seu uso seja ou deva ser triunfante. Porque a única vitória dessa irracionalidade é a destruição e o empobrecimento, a morte e a barbárie. No início dos anos 2000, o Rio Grande do Sul foi sequestrado pelos profetas que denunciavam uma grande conspiração petista para destruir a propriedade, os valores das famílias de bem e as mentes das criancinhas. O que aconteceu aqui não se compara à tragédia argentina nem ao horror alemão e nem mesmo ao stalinismo, obviamente. 
Mas é um bom exemplo de um estado que, “livre dos Sábios de Sião”, empobreceu, destruiu suas escolas, sucateou os serviços públicos, empobreceu no campo e dilacerou-se nas cidades, com o aumento da violência e do tráfico. É um exemplo de emburrecimento midiático, de estupidez cultural, de indigência literária, de depauperamento geral. 
Não dá para dizer quem é o Nikolau II da vez, no Brasil. Quem está exatamente frágil e quem se sente ameaçado, porque a confusão não é pouca e porque o governo não parece estar contribuindo muito para elucidar o estado do que é racional e do que não pode sê-lo. Mas dá para dizer, e se deve dizer, que essa imbecilidade dos balaios de crenças contraditórias e incompatíveis deve ser combatida. 
Aqui, na Carta Maior, essa farsa não tem vez.
Katarina Peixoto é doutoranda em Filosofia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. E-mail: katarinapeixoto@hotmail.com
Fonte: Carta Maior | Debate Aberto, 28/10/2011

pílula de lucidez


terça-feira, outubro 25, 2011

melhoria dos serviços públicos em saúde e educação

Médico e professor vão às ruas pedir mais verba à saúde e educação
Médicos do SUS e professores promovem manifestações para pressionar governo e Congresso a reforçar investimento nas duas áreas. Em 21 estados, 100 mil médicos só vão atender casos de emergência na terça (25), para tentar influenciar votação no Senado. Na quarta (26), 10 mil trabalhadores da educação marcham em Brasília cobrando mudança de projeto na Câmara.

