Vidro molhado corta demais, arroto bem dado me satisfaz.
Aquela casa tem cumeeira, nas telhas dela cai bem estrelas.
Gente burra tem casca dura, só o machado que te atura.
Cara de pau não é prá mané, malandro bom só dá olé.
Roupa suja não se lava fora, lá em casa é no colchão de mola.
Mãe é mãe até a alma, vaca é vaca comendo palma.
Moça sebite falta-lhe um dente, siso de menos, e é sorridente.
Branca rica toda metida, é loura burra, besta encardida.
De doutor e de aluado, todos têm um bocado.
Ai, ai, a minha sorte, esse trem cheio só vem pro pobre.
Cara, os “home” vem tudo irado, vaza, vaza, cê tá ligado!
Fiquei bolado mano, meu “brode” deu o maior cano.
Fiofó frouxo põe até um ovo, o seu tá velho compre um novo.
Cobra que não anda tá só parada, o sapo pula em coaxada.
Família é família, é tudo igual, então limpe o seu quintal.
O prato melhor é o com pirão, fundo ou raso, não abro mão.
sexta-feira, março 30, 2007
quinta-feira, março 29, 2007
Quarto Movimento
Na Ponta dos Dedos
Descansei sobre as frestas mudas do assoalho
Sentindo a respiração criar a aura vital.
Virei minhas mãos esperando a cura das tuas
Pisquei retendo a lágrima tolhida e,
Em tempo, sorri colhendo sementes de felicidade.
Com a música iniciou-se um movimento
Nossos dedos dançaram colados pelos indicadores
Dispondo duas energias vistas sem padrão.
Lapidamos emoções sentidas aonde fluíam,
Somando a beleza da vida e o sagrado.
Brincamos como crianças em nós mesmos
Desfolhando o olhar em abraços e ninhos.
Geraram-se forças sortidas nas linhas das mãos
Mostrando-nos vivos sendo parte de um todo.
Até sair de nós alçando vôos sincopados!
Abraçamos a vida, o sol e o quase impossível,
Evolando um fogo interior em breve estalido.
Dividimos o vinho, o fardo do choro, nossos milagres.
Para contar quais medidas nos completam
Saindo fartos como bocas de lábios lambidos.
Descansei sobre as frestas mudas do assoalho
Sentindo a respiração criar a aura vital.
Virei minhas mãos esperando a cura das tuas
Pisquei retendo a lágrima tolhida e,
Em tempo, sorri colhendo sementes de felicidade.
Com a música iniciou-se um movimento
Nossos dedos dançaram colados pelos indicadores
Dispondo duas energias vistas sem padrão.
Lapidamos emoções sentidas aonde fluíam,
Somando a beleza da vida e o sagrado.
Brincamos como crianças em nós mesmos
Desfolhando o olhar em abraços e ninhos.
Geraram-se forças sortidas nas linhas das mãos
Mostrando-nos vivos sendo parte de um todo.
Até sair de nós alçando vôos sincopados!
Abraçamos a vida, o sol e o quase impossível,
Evolando um fogo interior em breve estalido.
Dividimos o vinho, o fardo do choro, nossos milagres.
Para contar quais medidas nos completam
Saindo fartos como bocas de lábios lambidos.
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terça-feira, março 27, 2007
Sinônimo Cabal?
O têrmo "globalitarização" ouvi pela primeira vez, do professor Milton Santos, em uma entrevista dada ao "isto é, uma vergonha" jornalista Boris Casoy, por sua preferência avessa à presumida semelhança com a expressão globalização. O professor Milton Santos não apenas exemplificou com fatos o que quis dizer com seu neologismo "globalitarização" como deixou claro que sua definição era obviamente sobre a recorrente violência da expansão militar, da indústria da guerra, pelo domínio estratégico, pelo controle das riquezas do petróleo, efetuados pelo clube das potências econômicas. E quem sabe, até das reservas de água doce daqui algumas décadas. A expressão "globalitarização" passa a ser bem adequada em referência a realidade que se perpetua decorrente das ações de ocupação territorial sob falsos pretextos, das relações do movimento do capital financeiro e seus interesses globalizados de exploração.
A despeito da relação de significação cabal suposta por mim entre as duas expressões, principalmente porque a globalização ser muito cantada em nosso mundo atual, prefiro colocar tal significação como uma questão que, se realmente se referem a exatamente dois conceitos permissíveis de identidade, prefiro aqui suscitar uma provocação, uma abertura, para que permita um desdobramento em nosso vocabulário científico. Quanto a isso, acho procedente a leitura de um pequeno trecho do economista Carlos Matus extraído de seu rico trabalho "Adeus Senhor Presidente" publicado em 1989 pela Eitora Litteris:
“O mundo do homem é do tamanho dos conceitos que conhece. Se para mim, não existe o conceito de oponente, na minha realidade só há agentes econômicos. Se também não domino o conceito de ação estratégica, só existirá para mim, na realidade, a ação-comportamento que assimilei da teoria econômica. Por esse caminho, nego, inadvertidamente, uma parte da realidade. Se conheço o mundo através do vocabulário que, previamente, conheço, não existe meio de enriquecer minha visão do mundo se não amplio o meu vocabulário. O congelamento de minha forma de conhecer corre em paralelo com a estagnação dos conceitos que manejo.(...)Se paraliso minha capacidade de conhecer o mundo, paraliso meu vocabulário, se congelo meu vocabulário, detenho minha capacidade de conhecer o mundo. E se isto ocorre, voltarei repetidamente com as mesmas perguntas sobre o mundo em que vivo e deixarei de interrogar-me sobre a potência do meu vocabulário. Ainda mais, quando alguém usa "palavras novas" em um discurso teórico, minha segurança intelectual me inclinará a considerá-las sinônimos das que já conheço e acusarei este perturbador de inventar palavras novas para renomear velhos conceitos. Assim, ao invés de responder ao seu discurso teórico alternativo, dir-lhe-ei que não tem o direito de obrigar-me a usar o seu vocabulário. A forma mais simples de congelar o vocabulário científico é considerar os novos conceitos como sinônimos.””.
