domingo, outubro 19, 2025

Arqueologia do Logos: Os Quatro Discursos e a Reconquista do Pensamento Clássico

 

Arqueologia do Logos: Os Quatro Discursos e a Reconquista do Pensamento Clássico como Resistência ao Totalitarismo

Proêmio: A Necessidade do Antigo

Há uma capacidade peculiar em certos espíritos de desenterrar do pensamento antigo novas ideias aptas a lançar luz sobre o presente. Não se trata de antiquarismo nostálgico, mas de reconhecer que certas verdades sobre a condição humana foram formuladas com clareza inigualável pelos antigos, e que nossa amnésia cultural nos condena a reinventar, mal, aquilo que já fora compreendido com rigor. Bruno Tolentino, em sua guerra solitária contra a barbárie modernista, insistia que "não há experimentação válida sem o domínio da tradição", advertência que vale tanto para a poesia quanto para o pensamento político.

A Teoria dos Quatro Discursos, tal como articulada por Olavo de Carvalho, exemplifica precisamente este método arqueológico: recupera a estrutura aristotélica do logos não como relíquia museológica, mas como instrumento de diagnóstico do presente. Quando democracias ocidentais flertam com censura e governos totalitários sofisticam técnicas de controle discursivo, é aos gregos que devemos retornar para compreender o que está em jogo – não por serem antigos, mas por terem pensado com radicalidade sobre o fundamento mesmo da vida comum: a palavra compartilhada.

I. A Unidade Perdida: Da Paideia Grega à Fragmentação Moderna

Aristóteles jamais escreveu tratados separados sobre poética, retórica, dialética e analítica por acaso. Estas obras refletem sua compreensão de que o logos humano – simultaneamente razão, palavra e articulação do ser – atualiza-se de modos distintos segundo seus objetos e finalidades. Mas a distinção jamais implicava divórcio absoluto. A Poética pressupõe lógica; a Retórica dialoga com a ética; os Analíticos fundamentam toda construção argumentativa posterior.

A modernidade operou uma cisão catastrófica. A ciência moderna, triunfante em seu método analítico, desprezou a retórica como ornamento supérfluo e a poética como subjetivismo arbitrário. A dialética degenerou em fórmulas hegelianas e marxistas que, como observou Eric Voegelin, substituíram a busca da verdade pela construção de sistemas fechados. O resultado é a atual esquizofrenia: laboratórios hiperdesenvolvidos convivem com analfabetismo retórico; sofisticação técnica coexiste com infantilismo simbólico. Bruno Tolentino diagnosticou nas artes o mesmo fenômeno: a rejeição modernista da forma clássica não produziu liberdade criativa, mas empobrecimento expressivo. Quando Carlos Drummond escreve "No meio do caminho tinha uma pedra", sem o domínio métrico que ele de fato possuía, abre caminho para gerações que confundem experimentação com imperícia. Analogamente, quando o debate público abandona os critérios retóricos clássicos, não alcança autenticidade superior, mas degradação comunicativa.

II. Os Quatro Discursos: Arqueologia de uma Estrutura Perene

1. Poética: A Mimesis e a Constituição de Mundos

Aristóteles define poesia como mimesis – não imitação servil, mas recriação que revela o universal no particular. A tragédia grega não retratava meramente eventos históricos, mas desvelava estruturas permanentes da existência: hybris, hamartia, anagnorisis. Era, literalmente, educação cívica: o cidadão ateniense aprendia sobre justiça, limite e destino através de Édipo e Antígona. Os totalitarismos modernos compreenderam este poder. O realismo socialista não era ingênuo; era deliberada engenharia poética destinada a construir o "homem novo". Quando Stálin perseguia poetas, não combatia meros escritores, mas guardiães de imaginários alternativos. Mandelstam morreu porque seus versos preservavam uma Rússia que o projeto soviético precisava apagar.

No presente, a disputa pelo imaginário não cessou, apenas se sofisticou. Algoritmos curatoriais determinam quais narrativas circulam; universidades policiam representações; corporações fabricam consensos artificiais sobre identidade e história. A pergunta platônica permanece urgente: quem educa os educadores? Quem narra a narrativa dominante?

2. Retórica: A Polis como Espaço do Logos Compartilhado

A Retórica aristotélica não é manual de manipulação, mas tratado sobre as condições de possibilidade do diálogo entre homens livres. Aristóteles distingue três tipos de prova: logos (argumento lógico), ethos (caráter do orador) e pathos (disposição da audiência). Esta tripartição reconhece que a persuasão humana não é pura lógica formal, mas evento existencial que envolve a totalidade dos interlocutores.

A democracia ateniense pressupunha a isegoria – o direito igual de fala na assembleia. Não porque todas as opiniões fossem equivalentes, mas porque apenas no confronto público de perspectivas divergentes a polis poderia aproximar-se do bem comum. O cidadão formado pela paideia clássica aprendia simultaneamente a falar e a ouvir, a persuadir e a deixar-se persuadir. Contraste-se com o presente: tribunais penalizam "discurso de ódio" sem definição precisa; plataformas digitais removem conteúdo segundo critérios opacos; universidades cancelam palestras por pressão de minorias vociferantes. O que se perde não são apenas opiniões específicas, mas a própria estrutura retórica que tornava possível a deliberação. Como notou Hannah Arendt, o totalitarismo não se caracteriza primariamente por reprimir a verdade, mas por destruir a própria capacidade humana de distinguir verdade de falsidade através do debate.