BRASÍLIA – Médicos, professores e entidades que defendem a melhoria dos serviços públicos em saúde e educação preparam protestos para cobrar de governo e Congresso a ampliação do investimento nas duas áreas. Nesta terça-feira (25), médicos do Sistema Único de Saúde (SUS) farão atos públicos pelo país e só vão atender emergências (consultas agendadas, não). No dia seguinte, haverá uma marcha de professores em Brasília.
A expectativa dos articuladores da manifestação dos médicos - Associação Médica Brasileira (AMB), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Federação Nacional dos Médicos (Fenam) – é de que pare metade dos 195 mil profissionais da rede SUS, em 21 estados. Nos outros seis, não haverá paralisação, mas atos públicos. 
Já a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) calcula que a marcha reunirá 10 mil pessoas. Elas vão percorrer a Esplanada dos Ministérios até a porta do Congresso Nacional, onde farão uma manifestação mais prolongada. 
Uma coincidência aproxima as duas mobilizações: a defesa de que o gasto em educação e saúde aumente para 10% - do produto interno bruto (PIB), no primeiro caso, e da arrecadação federal, no segundo. 
O orçamento federal da saúde será de R$ 70 bilhões no ano que vem, e o ministério diz que seria preciso aplicar no mínimo R$ 45 bilhões a mais (reforço financeiro de dois terços), para que o SUS desenhado na Constituição de 1988, aberto a todos os brasileiros e gratuito, seja realizado.
“O atendimento na rede pública vai ficar cada vez mais sucateado. Fica parecendo que é culpa do médico, mas não é: o orçamento da saúde é deficitário”, disse José Mestrinho, diretor da AMB. 
A entidade, a CFM e a Fenam revindicam elevar o orçamento da saúde para que haja reajuste salarial e melhoria das condições de trabalho dos médicos. Segundo as entidades, a remuneração média da categoria seria de R$ 1,9 mil, e o piso deveria ser de R$ 9,1 mil.
Autor de um relatório que passou o SUS em revista nos últimos seis meses, o deputado Rogério Carvalho (PT-SE), que já foi secretário de Saúde, acha que os médicos têm razão em reclamar. "O SUS precisa ofertar mais serviços à população e mais serviços exigem mais dinheiro. Os atuais recursos são insuficientes até para manter o que já é oferecido", disse. 
O parecer deve ser votado na Comissão de Seguridades Social da Câmara na quarta (26) e será usado pela Frente Parlamentar da Saúde para pressionar o Senado na votação de um projeto que os médicos também acham que pode resolver o problema do SUS. 
De autoria do ex-senador-médico Tião Viana (PT-AC), o texto propunha, inicialmente, fixar em 10% das receitas, o investimento federal em saúde. Recentemente, a Câmara barrou a vinculação, botou no lugar, como solução financeira, a criação de um novo imposto, e devolveu o texto ao Senado. 
Na prática, é impossível recolher o novo tributo - os deputados derrubaram a base de cálculo. Agora, o Senado tem de decidir se resgata o texto original de Tião Viana - ou seja, se vincula o gasto em saúde à arrecadação federal -, despachando-o à sanção da presidenta Dilma Rousseff. Ou se aprova o projeto da Câmara discutindo, paralelamente, em um outro projeto, como cobrar o novo imposto. Ou, ainda, se reforça o caixa da saúde elevando algum tributo que já existe.
Dilma Rousseff já disse publicamente que acha que a saúde merecia a criação de um novo imposto. Já o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, defendeu aumentar a taxação já existente sobre bebida e cigarro. No Congresso, não há receptividade à tese presidencial.
PNE 2011-2020
No caso da manifestação da educação, os professores vão pressionar o Congresso a alterar o Plano Nacional da Educação (PNE) 2011-2020 e a votar o projeto até o fim do ano. O PNE foi proposto pelo governo para empurrar de 5% a 7% do PIB, o investimento público no setor, na soma de governo federal, estados e prefeituras. Só o governo federal deve investir, no ano que vem, R$ 33 bilhões no setor.
Mas movimentos sociais, como a União Nacional dos Estudantes (UNE), a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) defendem dobrar os gastos atuais e têm feito manifestações pelo país. A última mobilização tinha sido promovida pela UNE, no fim de agosto. 
Agora, a entidade deve se juntar à CNTE na marcha desta quarta (26). Ao cobrar o aumento de verba para o setor, a confederação também quer resolver problemas salariais da categoria. 
A entidade reclama, por exemplo, que nem todos os estados cumprem a lei que fixou um piso nacional dos professores – quatro estados ainda acionam o Supremo Tribunal Federal (STF) tentando retardar o pagamento do piso.
Depois do ato em frente o Congresso, os manifestantes vão se reunir com o relator do PNE na Câmara, Ângelo Vanhoni (PT-PR), para pressioná-lo. Ele disse que não será possível chegar aos 10% do PIB, mas que também não vai parar nos 7% propostos pelo governo. 
O deputado pretendia apresentar seu parecer também na quarta (26), mas disse que terá de adiar devido porque, desde a Constituinte, que um projeto não recebia tantas sugestões de alteração - mais de três mil emendas parlamentares. “Faltam alguns ajustes em determinadas áreas Até terça da semana que vem eu concluo”, afirmou.
*Colaborou Najla Passos
Fonte: Carta Maior | Movimentos Sociais, 24/10/2011