A despeito da relação de significação cabal suposta por mim entre as duas expressões, principalmente porque a globalização ser muito cantada em nosso mundo atual, prefiro colocar tal significação como uma questão que, se realmente se referem a exatamente dois conceitos permissíveis de identidade, prefiro aqui suscitar uma provocação, uma abertura, para que permita um desdobramento em nosso vocabulário científico. Quanto a isso, acho procedente a leitura de um pequeno trecho do economista Carlos Matus extraído de seu rico trabalho "Adeus Senhor Presidente" publicado em 1989 pela Eitora Litteris:
“O mundo do homem é do tamanho dos conceitos que conhece. Se para mim, não existe o conceito de oponente, na minha realidade só há agentes econômicos. Se também não domino o conceito de ação estratégica, só existirá para mim, na realidade, a ação-comportamento que assimilei da teoria econômica. Por esse caminho, nego, inadvertidamente, uma parte da realidade. Se conheço o mundo através do vocabulário que, previamente, conheço, não existe meio de enriquecer minha visão do mundo se não amplio o meu vocabulário. O congelamento de minha forma de conhecer corre em paralelo com a estagnação dos conceitos que manejo.(...)Se paraliso minha capacidade de conhecer o mundo, paraliso meu vocabulário, se congelo meu vocabulário, detenho minha capacidade de conhecer o mundo. E se isto ocorre, voltarei repetidamente com as mesmas perguntas sobre o mundo em que vivo e deixarei de interrogar-me sobre a potência do meu vocabulário. Ainda mais, quando alguém usa "palavras novas" em um discurso teórico, minha segurança intelectual me inclinará a considerá-las sinônimos das que já conheço e acusarei este perturbador de inventar palavras novas para renomear velhos conceitos. Assim, ao invés de responder ao seu discurso teórico alternativo, dir-lhe-ei que não tem o direito de obrigar-me a usar o seu vocabulário. A forma mais simples de congelar o vocabulário científico é considerar os novos conceitos como sinônimos.””.
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Picando
A Picada do Beijo
O mosquito do BEIJO nos pica
alado SEU fio enceta
solto, arisco A cada VISTA
o tal bicho voa só PRÁ MIM
não arranhar NUM TOQUE
da sua boca CETIM.
arDEnte beijo e LÁBIOS
prá LINGUA gostar da cor
do batom sEm BATOM
por baixo do coberTOR da pele
POR toDO VINHO
comeTENDO loucuras SOB A LINHA
arregalanDO oS OLHOS do pecado
cochichando dA NUDEZ,
abaixo e acima
DO EQUADOR À CHINA
demorando em fazer de tudo
SEM ninguém prever
e ADORMECER.
O mosquito do BEIJO nos pica
alado SEU fio enceta
solto, arisco A cada VISTA
o tal bicho voa só PRÁ MIM
não arranhar NUM TOQUE
da sua boca CETIM.
arDEnte beijo e LÁBIOS
prá LINGUA gostar da cor
do batom sEm BATOM
por baixo do coberTOR da pele
POR toDO VINHO
comeTENDO loucuras SOB A LINHA
arregalanDO oS OLHOS do pecado
cochichando dA NUDEZ,
abaixo e acima
DO EQUADOR À CHINA
demorando em fazer de tudo
SEM ninguém prever
e ADORMECER.
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sexta-feira, março 23, 2007
Terceiro Movimento (VA)
A Luz Quebrada
Contei meus sonhos sem hora
E pousei sem chão pensando alto.
Talvez por uma passagem estreita,
Levantei em mim um outro estado:
Contigo vou mais longe?
Sentado em breve satisfação,
Caminhei na rota de minhas buscas
Atravessando cantos livres de arestas,
E segui provando novos frutos.
Cuidei de manter a luz acessa
Abrindo por dentro novas trilhas
Nada que antes pudesse ver, na ânsia,
Mas, vivenciei amplidão, amor e tentativas.
Queria atingir o horizonte sereno
Juntando todo ar que pudesse sorver
E rir bem alto sem receio
Mudando o espírito de nosso céu.
Flor despida de jardim,
Continuas me fitando silenciosa,
Como uma mensagem encontrada na garrafa.
Dando-me motivos de explodir nos arranjos,
Em mil sopros e arpejos de tempestade.
Quebrei a luz emanada dos olhos
Formando um ambiente propício.
Entreguei uns colares de lírios
Permitindo amores perfeitos e,
Acordei bem perto desse mesmo sonho.
Contei meus sonhos sem hora
E pousei sem chão pensando alto.
Talvez por uma passagem estreita,
Levantei em mim um outro estado:
Contigo vou mais longe?
Sentado em breve satisfação,
Caminhei na rota de minhas buscas
Atravessando cantos livres de arestas,
E segui provando novos frutos.
Cuidei de manter a luz acessa
Abrindo por dentro novas trilhas
Nada que antes pudesse ver, na ânsia,
Mas, vivenciei amplidão, amor e tentativas.
Queria atingir o horizonte sereno
Juntando todo ar que pudesse sorver
E rir bem alto sem receio
Mudando o espírito de nosso céu.
Flor despida de jardim,
Continuas me fitando silenciosa,
Como uma mensagem encontrada na garrafa.
Dando-me motivos de explodir nos arranjos,
Em mil sopros e arpejos de tempestade.
Quebrei a luz emanada dos olhos
Formando um ambiente propício.
Entreguei uns colares de lírios
Permitindo amores perfeitos e,
Acordei bem perto desse mesmo sonho.
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segunda-feira, março 19, 2007
Na Pressão
Lotação Esgotada
Vida pobre, mundo de natureza nua,
De novo acontecia.
O que nos faltava mais e mais rompia,
O fio esticado pipocava faísca,
Como a última gota do gozo
Entornava o caldo.
