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quinta-feira, abril 07, 2011

saltando cercas pontudas sem tinta

Meus Pés

Por onde andastes pés pequenos doídos?
Quantos anos sem descanso ainda tens?
Quais veredas de pedras caminharam?
Gastando as paisagens com suas passadas

Boa água já provou em riachos limpos
Saltando cercas pontudas sem tinta
Topando em urtigas apimentadas
Chutando folhas de vento nas esquinas

Com passos ligeiros sobre a linha do trem
Ia a bodega da vila beirando o capim-cidreira
Carregando o menino triste e sozinho
Que trazia para o pai os cigarros em carteira

Se contasse as topadas e piruetas
Seria pouca a gaze no novelo
Para sarar as cicatrizes das quedas
Dos dedos dos pés ao cotovelo

Foram pés engelhados em dia de praia
Brocados por areias mexidas por bicho de pé
Saindo dormentes dos banhos de lagoa
Pés que lembro nunca cheirarem a chulé

Numa boa tarde um ardeu no ferrão da abelha
Outro sucumbiu a um prego feio enferrujado
Arteiros derrubavam o esteio e o varal
Lançando abaixo os lençóis úmidos alvejados

Pisaram em ponta de bagana meio acessa
E na dor choramingou baixo cada lágrima
Bem na calçada na frente de casa
Diante do portão forjado de entremeio

Naquele dia em que o trem descarrilou sem jeito
Nos calcanhares quis correr até a fumaça
Donde saía um bolero do rádio do maquinista
Sentado na férrea Maria com assovios de pingueiro

segunda-feira, março 14, 2011

descobrindo os defeitos do céu

Luz Quebrada
.
Ainda conto os planos dessa hora
Pouso sem chão pensando alto
Talvez ache uma passagem estreita
Pretendo ir mais longe contigo
.
Sentido próximo de curta satisfação
Caminho por uma rota de busca
Atravesso pontos ásperos e arestas cegas
....................................Sigo descobrindo os defeitos do céu
.
Cuido de manter aquela luz acessa
Abrindo por dentro novas trilhas
Nada que antes não pudesse ver
Só havendo amplidão e tentativas
.
Quando atingir o horizonte sereno
Juntando todo ar que possa conter
Caio do alto sem raios de receio
Mudanças me embriaguem o espírito
.
Flor despida no seio exposto do jardim
Continua me fitando longe silenciosa
Balança uma mensagem numa garrafa
Entre sopros e arpejos de tempestade
.
Dando motivos de explodir em arranjos
Quebra-se a luz expandida dos olhos
Em uma coleção de colares de lírios
Agora vaso de amores-quase-perfeitos

sábado, março 12, 2011

num toque único

Fogo Espontâneo

Sou um telhado sob uma nuvem de chuva ácida
Esperando sua ternura chegar em um toque único

Sem medidas de lucidez justa como uma luva

Dessa maneira avanço numa entrega anunciada
A pingos de necessidades de cruzamento de rios
Na correnteza de amor transpirando sem domínio

Guardo seu orvalho nas mãos quentes e inquietas
Pelos lábios selados escorre uma cantiga decorada
Tenho a sede que arrebata diante do que ofereces

O impossível se torna um fato em dias criados do nada
Faço tudo em nítida condição de quem ama sem pedir
Subo as velas da pele para receber o afeto desse encontro

Quero a perfeição nascida de raízes que amadureçam
Cuidadosamente acariciar sua terra rica de emoção
Vivenciar a sensível força desse sentimento que cresce


quarta-feira, março 02, 2011

falei e daí...