sábado, outubro 22, 2011

o imperador está nu


Obrigado OWS

por Paul Krugman
Ontem visitei Zuccotti Park. Michael Moore fez um breve discurso, transmitido boca a boca. Ouço que a direita afirma que o movimento Ocupar Wall Street é anti semita; alguém esqueceu de contar à excelente banda Klemzer.
Em geral, o que me impressionou foi que a manifestação em si não tem nada de ameaçador: é uma multidão de modestas dimensões, de boa paz, em geral composta de jovens (era uma tarde fria com bastante vento), mas com muitas pessoas de meia idade também, nem todos desalinhados. Não era bem o tipo de coisa que se consideraria capaz de abalar o grande debate nacional. E no entanto abalou – o que só pode significar uma coisa: o imperador está nu, e bastou uma única voz honesta para denunciar isto.
Quanto a como o imperador ficou nu, basta ler o artigo de Ari Berman sobre os que defendem a austeridade, e como eles dominam Washington. O artigo diz que
existe um paradoxo fundamental na política americana dos últimos dois anos: Como foi possível que, numa profunda crise de desemprego – quando é dolorosamente óbvio que não estão sendo criados empregos em número suficiente e que o público quer principalmente que os políticos tratem de criá-los – o déficit se destacasse como a questão mais premente deste país? E por que, quando a evidência global indica claramente que as medidas de austeridade elevarão o desemprego e comprometerão o crescimento, em vez de acelerá-lo, os defensores da austeridade mantêm esta preeminência hoje?
É possível encontrar uma explicação no predomínio de uma classe influente e agressiva que se diz defensora da austeridade – uma coalizão supostamente centrista de políticos, estudiosos e especialistas, considerados incontestavelmente os sábios guardiões da política econômica americana.
É realmente notável como a reputação de sabedoria persiste apesar de um malogro após o outro.
Abraçamos a “austeridade expansionista”, que foi ainda pior do que Berman diz – não foram apenas grupos de especialistas como a CBPP (Center on Budget and Policy Priorities) que abriram buracos na doutrina, foi o Serviço de Pesquisa do Congresso e o FMI, isso mesmo, o FMI.
Tivemos o prêmio de responsabilidade fiscal concedido ao palhaço do Paul Ryan – e em geral, o abraço de Ryan quando ficou óbvio, em 2010, que ele não era nem sério nem honesto.
E, evidentemente, tivemos a impossibilidade total dos dados econômicos de terem o desempenho esperado – regimes de austeridade levam universalmente a um elevado desemprego, a juros persistentemente baixos apesar da crise da dívida supostamente iminente.
Não acho que Berman explique plenamente o predomínio dos defensores da austeridade, mas fez um bom trabalho documentando-o. E aqui está a coisa: este predomínio tem sido tão total que outras abordagens sequer foram ouvidas. Portanto, fazer alguma coisa, qualquer coisa, que significasse um importante avanço nesta retórica toda, teria uma repercussão impressionante.
Obrigado OWS.
Tradução por Anna Capovilla
Fonte: Estadão | Economia, 21/10/2011

sexta-feira, outubro 21, 2011

com um copo pela metade vemos um copo “meio vazio”

Primavera do coração

por Montserrat Martins
Nesse primeiro mês de primavera tivemos alguns lindos dias que há tempos não tínhamos. O inverno custou a passar, foi cruel, frio e chuvoso, de um rigor que me fez lembrar sombrias previsões sobre desequilíbrio climático. Mas vamos fazer um trato, não se fala hoje em assunto chato. Agora podemos dar valor e comemorar lindas tardes de sol… Pode até chover quando você estiver lendo isto, mas dentro do espírito de curtir a vida, mesmo se chover na primavera podemos nos divertir com isso, lembra dos banhos de chuva na rua que todo mundo adora tomar quando é criança ?
Poucas pessoas se dão ao “desfrute” de aproveitar como se deve esses momentos, de fruir da natureza à margem de um lago, ou num parque, enfim, podendo bendizer a vida e se deleitar com ela. Sim, nem todos tem essas oportunidades, mas mesmo quem as tem costuma aproveitar pouco. Faz parte da vida a correria do dia a dia, o ambiente competitivo de trabalho, a hora extra para pagar contas. Poucos conseguem fugir desse “clima” quando tem oportunidade de se divertir aos finais de semana, quer dizer, levamos nossas “neuroses” pra casa.
Saber comemorar e desfrutar dos bons momentos são qualidades tão necessárias à felicidade quanto o seu oposto, a capacidade de se focar nos problemas para resolvê-los. Tá bem, você tá cheio de coisas pra fazer mesmo nas horas de folga – e ainda por cima, como já disse o Mário Quintana, “o pior dos problemas da gente é que ninguém tem nada com isso”. Certo, se você não resolver seus problemas ninguém resolve. Mas se você não souber se desligar, descontrair, voltar a ser um pouco criança e curtir a vida, ninguém fará isso por você, também – o que vai lhe fazer falta para a felicidade e até para a saúde, você sabe.
Olha só, há boas notícias acontecendo no mundo e no país, inclusive. Um paciente do SUS recebeu coração artificial, em outubro de 2011, fato inédito até então. Foi no Instituto Nacional de Cardiologia, do SUS, a implantação desse aparelho que fica fora do corpo por até seis meses, enquanto o paciente espera doador. Melhor ainda que, neste caso, com a implantação do ventrículo artificial ele recuperou as funções do coração e não vai mais precisar transplante.
A metáfora do copo é simples mas sábia: com um copo pela metade vemos um copo “meio vazio” (de tudo o que nos falta para nos sentirmos felizes) ou “meio cheio” (com tudo o que temos de bom para desfrutar) ? Assim como nos enchemos de esperança no mundo com a “primavera árabe”, com mudanças sociais para melhor, também temos para comemorar a “primavera do coração” com as novas perspectivas para atendimento no SUS. Uma entre várias boas notícias possíveis. A mais simbólica, é claro, pelo que o coração significa na literatura, na poesia, na música. Símbolo humano de afeto e sensibilidade, ele resiste mesmo quando a medicina passa a faze uso de uma máquina artificial para suas funções mecânicas, de bomba circulatória, porque no nosso imaginário as suas funções são as do amor, em todas as suas formas.
Montserrat Martins, colunista do EcoDebate, é Psiquiatra.
Fonte: EcoDebate, 21/10/2011