3. Dialética: A Maiêutica Socrática e a Conquista da Verdade

Platão não escreveu tratados, escreveu diálogos. Esta forma não é acidental, mas metodológica: a verdade filosófica não se transmite como informação, mas emerge do confronto vivo entre inteligências empenhadas em superar opiniões meramente recebidas (doxa) em direção ao conhecimento fundamentado (episteme). A dialética socrática possui estrutura precisa: parte de definições provisórias, expõe suas contradições internas, refina progressivamente até alcançar formulações mais adequadas. Crucial: nenhum interlocutor possui a verdade de antemão; ela é conquistada coletivamente através do logos compartilhado. A ironia socrática – "só sei que nada sei" – não é ceticismo, mas reconhecimento de que o filosofar é processo interminável de aproximação.

Os regimes totalitários não podem tolerar a dialética genuína. A Inquisição medieval, ao menos, admitia critérios compartilhados de verdade (revelação, autoridade dos Padres); podia-se, em princípio, argumentar teologicamente. Os totalitarismos modernos são mais radicais: eliminam os próprios termos do debate. Na Alemanha nazista, "raça" deixou de ser conceito debatível; na URSS, "luta de classes" tornou-se axioma inquestionável; na China contemporânea, a "harmonia social" justifica toda censura.

A universidade moderna, que deveria ser bastião dialético, frequentemente mimetiza esta estrutura. Conceitos como "privilégio", "opressão" ou "microagressão" funcionam como axiomas inquestionáveis; questionar suas definições é prova de cumplicidade com injustiças. Restaurar a dialética exigiria recuperar a humildade socrática: reconhecer que não sabemos ainda o que seja justiça, e que apenas através do confronto honesto de perspectivas podemos aproximar-nos de formulações mais adequadas.

4. Analítica: Os Organon e os Fundamentos Irredutíveis da Razão

Os tratados lógicos de Aristóteles – posteriormente chamados Organon (instrumento) – estabelecem os princípios sem os quais nenhum discurso pode aspirar à racionalidade: identidade (A é A), não-contradição (A não pode ser simultaneamente B e não-B), terceiro excluído (ou A ou não-A). Estes princípios não são convenções culturais, mas estruturas transcendentais do pensamento: negá-los torna impossível qualquer afirmação, incluindo a própria negação. George Orwell compreendeu o que estava em jogo. A "duplipensar" de 1984 não é mero absurdo literário, mas projeto político preciso: tornar a população incapaz de reconhecer contradições. "Guerra é paz", "liberdade é escravidão" não são slogans metafóricos, mas ataques diretos ao princípio de não-contradição. Uma vez destruída a lógica elementar, qualquer dominação torna-se possível porque inexistem critérios para resistir.

O presente testemunha formas mais sutis deste ataque. Quando ativistas afirmam simultaneamente que "gênero é construção social" e que "identidade de gênero é inata e imutável", ou quando governos declaram agir "pela liberdade" ao censurar, testemunhamos não erros lógicos pontuais, mas corrupção sistemática da racionalidade. Michel Foucault e seus epígonos forneceram justificativa teórica: a própria lógica seria instrumento de poder, expressão de racionalidade "hegemônica". O resultado é previsível: sem critérios lógicos mínimos, resta apenas o poder bruto.

III. A Estratégia Totalitária: Desintegração do Logos

Compreendida sob a ótica dos quatro discursos, a estratégia totalitária revela coerência sinistra. Não basta controlar instituições políticas; é necessário desintegrar a própria estrutura da racionalidade humana:

Poeticamente: Monopoliza-se a narrativa. Não por acaso todos os totalitarismos produziram cultos à personalidade, épicas nacionais, rituais coletivos. Mussolini compreendeu que governava através de símbolos antes que leis; Hitler coreografava concentrações nazistas como liturgias pagãs; Mao escrevia poesia e encomendava óperas revolucionárias. A imaginação popular deve ser saturada com uma única história possível.

Retoricamente: Substitui-se persuasão por propaganda. Goebbels formulou explicitamente: repetir mentira até tornar-se verdade, apelar às emoções mais primitivas, eliminar espaços de contestação. A retórica clássica buscava o endoxon – o provável, o opinável; a propaganda totalitária fabrica certezas absolutas através da saturação midiática e repressão de alternativas.

Dialeticamente: Criminaliza-se o contraditório. A dialética pressupõe que a verdade emerge do confronto; o totalitarismo exige que ela seja decretada pela autoridade. Stalin resolveu disputas científicas (linguística, genética) por decreto; Mao lançou a Revolução Cultural para eliminar "revisionistas"; regimes contemporâneos perseguem "desinformação" determinada unilateralmente.

Analiticamente: Corrompe-se a linguagem. A "neolíngua" orwelliana concretizou-se historicamente: "democracia popular" designava ditaduras; "paz" significava ausência de resistência; "liberdade" equivalia a submissão ao partido. Destruir definições precisas não é falha comunicativa, mas estratégia consciente: sem linguagem clara, não há pensamento claro; sem pensamento claro, não há resistência organizada.