Vez em quando pular a borboleta,
Outras, pegar o troco rasgado miúdo
Pelo corte do vidro estilhaçado
Da desembestada da marinete.
Sucata levando gente feito gado.
Ira solta,
Ofendida e cega.
Arriscava num “tirambaço”,
Certamente contida na pontaria incerta
Do previsto pedregulho arremessado.
Agarrando pela traseira
Não valia um barbante,
Pela coisa natural, da morte fácil,
Continuando próxima
Embrutecida e puta.
Pela janela esquerda
Entrava desatada a sangria,
Na velocidade das mudanças.
E a onda arrebentava no piquete
Da revolta desarrumada.
A miséria viajando afoita
Em alucinada e obscurecida ignorância,
No buzú corujão da hora tão esperada.
Desespero formado em pé-de-guerra,
Ia sentado no duro degrau e mordia o nada.
Passeata de retratos,
Reunião de retalhos velhos e emprestados,
Aqui, ainda acontecia.
Vida pobre, mundo de natureza nua,
De novo acontecia.
O que nos faltava mais e mais rompia,
O fio esticado pipocava faísca,
Como a última gota do gozo
Entornava o caldo.
Vez em quando pular a borboleta,
Outras, pegar o troco rasgado miúdo
Pelo corte do vidro estilhaçado
Da desembestada da marinete.
Sucata levando gente feito gado.
Ira solta,
Ofendida e cega.
Arriscava num “tirambaço”,
Certamente contida na pontaria incerta
Do previsto pedregulho arremessado.
Agarrando pela traseira
Não valia um barbante,
Pela coisa natural, da morte fácil,
Continuando próxima
Embrutecida e puta.
Pela janela esquerda
Entrava desatada a sangria,
Na velocidade das mudanças.
E a onda arrebentava no piquete
Da revolta desarrumada.
A miséria viajando afoita
Em alucinada e obscurecida ignorância,
No buzú corujão da hora tão esperada.
Desespero formado em pé-de-guerra,
Ia sentado no duro degrau e mordia o nada.
Passeata de retratos,
Reunião de retalhos velhos e emprestados,
Aqui, ainda acontecia.
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domingo, março 18, 2007
O Arco-Íris
Poderia me considerar um telespectador regular, pois fico de frente para a indispensável TV somente em raros documentários, talkshows especiais, umas e outras edições do Saia Curta (boas mulheres reunidas), certos filmes das HBO e Telecine, DVD's clássicos e lançamentos premiados, eventualmente cartoons por causa de meu filho de oito anos, shows de alguns artistas da MPB e POP Internacional...
Hoje estava buscando uma resposta filosófica para a coincidência de inúmeras coisas que nos cercam cotidianamente, mas como a TV estava ligada, e os garotos (Frederico e Vinícius) ainda que mantivesse os olhos no desenho animado em alto e bom som, a concorrência deles pelo controle, pela programação divergente fazia-se visível. Isso me deixou um pouco irritado, aí tentei me concentrar nesse exato momento em algo que me fizesse ficar com a cabeça longe de qualquer estresse, me acomodei na minha cadeira azul marinho com braços, de cara para o computador, tentando começar uma operação definitivamente quase impossível. Embora ache que tudo seja possível nesse estágio de nossa rotina familiar domingueira.
Manobrei tal situação desarrumando meus livros, garimpando meu tesouro, e descobri um em particular que havia lido nos anos de minha intensa ansiedade por questões sobre o rigor científico, os limites de nosso conhecimento do universo, o empírio-criticismo versus materialismo dialético, blá blá blá e mais que isso, por nosso próprio interesse em se descobrir como ser humano com seus dons e dificuldades seculares, parte essencial desse assunto.
Sentado, primeiramente no vaso, nascedouro de inesperadas inspirações, onde achei uma passagem que me sensibilizou e resolvi pelo impulso oferecido da conspiração do universo, expor um trecho que está no primeiro parágrafo do capítulo dois do livro publicado pela Editora Melhoramentos em 1981, "Humanidade, uma Colônia no Corpo de Deus", escrito por um dos bons professores que tive na UFBA, Adinoel Mota Maia. Naquele instante de meus estudos foi fundamental as especulações contidas nele, agora o leio e o enxergo bastante ousado, imaginário, louco no bom sentido, entretanto bem efetivo em seu propósito questionador de morador da filosofia.
De volta ao computador, então, durante a digitação das linhas retiradas do texto do professor, escolhidas por sua coincidente relação com o que pretendia escrever, entrou como uma cunha em minha mente o que ouvi dias antes, na TV, da boca do comediante global Chico Anísio, em uma entrevista que pedia sua opinião a respeito da música "Águas de Março" do Tom Jobim. O Chico Anísio teve uma reação que me fez rir, com seu sutil arresto de brincadeira séria, cobrando para si, em um tom lastimoso a criação dessa perfeita obra musical, e continuou, "eu tenho essa frustração na vida, não ter sido minha...". Onde quero chegar é, que as vezes nós nos denunciamos nesse desejo primário de querer ser o autor de tudo que é genial, o descobridor do óbvio (como disse Nelson Rodrigues), um Deus, e caímos em nossa verdadeira identidade. Somos o que somos.
Sim, voltemos ao texto do professor Adinoel que diz muito sobre a moral da filosofia presente na vida das pessoas, que são possuídas pela força de serem criadores e criaturas de seu universo, eis a lição: "Certa vez encontrei um poeta e conversamos sobre versos que não fazem nenhum sentido, difíceis de se absorver. Disse-me ele que poesia não é para ser entendida e perguntou-me se eu "entendia" um arco-íris. Respondi que sim e comecei a explicar que o arco-íris era um resultado da luz do sol que incidia em minúsculas gotas de água na atmosfera, quando ele me interrompeu e disse: "Você não entende um arco-íris..."".
É isso, estou feliz escutando o novo CD do Skank, Carrossel, pra mim, a banda genial brasileira de rock universal, as well as The Beatles. Suas músicas e letras... bem que eu... gostaria de ter composto, bem lá na minha subterrânea ignorância musical que ainda toca violão de ouvido.