quinta-feira, outubro 20, 2011

urgência em se estabelecer uma política de juros reais

Todos juntos contra os juros altos!

Para quem está habituado a acompanhar a cena política brasileira, a iniciativa pode até parecer um tanto bizarra. Afinal, o auto intitulado “Movimento por um Brasil com Juros Baixos: mais Produção e Emprego” se constitui de um amplo arco de aliança de forças políticas. A iniciativa coube a várias entidades do movimento sindical (como a CUT, a Força Sindical, entre outras) e do movimento empresarial (como a FIESP, a ABIMAQ, por exemplo), e com o passar dos dias a adesão tem aumentado de forma significativa. [1]
No entanto, tal fato só deve soar estranho para aqueles que carregam consigo um pseudo “principismo” na forma de fazer política e se recusam a qualquer tipo de unidade na ação com parceiros que podem ter diferentes visões de mundo e de projetos para o nosso País. Na verdade, o que mais chama a atenção no caso é a impressionante demora em se ter articulado um movimento de tal envergadura por uma causa que consegue unificar um conjunto vastíssimo de setores sociais aqui no Brasil e no resto do planeta. Há décadas a política monetária levada a cabo pelos sucessivos governos teve a marca da ortodoxia extremada e a manutenção das taxas de juros mais altas em todos os continentes. O sacrifício imposto à grande maioria dos setores da sociedade tem sido imenso.
No discurso, todo mundo se dizia contra tal aberração, com exceção dos representantes do capital financeiro e seus porta-vozes espalhados, de forma estratégica, pelos órgãos da grande imprensa. Cavalgando tranquilamente na trilha hegemônica aberta pelo neoliberalismo, eles conseguiam calar as vozes dissonantes e inviabilizar que propostas alternativas fossem sequer cogitadas de implementação como política econômica. Porém, os empresários do setor produtivo – apesar de serem prejudicados por tal política - não se dispunham a colocar suas forças em ação de forma mais aberta e mobilizadora contra a política monetária, pois talvez se sentissem um tanto incomodados em assumir tal postura perante o governo e a sociedade. 
Já uma parte das entidades do movimento sindical se recusava a qualquer forma de mobilização nas ruas contra a política monetária, com a desculpa equivocada de que não poderiam ir contra aspectos da política de um governo de cuja base de apoio faziam parte. E assim foi o longo período do reinado absoluto dos juros altos, provocando a maior transferência de recursos públicos para o setor financeiro privado de nossa história, sob a forma dos juros e serviços da dívida pública.
E aqui também foi necessário que eclodisse a crise financeira de 2008 e suas recaídas mais recentes para que tais entidades resolvessem tomar atitudes mais ousadas. Pegando carona nos movimentos de revolta como “los indignados” e “occupy Wall Street”, as entidades começam a ensaiar timidamente alguns passos aqui em nossas terras. Mas só assumiram algo mais efetivo depois que o COPOM promoveu a redução da SELIC na reunião de agosto de míseros 0,5%. E agora outra redução quase irrelevante de mais 0,5%, na reunião de outubro, exatamente como previa a pesquisa do Banco Central junto aos operadores do mercado financeiro.. Sem querer desmerecer a importância política do movimento, é importante registrar que até parece terem resolvido assumir uma postura mais ofensiva apenas depois que a Presidenta Dilma deu sinais que desejaria mesmo juros mais baixos.
A primeira manifestação de lançamento do movimento foi carregada de simbolismo. As entidades se dirigiram à sede do Banco Central na Avenida Paulista para demonstrar seu descontentamento com a política monetária de juros tão elevados. No coração da cidade de São Paulo, em meio a edifícios de bancos, de grandes multinacionais e da própria Federação das Indústrias, foi deixado o registro de um movimento que bem representa a amplitude da evidente discordância reinante no interior da sociedade brasileira a respeito dos juros estratosféricos.