IV. A Recuperação da Tradição como Ato de Resistência

Bruno Tolentino escreveu que "a tradição não é o que herdamos, mas o que conquistamos". Esta formulação aparentemente paradoxal contém verdade essencial: os clássicos não nos pertencem por direito de nascimento, mas devem ser apropriados mediante esforço intelectual consciente. Cada geração precisa reconquistar Homero, Platão, Aristóteles – não como autoridades incontestáveis, mas como interlocutores vivos em diálogo permanente.

Esta reconquista possui dimensão simultaneamente epistemológica e política:

1. Epistemologicamente: Recuperar os quatro discursos significa restaurar a integridade da razão humana contra sua redução instrumentalizada. A universidade fragmentada em departamentos incomunicáveis; a cultura cindida entre cientificismo estéril e irracionalismo subjetivista; a política degradada em marketing e gestão – tudo isso resulta do esquecimento da unidade originária do logos.

2. Politicamente: Defender a liberdade de expressão não pode limitar-se a slogans liberais sobre "mercado de ideias". É preciso compreender que a palavra compartilhada é o fundamento antropológico da polis. Aristóteles definiu o homem como zoon logon echon – animal que possui logos. Este logos é simultaneamente razão e discurso: pensamos porque falamos, falamos porque pensamos. Sufocar o discurso é, literalmente, desumanizar.

Leo Strauss alertou que o esquecimento moderno dos clássicos não é neutro, mas deixa-nos desarmados diante do totalitarismo. Os antigos pensaram sobre tirania, demagogia, corrupção de regimes com radicalidade que a ciência política moderna não superou. Ignorá-los não nos torna mais avançados, apenas mais vulneráveis.

V. Critérios Clássicos para Diagnóstico Contemporâneo

A tradição clássica fornece critérios precisos para avaliar a saúde política:

a) Teste aristotélico da politeia (constituição): Um regime é justo quando governantes buscam o bem comum; corrupto quando perseguem interesse particular. Pergunta-se hoje: quando governos restringem expressão "pelo bem coletivo", servem genuinamente à polis ou protegem poder estabelecido?

b) Distinção platônica entre doxa e episteme: Opiniões devem poder ser questionadas; conhecimentos fundamentados devem prevalecer no debate. Problema contemporâneo: quem determina o que é "desinformação"? Quando a distinção serve à busca da verdade, quando serve ao poder?

c) Liberdade antiga vs. liberdade moderna (Benjamin Constant): Os antigos valorizavam participação política direta; os modernos, autonomia individual. Ambas são legítimas, mas sua confusão é perigosa. Governos que invocam "democracia" para silenciar indivíduos cometem falácia categorial: usam retórica antiga (bem comum) para suprimir liberdade moderna (expressão individual).

d) Phronesis aristotélica (sabedoria prática): Não há regras abstratas universais; é preciso julgar cada situação concretamente. Censurar propaganda explícita de violência difere radicalmente de criminalizar opiniões políticas heterodoxas. A deterioração do juízo prudencial – substituído por algoritmos e protocolos burocráticos – é sintoma de barbárie crescente.

VI. Bruno Tolentino e a Intransigência Clássica

A obra de Bruno Tolentino exemplifica o método aqui proposto. Seus Sonetos de Outubro não são mero exercício formal, mas demonstração de que a forma clássica permanece capaz de expressar experiências contemporâneas com densidade inigualável. Sua polêmica contra a poesia concreta não era provincianismo, mas defesa de uma verdade mais profunda: sem domínio da tradição métrica, semântica e simbólica, não há poesia possível, apenas ruído.

Analogamente no pensamento político: sem domínio da tradição conceitual clássica – justiça, virtude, tirania, lei – não há filosofia política possível, apenas jargão ideológico. Quando analistas falam de "democracia" sem ler Aristóteles, de "liberdade" sem conhecer Locke, de "totalitarismo" sem estudar Platão, produzem não pensamento, mas simulacro de pensamentoTolentino escreveu: "A modernidade tem pressa. Quer chegar não se sabe onde, partindo não se sabe de onde". Esta crítica vale para toda pretensão de refundar civilização ignorando fundamentos. Não podemos construir futuro habitável sobre amnésia cultural. A reconquista dos clássicos não é regressão, mas condição para qualquer progresso genuíno.

VII. O Logos como Pátria Comum

Há uma passagem em Heráclito frequentemente mal-traduzida: "Xynon esti pasin to phronein" – "Comum a todos é pensar". Não significa que todos pensam igualmente, mas que o logos – a racionalidade, a palavra articulada – é propriedade comum da humanidade. Não pertence a nenhuma nação, classe ou época; é a pátria universal dos que pensam. Os totalitarismos, antigos e modernos, são ataques a esta pátria comum. Quando governos determinam unilateralmente o que pode ser dito, quando algoritmos decidem que ideias circulam, quando universidades punem heterodoxias, o que perece não é mera liberdade política, mas a possibilidade mesma da vida intelectual comum.

A Teoria dos Quatro Discursos, ao recuperar a estrutura aristotélica do logos, oferece mais que instrumento analítico: propõe restauração de um mundo comum onde homens livres possam divergir racionalmente porque compartilham fundamentos. Poética, retórica, dialética e analítica não são técnicas especializadas, mas dimensões constitutivas de nossa humanidade. Defender hoje a liberdade de expressão exige, portanto, radicalidade filosófica que o liberalismo convencional não possui. Não basta invocar direitos individuais ou autonomia pessoal. É preciso compreender, com os gregos, que somos constituídos pelo logos compartilhado. Uma palavra que não pode ser dita é um pedaço de humanidade comum que se perde. Uma verdade que não pode ser questionada é uma verdade que deixa de ser verdade, tornando-se dogma.