PEQUENOS PRECONCEITOS, GRANDES PRECONCEITOS
Os preconceitos estão no que se fala e no que não se fala, no rabo de olho, no riso que desqualifica, na atitude cínica, na falta de atitude, nas coisas mais simples e corriqueiras que incorremos que mostra quem somos e torna-se parte do que somos por não questionar, parte por deixar-se aproximar do pior e acreditar no que os outros vão achar, julgar, condenar, pelo que é o certo (deles), para não sermos considerados como diferentes. Simplesmente andamos calados diante dos fatos, e de tudo que nos “pega de surpresa”. Os preconceitos se espalham fácil como folhas reviradas ao vento.
Abrir as janelas da consciência, fazer escolhas que sejam felizes, expressar e experimentar o que nunca foi considerado antes desse estado. Quando aprenderemos o que mudar e quando mudar – a hora das revoluções também passa-, abandonar o discurso do medo, das resistências, das coisas horríveis que nos metem na cabeça, o terror, os riscos, coisas demais, e internalizamos passivamente sem conseguir nos despojar delas.
***
Um dia você acorda diferente, fazendo reflexões que rasgam o véu do desconhecido,  do domínio do trivial, observando uma saída no conhecido fim do túnel. Sensações permitem abrir certas questões antes intocáveis, que nos impediam de conhecer pelos nossos  sentidos, qual a direção; muitas vezes o que nos dizem nos confunde, o discurso conservador confunde, são muitas vezes grandes bobagens aprendidas ao longo dos últimos anos, atualmente com crise, mais uma droga maldita, “peixe vendido” por uma gente careta, coisas gravadas de preconceitos que podem até parecer menores, mas que crescem junto com a gente que sustenta velhos paradigmas, e daí viram grandes preconceitos, ditadores de uma falsa ordem, condicionando comportamentos, padrões globalizados, sem nenhum questionamento. Uma coisa leva a outra, e poucas vezes ao seu contrário, a sua negação.
Seguir se perguntando aonde ir, porque, como, quando rever e recusar tanto preconceito, tatuados na alma e abraçar oportunidades melhores de vida, fazer uma escolha honesta, sacudir a poeira mostrando algo melhor de si, muito além de mirar o mesmo por do sol, o mesmo brilho do mar, o luar metafísico, a mão quente de quem nos acompanha paciente. Não dá para ficar parado, acostumado a um lugar, a pensamentos sólidos, as retas cartesianas, às linhas previsíveis das leis do mercado. 
***
Ao se enxergar no espelho do egoísmo do uso danoso do meio ambiente, vemos as chuvas inundado cidades, o asfalto aflorando muito lixo, carência de saneamento básico, o concreto da cor da lama escorrida do barranco derretendo sobrados e barracos. Rios subindo pelas margens desmatadas, o povo salvando suas poucas coisas, uma televisão queimada, roupas quase surradas, levantam a mobília encharcada, a geladeira vira barco, os bichos sem espírito são arrastados. Uma tragédia anunciada.
***
Do meio de janelas com grades, trancadas pela concorrência da violência, vão se abrindo olhares pelas frestas e levantam-se páginas da história que colocaram na estante do passado, aquelas anotações em vermelho por décadas, agora bandeiras desbotadas com desenhos de instrumentos, estrelas, ferramentas que deviam ser ideais, não armas. Os marcadores separam firmes as partes do diário de uma memória mantida muito tempo fechada. Em suas entrelinhas os segredos das mudanças ficavam fora da vista, num lugar distante, mas ressurgem. Ainda há o silencio dos pensadores, quer confiar pequenas porções desses sentimentos que pareciam inseguros, mas supostamente felizes achavam-se perdidos, e duram ali sobre folhas choradas, quietos, solitários e não reconhecidos. Os que passaram a fazer parte do coro oficial não contam mais, são peças aproveitadas pela engrenagem.
***
Hoje, é quase impossível se manter em um estado estacionário, lacrado por um selo que a todo tempo é rompido pelo imprevisível, pela insatisfação, necessidades que deságuam, que entram pela informação digital, que vão numa onda de sustos e tintas libertárias diárias. Pelo espontâneo que assanha as áreas mínimas da liberdade, arrastam tudo mais que pareça intensamente humano de direito, agora revelando um desejo que permita a entrega ao novo estado, essa incontrolável vontade de rebelar-se, agora mais sensível, independente de preconceitos, sem homofobias, sem desqualificar alguma cor, com um senso inquestionável de justiça, sem medida aparente. Despreconceituosa mente. Contudo, esse é um vôo para o que se quer ser sem saber exatamente para onde. Uma fugaz semente plantada no presente sem ideia do que será mais tarde.  
***
Ás vezes fico com saudade de mim. Na hora do almoço vejo as notícias sangrentas, mídia “marrom chocante” - que a imprensa de jornais impressos fazia ontem, e a televisiva repete com sucesso hoje. E os sentimentos nesse minuto de grande horror? Ali comendo a mesma comida, mais cara, não sei se choro ou abano a cabeça, uma tragédia no acidente de transito ao vivo e em cores. Sinto saudade do que já não sou mais. Tudo é muito bruto, o sistema embrutece o cidadão.
Parece que paramos... no mesmo lugar, mas com outro jeito de enxergar, um comportamento assim, sensível. Inadvertidamente passamos a aceitar as diferenças, não guardando estranhezas, mas estamos diante de situações indefinidas, duras, o plano é áspero, o capital injusto mas ainda suportável para muitos. E agora ousar sair fora desse caos conhecido parece ilegal, se ver além do antigo, do que desacreditamos, do que já não somos mais. Esse é um pensamento que dói, não removido, não resolvido.
Apesar de tudo, continuar é preciso, navegar é preciso, agir por um outro estado que nunca use os mesmos privilégios restritos, elitistas, nunca preserve desafios sociais desiguais desde o nascimento, estado acelerador de ganhos privados e gestor do capital especulador; prioridades do “idiot savant”, ortodoxos, cheios de si, com teorias sem qualquer código de ética.
Viver é uma necessidade. E as mudanças surgem como uma corrente marítima descontrolada, numa ressaca que invade e busca qualquer liberdade mesmo com uma consciência imperfeita das diferenças que já fazem parte do novo ponto de equilíbrio.

