sexta-feira, outubro 23, 2015

O mundo está se tornando cada vez mais instável, há sinais de uma grande crise financeira em andamento


Crise internacional: dívida de empresas de emergentes quadruplicou

por de José Eustáquio Diniz Alves

Publicado em outubro 23, 2015 por 
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[EcoDebate] Crescem os sinais de que uma grande crise financeira internacional está em andamento. Os impactos sobre os países emergentes pode ser devastador, gerando desemprego, pobreza e insegurança. O mundo está se tornando cada vez mais instável e é aconselhável aprender a esperar o inesperado.
Em fevereiro de 2015, a consultoria Mackinsey publicou um relatório (Debt and, not much, deleveraging) mostrando que as dívidas dos domicílios (famílias), governos, empresas e setor financeiro passou de US$ 87 trilhões no quarto trimestre de 2000 para US$ 142 trilhões no quarto trimestre de 2007 e para US$ 199 trilhões no segundo trimestre de 2014. Em proporção do PIB a divida total passou de 246% em 2000, para 269% em 2007 e atingiu 286% em 2014. Isto quer dizer que a economia internacional está sendo sustentada por uma bolha de crédito que vem crescendo de forma exponencial, chegando a praticamente a 200 trilhões de dólares em meados de 2014, ou cerca de 3 vezes o valor do PIB mundial. Evidentemente esta dívida terá que ser paga em algum momento pelas atuais ou posteriores gerações.
Nos meses de agosto e setembro de 2015 houve uma queda geral do mercado de ações em todo o mundo. A bolsa de Nova Iorque caiu de 18.200 pontos para menos de 16.000 pontos. A bolsa de Xangai caiu de 5.000 pontos para cerca de 3.000 pontos. Todos os maiores mercados de ações do mundo cairam simultaneamente e a quantidade de riqueza que tem sido dizimada é superior a 5 trilhões de dólares. E tudo isto não é o fim, mas pode ser apenas o começo.
A queda dos preços das commodities está implodindo o equilíbrio financeiro dos países emergentes. Um possível colapso de qualquer grande exportador de commodities pode facilmente ser um evento ignitor do desastre, maior do que a implosão do Lehman Brothers em 2008. Os países exportadores tem sido um dos mais afetados. A Rússia tem sido particularmente afetada. Outro país que sofre tremendamente com a queda do preço do petróleo é a Arábia Saudita, cujas reservas internacionais caíram de US$ 737 bilhões em agosto de 2014, para US$ 672 bilhões em maio de 2015, segundo a Bloomberg. Neste ritmo de queda de 12 bilhões de dólares por mês a Arábia Saudita pode ficar no vermelho antes do final da atual década, sendo que as exportações líquidas de petróleo estão caindo em termos absolutos. A receita cai e os gastos internos sobem. O medo da entrada de terroristas acionou os alarmes na Arábia Saudita na década passada, levou suas autoridades a anunciarem, em 2006, a construção de uma cerca que impedisse o contágio das ações violentas em seu território. O avanço do projeto, que inclui um muro de mais de 900 km ao longo da desértica fronteira que separa sauditas de iraquianos, foi lento e andou pouco até junho do ano passado, mas se acelerou quando os jihadistas do Estado Islâmico (EI) ocuparam o norte da Síria e do Iraque e a ideia voltou a ter força. Uma crise econômica na Arábia Saudita provocará certamente uma crise política e social, podendo detonar uma “bomba” não só no Oriente Médio, mas em todo o mundo.
No livro, On Saudi Arabia: Its People, Past, Religion, Fault Lines and Future, Karen Elliot apresenta um quadro de crise econômica e política da monarquia absolutista da Arábia Saudita, com crescimento das tensões e frustrações internas de uma população jovem que não encontra empregos e de uma país que depende da força de trabalho de imigrantes. A combinação do fim das exportações de petróleo com crise política pode ser um barril de pólvora para a Arábia Saudita e todo o Oriente Médio, com consequências imprevisíveis para o resto do mundo. Uma crise séria no reino Saudita pode fazer a guerra na Síria e do Iêmen parecerem eventos pequenos. Em uma avaliação semelhante, o livro “Twilight in the Desert: The Coming Saudi Oil Shock and the World Economy”, de Matthew R. Simmons, considera que a Arábia Saudita está próxima de entrar em um declínio econômico e social irreversível.
Outros países dependentes da produção e exportação de petróleo estão em dificuldades devido a ‘bolha de carbono”. Segundo o instituto britânico Carbon Tracker, a ‘bolha de carbono’ é o resultado de um excesso de valorização pelos mercados globais das reservas de carvão, gás e petróleo detidas por empresas de combustíveis fósseis. Uma análise do desempenho econômico da indústria petrolífera mostra uma situação preocupante. A estudiosa Gail Tverberg, atuária e decrescentista, com base em uma apresentação de Steven Kopits, Diretor da Douglas-Westwood, mostra que as grandes empresas de petróleo, de capital aberto, estão em dificuldade, pois aumentaram as despesas de capital (Capex) – gastos como exploração, perfuração e implantação de novas plataformas de petróleo offshore – mas tiveram a producão de petróleo bruto reduzidas desde 2006. O mercado financeiro esperaria que a produção de petróleo bruto subisse quando o Capex aumentasse, mas Kopits mostra que, de fato, desde 2006, o Capex tem continuado a aumentar, mas a produção de petróleo caiu. As empresas que trabalham com combustíveis fósseis possuem ativos em torno de US$ 6 trilhões. Ou seja, o dinheiro está indo para o “fundo do poço”, mas o petróleo não está saindo na proporção esperada. De fato, são as empresas de energia que estão liderando a queda do mercado acionário. As ações da Petrobras (Petr3.SA) cairam de um pico de mais de R$ 60,00 em 26/05/2008, para R$ 44,3 em 29/11/2009, chegando a menos de R$ 8 em 29 de setembro de 2015. A Petrobras é a empresa mais endividada do mundo e a crise da companhia já afeta toda a cadeia produtiva da indústria brasileira. Só com muitos reajustes da gasolina e do diesel (transferindo os custos para os consumidores) a Petrobras pode melhorar seus balanços.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) no seu último relatório WEO, do inicio de outubro de 2015, reavaliou para baixo as projeções econômicas e mostrou que o endividamento das empresas dos países de mercados emergentes multiplicou por 4 na última década. Entre 2004 e 2014, o endividamento corporativo nas economias emergentes subiu de US$ 4 trilhões para US$ 18 trilhões, ou seja, de 47% para a casa de 73% do PIB, ou 26 pontos percentuais. O cenário piorou principalmente nas indústrias de combustível fóssil. O endividamento corporativo no Brasil cresceu cerca de 15 pontos percentuais do PIB apenas entre 2007 e 2014, a quarta maior expansão da amostra. O FMI alerta sobre a fuga de capitais dos países emergentes.

