quinta-feira, agosto 28, 2025

O Autoritarismo e a Erosão Moral

 

O Autoritarismo e a Erosão Moral: Uma Análise da Relação entre Desespero e Abandono de Princípios

Resumo

Este ensaio examina a relação dialética entre o autoritarismo, o desespero social e a erosão de princípios morais nas sociedades contemporâneas. Através de uma análise teórica fundamentada nos estudos sobre autoritarismo, psicologia política e filosofia moral, argumenta-se que o desespero coletivo constitui um catalisador fundamental para a ascensão de regimes autoritários e o consequente abandono de valores democráticos. O texto explora como líderes autoritários exploram situações de crise e vulnerabilidade social para consolidar seu poder, promovendo uma reflexão sobre os mecanismos de resistência moral em contextos de adversidade extrema.

Palavras-chave: Autoritarismo; Desespero social; Erosão moral; Psicologia política; Democracia.

Abstract

This essay examines the dialectical relationship between authoritarianism, social despair, and the degradation of moral principles in contemporary societies. Through a theoretical analysis grounded in studies on authoritarianism, political psychology, and moral philosophy, it argues that collective despair constitutes a fundamental factor in the rise of authoritarian regimes and the consequent abandonment of democratic values. The text explores how authoritarian leaders exploit situations of crisis and social vulnerability to consolidate their power, promoting reflection on the mechanisms of moral resistance in contexts of extreme adversity.

Keywords: Authoritarianism; Social despair; Moral erosion; Political psychology; Democracy.

Introdução

A relação entre crises sociais e o surgimento de regimes autoritários constitui uma das questões mais prementes da ciência política contemporânea¹. O presente ensaio propõe uma análise da dinâmica pela qual o desespero coletivo atua como facilitador do autoritarismo, criando condições propícias para o abandono de princípios morais e democráticos. Esta investigação se fundamenta na compreensão de que momentos de profunda instabilidade social representam janelas de oportunidade para lideranças autoritárias, que se aproveitam da fragilidade psicológica das massas para consolidar seu domínio².

O Desespero como Catalisador do Autoritarismo

A Psicologia do Desespero Coletivo

Hannah Arendt, em sua análise magistral sobre as origens do totalitarismo, observou que "o terror total, a essência do governo totalitário, existe nem para nem contra os homens"³. Esta observação captura a essência de como o desespero opera no contexto autoritário: ele se manifesta como uma força destruidora que não distingue entre culpados e inocentes, entre colaboradores e resistentes. O desespero, nesse sentido, funciona como um "incêndio noturno" que consome as estruturas morais previamente estabelecidas.

A literatura sobre psicologia política demonstra que situações de crise econômica, social ou política tendem a amplificar a propensão das populações a aceitar soluções autoritárias⁴. Theodor Adorno e seus colaboradores, em "A Personalidade Autoritária", identificaram que indivíduos em estados de ansiedade e incerteza desenvolvem maior tolerância a discursos que prometem ordem e segurança, mesmo que isso implique a renúncia a direitos fundamentais⁵.

A Instrumentalização do Medo

Os regimes autoritários demonstram particular habilidade na manipulação do desespero coletivo como instrumento de controle político. Zygmunt Bauman, ao analisar a modernidade líquida, argumenta que a insegurança constante torna as sociedades mais suscetíveis a "salvadores" que prometem certezas em meio ao caos⁶. Esta dinâmica explica como "ditadores sabem disso: basta cultivar o desespero para colher obediência".

A estratégia autoritária consiste, fundamentalmente, na criação e manutenção de um estado permanente de crise que justifique medidas excepcionais. Carl Schmitt, em sua controvertida teoria da exceção, já havia identificado que "soberano é aquele que decide sobre o estado de exceção"⁷. Esta decisão sobre a exceção permite ao líder autoritário suspender normas jurídicas e morais em nome da necessidade, transformando o desespero em legitimidade política.

A Erosão dos Princípios Morais

A Fragilidade da Moralidade em Tempos de Crise

Stanley Milgram, em seus famosos experimentos sobre obediência à autoridade, demonstrou como indivíduos ordinários podem abandonar princípios morais fundamentais quando submetidos à pressão de figuras autoritárias⁸. Seus achados revelam que "a mão que se recusava à violência pode apertar o gatilho" quando as circunstâncias criam um ambiente de legitimação da transgressão moral.

Philip Zimbardo, através do Experimento da Prisão de Stanford, corroborou essas descobertas ao mostrar como situações de poder desigual podem rapidamente corroer barreiras morais⁹. Seus estudos sugerem que princípios éticos, longe de serem absolutos, são profundamente contextuais e vulneráveis a pressões situacionais extremas.

O Paradoxo da Moral Autoritária

Uma característica peculiar do autoritarismo é sua capacidade de apresentar-se como guardião da moralidade enquanto simultaneamente promove sua destruição. Eric Hoffer, em "O Verdadeiro Crente", observa que movimentos autoritários frequentemente atraem indivíduos que "se orgulham de sua retidão" e acreditam estar servindo a uma causa superior¹⁰. Esta contradição revela como o autoritarismo opera através da ressignificação moral, transformando a transgressão em virtude e a obediência em heroísmo.

A Dinâmica Coletiva do Abandono Moral

O Contágio Social do Desespero

Gabriel Tarde, pioneiro nos estudos sobre psicologia das multidões, identificou mecanismos de "contágio social" pelos quais emoções e comportamentos se propagam rapidamente através de grupos¹¹. No contexto autoritário, o desespero funciona como um vírus emocional que se espalha "por correia de transmissão", infectando progressivamente camadas mais amplas da sociedade.

Gustav Le Bon, em "Psicologia das Multidões", argumentou que indivíduos em grupos tendem a agir de maneira mais primitiva e emocional, abandonando seu julgamento crítico individual¹². Esta tendência é amplificada em contextos de crise, onde a pressão por conformidade se intensifica e a capacidade de resistência moral se debilita.

A Economia Política do Desespero

A análise marxista oferece insights valiosos sobre como condições materiais de privação contribuem para a vulnerabilidade ao autoritarismo. Antonio Gramsci, em seus "Cadernos do Cárcere", desenvolveu o conceito de hegemonia cultural para explicar como classes dominantes mantêm seu poder não apenas através da coerção, mas também através do consentimento das massas¹³. Os insights gramscianos serviram de suporte para as incursões de doutrinação e cooptação de movimentos organizados da esquerda no mundo, principalmente em países de baixos índices culturais e precárias estruturas educacionais carentes de métodos de ensino com diversidade de orientação, estas controladas por lideranças de ideais anticapitalistas. Em momentos de crise econômica, este consentimento pode ser facilmente manipulado por forças autoritárias que prometem soluções imediatas.

Mecanismos de Resistência e Preservação Moral

A Importância dos Espaços de Esperança

Jürgen Habermas, em sua teoria da ação comunicativa, enfatiza a importância de "espaços públicos" onde o diálogo racional pode florescer¹⁴. Estes espaços constituem antídotos naturais ao autoritarismo, pois permitem a contestação de narrativas dominantes e a preservação do pensamento crítico. A criação de "espaços de esperança" torna-se, assim, uma estratégia fundamental de resistência.

A Ética da Responsabilidade

Max Weber, em sua distinção entre "ética da convicção" e "ética da responsabilidade", oferece um framework para compreender como princípios morais podem ser preservados mesmo em circunstâncias adversas¹⁵. A "coragem de, mesmo diante do desespero, ainda tentar salvar uma fagulha dos nossos princípios" representa precisamente esta ética da responsabilidade: o compromisso de manter valores fundamentais independentemente das consequências pessoais.

Considerações Finais

A análise da relação entre autoritarismo, desespero e erosão moral revela que a preservação da democracia depende não apenas de instituições formais, mas também da manutenção de recursos psicológicos e morais que permitam às sociedades resistir à sedução autoritária. Como observou Karl Popper em "A Sociedade Aberta e Seus Inimigos", a vigilância eterna é o preço da liberdade¹⁶.

O grande desafio contemporâneo consiste em desenvolver estratégias que fortaleçam a resiliência moral das sociedades sem cair no moralismo superficial que ignora as condições materiais e psicológicas que tornam as populações vulneráveis ao autoritarismo. Isto requer não apenas a denúncia dos riscos autoritários, mas também o investimento ativo na criação de condições que permitam aos indivíduos e comunidades manter sua dignidade e autonomia mesmo em face das tempestades históricas.

A metáfora final da "vela acesa em meio à tempestade" captura perfeitamente esta tensão: não se trata de negar a realidade da tempestade, mas de reconhecer que preservar a luz, por mais frágil que seja, constitui um ato de resistência fundamental contra as forças que buscam mergulhar o mundo na escuridão totalitária.


Referências

¹ LEVITSKY, Steven; ZIBLATT, Daniel. Como as democracias morrem. São Paulo: Zahar, 2018.

² ARENDT, Hannah. Origens do totalitarismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2012, p. 489.

³ Ibid., p. 518.

⁴ STENNER, Karen. The Authoritarian Dynamic. Cambridge: Cambridge University Press, 2005.

⁵ ADORNO, Theodor W. et al. The Authoritarian Personality. New York: Harper & Brothers, 1950.

⁶ BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.

⁷ SCHMITT, Carl. Teologia política. Belo Horizonte: Del Rey, 2006, p. 7.

⁸ MILGRAM, Stanley. Obediência à autoridade: uma visão experimental. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1983.

⁹ ZIMBARDO, Philip. O efeito Lúcifer. Rio de Janeiro: Record, 2012.

¹⁰ HOFFER, Eric. O verdadeiro crente. São Paulo: É Realizações, 2010.

¹¹ TARDE, Gabriel. A opinião e as multidões. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

¹² LE BON, Gustave. Psicologia das multidões. São Paulo: Martins Fontes, 2008.

¹³ GRAMSCI, Antonio. Cadernos do cárcere. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000-2002. 6v.

¹⁴ HABERMAS, Jürgen. Mudança estrutural da esfera pública. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2003.

¹⁵ WEBER, Max. Ciência e política: duas vocações. São Paulo: Cultrix, 2011.

¹⁶ POPPER, Karl. A sociedade aberta e seus inimigos. Belo Horizonte: Itatiaia, 1998.

