Um drama, um amor
por Afranio Campos
A verdade é relativa. Cada um se “vende” ou se entrega ao que seja mais conveniente, atrativo, prazeroso, que satisfaça seu “mundo” pessoal, ainda que muitas vezes tenha que aceitar o que não entenda, ou se negar a verdade que está bem à sua frente.
Independente do modo de vida que tenhamos, seja de abundância ou remediado, histórias como a dos Montecchios e Capuletos ou de uma “linda mulher” (Pretty Girl) tem razão de ser em tempos diferentes, tão distantes, mas com comportamentos, vieses culturais e morais que merecem ser questionados, tanto lá como agora. Afinal, os tabus, preconceitos, moralismos, fundamentalismos, cada vez mais vão se dissolvendo em nossa vida pós-moderna, ma non tropo!
Duas histórias de amor, uma, um drama medieval, que por questões de preconceitos (família, costumes, poder etc) acaba em tragédia, outra moderna, no stress dos negócios da metrópole e, por preconceitos contemporâneos, morais, sociais, também quase cai no ralo do drama, mas consegue superar-se com uma simples resposta, quem viu o filme sabe qual. Uma força "poderosa" e diferente nos eleva, é isso que acontece conosco.
Na realidade, é disso que estamos falando, na vera; Quantas “princesas” abandonam seus palácios (superficialidades, interesses materiais) para se entregar a uma vida simples mas completamente apaixonante e rica de experiências, onde e quando os dias se transformam em surpresas, paixão real e transformação? Vale lembrar dos “sapos”, que em certas relações transformam-se em "príncipes" e engolem “diamantes” para se acreditarem amados e acabam suicidas; o "amor inventado" que significa mais uma busca dos egoísmos em transformar-nos em “estranhos” para que acabemos por nos merecer. Frios, calculistas sem futuro. Trata-se do abandono do “amor próprio” na busca de um “amor semelhante”, inexistente, o que em geral acaba também em lugar comum, como mais um drama.
Se sentimos, se sorrimos, se desejamos, se amamos, tudo é possível! "Qualquer maneira de amor vale a pena, qualquer maneira de amor vale amar".
A alguns, parece que um pouco de “ódio próprio” se faz necessário para se sentir bem, sejam “princesas” sejam “sapos”. Algo como se não pudessem ser felizes de verdade... em arriscar-se ao desconhecido, e rasgar qualquer sentimento do “medo de amar” um “Montecchio” ou um “Capuleto”. Ainda que algumas vezes a vida desejada se transforme em pesadelo, tudo passa, nosso livre arbítrio, nosso "instinto amoroso" sempre nos levará a uma saída vitoriosa e gratificante, faz parte do nosso show. Podemos ser felizes SIM.
Como Shakespere já contava, "tornamo-nos com o tempo a emblemática dos jovens amantes que são condenados pelo seu amor“. Mas nenhuma busca por ele, seja no tempo (dele) ou mesmo hoje (nosso) deve ser algo definitivo, indolor, sem riscos, para que sejamos felizes, realizados, e continuar livres como aprendizes desse sentimento essencial em nossa evolução; de outro modo nos enveredamos por um amargo “caminho do pessimismo” evitando o lúdico “caminho do amor” indo cair no simulacro da tragédia, essa, sem o sabor da arte shakespereana.
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