Porém, se o objetivo das entidades é realmente trazer a taxa SELIC para níveis - digamos – mais “razoáveis”, então será necessário avançar ainda bastante na capacidade de mobilização e intervenção na arena política e nas ruas. Parcela significativa dos economistas não comprometidos com a banca já tem se manifestado a respeito da urgência em se estabelecer uma política de juros reais (taxa oficial deduzida a inflação) bem mais reduzida. Hoje ela continua em torno de 6 % ao ano, enquanto a maioria dos países desenvolvidos pratica níveis próximos a zero ou mesmo negativos. 
Assim, é necessário aproveitar o momento de crise internacional a nosso favor e dar aquilo que o jargão do financês chama de “paulada” na SELIC, trazendo-a dos 11,5% para algo em torno de 8 ou 9%. Os únicos prejudicados serão os detentores de capital especulativo, que vêm para cá em busca de rentabilidade elevada e segura, sem nenhum compromisso com a economia e a sociedade brasileiras. Todos os demais setores serão beneficiados por tal mudança. O Estado deixará de comprometer volumes criminosos de recursos orçamentários para sustentar o parasitismo, passando a investir mais na saúde, educação e outras áreas prioritárias. A taxa de câmbio sairá desse patamar de valorização do real frente às moedas internacionais, propiciando maior competitividade às nossas exportações de manufaturados e reduzindo o nível absurdo de importações de produtos industrializados. Com isso, poder-se-ia iniciar, de forma efetiva, um processo de reversão da atual tendência à desindustrialização, com a qual perdemos emprego e renda para o resto do mundo.
Se não existem mais tantas barreiras políticas e ideológicas à redução dos juros, cabe à sociedade organizada fazer valer sua voz e seus interesses junto ao governo. E a história recente tem demonstrado que apenas a mobilização objetiva funciona como elemento de pressão. Cada vez mais fica evidente para a população a balela em que se transformou o dogma, até anteontem intocável, da “independência do Banco Central”. Na verdade, esse foi o recurso de retórica utilizado para permitir que a autoridade monetária operasse de forma absolutamente “dependente” do sistema financeiro. E, pior ainda, fazendo com que o conjunto do governo e do sistema político se tornasse refém de seus interesses. Não adianta apontar apenas para o horizonte longínquo de 2012, como chegaram a ensaiar alguns oradores do movimento no dia 18 passado. A mudança é urgente! Caso fiquemos esperando o ritmo de queda de 0,5% a cada 45 dias, aí sim mais uma vez perderemos o bonde da oportunidade histórica de uma queda substantiva. Foi o erro cometido em 2008, fato reconhecido até por integrantes da atual equipe econômica.
É necessário ampliar o movimento para focar já na próxima reunião do COPOM de 29 e 30 de novembro, com exigências de níveis bem objetivos de meta de taxa SELIC desejada. Há muito espaço político ainda a ser preenchido com entidades que até agora não demonstraram envolvimento que a causa merece, como UNE, UBES, MST, OAB, CONTAG e tantas outras. Ampliando essa base e sensibilizando a população a se mobilizar a favor da medida, o movimento terá 45 dias para trabalhar o conjunto da sociedade, de forma a convencer a Presidenta e sua equipe de que outro patamar de taxas de juros é possível!
Paulo Kliass é Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, carreira do governo federal e doutor em Economia pela Universidade de Paris 10.
Fonte: Carta Maior | Debate Aberto | Colunistas, 20/10/2011

quarta-feira, outubro 19, 2011

"o mesmo paradigma vigente no momento de deflagração da grande crise global"