 

O autoritário e o desespero não deixa espaço para princípios

O autoritário e o desespero não deixa espaço para princípios

O desespero chega como um incêndio noturno, consumindo não apenas as certezas, mas também as bases secretas da alma. O autoritário acredita nos seus ideais como solução de tudo, e evita a reflexão sobre seus erros, inclusive a negação de incompreensão da sua visão de mundo. Os princípios, que em dias claros foram colunas de mármore, tornam-se frágeis como madeira seca diante das chamas. O desespero do autoritário é voraz: não consulta a consciência, não escuta a razão, não respeita a linha tênue entre o certo e o errado. Ele apenas exige saída, ainda que seja por um corredor estreito e escuro. Para ele e seus propósitos de carregar os demais em sua jornada impossível.

Quem nunca se orgulhou de sua retidão? Da sua “visão de mundo”? Supostamente a mais justa e benéfica à todos. Quem nunca disse a si mesmo: “jamais cruzarei tal fronteira”? Mas quando o desespero da derrota do autoritário se instala, e por correia de transmissão impregna seus seguidores, o “jamais” evapora. A mão que se recusava à violência pode apertar o gatilho; os lábios que pregavam a verdade podem dobrar-se ao silêncio da mentira; o coração que defendia a liberdade pode entregar-se ao jugo em troca de um prato de comida, uma esmola, à ilusão da salvação prometida. O desespero é o grande corrosivo da moral, dissolvendo convicções como sal na água.

O objetivo autoritário em desespero não pede licença: rouba o horizonte. Onde havia um caminho longo de escolhas, resta apenas o agora, seco e estreito, a miserável condição da obediência, como uma trilha que conduz a uma única saída. E nessa urgência, princípios não têm assento — são bagagens pesadas demais para carregar.

No palco coletivo, o desespero causado pelo autoritarismo é ainda mais cruel. Povos inteiros, tomados pela fome, opressão, ignorância dos fatos ou pelo medo, entregam-se a salvadores de ocasião. Ditadores sabem disso: basta cultivar a mentira de suas ambições, o desespero colateral, para colher obediência. A liberdade, tão duramente conquistada, pode ser vendida por um punhado de certezas imediatas, e narrativas criadas como método de controle.

E no íntimo, o desespero nos desnuda. Tira-nos a máscara de moralistas e mostra o quão frágeis somos. Princípios são flores que precisam de solo fértil; não brotam em desertos. É fácil cultivá-los no jardim da abundância, difícil é mantê-los vivos quando a terra resseca e o vento cruel açoita.

Por isso, esta sentença é advertência e confissão: se desejamos que princípios sobrevivam, devemos aprender a não deixar que o totalitário e o desespero cresça e se expanda. Devemos criar espaços de esperança, fontes de dignidade, sementes de futuro e reflexão sobre a verdade. Pois onde o desespero impera, não há ética, não há lei, não há compasso. Há apenas a luta nua, o grito, a urgência da sobrevivência desatada dos fatos e do verídico na história.

Talvez o que nos distinga não seja a ausência do desespero — ele virá, cedo ou tarde — mas a coragem de, mesmo diante de seu estado sombrio, ainda tentar salvar uma fagulha dos nossos princípios, como quem protege uma vela acesa em meio à tempestade provocada pelo horror do totalitarismo no mundo.

sexta-feira, agosto 22, 2025

Os camelôs se reinventam, uns mais que outros

Os camelôs se reinventam, uns mais que outros 

Há alguns tipos de camelôs que exercem com maestria suas atividades de comércio. Se adaptam como camaleões às circunstâncias de mercado, seja na rua, na calçada, em local inusitado, pressentem a temperatura e pressão, como ensinam na escola de economia, eles sabem do Ceteris Paribus. O camelô  é um vendedor esperto, que muda de acordo com a hora, oferece na ordem do dia bugigangas variadas, mercadorias trazidas conforme o clima, objetos diretos da moda, os que cativam de imediato clientes os mais diferentes. 

Há também outros tipos de camelôs, os que vivem da função de juiz, e também os camelôs da filosofia. 

No Brasil ficamos acostumados a escutar, através da mídia televisiva, da imprensa, nas redes sociais, os dois últimos tipos de camelôs: o que milita no ofício de juiz e o filósofo que gosta da luz de auditórios. Os que vendem o que conhecem e se atraem por convites, os que adotam a veste de doutos, e os chegados ao preto da toga. Eles parecem sérios na batuta, tocam conforme a música aceita pelos mortais e ouvintes inquietos, um deita na fama e forma opinião, ainda que sem originalidade, o outro, que deveria proteger a lei, passam de criativos a iluminados, querem legislar, desrespeitam a própria função de guardar a Lei. E se afinam ao bem bom, desdenhar dos outros se dirigindo com palavras acintosas, chavões apropriados, típico dos que usam as facções.

Outros são camelôs se achando pensadores, filósofos que vendem boas ideias antigas em bacias de teorias e retóricas lidas, agradam platéias que ramam por bons ambientes, espaços de teatro, convenções e eventos políticos, se tornaram camelôs ofertantes de versátil prática de oralidade, em linguiças cheia de categorias para se mastigar.

Deixo por fim os camelôs da cultura e jornalismo, para exemplificar depois, porque esses são mais insinuantes, lustrosos, coloridos numa língua ubíqua, possuem até fonte oficial, e assim afamados, tem a cama pronta pelo ofício, chegando a tempo são acolhidos, podem assim e são elevados à letrada Academia.

sexta-feira, agosto 08, 2025

O negacionismo da imprensa

O negacionismo da imprensa

Por Guilherme Fiuza, GDP, 06/08/2025

A nova obsessão da imprensa é desacreditar manifestações populares. A importância da imprensa na história da civilização sempre foi associada ao fortalecimento das sociedades. Ou seja: disseminação de informação para o público, em oposição à concentração de conhecimento e poder. Uma imprensa que se dedica a desacreditar manifestações de rua, portanto, desistiu de ser imprensa.

E essa imprensa que desistiu de ser imprensa virou o que? Porta-voz do poder? Fica a dúvida.

Os últimos anos no Brasil concentraram algumas das maiores manifestações populares da história do país. Algum historiador que não seja empregado por institutos de pesquisa coreográficos pode fazer esse levantamento.

Constatará que as vultosas manifestações da última década, e em especial dos últimos cinco anos, tiveram três dados predominantes: foram pacíficas, tiveram as cores da bandeira nacional e pediam liberdade. Já os principais veículos de comunicação da mídia tradicional oscilaram entre dois pólos: dizer que tinha pouca gente ou associar o ato a propensões fascistas.

No último fim de semana não foi diferente. Manifestações populares expressivas tomaram diversas capitais e múltiplas cidades país adentro. Mais uma vez estavam lá as cores da bandeira, o comportamento pacífico e o pedido por liberdade. No caso, liberdade para a multidão de perseguidos por um regime que essa população que saiu às ruas considera autoritário. E como reagiu a imprensa tradicional?

Abriu a gaveta e sacou seu negacionismo providencial. A disposição de diminuir a realidade é tal, que os ativistas da alquimia jornalística chegam a se dedicar a um método bizarro: comparam entre si manifestações contra o regime atual, para dizer que uma foi menor do que a outra. Contando ninguém acredita.

E as manifestações populares a favor da corrente que conquistou o poder no Brasil? Onde estão? Onde estiveram? Foram maiores ou menores do que elas mesmas? A falta de povo a favor do grupo que a imprensa resolveu defender não comove os negacionistas das redações.

Eles não estão nem aí para esse negócio de gente nas ruas. Mas quando eventualmente um grupelho fingindo defender alguma minoria sai por aí tacando fogo e quebrando tudo, eles chamam de manifestação popular. Que papel triste.

“Não deve ser fácil olhar para multidões nas ruas e ficar pensando sofregamente como fazer para diminuir a importância daquilo”

Mesmo que não trabalhe na USP ou no DataFolha, algum jeito você vai ter que dar para minimizar o evento.

Sempre se tem o velho expediente de publicar uma foto do início da concentração e destacar os espaços vazios. Já cansaram de fazer isso sem o menor constrangimento. Também podem se dedicar à contagem de quarteirões ocupados - e se tiverem sido dez, ou mais que isso, sempre se pode dizer que ficou aquém de alguma outra manifestação por liberdade no mesmo local. Para o jornalismo da negação, nenhum pedido por liberdade será suficiente.

Será que a história vai expor devidamente os autores desse vexame? Será que o tempo é mesmo senhor da razão? A persistência da escalada mistificadora às vezes nos deixa em dúvida sobre isso. Seja como for, nos dias de hoje, se você está com a consciência em paz, pode se considerar um bilionário.

A Arquitetura da Censura: Mike Benz Expõe o Papel de Barroso na Interferência Eleitoral

A Arquitetura da Censura: Mike Benz Expõe o Papel de Barroso na Interferência Eleitoral

Por Karla Pegoraro Friedrichsen, 07/08/2025

Em depoimento recente à Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN), o especialista norte-americano em censura digital, Mike Benz, revelou o que pode ser uma das denúncias mais graves contra a soberania brasileira desde a redemocratização. Segundo Benz, houve uma operação coordenada entre o governo dos Estados Unidos, por meio da administração Biden, e autoridades brasileiras para interferir diretamente no processo eleitoral de 2022.

No centro da acusação está o ministro do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso. Segundo o depoente, Barroso teria mantido comunicação direta com a USAID – a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional – para alinhar estratégias que envolviam não apenas a manipulação do discurso público, mas também ações de censura disfarçadas de “combate à desinformação”.

A denúncia ganha ainda mais peso quando Benz cita uma reportagem do Financial Times que revela a existência de uma “campanha silenciosa” do governo americano, envolvendo a CIA, o Pentágono e o Departamento de Estado. Um nível de envolvimento incomum até mesmo para os padrões já conhecidos de ingerência externa. Para Benz, tratou-se de um “engajamento diplomático anormal” com claros indícios de intromissão política.

A imagem construída até aqui de uma eleição transparente e legítima começa a ruir. O que se desenha, à luz dos fatos apresentados, não é o cenário de uma democracia vibrante, mas o de uma operação de guerra informacional onde a vontade popular foi condicionada, quando não suprimida, por uma aliança tóxica entre poderes nacionais e interesses estrangeiros.

Luís Roberto Barroso, que se projetou como o grande defensor da democracia, emerge agora como figura central de um esquema que subverteu os pilares da própria democracia que dizia proteger. Sua atuação vai muito além dos limites institucionais: Barroso teria ocupado um papel de coordenador silencioso de uma campanha de censura sistemática, valendo-se da mídia, de ONGs estrangeiras e da máquina estatal para moldar o debate público à sua conveniência.

O retrato que Mike Benz traça é o de um Brasil entregue. A soberania nacional, negociada em salas fechadas, foi rifada sob o pretexto da estabilidade institucional. O uso de organismos estrangeiros para controlar narrativas internas não é apenas uma afronta à Constituição — é um atentado à dignidade do povo brasileiro.