Hoje estava buscando uma resposta filosófica para a coincidência de inúmeras coisas que nos cercam cotidianamente, mas como a TV estava ligada, e os garotos (Frederico e Vinícius) ainda que mantivesse os olhos no desenho animado em alto e bom som, a concorrência deles pelo controle, pela programação divergente fazia-se visível. Isso me deixou um pouco irritado, aí tentei me concentrar nesse exato momento em algo que me fizesse ficar com a cabeça longe de qualquer estresse, me acomodei na minha cadeira azul marinho com braços, de cara para o computador, tentando começar uma operação definitivamente quase impossível. Embora ache que tudo seja possível nesse estágio de nossa rotina familiar domingueira.
Manobrei tal situação desarrumando meus livros, garimpando meu tesouro, e descobri um em particular que havia lido nos anos de minha intensa ansiedade por questões sobre o rigor científico, os limites de nosso conhecimento do universo, o empírio-criticismo versus materialismo dialético, blá blá blá e mais que isso, por nosso próprio interesse em se descobrir como ser humano com seus dons e dificuldades seculares, parte essencial desse assunto.
Sentado, primeiramente no vaso, nascedouro de inesperadas inspirações, onde achei uma passagem que me sensibilizou e resolvi pelo impulso oferecido da conspiração do universo, expor um trecho que está no primeiro parágrafo do capítulo dois do livro publicado pela Editora Melhoramentos em 1981, "Humanidade, uma Colônia no Corpo de Deus", escrito por um dos bons professores que tive na UFBA, Adinoel Mota Maia. Naquele instante de meus estudos foi fundamental as especulações contidas nele, agora o leio e o enxergo bastante ousado, imaginário, louco no bom sentido, entretanto bem efetivo em seu propósito questionador de morador da filosofia.
De volta ao computador, então, durante a digitação das linhas retiradas do texto do professor, escolhidas por sua coincidente relação com o que pretendia escrever, entrou como uma cunha em minha mente o que ouvi dias antes, na TV, da boca do comediante global Chico Anísio, em uma entrevista que pedia sua opinião a respeito da música "Águas de Março" do Tom Jobim. O Chico Anísio teve uma reação que me fez rir, com seu sutil arresto de brincadeira séria, cobrando para si, em um tom lastimoso a criação dessa perfeita obra musical, e continuou, "eu tenho essa frustração na vida, não ter sido minha...". Onde quero chegar é, que as vezes nós nos denunciamos nesse desejo primário de querer ser o autor de tudo que é genial, o descobridor do óbvio (como disse Nelson Rodrigues), um Deus, e caímos em nossa verdadeira identidade. Somos o que somos.
Sim, voltemos ao texto do professor Adinoel que diz muito sobre a moral da filosofia presente na vida das pessoas, que são possuídas pela força de serem criadores e criaturas de seu universo, eis a lição: "Certa vez encontrei um poeta e conversamos sobre versos que não fazem nenhum sentido, difíceis de se absorver. Disse-me ele que poesia não é para ser entendida e perguntou-me se eu "entendia" um arco-íris. Respondi que sim e comecei a explicar que o arco-íris era um resultado da luz do sol que incidia em minúsculas gotas de água na atmosfera, quando ele me interrompeu e disse: "Você não entende um arco-íris..."".
É isso, estou feliz escutando o novo CD do Skank, Carrossel, pra mim, a banda genial brasileira de rock universal, as well as The Beatles. Suas músicas e letras... bem que eu... gostaria de ter composto, bem lá na minha subterrânea ignorância musical que ainda toca violão de ouvido.
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arco-íris
sábado, março 17, 2007
Vagalumando
Embarquei nessa, quando escrevia, todo ouvidos, e me vi aceso!
Valsa para Leila
CD "Catavento e Girassol" - Leila Pinheiro
Música de Guinga e Aldir Blanc
Tu te esfumarás... me neblinarei sobre
os telhados, galáxias azuis.
Sonambularás, te voltearei
gatos lambendo as estrelas...
Wendy e Peter Pan/ sem o amanhã -nunca
para nós dois, é sempre cedo.
Marietarás, eu Buarquerei
em dois cavalos com asas de luz.
Tu te nublarás, me eclipsarei...
nuvens em nossa cabeça.
Toma, Peter Pan, só um lexotan
pra que tanto amor não te enlouqueça.
Vagalumarás por sobre o campo, eu
virei do mar, teu pirilampo... Como
um circo aceso, o céu da manhã
saudará o amor que não dormir.
Tu desabarás... eu despencarei...
e o mar azul vai nos cobrir.
Valsa para Leila
CD "Catavento e Girassol" - Leila Pinheiro
Música de Guinga e Aldir Blanc
Tu te esfumarás... me neblinarei sobre
os telhados, galáxias azuis.
Sonambularás, te voltearei
gatos lambendo as estrelas...
Wendy e Peter Pan/ sem o amanhã -nunca
para nós dois, é sempre cedo.
Marietarás, eu Buarquerei
em dois cavalos com asas de luz.
Tu te nublarás, me eclipsarei...
nuvens em nossa cabeça.
Toma, Peter Pan, só um lexotan
pra que tanto amor não te enlouqueça.
Vagalumarás por sobre o campo, eu
virei do mar, teu pirilampo... Como
um circo aceso, o céu da manhã
saudará o amor que não dormir.
Tu desabarás... eu despencarei...
e o mar azul vai nos cobrir.
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Valsa para Leila
quinta-feira, março 15, 2007
Segundo Movimento (VA)
Um Leve Transe
Entraste pelos pequenos olhos
No fino linho da alva face
Pelos poros afagando os brandos fios,
Vertendo tanto as mãos em mim.
Acolhi as pétalas da manha
Despejando meu sussurro, enfim!