segunda-feira, dezembro 13, 2010

aceite esse presente de Natal

A DANÇA DA VIDA
.
Na dança da vida não sou mais um ser qualquer
Achei-me em um a mais que nós dois somente
Pela identidade encontrada em conchas e algas
Sou miríades de cerejas minando de estojos
.
Cascas que desfolham bailarinas entre sóis
Uma linguagem de nossos átomos em conexão
Dançamos serpenteando embolados e certeiros
Despojados como hipopótamos em altura e peso
.
Até nos sentirmos à vontade num vôo com o outro
Suamos em tranças de distintas e claras percepções
Quase retos na difícil arte dentre muitas a despertar
Ao largar os cacos das louças internamente quebradas
.
Tendência em existir num sentido incomensurável
No melhor dos tempos se permitindo durar no pouco
Outros são desenhos que se desfazem desbotados
Justo por não aceitar o real presente do bordado novo
.
Acertamos o que as horas a passos largos trazem do dia
Percebendo as qualidades e virtudes que nos invadem
Conhecendo tensões e matérias que nos impedem
Dançar a vida que nos atrai por relações diversas
.
Como animais imersos no viço da emoção humana
E erros por não fazer o que é próprio a natureza
Mesmo sabendo que o tempo é uma coisa viva
Que não deixa confundi-lo com o relógio que criamos
.
Nossas vivências provam o que o corpo encobre
Quer se estender no mesmo espaço raro dos atos
Dando voltas de costas no dorso de suas costas
Quando a cabeça deita no ombro uma linda lua