Nobel reafirma paradigma econômico pré-crise
por Fernando Dantas
O prêmio Nobel de Economia para Thomas Sargent, da Universidade de Nova York, e Christopher Sims, de Princeton, reacendeu a discussão sobre as culpas e responsabilidades pela crise econômica global. Em relação especificamente a Sargent, alguns comentaristas estranharam que o Sveriges Riksbank, o banco central sueco, que decide a premiação do Nobel de Economia, tenha selecionado um acadêmico ligado à teoria das expectativas racionais.
As expectativas racionais e a hipótese dos mercados eficientes são, para alguns observadores, o estofo intelectual da desregulamentação financeira que teria levado à crise. Neste caso em particular, o papel das expectativas racionais é mais indireto. Porém, não há dúvida de que a teoria está ligada à ideologia contrária à intervenção governamental que prevaleceu nos anos 80 e 90.
Num extremo desse tipo de crítica, o jornalista Olaf Storbeck, do jornal alemão Handelsblatt, escreveu que “o prêmio (Nobel de 2011) vai para teorias que corretamente são apontadas como culpadas por pavimentar o caminho para a maior crise financeira e econômica desde a Grande Depressão”. Storbeck termina o seu artigo, que foi intensamente criticado por muitos leitores, de forma bombástica. Para ele, o Nobel de 2011 é o equivalente “a prestar homenagem ao engenheiro que projetou o Titanic depois que o navio afundou”.
Exageros à parte, essa é uma discussão importante. Em defesa dos critérios do Riksbank, está o fato de que, na sua comunicação sobre a decisão, o BC sueco deixou claro que a pesquisa dos dois agraciados que motivou a premiação não foi teórica, mas sim relacionada a metodologias estatísticas que eles separadamente desenvolveram. Essas técnicas permitem, inclusive, testar a validade empírica de conclusões da teoria das expectativas racionais.
Aliás, ninguém menos do que o prêmio Nobel Paul Krugman – talvez o mais célebre defensor hoje das ideias keynesianas e crítico da ala mais conservadora dos economistas americanos – apoiou elegantemente o Nobel para Sargent e Sims.
Em seu blog, Krugman escreveu que “esse é um prêmio para técnicas estatísticas”, e notou que o trabalho dos dois permitiu que se extraíssem insights sobre a realidade a partir de séries históricas de dados. Anteriormente, segundo o blogueiro do New York Times, “a econometria consistia em grande parte em estimar modelos nos quais você não tinha nenhuma boa razão para acreditar (…)”.
De qualquer forma, no caso de Sargent, pelo menos, trata-se de um economista que assumiu posições conservadoras no acalorado debate que se seguiu à grande crise global. Em 2009, perguntado sobre o programa de estímulo fiscal do presidente Barack Obama, Sargent respondeu que “os cálculos que eu vi em apoio ao pacote de estímulo são do tipo feito no verso de um envelope e ignoram o que nós aprendemos nos últimos 60 anos de pesquisa macroeconômica”.
Mas há uma dimensão mais profunda e técnica no debate econômico pós-crise, ligado ao uso dos modelos matemáticos. Nesse nível de profundidade, um artigo muito interessante foi escrito em 2009 por Willem Buiter, atual economista-chefe do Citigroup. Ele diz resumidamente que tanto os neoclássicos, corrente mais conservadora, quanto os neokeynesianos, que adaptaram os modelos matemáticos surgidos em função da pesquisa dos primeiros, foram tolhidos na sua capacidade de compreender a economia de uma forma mais ampla por causa deste tipo de técnica.
Simplificadamente, a crítica de Buiter é de que os modelos são tão distantes da realidade que mais atrapalham do que ajudam em momentos de turbulência. Segundo Buiter, “tanto as teorias macroeconômicas neoclássicas quanto as neokeynesianas de mercados completos não apenas não permitiram que questões sobre insolvência e iliquidez fossem respondidas”. “Elas também não permitiram que essas questões fossem perguntadas”.
Essa visão, porém, é extremamente minoritária. Apesar das críticas, os chamados modelos econômicos DSGE, sigla em inglês para “equilíbrio geral dinâmico estocástico”, continuam centrais nas mais influentes pós-graduações de Economia e nos bancos centrais.
Como explica Aloísio Araújo, da Escola de Pós-Graduação em Economia (EPGE) da Fundação Getúlio Vargas (FGV ), no Rio, o que os economistas buscam agora é trazer os modelos mais para perto da realidade, especialmente incluindo o setor financeiro e todo o seu potencial de instabilidade.
Ao premiar Sargent e Sims, o BC sueco não ratificou a teoria das expectativas racionais, mas sinalizou que o atual esforço do establishment econômico-financeiro e da academia é o de aperfeiçoar o mesmo paradigma vigente no momento de deflagração da grande crise global. E não o de trocá-lo, como gostaria uma corrente ainda minoritária de economistas.
Fonte: Estadão | Economia | Blogs, 14/10/2011