Essa denúncia não é uma teoria conspiratória. É um alerta fundamentado que exige investigação, responsabilização e, acima de tudo, memória. O que ocorreu em 2022 não pode ser normalizado como “proteção democrática”. Foi, sim, uma intervenção — sofisticada, silenciosa e eficaz — contra o livre exercício da cidadania.

E, como todo preço pago à mentira, a fatura chega. Barroso talvez entre para a história não como o guardião da democracia, mas como seu algoz em toga.

O que a Polônia entendeu — e o Brasil finge não saber

O que a Polônia entendeu — e o Brasil finge não saber

Por Alex Pipkin, PhD

Nos meus quase 60 anos, que completo em dezembro, nunca imaginei escrever um texto como este. Nunca imaginei ver, em todos esses anos, a esquerda brasileira pregar, abertamente, censura, perseguição política, controle de redes sociais e o uso sistemático do Judiciário como trincheira ideológica. Nunca imaginei ver a esquerda pedir de volta a mordaça, e ainda chamar isso de progresso.

Escrevo porque é preciso estudar, conhecer a história, ler de verdade. Não dá mais para opinar a partir de narrativas embaladas em vitimismo e servidas como virtude. O que está em jogo não é uma eleição, tampouco um partido. É a sanidade institucional do país, que se esvai diante dos nossos olhos.

Enquanto isso, a retórica segue intacta. Justiça social, redistribuição, luta de classes, ou seja, os mesmos slogans de sempre. Mas o que foi feito com tudo isso? O PT, partido que retornou à cena do crime, já esteve no poder por mais de 15 anos. Teve tempo, apoio popular, recursos históricos. E o que fez? Loteou o Estado, aparelhou instituições, consolidou castas estatais e manteve a pobreza sob controle político. Claramente, jamais como prioridade real.

A verdade é incômoda: a ideia nunca foi emancipar. Sempre foi manter os cidadãos em posição de servidão “consciente”, como beneficiários submissos de um Estado protetor, mas controlador. O discurso da inclusão serviu apenas como biombo para o autoritarismo.

A Polônia trilhou outro caminho. Após décadas de socialismo soviético, mergulhada em escassez, vigilância e repressão, viu surgir uma revolução real, o movimento Solidarność, liderado por Lech Wałęsa, um operário católico, anticomunista, genuíno. Eles não queriam controle. Ansiavam por liberdade. E quando ela chegou, o país rejeitou o socialismo não por ideologia, mas por vivência concreta. Naquele país a lição foi clara. Quando o Estado se torna gestor absoluto da economia, da moral e da vida cotidiana, a liberdade desaparece. O que se vende como justiça social se revela, cedo ou tarde, uma forma de dominação.

No Brasil, o socialismo nunca foi vivido, apenas encenado. Por isso muitos ainda fantasiam com a ideia de um Estado salvador, guiado por um “pai dos pobres” que nunca viveu a pobreza, mas aprendeu a explorá-la politicamente. Não há qualquer inocência nesse projeto. Ele não é bem-intencionado, como alguns preferem crer. É sofisticado, cínico e funcional, e dependente da miséria para justificar o poder, e do poder para perpetuar a miséria.

Friedrich Hayek já alertava, com precisão: mesmo quando nasce das melhores intenções, o planejamento centralizado exige o controle de tudo. E onde tudo é controlado, não resta liberdade possível. No nosso caso, nem é preciso discutir as intenções. Pragmaticamente, os resultados falam por si.

A Polônia escolheu a liberdade, mesmo com seus riscos e imperfeições. O Brasil parece disposto a aprender tudo da pior maneira, procrastinando e apostando que o autoritarismo, desta vez, virá com feição humana.

Este texto não é desabafo, é sim advertência.
De quem já viu muito, leu bastante e nunca imaginou viver em um país onde a esquerda voltaria ao poder pregando, como solução, a perseguição institucionalizada.

É também uma afirmação de convicção pessoal. É sempre preferível buscar, mesmo que imperfeita, a liberdade, a se render a um projeto de poder que, mesmo que fosse bem-intencionado (e não é), impõe ao indivíduo a servidão como destino — funesto.

quarta-feira, agosto 06, 2025

O rosto oculto do arbítrio

O rosto oculto do arbítrio 

Cristina Yukiko Kusahara (Morelli): a assessora por trás da engrenagem repressiva de Alexandre de Moraes

Por Rosa Cunha (jornalista e economista)

"Enquanto o Brasil testemunhava cenas dramáticas de centenas de pessoas presas após os protestos de 8 de janeiro de 2023, nos bastidores do Supremo Tribunal Federal (STF) operava uma força silenciosa, sem rosto conhecido, mas com grande poder. No centro desse núcleo de controle, Cristina Yukiko Kusahara, chefe de gabinete do ministro Alexandre de Moraes, exerceu um papel decisivo — e altamente controverso.

Funcionária do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), cedida ao STF desde 2020, Yukiko coordenou informalmente o que críticos já denominam como uma “justiça paralela”, voltada a manter brasileiros presos sem provas concretas, com base em critérios ideológicos e digitais.

🔴 Censura e condenações sem julgamento

A maior denúncia envolvendo Cristina Yukiko está relacionada à coordenação de um grupo de WhatsApp batizado de “Audiências de Custódia”, no qual decisões sobre a manutenção da prisão de mais de mil manifestantes eram tomadas sem o devido processo legal, com base em postagens em redes sociais, curtidas, uso de camisetas verde e amarelo, ou presença em grupos de WhatsApp com palavras como “patriota”.

Ela mesma impôs uma dinâmica que ignorava garantias fundamentais:

“Temos 1.200 pessoas custodiadas, e a maioria vai ser liberada. Não podemos nos dar ao luxo de ficar filosofando.”

Esse tipo de fala ilustra o desprezo por princípios como presunção de inocência, ampla defesa e individualização da pena. Yukiko não apenas desconsiderou o papel da Procuradoria-Geral da República — que, em muitos casos, recomendava a soltura de presos — como impôs um sistema inquisitorial com base em perfis digitais e alinhamento político.

🔴 Triagens políticas e prisões arbitrárias

Sob sua coordenação, técnicos do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) foram convocados a analisar perfis dos detidos, como se fossem peritos judiciais — embora sem nomeação oficial, sem contraditório e sem qualquer registro nos autos.

As prisões foram mantidas com base em relatórios de “comportamento digital”, e não por ações concretas no dia 8 de janeiro. Pessoas que jamais estiveram em Brasília, ou sequer haviam publicado conteúdo criminoso, foram enquadradas como “positivas” e mantidas encarceradas por semanas ou meses.

Em uma das mensagens, Yukiko pressiona diretamente os servidores do TSE:

“Eu preciso dessa análise, feita com cautela, mas não no ritmo de vocês aí do TSE… O pessoal aí está mal acostumado.”

A urgência imposta por Cristina era menos sobre justiça e mais sobre “mostrar serviço” e sustentar uma narrativa de repressão implacável, mesmo que à custa de direitos humanos e da legalidade.

Desprezo institucional pelo devido processo

Mesmo após o fim das audiências de custódia, o grupo coordenado por Cristina continuou sendo consultado para vetar pedidos de liberdade provisória. O ministro Alexandre de Moraes só autorizava solturas após o parecer extraoficial desse núcleo, o que representa uma usurpação de competências do Ministério Público e do próprio sistema de garantias judiciais.

Essa estrutura de poder — baseada em grupos de WhatsApp, comandos informais e rastreamento ideológico — é classificada por juristas como um "aparelho paralelo de perseguição judicial", que fere a Constituição e os tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário.

Apesar das graves denúncias, Cristina Yukiko foi condecorada com a Medalha do Pacificador pelo Exército Brasileiro, em agosto de 2023 — um prêmio geralmente reservado a personalidades que prestaram serviços relevantes à nação. A homenagem causou espanto entre juristas e militares da reserva, uma vez que sua atuação, longe de pacificadora, foi símbolo de uma escalada autoritária promovida de dentro do Judiciário.

O rosto oculto do arbítrio

Cristina Yukiko nunca apareceu diante das câmeras. Não presta contas ao público. Mas esteve no centro de uma das maiores perseguições políticas já registradas na história recente do país. Em vez de garantir os direitos dos detidos, como se espera de uma servidora pública, ela assumiu a linha de frente de um sistema de punição coletiva, vingança institucional e desrespeito às liberdades civis.

A história do 8 de janeiro será lembrada não apenas pelos atos nas ruas de Brasília, mas pelos atos a portas fechadas, nos bastidores do Supremo Tribunal Federal e TSE - onde decisões que destruíram vidas, famílias e reputações foram tomadas com base em curtidas, memes e opiniões políticas, sob o comando de uma assessora que jamais foi eleita, mas que operou com poder de Estado.



terça-feira, agosto 05, 2025

Os degraus do totalitarismo no Brasil

 Os degraus do totalitarismo no Brasil 

"De degrau em degrau o STF está colocando o Brasil na mesma prisão do Bolsonaro"

Vivemos um momento histórico sombrio e contundente, um instante no qual nos faz, e podemos fazer o exercício do pensamento que quer ser livre, entender como e porquê os políticos criminosos nazistas e fascistas chegaram ao poder. Toda a elite, seja intelectual, cultural e uma claque financeira, que se julgam a trupe da "inteligência" civilizadora da nação, todos esses, os que colaboram com o regime totalitário em ascensão, uma ditadura que ignora as leis, tripudia da liberdade e dos direitos humanos, perseguindo seus opositores, forjando provas para prender seus críticos e condená-los por crime de opinião, assassinando reputações e vidas pela guilhotina financeira; esses da militância de redação, os apoiadores da corrupção endêmica, defensores da censura e negação dos fatos, os da plateia de isentos, os admiradores dos absurdos de ilegalidades... são todos cúmplices daqueles que dobram a aposta e insistem em exercer o poder através do abuso de poder, através da incitação ao ódio e uso da vingança sem limites, esses que investem e incentivam a celebração do terror, das atrocidades operadas por uma organização criminosa contra cidadãos impotentes e inocentes.



quarta-feira, julho 30, 2025

A cegueira imanente da esquerda

 A cegueira imanente da esquerda 

O que parece uma incompreensão da realidade, da situação caótica que está a um palmo diante do nariz, absurdos acontecendo sob decisões autocráticas de um grupo radical do judiciário e da esquerda juntos no controle do poder, essa gente que abertamente, sem escrúpulos, passou a defender terrorismo, bandidos condenados, acusar os adversários de fascista quando eles apoiam atitudes desse matiz, sendo eles mesmos atores de perfil claramente nazista, assumem ações antissemitas e suportam ditaduras, com hipocrisia abjeta, em qualquer parte do mundo. A falsa defesa de princípios como liberdade de expressão, democracia, fica patente, uma configuração da expressão de toda formação ideológica recebida, com permissão própria, durante muitos anos. Uma parcela de jovens saem dessa "universidade", instituições originadas em organizações políticas de fundamentos e alicerces filosóficos experimentados, sempre com o intuito da tomada do poder ainda que "sem eleições". As revoluções lideradas por conhecidos genocidas históricos testaram o pragmatismo dessas ideias em populações de milhões de mortos nos quatro cantos do planeta.