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A expansão da dívida empresarial — em cuja composição a moeda estrangeira ganhou espaço — foi motivada pelos juros virtualmente zero nos EUA, na Europa e no Japão após a eclosão da crise financeira de 2008. Mesmo com balanços mais fracos, as condições de financiamento ficaram mais vantajosas, pois havia dinheiro abundante para empréstimos, investidores buscando retornos mais elevados do que nas nações ricas, um dólar depreciado e o efeito-euforia com um mercado de commodities ainda robusto. As empresas não só pegaram muito emprestado como conseguiram diversificar o perfil do endividamento nos últimos dez anos. O crédito tomado junto a bancos ainda é dominante (83%), mas a participação das emissões de títulos e bônus praticamente dobrou. Essas condições no mercado internacional, porém, estão cada vez mais no passado, o que antecipa elevação dos custos de rolagem de dívidas existentes e de tomada de novos empréstimos.
Todos esses acontecimentos tornam as economias dos mercados emergentes mais vulneráveis a um aumento das taxas de juros, à apreciação do dólar e a um incremento na aversão global ao risco. À medida que as economias avançadas normalizem a política monetária (voltem a subir juros), os mercados emergentes deverão se preparar para a quebra de grande número de empresas, desencadeando uma crise maior do que a de 2009. A crise das empresas endividadas e a desaceleração das economias de países em desenvolvimento (submergentes) vai fazer com que a economia global cresça em ritmo menor, podendo ser o início de uma bola de neve de recessão generalizada.
No caso brasileiro, os desequilíbrios internos já fizeram o dólar disparar e ultrapassar a barreira histórica dos R$ 4, o maior valor nominal do câmbio desde o lançamento do Plano Real. Isto é muito preocupante pois o passivo externo no país é muito grande. O governo brasileiro se gaba de ter reservas de cerca de US$ 350 bilhões, mas este dinheiro veio do endividamento das empresas. Além do mais o governo aplica as reservas no exterior com juros próximos de zero e paga juros elevadíssimos no mercado interno, com grande prejuízo para a nação. Po exemplo, o programa de swaps cambiais está custando caro. Em 12 meses até agosto de 2015, o BC perdeu R$ 111,6 bilhões com a operação. É o equivalente a 21% do déficit nominal do período, algo em torno de 2% do PIB.
Mas se o Banco Central Americano (FED) iniciar o processo de subida das taxas de juros ainda este ano, o impacto sobre a saída de dólares do Brasil pode ser arrasador, pois, além de tudo, a situação política está agravando a instabilidade econômica. Se vier outro choque externo, ai sim o Brasil vai sentir o impacto da crise internacional. E, com certeza, não será nada agradável.
Referências:
ALVES, JED. A dívida de 200 trilhões de dólares e a próxima crise financeira mundial, Ecodebate, RJ, 13/03/2015
José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br
Fonte: EcoDebate, 23/10/2015