Mitigaste seu beijo e,
Entendi o não dito
Dançamos em um único som
Distante dos lábios fugidios
Próximas almas em visível transe.
Química da vida real
Começo de todo surto
Mostra o sabor da sua fonte,
Aonde o amor vão se veste
Mas cora ao provar-se amante.
Limites se esvaem loucos
Novamente mancham-se as veias
Onde oculta tão clara ceia,
Bem embaixo da tênue emoção.
Abre-se em polpa levemente tão,
Ainda que tarde.
Entraste pelos pequenos olhos
No fino linho da alva face
Pelos poros afagando os brandos fios,
Vertendo tanto as mãos em mim.
Acolhi as pétalas da manha
Despejando meu sussurro, enfim!
Mitigaste seu beijo e,
Entendi o não dito
Dançamos em um único som
Distante dos lábios fugidios
Próximas almas em visível transe.
Química da vida real
Começo de todo surto
Mostra o sabor da sua fonte,
Aonde o amor vão se veste
Mas cora ao provar-se amante.
Limites se esvaem loucos
Novamente mancham-se as veias
Onde oculta tão clara ceia,
Bem embaixo da tênue emoção.
Abre-se em polpa levemente tão,
Ainda que tarde.
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valeu
O Flash
Em cada infância acontecem fatos que nunca vão desmanchar em nuvens carneirinhos ou como folhas secas, sumirem num redemoinho, após um vendaval. Sempre vem no painel das lembranças de uma dada época em que vivemos juntos as horas que pareciam infindáveis em dias de incontáveis brincadeiras. Algumas imagens estáticas batem na mente como uma foto em preto e branco ou mesmo um imaginário filme digital sobre uma tarde no futebol de bola-de-meia perto dos Labirintos com seu leite venenoso, um domingo na praia do Trapiche soltando papagaio, uma carreira de cágados no quintal da casa da avó Abigail e as voltas rápidas de velocípede, no qual montava, e rodopiava por debaixo da mesa da sala de jantar ignorando os gritos de recomendações de perigo dessa arte incrivelmente pueril. Selecionei uma foto que me faz recordar de meus irmãos, todos nós na expectativa de se ver nos anos que eram nossos (eu 4 anos, Armando 2 anos e Alba 3 anos), feita por um fotografo profissional que nos deu um susto danado com seu flash explosivo. Como estava paralisado e de olho duro reparei bem quando o homem clicou o curioso disparador e um clarão luz prateado nos pegou de surpresa, marcando de jeito nossa atenção, como quando um raio cai do céu. E olha que, a gente morria de medo de trovão nessa idade.
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irmãos
quarta-feira, março 14, 2007
Passeio Terapêutico
Pela primeira vez fiquei motivado a fazer uma caminhada em volta da Praça 2 de Julho (Campo Grande), e já há muito queria isso, mas coisa vai coisa vem, a indisposição de romper a rotina diária, a preguiça que rodeia a todos nós em cumprir uma atividade nova que de repente parece acordar todo o corpo para um dia de vida diferente. Nesse bendito dia de esparsa chuva molha tolos encontrei o Salmeron, amigo que por várias vezes já havia me convidando, resolvi ir indo, acompanhá-lo em troca de uma boa conversa sem delonga, nessa tão saudável empreitada.
É para mim evidente que algumas atitudes que temos para corrigir nosso comportamento ou estado físico, de cabeça ou espiritual, tem haver com a rota de nossa busca pela saúde, advém de um preparo interior, também tendo uma orientação médica, na maioria dos casos, e principalmente por força da vontade em conseguir de forma disciplinada e séria, a melhora que desejamos.
A minha caminhada, é claro, tem mais que uma razão de aspecto fisioterapêutico, mas também a de arejamento das minhas idéias, com fins lúdicos e sobretudo literários. Amei todas as seis voltas dadas em volta da florida e bem conservada praça, representativa da natureza sazonal e grandiosa das primaveras dos baianos. Tirei algumas fotos no meu celular que faço questão de compartilhar com meus queridos leitores.
É para mim evidente que algumas atitudes que temos para corrigir nosso comportamento ou estado físico, de cabeça ou espiritual, tem haver com a rota de nossa busca pela saúde, advém de um preparo interior, também tendo uma orientação médica, na maioria dos casos, e principalmente por força da vontade em conseguir de forma disciplinada e séria, a melhora que desejamos.
A minha caminhada, é claro, tem mais que uma razão de aspecto fisioterapêutico, mas também a de arejamento das minhas idéias, com fins lúdicos e sobretudo literários. Amei todas as seis voltas dadas em volta da florida e bem conservada praça, representativa da natureza sazonal e grandiosa das primaveras dos baianos. Tirei algumas fotos no meu celular que faço questão de compartilhar com meus queridos leitores.
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praça 2 de julho
terça-feira, março 13, 2007
Minhas 7 Vidas (II)
2. Nossa segunda morada foi no Ed. Vieira, no Desterro, em frente ao Convento da freiras que faziam uns gostosos pingo-de-ovos, onde minha irmã Albinha estudou uma parte do primário (hoje fundamental). Em alguns meses me enturmei com a garotada da rua, e a molecada era do barulho. Daí em diante comecei a brincar como lá na rua onde morava em Maceió, a rua ainda era inteirinha de terra, permitindo cavar buracos, marcar linhas, pular nas poças de chuva, e aqui então dava para disputar rodadas de bola de gude (a chimbra), ferrinho (o fura pé), soltar arraia, bater um baba (que nome para futebol!), e me surpreender com a porrada que pintava assim que havia um desacordo quanto a falta ou o gol de algum jogador atrevido. Cheguei a enfrentar um garoto com um tijolo na mão sem medir as consequências de meu ato infantil, ele (esse era o Júlio, tido como maluco mesmo pela meninada) desistiu do blefe de me jogar a pedra, após uns minutos de olho no olho que mantive sem me mexer. Essa tática era útil para os covardes que nunca arriscavam bater sem correr, e dava certo amedrontar para ganhar respeito, mesmo que pudesse dar xabú diante de alguém "etéreo" como eu naquela circunstância. Suei, mas aí me formei na escola da rua. Ninguém escapava da recorrente violência préviamente estampada na fuça dos caras maiores.