domingo, novembro 28, 2010

pescar flores, pétalas de poesia

PEDRAS E FLORES FUGIDIAS
   Horácio caiu da cama. Outra vivência que virou um iceberg e se transformou em um desafio, ele teria que refletir sobre uma das suas evidentes fraquezas – a entrega -, um exercício que parecia fácil, mas que por sua intensidade derramou-se sobre o resto do dia em uma preocupação aflitiva. Tudo seria uma questão de entender a mensagem que recebera ao fim de mais uma caminhada, uma intuição clara, todavia também um aviso, algo que ele até suspeitava vir a qualquer momento no vento, e ele nem deu o primeiro passo, afastou de sua sensível visão qualquer perigo, pois o medo não influenciava sua vida, talvez por não suportar uma certa ordem, um padrão, mas, ele nem tinha conta do real significado dessa vivência até chegar em casa, os seus medos lhe venceriam, por enquanto. O som do coração conspirava e batia desafinado lhe ajudando em sua reflexão prematura.
   Há alguns meses ele nem desconfiaria de que retornaria a esse árido terreno, tendo que respirar o ar quente, corredeira de carrapichos, rios rachados e nuvens ralas a lhe apontar direções. Na ausência de perspectivas em lhe aparecer sequer um pequeno oásis, lá ia seu longo olhar no horizonte virando quilômetros de terra seca, nada de avistar qualquer sentimento que servisse ou valesse a pena preencher o seu coração de estudante. O lugar que lhe acolheria mais próximo, ele conhecia, estava acostumado, tinha certeza que duraria, não tinha poesia, mas lhe parecia seguro.
   Após horas de caminhada avistou um olho d’água, apressou-se e chegou a um estreito córrego, mais adiante parou e curvou-se pescando algumas flores que flutuavam a beira do que ele chamou de riacho, isso cresceu uns metros mais a frente enchendo um pequeno rio, ele assoviou imitando pássaros, dançou, e continuou com suas migalhas de alegria, contemplando o rastro do sol cair na água doce. No outro lado da margem Horácio percebeu uma agitação que para ele seria apenas mais uma aglomeração de jovens tomando banho, pelados, e outros brincando de jogar pedrinhas achatadas para que contassem quantas vezes elas saltitavam na tensão do espelho líquido. Para ele um passatempo esquecido desde a sua grande infância e adolescência, menos interessante que pescar flores, pétalas de poesia, sabendo que depois elas murchariam e iriam, leves, dobradas em livros em essências mais fortes, independentes dele, e continuariam se juntado a outras sem ligar para a fria correnteza que já lhe tomava meia perna de calça.
   Horácio sentiu que sua alegria se afastava com a breve partida daqueles jovens que avistara no riacho, atores vigorosos, amantes da farta natureza humana, então, retirou-se cabisbaixo envolvido no calor que restava da emoção das brincadeiras que ainda ressoavam em sua memória, nos últimos raios da tarde. Ele já não era mais assim, disposto ao risco de experienciar tantos sentimentos, movimentos mais fortes que o seu coração poderia suportar. Já pensava duas vezes em atravessar o novo rio, participar dos jogos inevitáveis da vida, das aventuras loucas que o rio lhe apresentava. Sua sorte estava de férias, teria de buscar alguma ajuda para compartilhar a viagem.
   Essa sem dúvida foi a experiência mais rápida e fecunda que Horácio já teve numa entrada de primavera. A simplicidade do encontro e a complexidade com que se dissipou o aroma das pétalas em fuga, mais uma tentativa de entrega, um diálogo afetivo interrompido, uma comunicação só permitida pela sua identidade preservada. O significado desse movimento não se rompia, e a energia transferida ou recebida se manteria no seu movimento como o próprio sentimento guardado.
   A reação de Horácio seria circunstancial, se dando em função do que teve de calar dentro dele por mais uma estação. Ele mexeu em águas profundas aparentemente superficiais, remoinho de emoções fortes, mergulhara no caos, e agora procurava não se entregar a uma correnteza muitas vezes sem fundo e sem volta. A ponte mais próxima servia, antes que se afogasse próximo da beira. Agarrou-se na terceira margem, na certeza de ver um outro dia amanhecendo. Apesar de ter feito muito, a vida continuava constante.