A tarefa urgente é desenterrar do pensamento antigo não relíquias mortas, mas armas vivas contra a barbárie contemporânea. Aristóteles, Platão, os trágicos gregos não nos interessam como objetos de erudição museológica, mas como testemunhas de possibilidades humanas mais altas que nossa civilização em declínio esqueceu. Sua recuperação não é nostalgia, mas profecia: recordam-nos que já fomos capazes de pensar com clareza, falar com precisão, discordar com civilidade, buscar verdades compartilhadas. E se já fomos, podemos novamente ser.

O totalitarismo vence quando nos convence de que a fragmentação é irreversível, que o cinismo é realismo, que a barbárie é inevitável. A tradição clássica ensina o contrário: enquanto um homem puder ler Homero, outro Platão, e ambos discutirem o significado da justiça, a possibilidade da polis – da vida comum na palavra – permanece aberta. Esta é nossa tarefa: não apenas resistir à censura, mas reconquistar o logos como espaço comum onde a humanidade pode habitar dignamente.

Como Bruno Tolentino insistiu até seu último suspiro: não se defende a tradição por conservadorismo, mas porque ela contém o melhor que a humanidade já pensou, disse e criou. Esquecê-la não nos torna modernos, apenas órfãos. Recuperá-la não nos torna antigos, mas novamente humanos.

 

segunda-feira, outubro 13, 2025

Sobre o Nobel de Economia 2025

Sobre o Nobel de Economia 2025

O economista Joel Mokyr traz evidência robusta de longo prazo sobre por que sociedades adotam e acumulam conhecimento útil. Mokyr enfatiza que o crescimento industrial exigiu não só acúmulo de proposições científicas, mas uma cultura que valorizasse experiências, debates e confiança na utilidade do progresso técnico — um “ecossistema epistemológico” que converte teorias em tecnologias aplicáveis. As economias crescentes combinam uma base epistemológica mínima com instituições que incentivam experimentação e disseminação; Philippe Aghion e Peter Howitt formalizaram uma visão schumpeteriana: o crescimento endógeno é impulsionado por inovações que substituem tecnologias anteriores — um processo simultaneamente criativo (novos bens e produtividade) e destrutivo (empresas, empregos e ativos antigos perdem valor). O artigo seminal e a grande referência metodológica são a modelagem publicada originalmente como working paper/NBER e depois na forma consolidada: “A Model of Growth Through Creative Destruction” (1992/1990) e o livro-manual Endogenous Growth Theory (Aghion & Howitt, MIT Press, 1997/1998).

O modelo de Aghion–Howitt entrega lições claras: promover concorrência e proteger incentivos à inovação são simultaneamente necessários; contudo, inovação rápida pode gerar forte resistência política e custos de transição (destruição criadora), exigindo políticas que gerenciem redistribuição, formação e adaptação setorial. Essas conclusões explicam por que debates recentes sobre política industrial, regulação de tecnologia e proteção social aparecem tão centrais nas discussões contemporâneas sobre inovação (tema ressaltado nas notas do comitê Nobel e na cobertura da premiação). 

O Nobel de 2025 reconhece a convergência entre história econômica e teoria formal: Mokyr traz evidência robusta de longo prazo sobre por que sociedades adotam e acumulam conhecimento útil, enquanto Aghion & Howitt oferecem a linguagem teórica para modelar a dinâmica pela qual inovações geram crescimento — incluindo suas tensões políticas e econômicas. Juntos, os trabalhos mudaram a maneira como economistas e formuladores de política pensam sobre inovação: não é um “fator exógeno” nem um detalhe técnico, mas o motor central cujo desenho institucional e incentivos determinam se uma nação alcança crescimento sustentado. Algumas questões em aberto permanecem — p.ex. como reconciliar crescimento tecnológico com metas ambientais, desigualdade e estabilidade social — e as obras dos laureados oferecem boas bases para investigar tais trade-offs.

A confluência entre os modelos de Aghion & Howitt e as evidências históricas de Mokyr torna o quadro teórico-empírico particularmente robusto. 

O comité do Nobel de 2025 reconheceu explicitamente a complementaridade entre (i) a análise histórica e cultural do surgimento do “conhecimento útil” (Mokyr) e (ii) a modelagem formal dos processos de inovação e destruição criativa (Aghion & Howitt). Essa escolha sublinha uma mensagem científica: entender o crescimento exige tanto evidência de longo prazo — que documenta quando e onde sociedades adotaram conhecimento útil — quanto teoria dinâmica que explica os mecanismos econômicos subjacentes e suas implicações de política. O prêmio legitima uma tradição interdisciplinar que combina história econômica, ciência política, economia industrial e teoria do crescimento. 

Algumas implicações práticas derivadas da conjunção entre evidência de longo prazo e teoria:

1. Políticas que favoreçam difusão do conhecimento (educação técnica, redes de pesquisa, publicações abertas, sociedades profissionais) são tão cruciais quanto financiamento de pesquisa de ponta.

2. Instituições que reduzem custos de troca de informação (contratos, confiança, liberdade intelectual) aumentam a probabilidade de que o conhecimento disponível se torne “útil”.

