sexta-feira, novembro 07, 2025

A Sociedade do Cansaço e seus Paradoxos: Uma Crítica ao Diagnóstico de Byung-Chul Han

A Sociedade do Cansaço e seus Paradoxos: Uma Crítica ao Diagnóstico de Byung-Chul Han

O Conceito e Sua Genealogia Intelectual

O filósofo sul-coreano Byung-Chul Han construiu seu diagnóstico da contemporaneidade a partir de uma operação conceitual específica: a transição da "sociedade disciplinar" descrita por Michel Foucault para o que denomina "sociedade do desempenho" ou "sociedade do cansaço". Nesta nova configuração, segundo Han, o poder não mais opera pela repressão externa, pela negatividade das proibições, mas pela positividade excessiva do "você pode", do "yes, we can", transformando os sujeitos em empresários de si mesmos que praticam voluntariamente a autoexploração.

A tese central é sedutora: vivemos sob uma nova forma de violência, a "violência neuronal", onde cada indivíduo se torna simultaneamente senhor e escravo, explorador e explorado. O cansaço, a depressão, o burnout e os transtornos de ansiedade seriam sintomas não de repressão, mas de excesso de positividade, de hiperprodutividade, de permanente imperativo de desempenho. O sujeito contemporâneo, liberto das amarras disciplinares externas, encontra-se aprisionado em um regime ainda mais perverso: o da autoflagelação produtiva.

Primeira Crítica: A Falsa Dicotomia Entre Disciplina e Desempenho

A operação intelectual de Han apresenta um problema metodológico fundamental: a construção de uma ruptura histórica que, sob escrutínio mais rigoroso, revela-se artificial. Ao postular que saímos de uma sociedade disciplinar para uma sociedade do desempenho, Han estabelece uma periodização que não resiste à análise empírica. As formas de controle disciplinar não desapareceram; antes, sofisticaram-se e coexistem com os mecanismos de autoexploração que ele identifica.

A própria noção de "sujeito de desempenho" que "livremente" se autoexplora esconde uma ingenuidade teórica preocupante: não há nada de novo na internalização de mecanismos de controle. A tradição conservadora, desde Edmund Burke, compreende que a verdadeira liberdade pressupõe justamente a internalização de freios morais, a disciplina autoimposta pela consciência formada na tradição. O que Han descreve como novidade é, em realidade, uma versão degradada de algo muito antigo: a formação moral do caráter, agora desprovida de seu telos transcendente e reduzida à mera produtividade econômica.

Segunda Crítica: O Mito da Positividade Totalitária

Han insiste que vivemos em uma sociedade onde a negatividade desapareceu, onde não há mais o "outro", apenas a reprodução do "mesmo". Esta é uma proposição filosoficamente questionável e empiricamente insustentável. A negatividade não desapareceu; ela foi reconfigurada, deslocada, mas permanece operante em múltiplas dimensões da vida contemporânea.

O que Han denomina "excesso de positividade" é, paradoxalmente, a manifestação de uma negatividade radical: a negação de qualquer limite, de qualquer telos que transcenda a produção e o desempenho. A ideologia do "você pode tudo" é, em seu núcleo, profundamente niilista – nega qualquer ordem natural, qualquer hierarquia de valores, qualquer sentido que não seja o da performance mensurável.

Ademais, a sociedade contemporânea está saturada de mecanismos de exclusão, de "cancelamentos", de ortodoxias ideológicas que operam justamente pela negação do outro. A aparente tolerância superficial esconde formas sofisticadas de intolerância. Han, ao focar exclusivamente no eixo econômico-produtivo, perde de vista as múltiplas formas de coerção ideológica que caracterizam nossa época.

Terceira Crítica: A Falácia da Liberdade Perdida

Há em Han uma nostalgia implícita, um lamento pela perda de algo que nunca existiu na forma idealizada que ele supõe. Quando contrasta o "sujeito de obediência" disciplinar com o "sujeito de desempenho" autoexplorador, Han estabelece uma falsa oposição. A questão crítica não é se existe coerção externa ou interna, mas para qual finalidade a formação do sujeito se direciona.

A tradição conservadora compreende que a verdadeira liberdade não é ausência de constrangimentos, mas a capacidade de direcionar-se voluntariamente para o bem, o belo e o verdadeiro. O problema da "sociedade do cansaço" não é, portanto, o excesso de autocobrança em si, mas a vacuidade dos fins para os quais essa energia se direciona. Quando a produtividade se torna um fim em si mesmo, desconectada de qualquer significado transcendente, o resultado é inevitavelmente o esgotamento existencial.

O que Han diagnostica como "violência neuronal" é, na verdade, a manifestação psicológica do niilismo contemporâneo: a ausência de sentido em um mundo onde tudo se reduziu à performance, à métrica, ao mensurável. Mas sua crítica permanece na superfície porque não questiona os pressupostos antropológicos e metafísicos que sustentam essa configuração.

