A educação, a língua, a linguagem
Dados do Instituto Paulo Montenegro de 2018 mostram que somente 12% da população brasileira possui proficiência no uso da linguagem, e que o contingente de analfabetos dobrou no período de 2016-2018, coisa impressionante; os 88% restantes são, a maioria deles, incapazes de organizar o raciocínio, juntar ideias, refletir e elaborar um texto contando sua história e realidade realizando atividades e tarefas dentro de padrões profissionais, técnicos, de médio e baixo requisitos. Segundo o painel onde encontramos os dados sobre o domínio da língua entre os brasileiros, 8% são analfabetos, 22% rudimentar, 34% possui domínio elementar, 24% intermediário e os de formação universitária, grupo contido nos 12% de proficiência da língua, que poderia ter o privilégio de poder refletir e interpretar a realidade e os fatos com maior domínio da linguagem, prolifera um exército de analfabetos funcionais, um descalabro, uma consequência de décadas de descaso com a educação.
Vendo e revirando os fatos voltamos à roda da verdade, do referente abandonado ao sabor da moda da linguagem. Voltamos a falar de pensamentos e ideias que retratam a realidade atual porque cada palavra tem uma definição e ação intrínseca podendo ser manipulada em sua origem segundo o interesse de quem as controla, seja censurando ou limitando seus significados para impedir conhecer e entender, ignorar, o referente. A quem interessa o permanente estado de conflito, desorientação, dicotomias, maniqueísmo, esvaziamento e negação do real?
Dar nome às coisas é o que mais se teme hoje, pelo menos na hora de se conhecer os atores, os fatos, e os feitos nas últimas décadas. Identificar através de uma simples análise o que se vê, sente e se conhece tornou-se dependente de desejos, palavras vazias, direitos momentâneos, autoreferentes, sem conexão com a realidade, sem leitura nem proficiência toda definição tornou-se relativa e pendular conforme o propósito de cada indivíduo aprisionado em sua própria mente. A interpretação do mundo desprovida de linguagem, essa degradada, modificada em seu significado e propósito, que é ler o mundo real, traduz uma sociedade doente, de alma arrasada, perdida no que é de mais importante ao caminho do conhecimento, ao ser, ao indivíduo, à sua tribo: a educação.
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