3. Regulação e competição: manter um equilíbrio entre proteção (incentivos à inovação por direitos) e competição (que facilita a substituição de tecnologias e a difusão) é essencial — ponto bem tratado nos modelos de Aghion & Howitt.

4. Perspectiva histórica importa: políticas copiadas mecanicamente de casos de sucesso contemporâneos podem falhar se não considerarem o “ecossistema cultural” que permitiu a adoção de técnicas no passado.


sexta-feira, outubro 10, 2025

O Apocalipse Lento: László Krasznahorkai e a Poética do Colapso

O Apocalipse Lento: László Krasznahorkai e a Poética do Colapso

A consagração de László Krasznahorkai com o Nobel de Literatura 2025, anunciada ontem pela Academia Sueca, representa o reconhecimento de uma das vozes mais singulares e radicais da literatura contemporânea. O prêmio foi concedido "por sua obra convincente e visionária que, em meio ao terror apocalíptico, reafirma o poder da arte"[1] — uma justificativa que sintetiza com precisão a natureza paradoxal de um projeto literário que se equilibra entre o niilismo e a transcendência.

Sátántangó: A Cartografia do Fim

“Sátántangó”, publicado em 1985, foi uma sensação literária na Hungria e marca a estreia do autor[2]. A única obra do húngaro disponível no Brasil, lançada pela Companhia das Letras em tradução direta do húngaro por Paulo Schiller, é muito mais que um romance: é uma fenomenologia da desintegração. O livro retrata, em termos poderosamente sugestivos, um grupo desolado de moradores em uma fazenda coletiva abandonada no interior húngaro às vésperas da queda do comunismo[3].

O que imediatamente distingue Krasznahorkai na tradição literária é sua arquitetura sintática. O romancista certa vez disse que o ponto final "não pertence aos seres humanos – pertence a Deus"[4]. Suas frases são labirintos gramaticais, rios de subordinadas que não cessam, criando um "fluxo de lava lento de narrativa"[5], nas palavras de seu tradutor George Szirtes. Este não é mero experimentalismo formal: é a tentativa de capturar o próprio fluxo do pensamento, a torrente ininterrupta da consciência diante do abismo.

O Messianismo Invertido e a Falência das Utopias

Em “Sátántangó”, o silêncio e a antecipação reinam até que o carismático Irimiás e seu comparsa Petrina, que todos acreditavam estar mortos, aparecem subitamente em cena. Para os moradores que aguardam, eles parecem mensageiros de esperança ou do juízo final[6]. Krasznahorkai constrói uma alegoria devastadora sobre a sedução totalitária e a vulnerabilidade dos desesperados. O elemento satânico referido no título está presente na moralidade escrava dos personagens e nas pretensões do charlatão Irimiás que, tão eficazes quanto enganosas, deixam quase todos completamente iludidos[7]. É um retrato impiedoso da Hungria pós-comunista, mas que transcende seu contexto imediato para se tornar uma meditação universal sobre a esperança como armadilha e a redenção como fraude.

A Tradição Centro-Europeia e o Peso do Absurdo

László Krasznahorkai é um grande escritor épico na tradição centro-europeia que se estende de Kafka a Thomas Bernhard, caracterizada pelo absurdismo e pelo excesso grotesco[8]. Mas ao contrário de Kafka, cuja burocracia do absurdo mantém certa elegância geométrica, ou de Bernhard, cujo fluxo verbal é uma máquina de invectivas, Krasznahorkai opera no registro da entropia. Seus personagens não lutam contra o absurdo — eles já foram absorvidos por ele.

A comparação com Gogol e Melville, feita por Susan Sontag, é reveladora. De Gogol, Krasznahorkai herda o grotesco provinciano, a galeria de tipos humanos deformados pela miséria material e espiritual. De Melville, a obsessão metafísica, o senso de que por trás do véu da realidade mundana há algo terrível e indecifrável. Sontag o descreveu como "o mestre húngaro do apocalipse"[9] — e esse apocalipse não é explosivo, mas lento, viscoso, inescapável.

O Estilo como Pensamento, a Forma como Ética

Krasznahorkai define sua literatura como "a realidade examinada até a locura"[10]. Suas frases intermináveis não são barrocas no sentido ornamental — são tentativas de exaustão epistemológica, de esgotar todos os ângulos possíveis de um momento, de uma percepção, de uma catástrofe iminente. O escritor afirma que só escreve no computador quando tem uma frase terminada na cabeça e a repasou mentalmente uma e outra vez[11].

Esta obsessão com a precisão absoluta, paradoxalmente expressa através da proliferação sintática, aproxima Krasznahorkai de uma fenomenologia literária. Cada frase é uma expedição ao território nebuloso entre o que é visto e o que é pensado, entre o evento e sua reverberação na consciência.

Relevância para o Contexto Brasileiro

Para nós, leitores brasileiros em 2025, “Sátántangó” oferece uma lente perturbadoramente familiar. A narrativa de comunidades rurais abandonadas à própria sorte, de populações seduzidas por figuras messiânicas que prometem salvação e entregam apenas mistificação, de esperanças coletivas transformadas em cinzas — tudo isso ressoa com nossas próprias experiências históricas recentes. Mas Krasznahorkai nos oferece algo que transcende o diagnóstico sociológico: uma linguagem capaz de expressar o peso existencial do colapso, a textura subjetiva da desilusão. Num momento em que as narrativas apocalípticas proliferam no discurso político e midiático brasileiro, sua obra propõe algo mais radical: reafirmar o poder da arte em meio ao terror apocalíptico[12].