domingo, novembro 21, 2010

o que vai nas entrelinhas

PEITO ABERTO
.
Por um lado corre a vida sem amarras rompendo aços 
Uma certeza aperta os laços ausentes da minha saída 
Os sentimentos trepidam entre as margens da decisão
.
Volto os olhos para a praça que expõe estátuas nuas 
A paixão invade desarrumando os espaços de meu peito 
Abrigo o espírito limpo das mágoas e preconceitos 
.
Conheço os dons que em silêncio ardem e declamam 
Jogos e processos nas rugas do retorno de tensões 
Por que dançar a vida permite que a felicidade inflame
.
Essa criança que brinca em canto e espaço próprios
Renova gestos de esperança num criativo presente
E os encontros e desencontros viram teses transitórias

sábado, novembro 13, 2010

ser ou não ser...

Coração Dançarino
.
Percebo ao longe a luz bordada do seu olhar 
Quando sou pêndulo o seu corpo me alcança 
És como o farol acariciando o dorso do mar 
.
Caminho com ritmo ao dançar sua companhia 
Sobre joelhos que tremem tendo motivos demais 
Quero mais uma volta em nossa roda sem polia 
.
Gosto do que sou decorando meus horizontes 
Com um coração que dança ao realizar os planos 
Grávido de instintos pareço enfrentar um gigante
.
Acho rotas navegando em cortinas de espelhos 
Com cadernos de estrelas me entrego ao oceano 
Nu e intenso me ofereço alvo de mim mesmo 

quinta-feira, novembro 11, 2010

palavras desenhando um...

Convite

Quer me conhecer?
Acorde o sol comigo
Saiba de umas manias
Ouça os meus suspiros
Solte a minha língua
Quer me conhecer?
Beije a minha nuca

O que for permitido
Mas ajuste a sua mira
Antes do amanhecer

Faço uma poesia suja
Desenho outro sorriso
Lembre daquela data
Ainda guardo a minha
Vida que te quero ter
More comigo um dia
Coma da mesma semente

Beba o vinho escolhido
Pra começar de novo
Chegue até a minha rua
Abrace todo o meu corpo
O mundo ainda é pequeno
Ande de encontro a  mim
Te acompanho até o fim
Aonde e como for sendo

Se por acaso se perder
Siga até achar o anel
De um jeito diferente
Escrevendo contratempos
Que ainda será prazer

sexta-feira, novembro 05, 2010

o que desejo dizer agora

Leia-me
.
Aprendemos a brilhar decorando o nosso sorriso
Os olhares nos lançam como estrelas no teto
Nos abraços lemos segredos viajados por anos
Um convite se solta da alma de nossa boca cega
.
Numa transformação de vida uma carta é a escolha
Cada hora chega o desejo de dançar essa entrega
Girando o espírito que se debate enquanto caos
Energia rara recobra a vibração de nossa criança
.
Passeamos pela música encontrando outros cantos
Ao som do coração que nos encanta ao nos tocar
Contornamos nossa pele na dimensão dos sonhos
Dando aos movimentos do corpo o que explorar
.
Nossos sentidos soletram nas folhas das mãos
Toda parte que somos retorna ao todo que temos
Os espaços se prestam a chão mudando nosso jeito
Embaraçando os fios da vida em um único novelo

quinta-feira, novembro 04, 2010

às vezes se dão...

Mãos e Anéis

Turmalina rosa em prata retorcida
Fenda sincera e colo de insônias
Sorte que me abandona aos jogos
Deito livros de estórias na tua rua

Nenhuma estação me abriu assim
Sou mãos abertas pedindo ajuda
Sem aguentar as dores do corpo
Nem as emoções que perduram

Arrasto meus dedos nos muros
Quero escrever a poesia nas unhas
Quebro o perfume da sua presença
Vem e castiga-me infinitamente

segunda-feira, novembro 01, 2010

de todos, é também nosso...