quarta-feira, outubro 07, 2015

Boulos: a crise econômica diminui o ritmo da especulação porque os imóveis param de se valorizar


Modelo econômico dos governos Lula e Dilma gerou crise urbana e agravou déficit habitacional, diz Guilherme Boulos

Dezoito anos após seu nascimento em São Paulo, o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) está se afirmando como um dos novos protagonistas da mobilização popular. Representando 45 mil famílias em dez capitais brasileiras, o movimento já ganhou certa capilaridade e se afirma como o primeiro movimento urbano do país. Para seu principal líder, Guilherme Boulos, o objetivo do grupo não é só “conquistar a moradia, mas reverter o modelo urbano para acabar com o caráter de segregação das cidades brasileiras”.
A entrevista é de Lamia Oualalou, publicada por Opera Mundi, 06-10-2015.
Apontando o crescimento das ocupações por sem-tetos – que triplicaram em 2014 – ele explica que isso não é resultado da crise econômica. Para ele, foi a própria política econômica dos governos Lula e Dilma que provocou a especulação imobiliária. Isso porque apostaram no crédito para a moradia sem nenhuma regulação em relação, por exemplo, aos preços dos aluguéis. “A crise urbana antecedeu a crise econômica no Brasil”, resume.
Formado em filosofia pela USP, o militante, com 33 anos, defende uma “Frente Social”, ou uma “Frente Popular”, para combater o avanço da direita sem apoiar o governo. No entanto, o MTST não compõe a Frente Brasil Popular, fundada no começo de setembro por iniciativa do PT, do PCdoB, da CUT, do MST e da UNE.
Eis a entrevista.
Os movimentos de sem tetos, e especialmente o MTST, ocupam um espaço cada vez maior nos protestos na rua. Por que a questão da moradia é tão crucial?
MTST nasceu em 1997, com a proposta de fortalecer a luta pela moradia digna no Brasil, que tem um dos maiores déficits habitacionais no mundo. Calcula-se que 5,8 milhões de famílias são consideradas sem tetos, ou seja, 20 milhões de pessoas. Além disso, o déficit qualitativo – que representa as pessoas que têm uma casinha, mas sem acesso a serviços públicos ou infraestrutura urbana – atinge mais de 15 milhões de famílias no país. Isso significa que o problema da moradia afeta direta ou indiretamente um terço da população. Em relação à população urbana, a proporção é ainda maior.
Porque que esta luta ganhou mais visibilidade nos últimos dois anos, sobretudo a partir das manifestações de junho de 2013?
Junho de 2013 funcionou como um gatilho, um disparador. A panela de pressão explodiu, deixando escapar as tensões latentes na sociedade brasileira, entre elas a da crise urbana. Não é à toa que junho de 2013 estoura com um tema urbano, que é a mobilidade. A crise da mobilidade tem tudo a ver com a especulação imobiliária. Se você joga as pessoas para mais longe, você agrava o problema de transporte, já que a oferta de trabalho continua no centro.
As pessoas passam pelo menos 4 horas por dia em ônibus lotados para ir ao trabalho. Acrescente a isso os despejos e as remoções provocados pela Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos e você entende o crescimento dos sem-tetos. O número de ocupações não para de crescer. Em São Paulo, foram 250 entre 2011 e 2012, e passaram a 680 entre 2013 e 2014, três vezes mais.
Por que a panela de pressão estourou dois anos atrás numa situação de geração de emprego ainda forte e de alta da massa salarial?
Acima de tudo porque o processo que nós vivemos no último período agravou as contradições do modelo urbano. O modelo de desenvolvimento adotado pelos governos do PT, embora seja comparativamente melhor do que as políticas neoliberais puro-sangue dos anos 1990, preservou muitos elementos desta política. A ampliação do mercado interno e do consumo popular através do crédito, que por um lado é positivo, por outro, teve um efeito perverso. Este crescimento foi uma das locomotivas da construção civil, o setor que mais cresceu nos últimos 10 anos – junto com o agronegócio e dos bancos.