Uma análise da prática histórica dessas organizações e partidos de esquerda, cooptando, treinando, orientando, "educando" por meio de metodologias voltadas à uma visão crítica do mundo, com particular atenção ao capitalismo, traz ao olhar de quem investiga, se ocupa do contexto presente, a questão da práxis dessas pessoas ser apenas uma escolha sem noção de um imberbe, incauto, uma experiência temporária decorrente de ignorância da história, falta de leitura, ausência de amplo painel cultural, dissonância cognitiva, ou um compromisso que definido em razão de circunstâncias da vida, patologias do ressentimento ao status do outro, idiossincrasias da vida, ou uma determinação em obedecer a renomadas autoridades (intelectuais, lideranças políticas), por fraca autoestima ou preguiça mental dessas que sempre aceita ser guiado sem reflexão as ordens e decisões de iluminados?

Cheguei a conclusão que deve ser um tipo de cegueira, que não foi e não é repentina no nosso contexto, não uma falta de visão física, porém tal como a que Saramago expõe em seu livro e que foi muito bem desenhada no cinema ela se mostra e pode ser comprovada atualmente.

O filme Ensaio Sobre a Cegueira (2008), baseado no romance homônimo de José Saramago, é uma poderosa alegoria sobre a condição humana, a fragilidade das estruturas sociais e, principalmente, sobre a forma como vemos — ou deixamos de ver — o mundo à nossa volta.

A cegueira que atinge repentinamente toda uma população não é apenas a perda da visão física, mas a metáfora da cegueira moral, social e espiritual. O “branco leitosa” que substitui o mundo visível é uma imagem perturbadora do colapso da empatia, da ética e da civilização. As pessoas não deixam de enxergar apenas com os olhos — elas perdem a capacidade de ver o outro, de reconhecer a dignidade humana, de construir relações baseadas em solidariedade.

Esse “não ver” representa nossa cegueira cotidiana diante da injustiça, da desigualdade, da exclusão. É uma crítica contundente à forma como muitas vezes escolhemos ignorar o sofrimento alheio, a corrupção dos sistemas, ou o próprio esvaziamento do sentido de humanidade.

A única personagem que não é afetada pela cegueira — a mulher do médico — simboliza aquele que enxerga em meio ao caos, mas que, em vez de exercer o poder com arrogância, carrega o fardo da lucidez. Ela vê, mas sofre por isso, pois assistir à degradação moral dos outros a obriga a confrontar sua impotência diante da barbárie. Isso nos leva a perguntar: quem realmente vê? Quem enxerga o mundo com clareza e responsabilidade?


O filme, portanto, expõe que a verdadeira cegueira talvez não seja a ausência de luz nos olhos, mas a ausência de lucidez no coração e na consciência. Quando a visão do mundo se torna egoísta, insensível ou automatizada, a humanidade se perde. Só quando somos forçados a confrontar a escuridão — ou o branco ofuscante de um mundo sem sentido — é que talvez possamos reaprender a ver de verdade.

Em tempos de crise, desigualdade e desinformação, A Cegueira é um chamado a abrir os olhos — não só os físicos, mas os olhos da ética, da compaixão e da reflexão. Afinal, como disse Saramago: “Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.”

terça-feira, julho 29, 2025

"As mudanças estão chegando…”

 “As mudanças estão chegando…”

Ontem assisti o filme “Um completo desconhecido”, que conta retalhos da vida e arte do artista Bob Dylan, e que me trouxe na tela pinceladas da criatividade diferenciada do artista, poeta e músico compositor de significativa importância para uma geração de jovens e amantes das mudanças, esses que conheceram e viveram as grandes transformações do prodigioso século XX.

Foi essa frase, “as mudanças estão chegando…”, simples e apocalíptica, que me atravessou como um raio em pleno Morumbi, São Paulo, 1989. Eu não era mais um jovem contestador, tampouco um daqueles que carregam cartazes na Avenida. Já estava trabalhando, imerso nas análises e relatórios para o Dieese, na implantação do sistema Arpan, que gerenciava o cadastro e financeiro de entidades sindicais. Uma estatística do mundo real. 

Mas naquela noite — ah, naquela noite — fui colhido por outra fonte de estatística: a de que um homem com um violão pode mudar a rotação da alma de milhares de pessoas ao mesmo tempo.

Quem me levou foi uma colega de trabalho, Verônica, daquelas que falam de programação e política com paixão, e de música com reverência. “Vamos ver o Dylan?”, ela disse, como quem convida para ver um eclipse. Eu fui. Talvez por curiosidade, talvez por saudade de algo que eu ainda nem sabia que me faltava. Retomei a possibilidade de mudanças, a partir da minha própria mudança.

Bob Dylan estava lá. Não como uma lenda distante, mas como uma presença rascante, meio curvada, envolta em sombras e luzes amareladas. A voz? Áspera como o cascalho das estradas que ele tanto cantou. Mas cada palavra era um golpe certeiro. Cada acorde, um lembrete de que estávamos todos — mesmo os mais céticos — imersos num tempo que se desfazia e se refazia diante de nossos olhos. Me emocionou.

“As mudanças estão chegando…” — ele cantou, e o estádio inteiro pareceu suspirar junto. Porque em 1989, o mundo estava mesmo à beira de um novo fôlego. Berlim ainda dividida, a Guerra Fria resfriando-se aos poucos, o Brasil saindo de décadas de sombra. E lá estava Dylan, o homem que nunca quis ser porta-voz de nada, encarnando tudo o que não sabíamos dizer.

Naquela noite, vi mais que um show. Vi um poeta em carne, osso e acordes. Vi a palavra ganhar corpo e saltar do palco como profecia suave. Vi a música deixar de ser apenas um entretenimento e se tornar espelho, farol e sismo. 

Parado diante da figura iluminada no palco, no criador de mensagens, escritor e músico, vi o artista diferente daquele dos anos 60-70, parecia cansado, sua voz estava dizendo mais algo sobre ele que o mundo presente, afinal havia passado por processos recentes bastante marcantes, com forte significado para a sua vida. De referência para uma juventude rebelde, inspirando e disparando mudanças, tinha passado alguns anos em um período de estado reflexivo, religioso, se afastando até certo ponto da relação de artista amado por milhões de fãs e cobrado por suas criações, preferiu recolher-se ao seu próprio mundo de crenças. Talvez o peso das mudanças, muitas que ocorreram no mundo, e as contribuições da sua arte tenham exigido demais de sua energia vital e tônus intelectual poético irretocável. Quase quebrou.

Mesmo depois que as luzes se apagaram, quando voltamos ao cotidiano de reuniões e relatórios, alguma coisa havia mudado. Não do lado de fora — o trânsito ainda era o mesmo, a inflação também. Mas por dentro, sim. Por dentro, as palavras dele continuavam ecoando: “the times they are a-changin’...”

E naquela noite, confesso, tive a estranha sensação de que o mundo começava a mudar ali — no Morumbi, entre solos sujos de guitarra, o choro da gaita, e versos que ainda ecoam dentro de mim.

Dylan cantou, o tempo continuava o mesmo, nada mudou ali, mas me surpreendi comigo mesmo, tinha mexido nas minhas emoções e na minha mente. Escutei a sua mensagem. Foi nesse momento que fiz uma guinada disruptiva em tudo que acreditava e defendia. O gatilho de minhas mudanças disparou novas escolhas, uma jornada de novos interesses, atitudes, que se abriram, e que nos anos seguintes me fez abandonar as regras do anacrônico “compromisso de classe”, de militante de uma só causa, da proximidade com a fidelidade ideológica de uma práxis de viés autoritário. E parti para critérios de aprendizado diferentes, iniciei uma profunda análise de vida, sobre a minha antiga percepção da realidade, direcionando-me para uma abertura aos princípios filosóficos clássicos e de valores reais com alicerces democráticos. Um ganho da maturidade, resultado da experiência que elimina erros da inocência ou ignorância dos fatos? As minhas descobertas quanto às más referências históricas, leituras revolucionárias, a formação crítica da desinformação, preferência por narrativas, não eram mais importantes, decisivas, e as influências na ação passaram a ser determinadas por pensamentos próprios, não copiados de preconceitos nem absorvidos de escolas de ideologias da violência e divisão da sociedade por uma educação motivada pela vingança, conflito permanente, ressentimentos, pelo ódio ao outro: assim são marxistas, leninistas, maoistas, trotskista ou a política velada existente na militância cultural do gramscismo; selos impressos como doutrinas nas mentes de jovens universitários do Brasil nas últimas longas cinco décadas. 

Os critérios das mudanças são uma construção de escolhas, que estão relacionadas com a busca da sabedoria e percepção verdadeira da unidade do real, e precisa estar firmada sobre pilares éticos, transparência de caráter e empatia humana, em valores inerentes aos marcos civilizatórios. As mudanças podem ser desejadas, conquistas que são motivadas, chegam, pode demorar, às vezes para uma, dezenas de pessoas, milhares mergulhados no oceano digital de informações, mas chegam e quando chega… muda, mudamos, e o mundo muda junto.



sexta-feira, julho 25, 2025

A medida da inteligência humana

 A medida da inteligência humana 

A inteligência se revela nas atitudes, comportamentos, e na forma como alguém interpreta a realidade e se expressa sobre ela. Não é apenas um acúmulo de fatos, mas sim a capacidade de interagir com o mundo de forma humana e significativa. Não basta saber; é preciso saber como aplicar o que se sabe em situações reais.

Quando observamos as ações de uma pessoa, como ela resolve problemas, como lida com desafios, como interage com os outros e como comunica suas ideias, estamos vendo a inteligência em ação, considerando contextos e com empatia. A forma como alguém interpreta os eventos, como se posiciona diante das circunstâncias e o tipo de soluções que propõe são indicadores muito mais ricos de sua capacidade intelectual do que a simples memorização de informações que obtiveram durante anos de vida.

