Por Alex Pipkin, PhD
Nos meus quase 60 anos, que completo em dezembro, nunca imaginei escrever um texto como este. Nunca imaginei ver, em todos esses anos, a esquerda brasileira pregar, abertamente, censura, perseguição política, controle de redes sociais e o uso sistemático do Judiciário como trincheira ideológica. Nunca imaginei ver a esquerda pedir de volta a mordaça, e ainda chamar isso de progresso.
Escrevo porque é preciso estudar, conhecer a história, ler de verdade. Não dá mais para opinar a partir de narrativas embaladas em vitimismo e servidas como virtude. O que está em jogo não é uma eleição, tampouco um partido. É a sanidade institucional do país, que se esvai diante dos nossos olhos.
Enquanto isso, a retórica segue intacta. Justiça social, redistribuição, luta de classes, ou seja, os mesmos slogans de sempre. Mas o que foi feito com tudo isso? O PT, partido que retornou à cena do crime, já esteve no poder por mais de 15 anos. Teve tempo, apoio popular, recursos históricos. E o que fez? Loteou o Estado, aparelhou instituições, consolidou castas estatais e manteve a pobreza sob controle político. Claramente, jamais como prioridade real.
A verdade é incômoda: a ideia nunca foi emancipar. Sempre foi manter os cidadãos em posição de servidão “consciente”, como beneficiários submissos de um Estado protetor, mas controlador. O discurso da inclusão serviu apenas como biombo para o autoritarismo.
A Polônia trilhou outro caminho. Após décadas de socialismo soviético, mergulhada em escassez, vigilância e repressão, viu surgir uma revolução real, o movimento Solidarność, liderado por Lech Wałęsa, um operário católico, anticomunista, genuíno. Eles não queriam controle. Ansiavam por liberdade. E quando ela chegou, o país rejeitou o socialismo não por ideologia, mas por vivência concreta. Naquele país a lição foi clara. Quando o Estado se torna gestor absoluto da economia, da moral e da vida cotidiana, a liberdade desaparece. O que se vende como justiça social se revela, cedo ou tarde, uma forma de dominação.
No Brasil, o socialismo nunca foi vivido, apenas encenado. Por isso muitos ainda fantasiam com a ideia de um Estado salvador, guiado por um “pai dos pobres” que nunca viveu a pobreza, mas aprendeu a explorá-la politicamente. Não há qualquer inocência nesse projeto. Ele não é bem-intencionado, como alguns preferem crer. É sofisticado, cínico e funcional, e dependente da miséria para justificar o poder, e do poder para perpetuar a miséria.
Friedrich Hayek já alertava, com precisão: mesmo quando nasce das melhores intenções, o planejamento centralizado exige o controle de tudo. E onde tudo é controlado, não resta liberdade possível. No nosso caso, nem é preciso discutir as intenções. Pragmaticamente, os resultados falam por si.
A Polônia escolheu a liberdade, mesmo com seus riscos e imperfeições. O Brasil parece disposto a aprender tudo da pior maneira, procrastinando e apostando que o autoritarismo, desta vez, virá com feição humana.
Este texto não é desabafo, é sim advertência.
De quem já viu muito, leu bastante e nunca imaginou viver em um país onde a esquerda voltaria ao poder pregando, como solução, a perseguição institucionalizada.
É também uma afirmação de convicção pessoal. É sempre preferível buscar, mesmo que imperfeita, a liberdade, a se render a um projeto de poder que, mesmo que fosse bem-intencionado (e não é), impõe ao indivíduo a servidão como destino — funesto.
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