Em vez disso, a verdade
Por Jordan Peterson, em 12 regras para a vida, um antídoto para o caos
A equivalência da vida e da limitação é o fato primordial e inevitável da existência. A vulnerabilidade do nosso Ser nos torna suscetíveis às dores do julgamento social e do desprezo, assim como à deterioração inevitável do nosso corpo. Porém, todas essas formas de sofrimento, por mais terríveis que sejam, não são suficientes para corromper o mundo, para transformá-lo em um Inferno, do jeito que os nazistas, maoistas e stalinistas o corromperam, transformando-o em um Inferno. Se é isso o que queremos, então, como Hitler declarou tão claramente, precisamos da mentira:
"Na grande mentira sempre há uma certa força de credibilidade, porque as grandes massas de uma nação são sempre corrompidas mais facilmente na camada mais profunda de sua natureza emocional do que consciente ou voluntariamente; assim, na simplicidade primitiva de suas mentes, elas são vítimas mais fáceis da grande mentira do que da pequena, uma vez que elas mesmas geralmente contam pequenas mentiras de pequenas formas, mas ficariam envergonhadas de usarem de falsidades em grande escala. Nunca passaria por suas cabeças inventar inverdades colossais e elas nunca acreditariam que os outros pudessem ter a insolência de distorcer a verdade tão descaradamente. Mesmo que os fatos que provem isso possam ser claramente apresentados para suas mentes, elas ainda duvidariam e hesitariam, continuando a pensar que poderia haver alguma outra explicação".
Para a grande mentira primeiramente precisamos da pequena. Essa é, metaforicamente falando, a isca usada pelo Pai das Mentiras para fisgar suas presas. A capacidade humana para a imaginação nos torna capazes de sonhar e criar mundos alternativos. Essa é a fonte máxima de criatividade. Com essa capacidade singular, porém, vem seu equivalente, o outro lado da moeda: podemos enganar a nós mesmos e aos outros para que acreditem e ajam como se as coisas fossem diferentes do que sabemos que são.
E por que não mentir? Porque não torcer e distorcer as coisas para obter um pequeno ganho ou suavizá-las, para manter a paz ou evitar sentimentos feridos? A realidade tem seu aspecto terrível: precisamos realmente confrontar a sua face de serpente a cada momento da nossa de nossa consciência desperta e a cada mudança em nossa vida? Por que não virar o rosto, pelo menos, quando olhar é doloroso demais? O motivo é simples: as coisas desmoronam. O que deu certo ontem não vai necessariamente dar certo hoje. Herdamos dos nossos ancestrais o grande mecanismo do Estado e da cultura, mas eles estão mortos e não podem lidar com as mudanças de hoje. Os vivos podem. Podemos abrir nossos olhos e modificar o que for necessário no que temos e manter a máquina funcionando suavemente. Ou podemos fingir que está tudo certo, deixar de realizar os reparos necessários e depois amaldiçoar o destino quando nada for como esperávamos.
As coisas desmoronam: Essa é uma das grandes descobertas da humanidade. E aceleramos a deterioração natural das grandes coisas através da cegueira, inação e falsidade. Sem atenção, a cultura se degenera e morre, e o mal prevalece.
O que você enxerga de uma mentira quando a traduz em ações (e a maioria das mentiras são ações, e não palavras) é uma parte bem pequena do que ela realmente é. Uma mentira está conectada com todo o resto. Ela produz o mesmo efeito no mundo que uma gota de esgoto produz mesmo no maior garrafão de champanhe. É melhor que a consideremos como algo vivo e crescente.
Quando as mentiras ficam grandes o suficiente, o mundo inteiro se deteriora.
(...)
A mentira corrompe o mundo. E o que é pior, essa é sua intenção.
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