Amor Mantido
.
De curiosidades semeadas por cristais de luz matutina
Mais um dia corria solto entre gorjeios de passarinhos
Notas se soltavam pelos ares através de trino afinado
Indo compor cenários retratados em flores e sons de sinos

Passando as mãos pela noite senti a voz líquida da lua
E medi seus compassos riscando no chão raras nuanças
Renovando espaços internos alarguei ruas e casas
Compreendi o frio na procura do cobertor que faltava

Muitas vezes não revelava quantos medos escondia
Longe dessa verdade não encontrava vontade de mudar
Hoje acordo cedo como semente gerando ramos e folhas
E exploro a imensa força que antes não queria enxergar

Vivenciei o novo amor falando de palavras que queria
E parei nos traços de sua boca que ocupava um sorriso
Não sabendo contar quantas letras teria essa arquitetura
Percorri curvas de acidentes atrás desse outro abrigo

Agora o que sou não se traduz em acentos e palavras
Pelos mesmos motivos ainda visto as cores da vida
Um momento em que me molho de vez na chuva
Na esteira de muitas delícias ela é a minha preferida

quarta-feira, outubro 20, 2010

nosso 31 de outubro

Segredos que Bastam
.
Achados em sonhos inúmeros segredos são contados
Os acontecidos por dentro viram manchas solares
Insistem em nos lançar sem pára-quedas ao vento
Grãos de suspiros por cima de um horizonte incendiado
.
As mínimas vontades parecem alimentar suspeitas
De anseios e palpites batem loucas em nosso peito
Nas voltas por praças à beira de penhascos e rios
Crespas e arriadas sobre selvagem montaria em pelo
.
Inebriados pelos cheiros bordados nos cabelos e panos
Pelas roupas translúcidas admiramos seixos molhados
Sonhos raros e imaginação aproxima-nos da tona
Saltando de um mar em gozo após mergulho cobiçado
.
Agora pisamos em terreno que conhecemos desde cedo
Mas desatentos acariciamos nossos rostos no fim do dia
Quando as ondas da retina se deitam em luzes de navios
Em direção a um balé primoroso de divino rebuscado
.
Sinestésico poder de nosso ser em outro movimento
Acaba e repõe suas formas e tons do jeito que são
Como a vida que dá sentido ao que existe ao redor
Evoluindo a cada passo em perpétuo ponto de fusão

quarta-feira, setembro 15, 2010

aquela manhã de...

Renascimento
.
Dei uma pausa esperando e não achei porquê
Saltei dos pensamentos e caí do berço em febre
Para escrever sobre emoções que nem sei dizer
.
Acendi a tosca manhã ao puxar o cobertor do dia
Pintei um quadro imaginário sob os pés pousados
E mãos de recém-nascido abriu a porta talhada
.
Quis mais da sobremesa que a vida me servia
Uma vez provado os sabores nada mais seria igual
Saberia lamber cada gota sentindo o que evoluiu
.
Minha percepção alimentou uma nova vibração
Por dentro e por fora partindo o que era rijo
Renovando cada célula em suas íntimas relações
.
Fiz um instrumento mais prático para a viajem
Parecendo conhecer os planos que perseguia
Mal sabia que tudo era mais que uma miragem
.
De repente uma paisagem de céu jogava vidros
Chorei ao rodar os quatro cantos do velho mundo
Em cada parada conheci uma razão para onde ir
.
Sofria o meu espaço interior elevado em graus
Arremessei os fardos das dores que me ardiam
Pude amanhecer em ares que soprariam sonetos