A Questão da Tradução e da Leitura

É preciso ser honesto sobre a dificuldade desta obra. Enquanto o mundo de seus romances é frequentemente esparso, as frases são densas como granito[13]. Krasznahorkai exige paciência, concentração, uma disposição para se perder nas voltas de sua prosa. Não é literatura de consumo rápido — é literatura que resiste, que força o leitor a desacelerar, a habitar o desconforto.

A tradução direta do húngaro por Paulo Schiller é um feito notável, considerando que o húngaro é uma língua fino-úgrica sem parentesco com as línguas românicas, e que o estilo de Krasznahorkai tensiona ao máximo os recursos sintáticos de qualquer idioma.

A Arte como Resistência

O Nobel a Krasznahorkai é um voto de confiança na literatura que não oferece consolação fácil, que não subestima a inteligência do leitor, que recusa a simplificação. Em entrevista recente, ele afirmou categoricamente que "a arte é a resposta extraordinária da humanidade ao sentimento de perdição que é nosso destino"[14]  — e não, pode-se presumir, um conselho sobre o que fazer com essa "perdição". “Sátántangó” não é um livro para todos os momentos, mas é certamente um livro para este momento: quando as certezas se dissolvem, quando as estruturas coletivas entram em colapso, quando a própria noção de futuro se torna nebulosa. Krasznahorkai nos lembra que a literatura, em sua forma mais exigente e intransigente, continua sendo uma das poucas ferramentas que temos para pensar — realmente pensar, até a exaustão, até a lucidez — sobre o que significa estar vivo em meio às ruínas.

O prêmio Nobel vem confirmar o que uma legião de leitores devotos já sabia: que este escritor húngaro, com suas frases impossíveis e suas visões apocalípticas, é um dos cartógrafos essenciais da condição contemporânea. Resta ao leitor brasileiro a oportunidade — e o desafio — de mergulhar neste universo através de “Sátántangó”, uma das obras mais radicais e necessárias da literatura do século XX.

Krasznahorkai no Olimpo dos Difíceis: Reputação e Recepção nos Círculos Intelectuais

A recepção de László Krasznahorkai entre leitores assíduos da literatura universal e seletos grupos de intelectuais europeus revela um fenômeno fascinante: ele é simultaneamente cultuado e evitado, reverenciado como gênio e temido por sua dificuldade. Sua posição no campo literário contemporâneo é sui generis — considerado um dos mais exigentes e influentes escritores europeus contemporâneos[15].

O Status de "Moeda Rara": Culto e Exclusividade

James Wood, crítico do The New Yorker, escreveu que "sua obra tende a ser passada como moeda rara"[16] — uma metáfora que captura perfeitamente o estatuto de Krasznahorkai. Ele não é um escritor de grandes tiragens, mas de leitores devotos que descobrem sua obra através de recomendações sussurradas em círculos literários.

Em uma aparição pública em Nova York, a livraria Housing Works foi transformada em uma sala de conferências, com longas filas de assentos ocupados e retardatários pressionados contra as estantes. O evento atraiu uma multidão surpreendentemente heterogênea: tipos professoral espreitavam sobre o cabelo bagunçado de jovens do East Village enquanto assistentes editoriais de botões abotoados ofereciam seus assentos a velhos desbotados com bengalas[17]. Este relato ilustra o apelo transgeracional de Krasznahorkai entre a intelligentsia literária.

A Consagração Crítica: De Sontag a Wood

A trajetória de reconhecimento de Krasznahorkai foi pavimentada por alguns dos críticos mais influentes do mundo anglófono:

Susan Sontag: A Primeira Voz

A crítica norte-americana Susan Sontag coroou cedo Krasznahorkai como o "mestre do apocalipse" da literatura contemporânea, um juízo que formulou após ler o seu segundo livro, "A Melancolia da Resistência"[18]. Ela o descreveu como "o mestre húngaro contemporâneo do apocalipse que inspira comparação com Gogol e Melville"[19].

W.G. Sebald: O Par Literário

O escritor alemão W.G. Sebald escreveu que "a universalidade da visão de Krasznahorkai rivaliza com a das 'Almas Mortas' de Gogol e ultrapassa em muito todas as preocupações menores da escrita contemporânea"[20] — uma das mais altas honras que um escritor pode receber de outro.

James Wood: O Evangelista Crítico

Seu romance "Guerra e Guerra" (1999) foi descrito pelo crítico da revista The New Yorker, James Wood, como "uma das experiências mais profundamente perturbadoras que já tive como leitor"[21]. Wood observa que o mundo ficcional de Krasznahorkai "oscila à beira de uma revelação que nunca vem"[22] e que "a prosa tem uma espécie de embaralhamento autocorretivo, como se algo estivesse genuinamente sendo elaborado e, no entanto, dolorosamente e humorosamente, essas correções nunca resultam na resposta correta"[23].

O ensaio de Wood sobre Krasznahorkai no The New Yorker uma década depois é citado como "o alvorecer da Era Krasznahorkai na América"[24] — evidenciando o poder que a crítica acadêmica ainda possui na formação de reputações literárias.