O crédito para aquisição ou construção de casa aumentou brutalmente. Em 2005, o estoque de crédito imobiliário era de 4,8 bilhões de reais. Em 2014, atingiu 102 bilhões. Foi jorrado muito dinheiro público no setor da construção. Isso incentivou a criação de empregos e permitiu a alguns segmentos da chamada classe C ascender à casa própria. Mas também estimulou uma especulação imobiliária brutal. Algumas regiões de bairros periféricos que não eram capitalizados pelo mercado imobiliário passaram a ser e esta valorização implicou a exclusão.
Nos últimos sete anos, o valor da terra em São Paulo aumentou de 220%, e no Rio de Janeiro, de 265%, a maior alta do país. Boa parte das capitais brasileiras ficou neste patamar de 150-200%. Isso influi diretamente no valor dos aluguéis. Aquilo que o aumento do salário mínimo, Bolsa Família e o crédito deram para a família trabalhadora com uma mão, o aluguel tirou com a outra. Isso começou a provocar uma expulsão de pessoas, gerando uma onde de periferização, jogando as pessoas para regiões ainda mais distantes.
Quer dizer que o processo de expulsões dos mais pobres para a periferia é anterior à crise econômica?
A crise urbana antecedeu a crise econômica no Brasil. Aliás, este modelo econômico gerou a crise urbana. Ao encher o setor da construção de crédito, empoderá-lo sem nenhuma regulação pública, o sistema aumentou o valor dos aluguéis e agravou o déficit habitacional. Para milhares de famílias não restou alternativa que não a ocupação de imóveis ociosos.
MTST privilegia ocupações nas periferias das cidades e não nos centros. Pode explicar esta escolha?
Primeiro, quero dizer que o movimento acha importante que ocorram ocupações nas regiões centrais, porque o que aconteceu com o modelo urbano foi expulsar os pobres do centro. Tem muitos edifícios ociosos que precisam ser reapropriados pelos trabalhadores pobres, e há vários movimentos que fazem isso no país. Estas ocupações são importantíssimas. A opção do MTST de focar mais nas periferias tem a ver com um projeto de acúmulo de força social para fazer mudanças no país.
Uma ocupação no centro, mesmo com toda sua importância, fica ilhada num ambiente hostil. Na periferia, é diferente porque o processo de ocupação das grandes periferias brasileiras foi historicamente de loteamento clandestino. Então uma ocupação nestas regiões se irradia e se relaciona com seu entorno, conseguindo se articular com outro projeto de reforma urbana para lutar por serviços públicos, saúde, educação, esporte, contra os despejos de comunidades historicamente estabelecidas. Esta luta dá mais horizonte e amplia o processo de organização popular. Para nós, não basta conquistar a moradia, queremos reverter o modelo urbano para acabar com o caráter de segregação das cidades brasileiras.
Qual é sua avaliação da política de moradia do governo?
Primeiro, tem que lembrar que antes não tinha nenhuma política. Há seis anos temos o MCMV (Minha Casa Minha Vida) o que já é um avanço. Além disso, o programa incorporou uma reivindicação histórica dos movimentos que é o subsídio. Em países como o Brasil é impossível resolver a questão da moradia apostando só no crédito.
Boa parte das pessoas que não têm casa não tem condição de contratar um crédito, por ser de baixa renda ou por ter o nome sujo. A única forma de resolver é com subsídio, tratando a moradia como um direito, não como uma mercadoria. O MCMV chega a 95% de subsídios na faixa de renda mais pobre. Dito isso, o programa tem um problema central: ele não foi criado para resolver a questão da moradia no país, mas para injetar recursos no setor da construção civil, que estava ameaçado pela crise a partir de 2008. Neste sentido, a lógica do programa é comprometida por interesses econômicos muito mais do que com perspectivas sociais.
Qual é o impacto do fato que, segundo vocês, o programa atende muito mais ao setor da construção do que a demanda de moradia?