domingo, outubro 16, 2011

"estagnação dos conceitos que manejo"


Sinônimo Cabal?

por Afranio Campos
O têrmo "globalitarização" ouvi pela primeira vez da boca do professor Milton Santos, dava uma entrevista ao "isto é, uma vergonha" jornalista Boris Casoy. Por sua declarada preferência pelo termo estava obvio que parecia avesso à notória e simplista expressão globalização. O professor Milton Santos não apenas exemplificou com fatos o que quis dizer através de seu neologismo "globalitarização", como deixou claro que sua definição era objetivamente feita sobre a recorrente violenta expansão militar, motivada pela indústria da guerra, pelo domínio geopolítico, estratégico, o controle das riquezas oriundas do petróleo e também das reservas de água doce, ganâncias, perpetrados pelo clube das grandes corporações financeiras. A expressão "globalitarização" passa a ser melhor adequada em referência a realidade de um modelo que se perpetua através de crises cada vez mais prolongadas, impondo ações de ocupação territorial sob falsos pretextos, persistente nas relações do movimento da financeirização e das operações de mercado desregulados (um paradigma da teoria econômica tradicional) em seus interesses de exploração sem limites.
Essa relação de significância cabal das duas expressões se traduz numa "globalização"  caracterizada pela degradação dos recursos humanos, naturais, sobre-exploração do meio ambiente que alguns ainda preferem denominar internacionalização, e que é colocada aqui como questão conceitualmente essencial, se realmente nos referimos a exatamente dois conceitos permissíveis de identidade. Devemos levantar uma provocação, uma abertura à compreensão, para que nos permita um desdobramento em nosso vocabulário científico.
Quanto a isso, tenho como base a leitura de um pequeno trecho do economista Carlos Matus extraído de seu rico trabalho "Adeus Senhor Presidente" publicado em 1989 pela Editora Litteris que planto a iniciativa do debate:
“O mundo do homem é do tamanho dos conceitos que conhece. Se para mim, não existe o conceito de oponente, na minha realidade só há agentes econômicos. Se também não domino o conceito de ação estratégica, só existirá para mim, na realidade, a ação-comportamento que assimilei da teoria econômica. Por esse caminho, nego, inadvertidamente, uma parte da realidade. Se conheço o mundo através do vocabulário que, previamente, conheço, não existe meio de enriquecer minha visão do mundo se não amplio o meu vocabulário. O congelamento de minha forma de conhecer corre em paralelo com a estagnação dos conceitos que manejo (...) Se paraliso minha capacidade de conhecer o mundo, paraliso meu vocabulário, se congelo meu vocabulário, detenho minha capacidade de conhecer o mundo. E se isto ocorre, voltarei repetidamente com as mesmas perguntas sobre o mundo em que vivo e deixarei de interrogar-me sobre a potência do meu vocabulário. Ainda mais, quando alguém usa "palavras novas" em um discurso teórico, minha segurança intelectual me inclinará a considerá-las sinônimos das que já conheço e acusarei este perturbador de inventar palavras novas para renomear velhos conceitos. Assim, ao invés de responder ao seu discurso teórico alternativo, dir-lhe-ei que não tem o direito de obrigar-me a usar o seu vocabulário. A forma mais simples de congelar o vocabulário científico é considerar os novos conceitos como sinônimos. ””.
Saudosamente reverencio o querido Professor Milton Santos.

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