Ao reparar as reações e comportamento de pessoas que antes agiam e apresentavam suas indignações na forma de arte, manifestando-se publicamente, mesmo que com dificuldades de viver em um regime totalitário, hoje essas mesmas pessoas estão usando sua inteligência com propósitos de defesa de mais um regime autoritário, apoiando o que antes condenavam quando protestavam por liberdade criando arte, música e literatura mesmo correndo o risco da censura e perseguição, no entanto essas mesmas pessoas parece que perderam ou esqueceram daqueles princípios balizadores da dignidade, dos direitos humanos, que respeita e de quem quer viver numa democracia. Falta de compreensão, esquecimento do passado, negação de suas experiências, inteligências sem referência, a percepção crítica das coisas do mundo se desmancharam no caminho de suas conquistas? De fato, as ideias mudam, porém essas pessoas seja por acomodação, indigência moral, mau caráter, se transformaram no pior exemplo de cidadãos de honestidade intelectual, abraçando a hipocrisia e se afastando do mundo real. Suas análises, discurso se parece com os dos defensores de regimes ditatoriais, vazios da razão e verdade dos fatos. Que desastre essa gente se tornou e comete!



quinta-feira, julho 24, 2025

Um projeto fora da competência e contra a democracia

 Um projeto fora da competência e contra a democracia 

Os arranjos necessários ao projeto de poder da esquerda no Brasil vão além da capacidade da sua competência em governar, de abarcar as exigências dessa missão, seja por transparência na gestão de recursos, inteligência compatível, substrato intelectual, seja devido às dimensões sócio geográficas, como fatores importantes nessa estratégia de dominação. Os esforços para controlar os efeitos colaterais de suas narrativas e ações predatórias ao erário se voltam contra eles, é por demais complexo o acúmulo das variáveis dessa transição, de um sistema democrático para outro, sabidamente desfavorável, o sistema de governo autoritário da China. A reação da população e de seus representantes carregará consigo desafio inabarcável à esse novo modelo marcado pelo totalitarismo. O que seria uma evolução, se converteria em um passo bastante largo a ser dado por um grupo radical, sem moral, sem respaldo interno, numa orquestração de montagem absurda para seus atores. E não adiantaria o volume de investimento ou recursos técnicos empregados para tanto, pois há a corrupção normalizada, e o desvio de caráter inerentes que se mostra e se repete na resiliência da impunidade dessa organização criminosa. Nada restaria de pé e viraríamos um país sem dignidade. Uma Venezuela sem fronteiras.

Apesar da uniformidade de ideias e interesses entre as políticas de governo Brasil-China, a transição para um sistema mais direto real-yuan não seria isenta de desafios:

 * Abertura da Conta de Capital da China - A China ainda mantém controles significativos sobre sua conta de capital, o que pode dificultar a plena conversibilidade e liquidez do yuan para transações em grande escala.

 * Infraestrutura Financeira - A necessidade de desenvolver e aprimorar a infraestrutura de compensação e liquidação para transações em yuan no Brasil.

 * Aceitação e Familiaridade - Empresas e instituições financeiras de ambos os países precisariam se adaptar e ganhar familiaridade com as operações diretas em yuan.

 * Persistência da Dominância do Dólar - Mesmo com os avanços do yuan, o dólar provavelmente manteria sua posição dominante no comércio e nas finanças globais por um tempo considerável, especialmente no mercado de commodities, onde muitas cotações e contratos ainda são indexados ao USD.

Em suma, a mudança para um sistema de trocas diretas entre real e yuan representaria menos uma evolução natural que uma realidade impositiva, dada na relação bilateral entre Brasil e China, ainda que impulsionada por interesses mútuos de redução de custos, mitigação de riscos e maior autonomia monetária. Embora o dólar continuasse a ser moeda dominante no mercado global de commodities e no sistema financeiro internacional. A crescente internacionalização do yuan busca oferecer uma alternativa viável e cada vez mais relevante, com o objetivo de redefinir parte do fluxo comercial e financeiro entre as duas economias, uma emergente e outra imperialista.

________

O Papel da China nas Relações com o Brasil e a Ascensão do Yuan

A China vê o Brasil como um parceiro estratégico fundamental. Não é apenas o maior comprador de produtos brasileiros (especialmente commodities agrícolas e minerais), mas também um destino crucial para seus investimentos e um componente vital na sua estratégia de segurança alimentar e energética. Essa relação bilateral robusta é a força motriz por trás da crescente pressão chinesa para a desdolarização das trocas comerciais e financeiras.

Os Interesses da China na Desdolarização com o Brasil

Do ponto de vista chinês, a promoção do yuan nas transações com o Brasil parece oferecer uma série de vantagens estratégicas e econômicas:

 * Acelerar a Internacionalização do Yuan - Este é um objetivo de longa data para Pequim. Ao incentivar o uso do yuan em grandes fluxos comerciais, como o que existe com o Brasil, a China avança na sua meta de ter uma moeda mais presente nas reservas internacionais e no comércio global, desafiando a hegemonia do dólar. Isso concede à China maior influência no sistema financeiro global.

 * Reduzir a Exposição a Riscos Geopolíticos - A dependência do dólar americano expõe a China a potenciais sanções ou flutuações de política monetária dos EUA, que podem impactar diretamente suas cadeias de suprimentos e seus fluxos comerciais. Ao transacionar diretamente em yuan, a China mitiga esses riscos, especialmente em um cenário de crescentes tensões geopolíticas.

 * Eficiência e Redução de Custos - Assim como para o Brasil, a eliminação da conversão dupla (real-dólar-yuan) reduz custos de transação e simplifica o processo de pagamento para as empresas chinesas. Isso torna o comércio com o Brasil mais atraente e competitivo.

 * Fortalecer Laços Econômicos e Políticos - O uso direto do yuan aprofunda os laços financeiros entre os dois países, criando uma interdependência que vai além do mero comércio de bens. Isso fortalece a parceria estratégica e oferece à China uma alavanca para maior cooperação em outras áreas.

 * Diversificação de Reservas - Embora a China possua vastas reservas em dólar, a promoção do yuan no comércio com seus parceiros estratégicos permite uma diversificação gradual de suas próprias reservas, diminuindo a concentração de ativos denominados em dólar.

Mecanismos e Incentivos da China

Para alcançar esses objetivos, a China tem utilizado diversos mecanismos:

 * Acordos de Swap Cambial - O acordo de swap cambial entre o Banco Central do Brasil e o Banco Popular da China é um exemplo claro. Ele permite que os dois bancos centrais troquem suas moedas, facilitando a liquidez em yuan para as transações comerciais brasileiras e em real para as chinesas, sem a necessidade de passar pelo dólar.

 * Centros de Compensação e Liquidação - A China tem incentivado a criação de centros de compensação (clearing houses) para o yuan em grandes centros financeiros globais e em países parceiros. Embora ainda não haja um centro principal no Brasil, a tendência é que isso se desenvolva para facilitar ainda mais as transação.

 * Plataformas de Negociação Direta - A própria China tem promovido plataformas que permitem a negociação direta de yuan com moedas de parceiros comerciais, incluindo o real.

 * Incentivos a Empresas - Empresas chinesas são encorajadas e, por vezes, incentivadas a realizar transações em yuan com seus parceiros comerciais, incluindo as que operam no Brasil.

Perspectivas Futuras

A China continuará a ser um impulsionador da desdolarização em suas relações comerciais, e o Brasil, como um de seus maiores parceiros, estará na linha de frente dessa estratégia. É provável que vejamos:

 * Aumento Gradual do Volume de Transações em Yuan - Mais empresas brasileiras e chinesas utilizarão o yuan em suas operações, impulsionadas pela simplificação e pelos benefícios financeiros.

 * Maior Oferta de Serviços Financeiros em Yuan - Bancos e outras instituições financeiras no Brasil e na China desenvolverão mais produtos e serviços denominados em yuan para atender à demanda crescente.

 * Desafios para o Status Quo do Dólar - Embora o dólar não vá perder sua dominância do dia para a noite, a crescente aceitação e uso do yuan em comércios bilaterais significativos, como o Brasil-China, são pequenos passos que, somados, podem ter um impacto de longo prazo na dinâmica monetária global.

Em resumo, a China vê no uso do yuan nas transações com o Brasil uma oportunidade estratégica para avançar seus próprios interesses econômicos e geopolíticos, ao mesmo tempo em que oferece benefícios tangíveis de eficiência e segurança para o comércio bilateral.

_________

A Iniciativa Cinturão e Rota (Belt and Road Initiative - BRI) da China, embora ainda não formalmente assinada pelo Brasil como um todo (alguns estados e empresas já têm projetos com ela), tem o potencial de gerar impactos econômicos e socioambientais significativos, especialmente em empresas estatais brasileiras como a Vale e nos modais de logística.

Impactos Econômicos para Empresas Estatais Brasileiras (Ex: Vale)

Para empresas estatais brasileiras, a participação em projetos do BRI pode trazer tanto oportunidades quanto desafios:

 * Acesso a Capital e Investimentos - A China é uma fonte de capital gigantesca. O BRI pode oferecer às estatais brasileiras, que muitas vezes enfrentam restrições orçamentárias ou dificuldades em obter financiamento de fontes ocidentais, acesso a empréstimos e investimentos chineses para grandes projetos de infraestrutura. Isso é particularmente relevante para a Vale, que constantemente busca otimizar sua logística de exportação de minério de ferro.

 * Aumento da Demanda por Commodities - A construção de infraestrutura dentro do BRI globalmente, e especificamente no Brasil, impulsiona a demanda por commodities como minério de ferro, aço e outros materiais de construção. Isso beneficia diretamente empresas como a Vale, Petrobras (derivados de petróleo para asfalto, combustíveis) e outras estatais envolvidas em insumos básicos.

 * Expansão de Mercados - A infraestrutura desenvolvida pelo BRI visa facilitar o comércio. Para a Vale, isso pode significar maior agilidade e menor custo para escoar sua produção para a China e outros mercados asiáticos, que já são seus principais clientes.

 * Parcerias Estratégicas - Projetos do BRI podem levar a parcerias com empresas estatais chinesas de engenharia e construção. Isso pode trazer know-how tecnológico, acesso a equipamentos modernos e a possibilidade de transferir conhecimentos, embora também possa gerar dependência tecnológica.

 * Aumento da Concorrência e Padrões - A presença de empresas chinesas pode intensificar a concorrência em licitações e projetos no Brasil. Além disso, as empresas brasileiras podem precisar se adaptar aos padrões técnicos e de gestão chineses, o que pode ser um desafio e uma oportunidade para modernização.