Os principais agentes do programa são as construtoras. Elas têm a prerrogativa de escolher o terreno, gerir a obra, e fazer o projeto. Ou seja, o planejamento urbano passa a ser privatizado. O mecanismo é o seguinte: a construtora tem um terreno, ela faz um projeto atendendo às especificações mínimas que ela submete à Caixa Econômica Federal. Tendo o projeto aprovado, ela recebe os créditos para construir as moradias. A prefeitura municipal indica as pessoas que vão morar lá. O governo paga o mesmo valor por unidade habitacional, independente do tamanho e da localização. Em São Paulo, por exemplo, o valor é R$ 76 mil por apartamento. Suponhamos: a construtora tem um terreno onde ela vai construir mil apartamentos. Ela vai receber R$ 76 milhões do governo para fazer a obra. Se ela fizer a obra aqui no centr o ou no fundão de Itapecerica da Serra, ela vai receber os mesmos R$ 76 milhões. Se ela fizer apartamentos de 39m2, que é o mínimo, ou se ela resolver fazer 60m2, ela vai receber o mesmo dinheiro. Isso significa a produção de apartamentos de baixa qualidade, pequenas, e nas piores regiões.
Assim o MCMV acaba reproduzindo uma lógica de expulsar para a periferia os pobres, uma lógica segregadora. As construtoras utilizam seus piores terrenos para o programa e reservam os melhores para empreendimentos de alta renda.
Apesar disso, vocês consideram que o programa ajudou a melhorar a questão da moradia?
Como já disse, o programa tem o mérito de existir e nós militamos, junto com outros movimentos de moradia, para conseguir o financiamento de sua terceira fase. Mas, na medida em que o MCMV produz casas e não cidade, na medida em que não vem acompanhado de políticas publicas de combate à especulação imobiliária, o programa acaba enxugando o gelo.
Em 2008, um ano antes de ele ser lançado, o déficit habitacional era 5,3 milhões. O último dado que temos, depois de mais de um milhão de casas construídas pelo programa, é de 5,8 milhões; Ou seja, o próprio déficit aumentou, porque o ritmo de construção de MCMV é menor que o ritmo de produção de novos sem-tetos por este modelo de cidade. Por conta de todos estes vícios, o programa acabou sendo utilizado como uma política de periferização e de remoção, isso é inaceitável. Ele representa o aprofundamento de um modelo de cidade excludente.
Que medidas preconiza o movimento para acabar com exclusão urbanas?
São várias. Vou apontar as três principais. Primeiro uma nova lei do inquilinato. Não é razoável que uma questão tão social como o aluguel seja determinada apenas pela lei de oferta e procura. Tem que ter uma regulação que coloque, por exemplo, que o ajuste tenha como teto o índice de inflação. O aluguel aumentou três vezes mais que a inflação nos últimos anos. Isso já existiu na historia do país e existe em outros.
Segundo, temos que retomar uma política de terras públicas no Brasil. A constituição brasileira assegura o direito à propriedade, mas ela exige que esta propriedade cumpra uma função social. Isso não é respeitado. Tem milhares de terras privadas utilizadas apenas para a especulação imobiliária. Imóveis na região central esperando uma operação urbana, uma parceria público-privada para ser vendido melhor. “Esperando” não é a palavra correta: os interesses se articulam com os poderes públicos para conseguir esta valorização. Precisamos ter um combate brutal da especulação imobiliária, as chamadas traves de taxação da valorização imobiliária, que não existe hoje.
Finalmente, necessitamos uma política agressiva de levar o centro para a periferia e trazer a periferia para o centro. Isso significa levar os serviços públicos, a oferta do trabalho para a periferia. É irracional que as pessoas tenham jornadas de oito horas mais quatro no ônibus. Ao mesmo tempo, fazer das regiões centrais lugares de moradia para os trabalhadores mais pobres. O déficit habitacional é 5,8 milhões, como já vimos. O numero de imóveis ociosos é de 5,5 milhões. Ou seja, você praticamente resolveria o déficit se desapropriasse estes imóveis, muitos deles nas regiões centrais, para fazer moradia popular.
Com a crise econômica os problemas de moradia vão se estender?
Por um lado, a crise econômica diminui o ritmo da especulação porque os imóveis param de se valorizar. Mas, por outro lado, a renda das famílias cai brutalmente. Com desemprego, redução salarial, a ocupação de terras por famílias vai crescer nos próximos anos. Estamos só no começo da crise, o ano que vem será um desastre.

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