sexta-feira, agosto 27, 2010

Estado sintomático

Sábios e Doentes
.
Quando um dia sequer sem ameaças
Dor e fome ainda morrem no corpo
Os caminhos demonstram violências
E ainda impunes se entrelaçam noutros
.
As mesmas promessas se arrastam
Anos a fio cortando fundo no osso
Sem panacéias que satisfaçam nada
É uma navalha o mais provido esboço
.
Mesquinharias, ambições e lucros
Impedem as necessidades da gente
Propiciam cicatrizes nos sonhos
Assim como as repetições dementes
.
Folias insanas, maus políticos, bravatas
Nos queima a todos através dos anos
Suja-se o bom gosto das almas
Que ainda acreditam nos planos
.
A hora dos consertos chega e se vai
Pelos filhos que tateiam esperanças
Em vendas manchadas por interesses vis
Até se acudir no balanço das mudanças
.
Ainda pisamos no olho da água doce
O mineral com vigor ainda borbulha
Espelho natural sem rancor se derrama
E nos alimenta com manancial ternura
.
Vale ainda os valores da sabedoria
Em cascatas reviradas por letras e lanças
Uma verdade com gosto de ruptura
No peito do ser que mantêm sua dança

segunda-feira, agosto 23, 2010

de bulas e receitas

A Centelha
.
Numa interminável sede entorno a voz calma no ar
Os gestos das mãos se repetem a chamar as suas
Na imaginação toco a nota de cada cifra da música
Acho o silêncio de corais que ignora o caos das ruas
.
Entre nuvens de origame descem olhos de águia
Abaixo descubro os pés ardendo nos sapatos
Sigo a caminhada ao lado de um espinheiro salgado
Desisto das receitas e bulas das quais estou farto
.
Quero a atenção do céu modificado que contemplo fiel
Num olhar perpétuo de abelhas na direção do ninho
O que me preenche ao arranhar a centelha da vida
Bebo do amor que preservo puro como um bom vinho

quarta-feira, agosto 18, 2010

ritmo e inspiração

Mariposas

Com uma fome que morre no corpo
Uma visão que se impõe sempre latente
Abundância de vontades que por vezes
Tende à percepção de um calor ausente

Ao lhe tomar a matéria e os contornos
O ser incomodado se ateia suspenso
Insensatez em inspiração que quer sempre
Uma viagem decisiva seja para o que for

Ritmo de paixão térmica do caos à ordem
Lembrança viva de paisagens em músicas
Esquenta as cordas que rodam o coração
Se vai bêbada a mariposa sequiosa de luz


quarta-feira, agosto 04, 2010

vem no pensamento

Borboletas
.
Por dançar a vida achei uma pista em ampla clareira
No pisar corrente arranquei as unhas e as penas
Ignorando os domínios ia somando as trilhas
Ao escolher um curso ainda sem padrão nem eira
.
Entreguei-me às marés ainda mal acostumadas
Às tábuas de horas e regras moldadas à mão
Atravessei no peito as ondas tracejadas de sal
Conspirando para as águas virem numa cheia
.
Dadas as circunstâncias era movido pela emoção
Abrindo o coração que transitava sem amarras
Em sintonia com a música soltei o que guardava
Réstias de festejos bem combinadas com maçãs
.
Encontro o vestido de uma história incompleta
Tantos sonhos deixados como jogos de armar
Suspenso em finas hastes de giz da memória
Equilíbrio solto em rota riscada por labaredas
.
Bela borboleta roxa atraída pela luz em colapso
Aprende a aceitar o desencanto das mudanças
Um valioso selo guardado numa caixa de segredos
Retrato três por quatro dobrado em lembranças