Havia um saguão interno no prédio que servia para a ventilação e entrada da luz do sol, um grande quadrado rodeado por corredores internos com janelas largas de madeira e vidros nas portinholas. Do apartamento que morávamos, com essa ligação visual de sugestão estritamente estrutural, podíamos nos tornar íntimos dos poucos vizinhos em suas preocupações, atividades domésticas e escolares, ainda que fossemos inquilinos sem qualquer relação de amizade com eles, antigos moradores do pequeno prédio. Espere! Um deles, o Pola Ribeiro, vim a conhecer mais de perto e não apenas de vista, poucos anos depois nas experiências do super 8, quando minha família morava no Jardim Baiano. Na época das aventuras de adolescente deviamos estar em outras paradas, e eu, então, no Ed. Vieira, só lembro mais dele em suas passadas, de pés grandes em havaianas, às pressas, num corre corre, atravessando a Franco Velasco, Desterro. (continua)
Havia um saguão interno no prédio que servia para a ventilação e entrada da luz do sol, um grande quadrado rodeado por corredores internos com janelas largas de madeira e vidros nas portinholas. Do apartamento que morávamos, com essa ligação visual de sugestão estritamente estrutural, podíamos nos tornar íntimos dos poucos vizinhos em suas preocupações, atividades domésticas e escolares, ainda que fossemos inquilinos sem qualquer relação de amizade com eles, antigos moradores do pequeno prédio. Espere! Um deles, o Pola Ribeiro, vim a conhecer mais de perto e não apenas de vista, poucos anos depois nas experiências do super 8, quando minha família morava no Jardim Baiano. Na época das aventuras de adolescente deviamos estar em outras paradas, e eu, então, no Ed. Vieira, só lembro mais dele em suas passadas, de pés grandes em havaianas, às pressas, num corre corre, atravessando a Franco Velasco, Desterro. (continua)
domingo, março 11, 2007
Minhas 7 Vidas (I)
Acho que minha memória pode ajudar a desvendar se tenho motivos para pensar que já provei de mais de uma vida. Desde criança que alguns fatos marcaram momentos inesquecíveis e a partir deles é como se houvesse estimulado um clique para que fizesse uma anotação do dia, hora, experiência, que infelizmente deixei por conta dos meus reconditos neurônios então já extintos de minha massa cinzenta de meia idade já passada.
No entanto, parei para recordar da época e coisas que pudessem resgatar as lembranças (que geralmente esqueçemos ao longo da vida) vizinhas aos acontecimentos daqueles fatos e assim fazer certas notas que trouxessem os pontos de minha vida que certamente seriam referência dessas razões que acredito, provarem eu ter renascido umas sete vezes. Como são pontos de flash da remota memória que resta sobre o que aconteceu, não poderei relatar com detalhes o que gostaria, mas vou ordená-los, e daí despertarei a curiosidade que certamente qualquer um deve ter para explicações futuras.
Que me recorde foram:
1. Ao 11 anos recém chegado na cidade do Salvador, tive um desejo de ver a paisagem pela janela do último andar do Edifício Saga, apartamento quarto e sala, onde minha família morava a pouco mais de um ano. Éramos migrantes de Alagoas, estado que deixávamos pela separação de meus pais. Ainda não conhecia o medo normal de subir nas janelas altas, cautela de quem nascia na cidade grande e morava em arranha-céu, assim chamado os edificios altos lá na minha pequena cidade de Maceió.
Subi no peitoril do janelão da área de passagem onde brincávamos as tardes, pois não havia playground no nosso prédio, e aproveitávamos esse espaço para nos juntarmos e observar a Baía de todos os Santos, coisa deslumbrante para um nordestino que descobria a alegria de morar nas alturas. Por um instante parecia um passarinho, vi a cidade e seus arranha-céus com outros olhos de nordestino remediado. Tudo mudou ali, desequilibrei e não fosse as pontinhas de meus dois dedos maiores da mão pequena de menino, sairia (sonhei voando ao som de Soy loco por ti América) planando até as marolas coloridas da praia da Conceição. Após o susto, aí que percebi que tinha que ter medo daquela altura toda, respirei fundo e quis que ninguém vinhesse a saber desse medo que senti.
Essa sensação só perderia sua força após me sentar no chão da área perto da pilastra que dava para o corredor. Passei a respeitar aquela janela que concorria com as nuvens vistas por mim. Acabei me acostumando a altura do peitoril e do arranha-céu.
Algo comparável àquele medo só as minhas caminhadas até a padaria para comprar o pão vara de sal e o de leite, que comíamos todo santo dia e que passei a gostar muito por ser um tipo de pão que não conhecia em minha terra. Curioso em conhecer da nova vida que a cidade oferecia, passaria a conhecer um novo momento, o período histórico da cruel repressão aos trabalhadores e estudantes; o da ditadura militar no Brasil, monstro político, resultante do golpe batizado pela elite política brasileira de "revolução".
O medo de ser confundido com os estudantes que eram perseguidos pela polícia, em plena manhã na Carlos Gomes esquina com a Rua do Cabeça, forçava a esticar minhas passadas para sair da zona do gás lacrimogêneo e da pancadaria, correrias e mordidas de cães pastor alemão. Na minha cabeça aquilo se passava como se fosse um bando de homens maus maltratando pessoas que queriam conquistar algo importante: Liberdade.
No entanto, parei para recordar da época e coisas que pudessem resgatar as lembranças (que geralmente esqueçemos ao longo da vida) vizinhas aos acontecimentos daqueles fatos e assim fazer certas notas que trouxessem os pontos de minha vida que certamente seriam referência dessas razões que acredito, provarem eu ter renascido umas sete vezes. Como são pontos de flash da remota memória que resta sobre o que aconteceu, não poderei relatar com detalhes o que gostaria, mas vou ordená-los, e daí despertarei a curiosidade que certamente qualquer um deve ter para explicações futuras.