Na Alemanha: "Quase Canônico"

Na Alemanha, Krasznahorkai é "quase canônico" e é falado como um potencial laureado do Nobel[25]. Seus romances, contos e ensaios são mais conhecidos na Alemanha — onde viveu por longos períodos — e em sua Hungria natal[26]. O fato de ter sido considerado canônico na Alemanha — um país com altíssima exigência crítica e tradição literária sólida — posicionou Krasznahorkai dentro da grande tradição centro-europeia que vai de Kafka a Thomas Bernhard, passando por Musil e Canetti.

A Questão da Dificuldade: Um Desafio Deliberado

A dificuldade de Krasznahorkai não é acidental — é programática. Ao contrário de autores como Knausgaard e Ferrante, cujos livros são instantaneamente acessíveis, sua obra é difícil, uma designação temida numa era de gratificação instantânea[27]. Suas frases podem ser longas, com páginas e páginas de extensão. Podem ser densas como lodo. Não procedem com a direção de uma flecha em voo, mas divagam e fazem loops sobre si mesmas, fluindo como algum rio túrbido, espesso com o flotsam da humanidade, que nunca escapa completamente para o mar[28].

Quando questionado sobre o comprimento de suas frases, o escritor disse que desconfiava de frases curtas porque as pessoas falam com vírgulas, não com pontos finais. "O ponto pertence a Deus", explicou Krasznahorkai, "não ao humano; e talvez Deus faça o último ponto"[29]. A plateia aplaudiu — uma resposta que demonstra como seus leitores valorizam precisamente aquilo que afasta outros.

Posicionamento na Tradição Literária

Reconhecido como um dos grandes nomes da literatura centro-europeia contemporânea, Krasznahorkai se insere na tradição que vai de Kafka a Thomas Bernhard, marcada pelo absurdismo e pelo grotesco, mas também se volta ao Oriente em uma prosa contemplativa e meticulosamente calibrada[30].

James Wood compara Krasznahorkai a escritores como Samuel Beckett, W.G. Sebald, José Saramago, Claude Simon ou David Foster Wallace, notando que de todos esses romancistas, Krasznahorkai é talvez o mais estranho[31].

O Fenômeno do "Escritor de Culto Global"

Alguns críticos assinalaram que Krasznahorkai adquiriu a categoria de escritor internacional de culto na última década[32]. Mas esse "culto" é peculiar:

- Não é mainstream: Ele não alcançou a popularidade de outros autores difíceis como Bolaño ou Sebald

- É altamente seletivo: Seus leitores tendem a ser outros escritores, acadêmicos, críticos profissionais e leitores "sérios"

- É geograficamente concentrado: Principalmente na Europa Central, Alemanha, Reino Unido e nos círculos universitários americanos

A decisão da Academia Sueca também é um compromisso com o valor da escrita séria e intelectual em uma época caracterizada pelo imediatismo, pelas distrações da cultura digital e pela indústria do entretenimento[33].

Críticas e Controvérsias na Recepção

Nem toda recepção crítica é unânime. Há debates intensos sobre como ler Krasznahorkai. Críticos mais experimentais argumentam que leituras convencionais (como as de James Wood) que enfatizam "consciência", "personagens" e "metafísica" podem recuperar Krasznahorkai de forma neoconservadora, não captando que a própria linguagem pode ser primária e constitutiva em sua obra[34]. Essas disputas interpretativas, longe de diminuírem sua estatura, confirmam sua importância: só os escritores verdadeiramente significativos geram guerras de interpretação entre facções críticas.

O Prêmio Man Booker International: Turning Point

Em 2015, ele se tornou o primeiro autor húngaro a receber o Prêmio Man Booker Internacional[35]. O júri o premiou por suas "frases extraordinárias, frases de comprimento incrível que vão a extremos incríveis, cujo tom muda de solene para excêntrico, de curioso para desolado, enquanto seguem seu caminho"[36].

O Booker Internacional aspira a ser uma espécie de alternativa ao Prêmio Nobel de Literatura. Os vencedores anteriores leem como uma lista de candidatos de longa data ao Nobel — Philip Roth, Chinua Achebe, Ismail Kadare — e incluem um vencedor real do Nobel em Alice Munro[37].

O Contexto Político: A Posição do Intelectual Dissidente

Embora mantenha uma casa na Hungria, o escritor vive há vários anos num exílio autoimposto entre Berlim e Trieste, e não esconde o seu desdém pelas políticas do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán. "Este regime húngaro é um caso psiquiátrico", disse numa entrevista à Yale Review, em fevereiro, sobre o facto de Orbán não ter condenado Vladimir Putin[38]. Esta postura dissidente aumenta sua credibilidade entre intelectuais europeus, que veem nele não apenas um experimentalista formal, mas um escritor com posição ética clara diante do autoritarismo.

Um Autor Para Poucos, Mas Esses Poucos São Muitos

Krasznahorkai ocupa um nicho específico e precioso no campo literário contemporâneo: é o escritor que confirma o valor da dificuldade, que prova que ainda há público — pequeno, mas influente — para literatura que exige tudo do leitor.

Os epítetos que tendem a ser aplicados à sua ficção incluem "desesperançoso", "obsessivo", "inquietante" e "intenso"[39]. Mas é precisamente essa intransigência estética que lhe garante o respeito dos círculos intelectuais. Essa qualidade literária intransigente e a maneira como ela ainda captura o tom de nossos tempos é o que os admiradores amam na obra de Krasznahorkai[40].