Quarta Crítica: A Genealogia Foucaultiana e Seus Limites

Han constrói sua análise a partir de Foucault, mas não supera as limitações inerentes ao método genealógico foucaultiano. Ao adotar como pressuposto que o poder é sempre e exclusivamente uma relação de dominação a ser resistida, Han herda a incapacidade de distinguir entre autoridade legítima e poder arbitrário, entre hierarquia funcional e opressão.

Esta cegueira conceitual impede Han de reconhecer que o problema da "sociedade do desempenho" não é a existência de demandas e expectativas – inerentes a qualquer ordem social – mas a natureza dessas demandas e o contexto axiológico em que se inserem. Uma sociedade orientada por valores transcendentes pode exigir muito de seus membros sem produzir o "cansaço" patológico que Han descreve, porque oferece sentido, propósito e dignidade ao esforço.

Quinta Crítica: O Diagnóstico Sem Terapêutica

Talvez a limitação mais grave da análise de Han seja sua incapacidade de oferecer alternativas substantivas. Sua proposta de "recuperar uma relação com o outro", de resistir ao narcisismo radical, permanece abstrata, desprovida de conteúdo prático. Como se opera essa recuperação em uma sociedade cujas estruturas fundacionais Han supostamente desnudou?

A crítica conservadora oferece aqui um contraponto essencial: não basta diagnosticar a doença; é preciso compreender a saúde. E a saúde social, na perspectiva conservadora, pressupõe a restauração de vínculos comunitários orgânicos, o reconhecimento de hierarquias naturais de valor, a recuperação de tradições que ofereçam significado existencial para além da produtividade econômica.

Han, prisioneiro de seu ponto de partida pós-estruturalista, não pode admitir essas soluções porque elas pressupõem justamente aquilo que sua filosofia rejeita: a existência de uma ordem objetiva de valores, de uma natureza humana com necessidades específicas, de verdades que transcendem as relações de poder.

Sexta Crítica: A Dimensão Espiritual Ausente

A análise de Han é notavelmente secular, confinada ao imanente. Mas o "cansaço" que ele descreve tem uma dimensão espiritual que sua filosofia não pode capturar. A tradição cristã sempre compreendeu que o ser humano não encontra descanso verdadeiro na pura imanência, na pura atividade mundana. "Inquieto está o nosso coração enquanto não repousa em Vós", como formulou Agostinho.

O cansaço contemporâneo não é apenas neuronal, resultado de excesso de positividade; é existencial, resultado da privação de sentido transcendente. Uma sociedade que nega qualquer dimensão espiritual da existência, que reduz o ser humano a um feixe de funções produtivas, necessariamente produz o esgotamento que Han descreve. Mas a solução não passa apenas por rearranjos nas estruturas de poder ou nos modos de produção; passa pela recuperação da dimensão contemplativa, pela restauração de uma hierarquia de valores que subordine a ação à contemplação, o fazer ao ser.

Os Limites de Uma Crítica Imanentista

A "Sociedade do Cansaço" de Byung-Chul Han oferece um diagnóstico parcialmente válido de sintomas reais da contemporaneidade. O filósofo sul-coreano identifica corretamente a transformação dos modos de controle social e as patologias psicológicas daí decorrentes. No entanto, sua análise permanece prisioneira dos limites de sua matriz teórica pós-estruturalista, incapaz de oferecer alternativas substantivas porque incapaz de reconhecer dimensões fundamentais da experiência humana.

O problema da sociedade contemporânea não é o excesso de cobrança ou de autoexploração em si, mas a ausência de sentido, a vacuidade dos fins, a redução do ser humano a uma mera função produtiva. E esta redução não é um acidente histórico recente, mas o resultado lógico de séculos de erosão progressiva das estruturas metafísicas e espirituais que conferiam significado à existência humana.

Han diagnostica os sintomas, mas não identifica as causas profundas porque sua filosofia não pode admitir a existência de uma ordem objetiva de valores, de uma natureza humana específica, de necessidades espirituais irredutíveis ao psicológico ou ao sociológico. Sua crítica, por mais sofisticada que seja, permanece na superfície dos fenômenos, incapaz de penetrar até as raízes antropológicas e metafísicas da crise que descreve.

O verdadeiro descanso, a verdadeira cura para o cansaço existencial da modernidade, não virá de uma reconfiguração das estruturas de poder ou dos modos de produção, mas da recuperação de uma compreensão integral da pessoa humana, de sua dignidade transcendente, de seu fim último que excede infinitamente qualquer desempenho mensurável. Sem essa dimensão vertical, todas as reformas horizontais permanecerão paliativas, incapazes de tocar o núcleo do problema.


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