Que me recorde foram:
1. Ao 11 anos recém chegado na cidade do Salvador, tive um desejo de ver a paisagem pela janela do último andar do Edifício Saga, apartamento quarto e sala, onde minha família morava a pouco mais de um ano. Éramos migrantes de Alagoas, estado que deixávamos pela separação de meus pais. Ainda não conhecia o medo normal de subir nas janelas altas, cautela de quem nascia na cidade grande e morava em arranha-céu, assim chamado os edificios altos lá na minha pequena cidade de Maceió.
Subi no peitoril do janelão da área de passagem onde brincávamos as tardes, pois não havia playground no nosso prédio, e aproveitávamos esse espaço para nos juntarmos e observar a Baía de todos os Santos, coisa deslumbrante para um nordestino que descobria a alegria de morar nas alturas. Por um instante parecia um passarinho, vi a cidade e seus arranha-céus com outros olhos de nordestino remediado. Tudo mudou ali, desequilibrei e não fosse as pontinhas de meus dois dedos maiores da mão pequena de menino, sairia (sonhei voando ao som de Soy loco por ti América) planando até as marolas coloridas da praia da Conceição. Após o susto, aí que percebi que tinha que ter medo daquela altura toda, respirei fundo e quis que ninguém vinhesse a saber desse medo que senti.
Essa sensação só perderia sua força após me sentar no chão da área perto da pilastra que dava para o corredor. Passei a respeitar aquela janela que concorria com as nuvens vistas por mim. Acabei me acostumando a altura do peitoril e do arranha-céu.
Algo comparável àquele medo só as minhas caminhadas até a padaria para comprar o pão vara de sal e o de leite, que comíamos todo santo dia e que passei a gostar muito por ser um tipo de pão que não conhecia em minha terra. Curioso em conhecer da nova vida que a cidade oferecia, passaria a conhecer um novo momento, o período histórico da cruel repressão aos trabalhadores e estudantes; o da ditadura militar no Brasil, monstro político, resultante do golpe batizado pela elite política brasileira de "revolução".
O medo de ser confundido com os estudantes que eram perseguidos pela polícia, em plena manhã na Carlos Gomes esquina com a Rua do Cabeça, forçava a esticar minhas passadas para sair da zona do gás lacrimogêneo e da pancadaria, correrias e mordidas de cães pastor alemão. Na minha cabeça aquilo se passava como se fosse um bando de homens maus maltratando pessoas que queriam conquistar algo importante: Liberdade.
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7 vidas
Tiras de Leituras
Autor: Shakespeare
Fonte: Sonetos
Desvalido em fortuna e aos olhos dos mortais,
Quando choro sòzinho ao ver-me rejeitado
E os surdos céus perturbo em vão com altos ais
E amaldiçôo a sorte olhando meu estado,
E almejo ser alguém, bem mais esperançado,
De que tivesse o aspecto e as ricas amizades,
E com o que fruo mais o menos contentado,
Quero a arte dêste, e doutro as oportunidades:
Quase que me desprezo, em coisas tais cuidando;
Mais penso em ti, e logo a minha condição,
Qual cotovia na alva a terra abandonando,
Ergue às portas do céu hinos de gratidão;
Pois traz-me tal riqueza o teu amor lembrado,
Que desdenho trocar com os reis o meu estado.
------------------------------------
Autor: Cacaso
Fonte: Mar de Mineiro
Fazenda São Pedro (2)
Aqui tem 3 tipos de veneno pra rato.
E 4 tipos de rato pra veneno.
---------
Livre Arbítrio
Todo mundo é toureiro.
Cada um escolhe o
Touro que quiser na vida.
O toureiro escolheu o
próprio
touro
---------
Prática da Relatividade
Meu namoro com fulana foi uma trepada
que durou 6 meses. Minha trepada com beltrana foi
um namoro que durou uma tarde...
---------
Panacéia
mesmo triste comprove
a alegria é a prova dos 9
---------
Rito
Cadê o queijo que estava aqui?
O gato comeu.
Gato filho da puta.
Fonte: Sonetos
Desvalido em fortuna e aos olhos dos mortais,
Quando choro sòzinho ao ver-me rejeitado
E os surdos céus perturbo em vão com altos ais
E amaldiçôo a sorte olhando meu estado,
E almejo ser alguém, bem mais esperançado,
De que tivesse o aspecto e as ricas amizades,
E com o que fruo mais o menos contentado,
Quero a arte dêste, e doutro as oportunidades:
Quase que me desprezo, em coisas tais cuidando;
Mais penso em ti, e logo a minha condição,
Qual cotovia na alva a terra abandonando,
Ergue às portas do céu hinos de gratidão;
Pois traz-me tal riqueza o teu amor lembrado,
Que desdenho trocar com os reis o meu estado.
------------------------------------
Autor: Cacaso
Fonte: Mar de Mineiro
Fazenda São Pedro (2)
Aqui tem 3 tipos de veneno pra rato.
E 4 tipos de rato pra veneno.
---------
Livre Arbítrio
Todo mundo é toureiro.
Cada um escolhe o
Touro que quiser na vida.
O toureiro escolheu o
próprio
touro
---------
Prática da Relatividade
Meu namoro com fulana foi uma trepada
que durou 6 meses. Minha trepada com beltrana foi
um namoro que durou uma tarde...
---------
Panacéia
mesmo triste comprove
a alegria é a prova dos 9
---------
Rito
Cadê o queijo que estava aqui?
O gato comeu.
Gato filho da puta.
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tiras de leituras
sábado, março 10, 2007
Filhos
Há algum tempo o futuro era uma promessa, hoje parece ser uma ameaça. Ainda podemos construir um mundo melhor para eles ?
