Certa vez me disseram que eu era um “homem puro” (e naquele momento eu estava enfrentado uma "barra danada"), desprovido de maldade, ou melhor, de malícia na vida, e essa interpretação de meu “eu” pelo “outro” me acompanhou por um tempo. Me vi diferente, pois nem eu mesmo acredito nisso, certamente tenho todos os defeitos que podem estar presente, conscientemente ou não, em qualquer um por esse mundo maluco e bonito, vivemos em um (in)completo caos, caos com imposta ordem, que diferente do meu caos, consegue ir sereno em boa parte dos (contra)tempos que enfrentei e enfrento.
É claro que diante de uma situação assim, sentimentos flutuaram, na hora, minha reação retive em silêncio e confesso, foi de surpresa, fiquei agradecido em ouvir que era “puro” em meio a uma realidade em que ninguém se sente seguro ou confiante em expressar algo com essa significação frente ao que se pode encontrar pela frente, o outro estava sendo generoso em seu gesto afetuoso? Refleti: se virarmos seres aparentemente blindados, querendo estar protegidos, vestidos em couraças múltiplas, hipócritas, muitos até perdidos numa selva incontrolável e sem valores reais há muito, aonde chegaremos, aonde já chegamos? Atualmente o medo de qualquer coisa está contagiante, até mesmo do conhecido, não mais só do desconhecido, parece tomar conta do inconsciente coletivo. Insônia, pânico do medo, crises de solidão, processos dolorosos, depressão, por que será que acontece tudo isso?
A bem da verdade, meus segredos, fraquezas, ou seja o “bicho” que for, e que não são poucos, perduram me fazendo criar internamente alguns compartimentos secretos onde vou pelos dias afora observando-os e até tento entendê-los de vez em quando. Mas, o que me importa seriamente, é retirá-los desses compartimentos, as vezes consigo, e muitos deles resgatá-los para o presente, me beneficiando do aprendizado, ou então compreender como experiências que serviram de algo e esquecer. Dane-se, dizer isso ajuda, dane-se!
Nessa caminhada, refletir e seguir a voz que vem do coração é tudo pra mim. Como sou trabalhador da ciência e da arte, na minha vida plena e curta me mantive laborando bastante, não quero parar jamais, amei quem amei, mas mantenho cada um desses amores dentro de mim, como esquecer? Ainda amo com todo prazer que houver nessa vida, com isso fiz tudo que desejei, nem faço sem desejar o que gosto de fazer, é óbvio que quero caminhar junto com o outro, mas com mais qualidade, de vida, o que, penso não necessáriamente está condicionada as coisas materiais ou aos poderes decorrentes de qualquer tipo de riqueza arrogante, ainda que os resultados dêem na cara. O meu outro lado da face parece estar jovem e a salvo, e é tudo que tenho, ninguém merece. Ainda aprendo.
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