 * Impacto na Dívida e Soberania - Há preocupações sobre o endividamento que pode ser gerado pela captação de empréstimos chineses. É crucial que o Brasil, por meio de suas estatais, negocie termos de financiamento transparentes e sustentáveis para evitar armadilhas de dívida e garantir a soberania sobre os projetos.

Impactos nos Modais de Logística no Brasil

A China tem um interesse estratégico em otimizar as rotas de escoamento de commodities do Brasil, o que naturalmente se traduz em investimentos em logística:

 * Ferrovias - O Brasil possui uma matriz de transporte desequilibrada, com grande dependência do modal rodoviário. Projetos do BRI poderiam impulsionar investimentos em ferrovias, essenciais para o transporte de commodities a granel, como minério de ferro e grãos. Rotas transcontinentais ou ligando centros de produção aos portos seriam prioridade. Isso traria maior eficiência, menor custo e redução da pegada de carbono por tonelada transportada.

 * Portos - A expansão e modernização de portos brasileiros é um foco claro. Aumento da capacidade de carga e descarga, melhoria da infraestrutura de acesso (dragagem, berços de atracação) e a criação de terminais especializados facilitariam as exportações para a China e a importação de produtos chineses. A empresa estatal chinesa COSCO, por exemplo, já está envolvida em projetos portuários.

 * Hidrovias - Embora menos desenvolvidas, as hidrovias na Amazônia e outras bacias hidrográficas poderiam ser alvos de investimentos chineses para criar novas rotas de escoamento, especialmente para produtos agrícolas. Projetos como a "rota amazônica" (ligando o Brasil ao Pacífico via rios e ferrovias) são exemplos de propostas que interessam à China.

 * Redução de Custos Logísticos - A melhoria da infraestrutura logística tem o potencial de reduzir os custos de frete no Brasil, que são notoriamente altos. Isso aumentaria a competitividade das exportações brasileiras no mercado internacional.

 * Integração Regional - Muitos projetos de logística do BRI têm uma dimensão regional, buscando conectar o Brasil a outros países sul-americanos para criar corredores de transporte mais eficientes.

Impactos Socioambientais

Os impactos socioambientais dos projetos do BRI são uma das maiores preocupações e devem ser rigorosamente avaliados:

 * Desmatamento e Biodiversidade: Grandes projetos de infraestrutura, como ferrovias, estradas e portos, especialmente em regiões sensíveis como a Amazônia e o Cerrado, podem levar ao desmatamento, fragmentação de habitats e perda de biodiversidade. Isso é particularmente crítico para a Vale, cujas operações muitas vezes se cruzam com áreas de sensibilidade ambiental.

 * Deslocamento de Comunidades Tradicionais e Indígenas - A construção de grandes obras pode levar ao deslocamento de comunidades tradicionais, povos indígenas e assentamentos rurais, gerando impactos sociais, culturais e econômicos significativos. É essencial a consulta prévia, livre e informada, e a implementação de planos de compensação adequados.

 * Poluição e Degradação Ambiental - O aumento do tráfego de cargas e a operação de novas infraestruturas podem levar ao aumento da poluição do ar, da água e do solo, além de gerar resíduos e ruído. A exploração mineral intensificada (para abastecer os projetos) também pode agravar problemas de degradação.

 * Padrões Ambientais e Sociais - A aplicação de padrões ambientais e sociais rigorosos é fundamental. Há um debate sobre a conformidade dos projetos chineses com as regulamentações locais e internacionais. É crucial que o Brasil exija o cumprimento integral de suas próprias leis ambientais e trabalhistas, que são robustas.

 * Geração de Empregos e Condições de Trabalho - Embora os projetos gerem empregos, há a necessidade de garantir condições de trabalho dignas, respeito aos direitos trabalhistas e segurança ocupacional. É preciso monitorar a potencial importação de mão de obra chinesa para evitar impactos negativos no emprego local.

 * Transparência e Governança - A transparência na negociação e execução dos projetos do BRI é vital para mitigar riscos de corrupção e garantir que os benefícios sejam distribuídos de forma equitativa, e que os impactos negativos sejam gerenciados de forma eficaz.

Para que o Brasil maximize os benefícios e minimize os riscos do BRI, é crucial uma abordagem estratégica e proativa. Isso inclui:

 * Negociação forte de termos e condições, garantindo que os projetos se alinhem com os interesses nacionais de desenvolvimento sustentável.

 * Fiscalização rigorosa dos padrões ambientais e sociais.

 * Transparência e governança em todo o processo de planejamento e execução dos projetos.

O cenário é complexo, mas a China, como maior parceiro comercial do Brasil, continuará sendo um ator central nos planos de desenvolvimento de infraestrutura, com os impactos mencionados se manifestando de diversas formas.

_________

Desafios Regulatórios e Estratégias do Brasil na Relação com o BRI

Aprofundar nos desafios regulatórios e nas estratégias que o Brasil poderia adotar em relação aos projetos do BRI é crucial para garantir que esses investimentos se traduzam em desenvolvimento sustentável e benefícios mútuos.

Desafios Regulatórios para o Brasil

O Brasil possui uma legislação ambiental e social robusta, mas a implementação de grandes projetos de infraestrutura, especialmente com financiamento estrangeiro, sempre apresenta desafios:

 * Complexidade e Demora nos Licenciamentos - O processo de licenciamento ambiental no Brasil é conhecido por ser complexo e, muitas vezes, demorado. Isso pode gerar atritos com investidores chineses, que talvez estejam acostumados com processos mais ágeis em seus países. É um desafio equilibrar a agilidade com a necessidade de rigor técnico e participação social.

 * Variação de Padrões Ambientais e Sociais - Embora o Brasil tenha padrões elevados, pode haver diferenças em relação aos padrões (ou às prioridades) de governança ambiental, social e corporativa (ESG) adotados por empresas chinesas ou financiadores estatais. Garantir que os projetos cumpram integralmente a legislação brasileira e as melhores práticas internacionais é fundamental.

 * Transparência e Governança - A opacidade em algumas negociações de projetos do BRI em outros países tem gerado preocupações. Para o Brasil, é vital assegurar a máxima transparência em contratos, condições de financiamento e processos de licitação para evitar suspeitas de corrupção ou favorecimento.

 * Questões Fundiárias e Indígenas - O Brasil tem um arcabouço legal complexo e rigoroso em relação a direitos fundiários, desapropriações e consulta a comunidades indígenas e tradicionais. Projetos de infraestrutura de grande porte frequentemente impactam essas comunidades, exigindo um cuidado redobrado e conformidade total com a Convenção 169 da OIT e a legislação brasileira.

 * Fiscalização e Monitoramento - O volume de projetos e investimentos que o BRI pode trazer demandaria uma capacidade de fiscalização e monitoramento ambiental e social ainda maior por parte dos órgãos brasileiros, que muitas vezes já estão sobrecarregados.

Estratégias que o Brasil Poderia Adotar

Para navegar nesses desafios e otimizar os benefícios do BRI, o Brasil poderia adotar as seguintes estratégias:

 * Definir Prioridades Nacionais Claras - Antes de engajar em grandes projetos, o Brasil precisa ter uma visão estratégica bem definida de suas necessidades de infraestrutura e desenvolvimento. Quais corredores logísticos são prioritários? Quais regiões precisam de investimento? Essa clareza permite ao Brasil propor projetos que se alinhem com seus próprios objetivos de longo prazo, em vez de apenas reagir às propostas chinesas.

 * Fortalecer a Capacidade Institucional - Investir no fortalecimento de órgãos reguladores e fiscalizadores (como Ibama, ICMBio, Funai) é crucial. Isso inclui capacitação técnica, aumento de pessoal e recursos, para que possam analisar projetos, emitir licenças e monitorar a conformidade de forma eficaz e independente.

 * Exigir Alto Nível de Conformidade Ambiental e Social - O Brasil deve ser inflexível na aplicação de suas leis ambientais e sociais. Isso significa que todos os projetos, independentemente da origem do financiamento, devem passar por rigorosos estudos de impacto ambiental (EIA/RIMA), planos de mitigação e compensação, e processos de consulta pública significativos. Não se deve flexibilizar a legislação para atrair investimentos.

 * Promover a Transparência e Boa Governança - O governo brasileiro deve estabelecer mecanismos robustos de transparência para todos os projetos do BRI, incluindo a divulgação pública de contratos, termos de financiamento, avaliações de impacto e relatórios de monitoramento. Isso aumenta a confiança, reduz riscos de corrupção e permite o escrutínio da sociedade civil.

 * Buscar Diversificação de Fontes de Financiamento - Embora a China seja um parceiro importante, o Brasil não deve depender exclusivamente do financiamento do BRI. Manter diversas fontes de investimento (bancos multilaterais, outros países, setor privado) garante maior poder de barganha e flexibilidade.

 * Negociar Termos de Financiamento Favoráveis - É essencial que o Brasil negocie taxas de juros, prazos de carência e condições de pagamento sustentáveis para evitar o endividamento excessivo. A análise de custo-benefício dos projetos deve incluir o impacto da dívida.

 * Incentivar a Participação de Empresas Brasileiras - O governo deve criar mecanismos para incentivar a participação de empresas brasileiras na cadeia de valor dos projetos do BRI, desde a fase de planejamento até a execução e operação. Isso garante a geração de empregos locais, transferência de tecnologia e o desenvolvimento da indústria nacional.

 * Diálogo e Cooperação em Normas - Engajar-se em diálogo contínuo com a China para alinhar padrões e melhores práticas em áreas como sustentabilidade, responsabilidade social corporativa e governança. Isso pode incluir a troca de experiências e a adoção de compromissos conjuntos em fóruns internacionais.

Adotar uma postura estratégica, vigilante e proativa é a chave para que o Brasil maximize as oportunidades de investimento em infraestrutura que o BRI pode oferecer, transformando-as em desenvolvimento socioeconômico de longo prazo, sem comprometer seus valores ambientais e sociais.

__________

Prognósticos: O Futuro da Relação Brasil-China e o BRI

A relação entre Brasil e China, impulsionada pela Iniciativa Cinturão e Rota (BRI) e pela busca chinesa por maior internacionalização do yuan, é um dos eixos mais dinâmicos da geopolítica e geoeconomia atual. Com base na análise anterior, podemos traçar alguns prognósticos para o futuro dessa interação:

1. Crescimento Sustentado dos Investimentos Chineses em Infraestrutura Brasileira

É altamente provável que o Brasil veja um aumento contínuo dos investimentos chineses em infraestrutura e logística. A China precisa garantir o suprimento de suas commodities e otimizar suas cadeias de valor globais. O Brasil, por sua vez, tem uma enorme carência em infraestrutura. Essa complementaridade de necessidades pavimentará o caminho para mais projetos BRI, focados em:

 * Ferrovias e Portos de Exportação - Espera-se que a prioridade continue sendo a modernização e construção de ferrovias que conectem o interior produtor (agronegócio, mineração) aos portos de exportação no Atlântico. Projetos de expansão e modernização de portos, como os já vistos em São Luís (Terminal Portuário da Ponta da Madeira, operado pela Vale) e Paranaguá, devem se intensificar para receber navios de maior calado e aumentar a eficiência.