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filhos
sexta-feira, março 09, 2007
A Dança da Vida
Fibras do Coração
Olhei em minha volta
Descobrindo as imagens do outro
Vibrei assim, diapasão
Voltei girando, na palma pião
Corpo cheio, vazio
Marcado na vibração
Olhar vagando musical
Toques sadios de nuvens
No tato do encontro sem visão
E o peito em raios,
Rasgando plenitude
Voltas sem plano
Aromas nos cachos
Beijos quase mascavos
Firmes na pura vontade
Dando graça ao pulsar
Nas fibras do coração
Quero arredar os cacos
Mover barcos falsos
Criar idéias em horas vagas
Levar cores de boas falas
Pelas mãos dadas em cirandas
Das fibras do coração
Carrossel dos pares
Unindo múltiplos prazeres
Ouvindo gostos velados
Em limites claros da carne
Revelando diversas faces aos saltos
Das fibras do coração
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fibras
quinta-feira, março 08, 2007
O Hoje Que Dura
Era Tanto Tempo o Agora
Por enquanto só vendo
Inexplicável realidade torta
Tempo que não é mais o antes.
Machucando devagar
Parecendo o sempre
Mais hoje que ontem
Menos hoje que no amanhã.
Sem o antigo
Sem o mais jovem
Novamente, o que fazer?
Por enquanto só vendo,
Inexplicável realidade torta
Tempo que não é mais o agora.
Quando a mulher cidadã?
Onde o homem acordando o dia?
Numa insônia em nuvem doentia
Sem remédio ou ideologia
Como sobreviver sem mais sofrer
À mesma comida fria.
Sem o antigo
Sem o mais jovem
Novamente, como fazer?
Um caminho sem trilha
Sem sonhos bons de ser feliz
Nem motivos que permaneçam.
Por enquanto só vendo,
Inexplicável realidade avessa,
Tempo que não é mais depois.
Sorrisos de solidão chorada
Vazio rio das horas
Fome de filhos pequenos
Inúmeros no acaso das ruas.
Dores da luz sem leito
Chuva fina de esperanças
Corações abertos sem sol,
Há muito tempo, frios
Apenas sem cura.
Por enquanto só vendo
Inexplicável realidade torta
Tempo que não é mais o antes.
Machucando devagar
Parecendo o sempre
Mais hoje que ontem
Menos hoje que no amanhã.
Sem o antigo
Sem o mais jovem
Novamente, o que fazer?
Por enquanto só vendo,
Inexplicável realidade torta
Tempo que não é mais o agora.
Quando a mulher cidadã?
Onde o homem acordando o dia?
Numa insônia em nuvem doentia
Sem remédio ou ideologia
Como sobreviver sem mais sofrer
À mesma comida fria.
Sem o antigo
Sem o mais jovem
Novamente, como fazer?
Um caminho sem trilha
Sem sonhos bons de ser feliz
Nem motivos que permaneçam.
Por enquanto só vendo,
Inexplicável realidade avessa,
Tempo que não é mais depois.
Sorrisos de solidão chorada
Vazio rio das horas
Fome de filhos pequenos
Inúmeros no acaso das ruas.
Dores da luz sem leito
Chuva fina de esperanças
Corações abertos sem sol,
Há muito tempo, frios
Apenas sem cura.
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Dia da Mulher no Universo
O Universo Mulher
Ainda que disfarce
O universo é feminino
Tem Via Láctea
Onde nosso mundo se instalou
E ainda resiste,
Parindo Anos Luz.
Ainda que escureça
Outro dia pronto renasce
E como Terra permanece,
Uma mãe que doa, oferece
Mesmo que os homens ignore
Quem os fornece.
Mulher cosmos
Deusa que nunca nos faltou
Poder interior
Imenso sentido
Molha com suas tetas
Todo terreno que brota.
Mulher terra
Mulher láctea
Mulher vital
Mulher amada
Mulher magma
Mulher fractal
Mulher vulva
Mulher animal
Ainda pulsa
Ainda chora
Ainda mostra
O que nós somos.
Ainda que disfarce
O universo é feminino
Tem Via Láctea
Onde nosso mundo se instalou
E ainda resiste,
Parindo Anos Luz.
Ainda que escureça
Outro dia pronto renasce
E como Terra permanece,
Uma mãe que doa, oferece
Mesmo que os homens ignore
Quem os fornece.
Mulher cosmos
Deusa que nunca nos faltou
Poder interior
Imenso sentido
Molha com suas tetas
Todo terreno que brota.
Mulher terra
Mulher láctea
Mulher vital
Mulher amada
Mulher magma
Mulher fractal
Mulher vulva
Mulher animal
Ainda pulsa
Ainda chora
Ainda mostra
O que nós somos.
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terça-feira, março 06, 2007
Primeiro Movimento (VA)
Saber a Vida
Nunca tive tantos dias
Às vezes pendiam pelos dedos
Ficando leves após sentir quão tolos que eram,
Estavam só trazendo algo de novo.
Ainda sei o que me faz feliz.
Se tocar parece fútil, mas existindo.
Chegado no perfume da chuva
Como passatempo, escuto isso tudo.
Mais quero, mais penso, gosto de decifrá-lo.
Um início demonstrando meu afeto.
Transporta-me, me guia.
Nem preciso dessa bússola,
Mas pelo mar do olhar, sinfonia!
Aprendo e solto as velas da pele,
Ficaria a deriva sem essa alegria.
Nunca tive tantos dias
Às vezes pendiam pelos dedos
Ficando leves após sentir quão tolos que eram,
Estavam só trazendo algo de novo.
Ainda sei o que me faz feliz.
Se tocar parece fútil, mas existindo.
Chegado no perfume da chuva
Como passatempo, escuto isso tudo.
Mais quero, mais penso, gosto de decifrá-lo.
Um início demonstrando meu afeto.
Transporta-me, me guia.
Nem preciso dessa bússola,
Mas pelo mar do olhar, sinfonia!
Aprendo e solto as velas da pele,
Ficaria a deriva sem essa alegria.
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