na tela ou dvd

  • 12 Horas até o Amanhecer
  • 1408
  • 1922
  • 21 Gramas
  • 30 Minutos ou Menos
  • 8 Minutos
  • A Árvore da Vida
  • A Bússola de Ouro
  • A Chave Mestra
  • A Cura
  • A Endemoniada
  • A Espada e o Dragão
  • A Fita Branca
  • A Força de Um Sorriso
  • A Grande Ilusão
  • A Idade da Reflexão
  • A Ilha do Medo
  • A Intérprete
  • A Invenção de Hugo Cabret
  • A Janela Secreta
  • A Lista
  • A Lista de Schindler
  • A Livraria
  • A Loucura do Rei George
  • A Partida
  • A Pele
  • A Pele do Desejo
  • A Poeira do Tempo
  • A Praia
  • A Prostituta e a Baleia
  • A Prova
  • A Rainha
  • A Razão de Meu Afeto
  • A Ressaca
  • A Revelação
  • A Sombra e a Escuridão
  • A Suprema Felicidade
  • A Tempestade
  • A Trilha
  • A Troca
  • A Última Ceia
  • A Vantagem de Ser Invisível
  • A Vida de Gale
  • A Vida dos Outros
  • A Vida em uma Noite
  • A Vida Que Segue
  • Adaptation
  • Africa dos Meus Sonhos
  • Ágora
  • Alice Não Mora Mais Aqui
  • Amarcord
  • Amargo Pesadelo
  • Amigas com Dinheiro
  • Amor e outras drogas
  • Amores Possíveis
  • Ano Bissexto
  • Antes do Anoitecer
  • Antes que o Diabo Saiba que Voce está Morto
  • Apenas uma vez
  • Apocalipto
  • Arkansas
  • As Horas
  • As Idades de Lulu
  • As Invasões Bárbaras
  • Às Segundas ao Sol
  • Assassinato em Gosford Park
  • Ausência de Malícia
  • Australia
  • Avatar
  • Babel
  • Bastardos Inglórios
  • Battlestar Galactica
  • Bird Box
  • Biutiful
  • Bom Dia Vietnan
  • Boneco de Neve
  • Brasil Despedaçado
  • Budapeste
  • Butch Cassidy and the Sundance Kid
  • Caçada Final
  • Caçador de Recompensa
  • Cão de Briga
  • Carne Trêmula
  • Casablanca
  • Chamas da vingança
  • Chocolate
  • Circle
  • Cirkus Columbia
  • Close
  • Closer
  • Código 46
  • Coincidências do Amor
  • Coisas Belas e Sujas
  • Colateral
  • Com os Olhos Bem Fechados
  • Comer, Rezar, Amar
  • Como Enlouquecer Seu Chefe
  • Condessa de Sangue
  • Conduta de Risco
  • Contragolpe
  • Cópias De Volta À Vida
  • Coração Selvagem
  • Corre Lola Corre
  • Crash - no Limite
  • Crime de Amor
  • Dança com Lobos
  • Déjà Vu
  • Desert Flower
  • Destacamento Blood
  • Deus e o Diabo na Terra do Sol
  • Dia de Treinamento
  • Diamante 13
  • Diamante de Sangue
  • Diário de Motocicleta
  • Diário de uma Paixão
  • Disputa em Família
  • Dizem por Aí...
  • Django
  • Dois Papas
  • Dois Vendedores Numa Fria
  • Dr. Jivago
  • Duplicidade
  • Durante a Tormenta
  • Eduardo Mãos de Tesoura
  • Ele não está tão a fim de você
  • Em Nome do Jogo
  • Encontrando Forrester
  • Ensaio sobre a Cegueira
  • Entre Dois Amores
  • Entre o Céu e o Inferno
  • Escritores da Liberdade
  • Esperando um Milagre
  • Estrada para a Perdição
  • Excalibur
  • Fay Grim
  • Filhos da Liberdade
  • Flores de Aço
  • Flores do Outro Mundo
  • Fogo Contra Fogo
  • Fora de Rumo
  • Fuso Horário do Amor
  • Game of Thrones
  • Garota da Vitrine
  • Gata em Teto de Zinco Quente
  • Gigolo Americano
  • Goethe
  • Gran Torino
  • Guerra ao Terror
  • Guerrilha Sem Face
  • Hair
  • Hannah And Her Sisters
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