Para os leitores assíduos da literatura universal e os intelectuais europeus, Krasznahorkai representa algo raro: um escritor que não faz concessões, que escreve como se o mercado editorial não existisse, como se a atenção fragmentada da era digital fosse irrelevante. E paradoxalmente, é exatamente essa recusa de adaptação que o torna indispensável para quem leva a literatura a sério.

 



[1] [NobelPrize.org] (https://www.nobelprize.org/prizes/literature/2025/press-release/)

[2] [NobelPrize.org](https://www.nobelprize.org/prizes/literature/2025/bio-bibliography/)

[3] Ibid.

[4] [CNN](https://www.cnn.com/2025/10/09/style/laszlo-krasznahorkai-nobel-prize-literature-intl)

[5] Ibid.

[6] [NobelPrize.org](https://www.nobelprize.org/prizes/literature/2025/bio-bibliography/)

[7] Ibid.

[8] [NobelPrize.org](https://www.nobelprize.org/prizes/literature/2025/bio-bibliography/)

[9] [CNN](https://www.cnn.com/2025/10/09/style/laszlo-krasznahorkai-nobel-prize-literature-intl)

[10] [Infobae](https://www.infobae.com/cultura/2025/10/09/en-vivo-la-academia-sueca-anuncia-el-premio-nobel-de-literatura-2025/)

[11][Zenda](https://www.zendalibros.com/laszlo-krasznahorkai-premio-nobel-de-literatura-2025/)

[12] [Literary Hub](https://lithub.com/laszlo-krasznahorkai-has-won-the-2025-nobel-prize-in-literature/)

[13] [CNN](https://www.cnn.com/2025/10/09/style/laszlo-krasznahorkai-nobel-prize-literature-intl)

[14] [CNN](https://www.cnn.com/2025/10/09/style/laszlo-krasznahorkai-nobel-prize-literature-intl)

[15] [Observador](https://observador.pt/2025/10/09/laszlo-krasznahorkai-vence-premio-nobel-da-literatura-2025/)

[16] [The Week](https://theweek.com/articles/556302/laszlo-krasznahorkai-about-huge)

[17] [Electric Literature](https://electricliterature.com/i-didnt-want-to-be-a-writer-i-wanted-to-be-nothing-laszlo-krasznahorkai-and-james-wood-at/)

[18] [SAPO](https://sapo.pt/artigo/krasznahorkai-de-anonimo-a-mestre-do-apocalipse-e-nobel-da-literatura-68e7c084382397fcf57a7da9)

[19] [Wikipedia] (https://en.wikipedia.org/wiki/L%C3%A1szl%C3%B3_Krasznahorkai)

[20] Ibid.

[21] [NZ Herald](https://www.nzherald.co.nz/world/hungarys-master-of-the-apocalypse-laszlo-krasznahorkai-wins-literature-nobel/6Q6OCRBFYFCVJKKO5Y3C3D3E2U/)

[22] [Hlo](https://hlo.hu/news/james_wood_on_laszlo_krasznahorkai_in_the_new_yorker.html)

[23] Ibid.

[24] [Literary Hub](https://lithub.com/is-this-the-first-ever-english-language-review-of-laszlo-krasznahorkai/)

[25] [Hlo](https://hlo.hu/news/james_wood_on_laszlo_krasznahorkai_in_the_new_yorker.html)

[26] [East Coast Radio](https://www.ecr.co.za/news/news/krasznahorkai-master-apocalypse-wins-literature-nobel/)

[27] [The Week](https://theweek.com/articles/556302/laszlo-krasznahorkai-about-huge)

[28] Ibid.

[29] [Electric Literature](https://electricliterature.com/i-didnt-want-to-be-a-writer-i-wanted-to-be-nothing-laszlo-krasznahorkai-and-james-wood-at/)

[30] [Jornal Opção](https://www.jornalopcao.com.br/literatura/hungaro-laszlo-krasznahorkai-vence-o-nobel-de-literatura-2025-com-obra-marcada-pelo-apocalipse-e-pelo-grotesco-754156/)

[31] [Hlo] (https://hlo.hu/news/james_wood_on_laszlo_krasznahorkai_in_the_new_yorker.html)

[32] [Zenda](https://www.zendalibros.com/laszlo-krasznahorkai-premio-nobel-de-literatura-2025/)

[33] [The Conversation](https://theconversation.com/laszlo-krasznahorkai-ganha-o-nobel-de-literatura-de-2025-contos-de-alienacao-do-romancista-hungaro-refletem-nossos-tempos-267210)

[34] [Blogger](http://contrajameswood.blogspot.com/2011/11/christmas-comes-early.html)

[35] [Wikipedia](https://en.wikipedia.org/wiki/L%C3%A1szl%C3%B3_Krasznahorkai)

[36] [CartaCapital](https://www.cartacapital.com.br/cultura/nobel-de-literatura-premia-o-hungaro-laszlo-krasznahorkai/)

[37] [The Week](https://theweek.com/articles/556302/laszlo-krasznahorkai-about-huge)

[38] [Observador](https://observador.pt/2025/10/09/laszlo-krasznahorkai-vence-premio-nobel-da-literatura-2025/)

[39] [The Conversation](https://theconversation.com/laszlo-krasznahorkai-ganha-o-nobel-de-literatura-de-2025-contos-de-alienacao-do-romancista-hungaro-refletem-nossos-tempos-267210)

[40] Ibid.



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