 * Logística Multimodal - A China pode buscar investir em "corredores logísticos" que integrem ferrovias, hidrovias e portos, visando a eficiência máxima no escoamento de commodities e na recepção de produtos industrializados chineses.

2. Aumento Gradual do Uso do Yuan em Transações Bilaterais

Apesar da dominância do dólar, o uso do yuan em transações comerciais e financeiras diretas entre Brasil e China deve crescer gradualmente. O acordo de swap cambial já é um facilitador. A tendência é que mais bancos, exportadores e importadores brasileiros e chineses se familiarizem com as operações em yuan, impulsionados pela economia de custos e pela maior previsibilidade cambial em relação ao dólar.

 * Empresas Estatais como Pioneiras - Empresas estatais e grandes players como a Vale, por terem grande volume de transações com a China, podem ser pioneiras na adoção de pagamentos em yuan, ditando uma tendência para o mercado privado.

 * Desenvolvimento do Mercado Doméstico de Yuan - O Brasil pode ver o desenvolvimento de serviços financeiros mais robustos para o yuan em seu mercado local, incluindo operações de câmbio, empréstimos e produtos de hedge na moeda chinesa.

3. Fortalecimento da Posição Negocial do Brasil (Se Estratégico)

Se o Brasil adotar uma postura estratégica e proativa, como discutido anteriormente, pode fortalecer sua posição negocial diante dos investimentos chineses. Isso implica:

 * Maior Exigência de Padrões - O Brasil pode se tornar mais assertivo na exigência de adesão aos seus padrões ambientais, sociais e de governança (ESG) em todos os projetos, tornando a sustentabilidade um requisito não negociável para os investidores chineses.

 * Benefício Mútuo e Transferência de Tecnologia - A negociação de termos que garantam a transferência de tecnologia e o desenvolvimento de cadeias de valor locais (com maior participação de empresas e mão de obra brasileiras) pode ser um foco, movendo a relação de um mero exportador de commodities para um parceiro com maior valor agregado.

4. Aumento da Visibilidade e do Debate Socioambiental

À medida que os projetos do BRI avançam, é provável que haja um aumento da visibilidade e do debate público e da sociedade civil sobre seus impactos socioambientais.

 * Pressão por Transparência - Organizações não-governamentais (ONGs), comunidades locais e acadêmicos continuarão a exercer pressão por maior transparência nos contratos e por avaliações de impacto ambiental e social mais rigorosas.

 * Desenvolvimento de Mecanismos de Diálogo - Será crucial que o governo brasileiro crie e mantenha canais abertos de diálogo com todas as partes interessadas para abordar preocupações e garantir que os projetos reflitam os interesses de longo prazo da sociedade brasileira.

5. Tensões e Oportunidades no Cenário Geopolítico

A crescente influência chinesa no Brasil, por meio do BRI e do uso do yuan, continuará a ser observada de perto por outras potências, especialmente os Estados Unidos.

 * Equilíbrio Diplomático - O Brasil precisará manter um equilíbrio diplomático delicado, aproveitando as oportunidades de investimento e comércio com a China, sem comprometer suas relações com parceiros tradicionais ou se alinhar excessivamente a um único bloco.

 * Competição por Influência - É possível que o aumento da presença chinesa estimule outras nações e blocos econômicos a também intensificarem seus investimentos e engajamento com o Brasil, buscando manter sua relevância na região.

Em resumo, os prognósticos apontam para uma relação Brasil-China cada vez mais complexa e estratégica, com o BRI e o yuan desempenhando papéis centrais. O sucesso do Brasil em navegar essa dinâmica dependerá de sua capacidade de articular seus próprios interesses de desenvolvimento sustentável, fortalecer suas instituições regulatórias e promover uma governança transparente.

Esses prognósticos levam a outras reflexões sobre o futuro da governança ambiental e social no Brasil ou sobre o papel do setor privado e as relações com o Estado.

quarta-feira, julho 23, 2025

A inventividade da teoria científica e seus pulos

 A inventividade da teoria científica e seus pulos

Ao fazer o estudo dos arcabouços teórico metodológico das ciências da economia, me deparei com o termo “a natureza não dá pulos”, atribuído a Leibniz e amplamente associado à visão de continuidade nos processos naturais, o qual oferece um ponto de partida rico para discutir a visível inventividade das ciências, o que me forçou a desenvolver pesquisas com o objetivo de conhecer melhor as ferramentas criadas para organizar, acompanhar, analisar as diferentes informações e variáveis inerentes aos fenômenos e objetos de estudo.

A ciência econômica é a responsável em interpretar as funções das atividades produtivas e as relações econômicas nas sociedades. Combinar o termo “a natureza não dá pulos” com a frase — "não se deve tomar as fórmulas, as funções, os projetos como se fosse a própria realidade”, sugere uma reflexão filosófica e epistemológica sobre a relação entre representações abstratas (como fórmulas, funções e projetos) e a realidade concreta. Dá a noção e entendimento de como tratar a inventividade das ciências a respeito da Natureza, que nada tem a ver com uma harmonia que coaduna a constatação de uma existência racional criadora de tudo, e é então descoberto e operado pela ciência. Na Economia, esse entendimento parece ser levantado, assim como levado à sério, a partir da criação da teoria social, da historicidade da interferência humana, prática que não é atemporal, mas que age como se a ação humana de transformação (organizar e desorganizar) fosse a forma e a receita da formação, diretamente a própria realidade, não a construção ideal do mundo, de uma utopia, não as interpretações dela com prazo de validade. A ciência, em sua busca por compreender fenômenos e relações, cria suas ferramentas e modelos inventivos que, embora poderosos, são mecanismos, representações, ações com substâncias interpretativas, não a realidade em si.

As ferramentas e os modelos são úteis nas "interpretações" da realidade, das coisas e relações, embora devam ser relativizadas, ou seja, dependem do contexto, das intenções e dos pressupostos de quem as cria. Isso sugere uma visão dialética, onde o conhecimento é uma construção humana, não uma verdade absoluta de uma criação divina.

Temos um convite à humildade intelectual, reconhecendo que nossas ferramentas de compreensão (sejam científicas, matemáticas ou projetivas) são úteis, mas parciais. Elas podem, e devem, alertar contra o dogmatismo ou a confiança excessiva em modelos inventivos, incentivando uma postura crítica e reflexiva.



terça-feira, julho 22, 2025

A mudança do sistema e a parceria do governo chinês

 A mudança do sistema e a parceria do governo chinês 

Não é fácil entender o caos aonde estão nos levando. Ao cidadão comum que sofre o ataque de desinformação da grande mídia, imprensa militante da ditadura, que oferece em suas news de manchetes seletivas e análises vis criadas em suas caves do ódio e vingança, resta pouco do que desviar.

Lendo uma matéria que trazia de frente uma imagem do Ministro Alexandre de Moraes e sua esposa, constatei que o semblante dos dois era o mais tranquilo, sem o estresse que poderia mostrar, por conta da perda do visto americano e restrições futuras de mais impacto. O que me interessou e levou a uma curiosidade por saber mais, foi a informação de que a esposa do ministro tem um cargo no Banco Master. E isso despertou uma imensa necessidade de conhecer uma pá de coisas relacionadas a essa questão: desde quando ela trabalha no Banco, qual a importância do Banco Master na configuração do sistema bancário e financeiro do Brasil, e que importância o banco tem nas relações com a China?

O que pairou sobre a minha relativa ignorância quanto ao papel que hoje tem o poder dos Supremos somado ao do Executivo, que oferece de tudo ao governo chinês, quis alimentar minha curiosidade a respeito de possíveis arranjos que visem ao fortalecimento de relações de poder com o governo chinês voltados a uma integração financeira com o objetivo de abdicar do dólar como moeda padrão, e a demente e visível arrogância dos agentes de toga da ditadura local. Não quero aventar nem fazer ilações quanto a presença da esposa do ministro Moraes nas hostes do Banco Master, enquanto tratativas são deflagradas numa estratégia de saída do Brasil do sistema financeiro onde o dólar é referência mundial, mas onde há fumaça há fogo!

O que consegui com a ajuda da IA sobre o Banco Master: "O Banco Master possui uma relação com o sistema financeiro chinês, conforme indicado por fontes recentes. Em 25 de junho de 2025, foi anunciado que o Banco Master aderiu ao CIPS (Cross-Border Interbank Payment System), o sistema de pagamentos internacionais da China, que facilita transações em iuanes (renminbi) como alternativa ao sistema financeiro global dominado pelo dólar e pelo SWIFT. Essa adesão foi destacada durante a China International Financial Exhibition 2025, em Xangai, e visa reduzir custos de conversão, aumentar a autonomia nas transações comerciais e proteger fluxos financeiros contra sanções ou restrições internacionais. A iniciativa reflete a crescente parceria comercial entre Brasil e China, cujo comércio bilateral superou US$ 188 bilhões em 2024, com transações diretas em iuanes ganhando relevância.

Além disso, postagens recentes no X sugerem uma associação do Banco Master com a UnionPay, a maior operadora de cartões do mundo em volume de transações, para lançar cartões de crédito e débito no Brasil. Essa parceria ocorre em um contexto de tensões geopolíticas e busca expandir a influência do sistema financeiro chinês no mercado brasileiro, potencialmente substituindo bandeiras como Visa e Mastercard em algumas operações. No entanto, essas informações provenientes do X não são evidências factuais conclusivas e devem ser tratadas com cautela, pois podem refletir apenas especulações ou opiniões.

Por outro lado, evidências concretas de que o Banco Master tenha uma ligação direta com bancos estatais chineses, como o Bank of China ou o ICBC, ou com o governo chinês não são consideradas. A relação parece estar mais centrada na adoção de infraestrutura financeira chinesa (como o CIPS e a UnionPay) para facilitar transações comerciais e financeiras, especialmente no contexto do fortalecimento das relações econômicas entre Brasil e China. É importante notar que o Banco Master enfrenta escrutínio no Brasil devido a questões regulatórias e sua estratégia de captação agressiva via CDBs, o que não está diretamente relacionado ao sistema financeiro chinês, mas pode influenciar sua busca por parcerias internacionais. Portanto, a conexão do Banco Master com o sistema financeiro chinês existe, principalmente por meio da integração ao CIPS e da parceria com a UnionPay, limitada ao uso de ferramentas e sistemas financeiros chineses para fins comerciais, sem indícios claros de controle ou propriedade por parte de instituições chinesas.

O Banco Master ocupa uma posição de nicho no ecossistema financeiro brasileiro, sendo um banco de médio porte com foco em operações de crédito, investimento e, mais recentemente, serviços de pagamento. Sua trajetória é marcada por uma evolução de um conglomerado financeiro (antiga Banco Máxima) para uma instituição que busca se destacar em um mercado dominado por grandes bancos como Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Santander."

na tela ou dvd

  • 12 Horas até o Amanhecer
  • 1408
  • 1922
  • 21 Gramas
  • 30 Minutos ou Menos
  • 8 Minutos
  • A Árvore da Vida
  • A Bússola de Ouro
  • A Chave Mestra
  • A Cura
  • A Endemoniada
  • A Espada e o Dragão
  • A Fita Branca
  • A Força de Um Sorriso
  • A Grande Ilusão
  • A Idade da Reflexão
  • A Ilha do Medo
  • A Intérprete
  • A Invenção de Hugo Cabret
  • A Janela Secreta
  • A Lista
  • A Lista de Schindler
  • A Livraria
  • A Loucura do Rei George
  • A Partida
  • A Pele
  • A Pele do Desejo
  • A Poeira do Tempo
  • A Praia
  • A Prostituta e a Baleia
  • A Prova
  • A Rainha
  • A Razão de Meu Afeto
  • A Ressaca
  • A Revelação
  • A Sombra e a Escuridão
  • A Suprema Felicidade
  • A Tempestade
  • A Trilha
  • A Troca
  • A Última Ceia
  • A Vantagem de Ser Invisível
  • A Vida de Gale
  • A Vida dos Outros
  • A Vida em uma Noite
  • A Vida Que Segue
  • Adaptation
  • Africa dos Meus Sonhos
  • Ágora
  • Alice Não Mora Mais Aqui
  • Amarcord
  • Amargo Pesadelo
  • Amigas com Dinheiro
  • Amor e outras drogas
  • Amores Possíveis
  • Ano Bissexto
  • Antes do Anoitecer
  • Antes que o Diabo Saiba que Voce está Morto
  • Apenas uma vez
  • Apocalipto
  • Arkansas
  • As Horas
  • As Idades de Lulu
  • As Invasões Bárbaras
  • Às Segundas ao Sol
  • Assassinato em Gosford Park
  • Ausência de Malícia
  • Australia
  • Avatar
  • Babel
  • Bastardos Inglórios
  • Battlestar Galactica
  • Bird Box
  • Biutiful
  • Bom Dia Vietnan
  • Boneco de Neve
  • Brasil Despedaçado
  • Budapeste
  • Butch Cassidy and the Sundance Kid
  • Caçada Final
  • Caçador de Recompensa
  • Cão de Briga
  • Carne Trêmula
  • Casablanca
  • Chamas da vingança
  • Chocolate
  • Circle
  • Cirkus Columbia
  • Close
  • Closer
  • Código 46
  • Coincidências do Amor
  • Coisas Belas e Sujas
  • Colateral
  • Com os Olhos Bem Fechados
  • Comer, Rezar, Amar
  • Como Enlouquecer Seu Chefe
  • Condessa de Sangue
  • Conduta de Risco
  • Contragolpe
  • Cópias De Volta À Vida
  • Coração Selvagem
  • Corre Lola Corre
  • Crash - no Limite
  • Crime de Amor
  • Dança com Lobos
  • Déjà Vu
  • Desert Flower
  • Destacamento Blood
  • Deus e o Diabo na Terra do Sol
  • Dia de Treinamento
  • Diamante 13
  • Diamante de Sangue
  • Diário de Motocicleta
  • Diário de uma Paixão
  • Disputa em Família
  • Dizem por Aí...
  • Django
  • Dois Papas
  • Dois Vendedores Numa Fria
  • Dr. Jivago
  • Duplicidade
  • Durante a Tormenta
  • Eduardo Mãos de Tesoura
  • Ele não está tão a fim de você
  • Em Nome do Jogo
  • Encontrando Forrester
  • Ensaio sobre a Cegueira
  • Entre Dois Amores
  • Entre o Céu e o Inferno
  • Escritores da Liberdade
  • Esperando um Milagre
  • Estrada para a Perdição
  • Excalibur
  • Fay Grim
  • Filhos da Liberdade
  • Flores de Aço
  • Flores do Outro Mundo
  • Fogo Contra Fogo
  • Fora de Rumo
  • Fuso Horário do Amor
  • Game of Thrones
  • Garota da Vitrine
  • Gata em Teto de Zinco Quente
  • Gigolo Americano
  • Goethe
  • Gran Torino
  • Guerra ao Terror
  • Guerrilha Sem Face
  • Hair
  • Hannah And Her Sisters
  • Henry's Crime
  • Hidden Life
  • História de Um Casamento
  • Horizonte Profundo
  • Hors de Prix (Amar não tem preço)
  • I Am Mother
  • Inferno na Torre
  • Invasores
  • Irmão Sol Irmã Lua
  • Jamón, Jamón
  • Janela Indiscreta
  • Jesus Cristo Superstar
  • Jogo Limpo
  • Jogos Patrióticos
  • Juno
  • King Kong
  • La Dolce Vitta
  • La Piel que Habito
  • Ladrões de Bicicleta
  • Land of the Blind
  • Las 13 Rosas
  • Latitude Zero
  • Lavanderia
  • Le Divorce (À Francesa)
  • Leningrado
  • Letra e Música
  • Lost Zweig
  • Lucy
  • Mar Adentro
  • Marco Zero
  • Marley e Eu
  • Maudie Sua Vida e Sua Arte
  • Meia Noite em Paris
  • Memórias de uma Gueixa
  • Menina de Ouro
  • Meninos não Choram
  • Milagre em Sta Anna
  • Mistério na Vila
  • Morangos Silvestres
  • Morto ao Chegar
  • Mudo
  • Muito Mais Que Um Crime
  • Negócio de Família
  • Nina
  • Ninguém Sabe Que Estou Aqui
  • Nossas Noites
  • Nosso Tipo de Mulher
  • Nothing Like the Holidays
  • Nove Rainhas
  • O Amante Bilingue
  • O Americano
  • O Americano Tranquilo
  • O Amor Acontece
  • O Amor Não Tira Férias
  • O Amor nos Tempos do Cólera
  • O Amor Pede Passagem
  • O Artista
  • O Caçador de Pipas
  • O Céu que nos Protege
  • O Círculo
  • O Circulo Vermelho
  • O Clã das Adagas Voadoras
  • O Concerto
  • O Contador
  • O Contador de Histórias
  • O Corte
  • O Cozinheiro, o Ladrão, Sua Mulher e o Amante
  • O Curioso Caso de Benjamin Button
  • O Destino Bate a Sua Porta
  • O Dia em que A Terra Parou
  • O Diabo de Cada Dia
  • O Dilema das Redes
  • O Dossiê de Odessa
  • O Escritor Fantasma
  • O Fabuloso Destino de Amelie Poulan
  • O Feitiço da Lua
  • O Fim da Escuridão
  • O Fugitivo
  • O Gangster
  • O Gladiador
  • O Grande Golpe
  • O Guerreiro Genghis Khan
  • O Homem de Lugar Nenhum
  • O Iluminado
  • O Ilusionista
  • O Impossível
  • O Irlandês
  • O Jardineiro Fiel
  • O Leitor
  • O Livro de Eli
  • O Menino do Pijama Listrado
  • O Mestre da Vida
  • O Mínimo Para Viver
  • O Nome da Rosa
  • O Paciente Inglês
  • O Pagamento
  • O Pagamento Final
  • O Piano
  • O Poço
  • O Poder e a Lei
  • O Porteiro
  • O Preço da Coragem
  • O Protetor
  • O Que é Isso, Companheiro?
  • O Solista
  • O Som do Coração (August Rush)
  • O Tempo e Horas
  • O Troco
  • O Último Vôo
  • O Visitante
  • Old Guard
  • Olhos de Serpente
  • Onde a Terra Acaba
  • Onde os Fracos Não Têm Vez
  • Operação Fronteira
  • Operação Valquíria
  • Os Agentes do Destino
  • Os Esquecidos
  • Os Falsários
  • Os homens que não amavam as mulheres
  • Os Outros
  • Os Românticos
  • Os Tres Dias do Condor
  • Ovos de Ouro
  • P.S. Eu te Amo
  • Pão Preto
  • Parejas
  • Partoral Americana
  • Password, uma mirada en la oscuridad
  • Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas
  • Perdita Durango
  • Platoon
  • Poetas da Liberdade
  • Polar
  • Por Quem os Sinos Dobram
  • Por Um Sentido na Vida
  • Quantum of Solace
  • Queime depois de Ler
  • Quero Ficar com Polly
  • Razão e Sensibilidade
  • Rebeldia Indomável
  • Rock Star
  • Ronin
  • Salvador Puig Antich
  • Saneamento Básico
  • Sangue Negro
  • Scoop O Grande Furo
  • Sem Destino
  • Sem Medo de Morrer
  • Sem Reservas
  • Sem Saída
  • Separados pelo Casamento
  • Sete Vidas
  • Sexo, Mentiras e Vídeo Tapes
  • Silence
  • Slumdog Millionaire
  • Sobre Meninos e Lobos
  • Solas
  • Sombras de Goya
  • Spread
  • Sultões do Sul
  • Super 8
  • Tacones Lejanos
  • Taxi Driver
  • Terapia do Amor
  • Terra em Transe
  • Território Restrito
  • The Bourne Supremacy
  • The Bourne Ultimatum
  • The Post
  • Tinha que Ser Você
  • Todo Poderoso
  • Toi Moi Les Autres
  • Tomates Verdes Fritos
  • Tootsie
  • Torrente, o Braço Errado da Lei
  • Trama Internacional
  • Tudo Sobre Minha Mãe
  • Últimas Ordens
  • Um Bom Ano
  • Um Homem de Sorte
  • Um Lugar Chamado Brick Lane
  • Um Segredo Entre Nós
  • Uma Vida Iluminada
  • Valente
  • Vanila Sky
  • Veludo Azul
  • Vestida para Matar
  • Viagem do Coração
  • Vicky Cristina Barcelona
  • Vida Bandida
  • Voando para Casa
  • Volver
  • Wachtman
  • Zabriskie Point