Os episódios recentes demonstram apenas o “processo de conta gotas" (Tavares) em que a crise vem sendo postergada, administrada. É sabido que nenhum arauto desse sistema sabe exatamente aonde isso tudo vai dar, inclusive porque os paradigmas históricos, inclusive do "ecologismo", continuam a procurar “associar à ofensiva destruidora contra os povos esses mesmos povos e suas organizações”. A propalada "gestão da crise", a questão dos preços do petróleo e o desenvolvimento dos biocombustíveis, a questão da “escassez” (de qualidade) da água, o “ouro azul” do século XXI, um direito humano, bem universal; apenas definida como “necessidade humana” pelo V Fórum Mundial da Água recém realizado em Instambul sob a pressão exercida pelo poderoso lobby privado do setor hídrico, que desconsiderou, mesmo em meio a presente crise econômica, que o peso de tal decisão atrasará em uma década o acesso à água potável para cerca de um bilhão de seres humanos, que ainda vivem sem ela, embora, seja de fato um bem essencial à vida na Terra.
A exportação da água virtual através do comércio de grãos e frutas para a China, União Européia e EUA, revela que onde a fome tem presença marcante também falta o uso adequado desse bem ambiental, e que o capital transformou através da criação dos mercados da água em um bem econômico (recurso hídrico). Tem um sentido fundamental toda a manobra dos governos do G7 frente a situação atual da economia mundial, em um quadro de crise gerada pela grande bolha originada de “capitais podres” e derivativos americanos, quando tangencia o problema da relação entre o tsunami da crise financeira e a questão climática global, que na verdade é propriamente ecossistêmica, partes que estão intrinsecamente relacionadas ao todo que não é somente uma expressão ou soma das partes e que não devem ser tratadas isoladamente, separadas, em qualquer tempo, pois, há um (des)equilíbrio vital por existir um inter-retro-relacionamento entre elas.
É de se questionar qualquer defesa desse quadro atual do capitalismo financeiro, transnacional, que se sustenta em fundamentos caducos ou "renovados" sobre um arcabouço teórico por demais testado e pouco criativo, que não engana mais ninguém (ou não?) em suas "repetições" e falsas crises de identidade que se reinventa, mas que não dura muito tempo em mostrar, a cada desmatamento, crime ambiental ou exploração do próprio homem, a sua direção: destruição da natureza e do ser humano. Fato é, que estamos frente a um momento de sérias mudanças (necessárias), não só de paradigmas relacionados ao que chamamos econômico, financeiro, mas, sobretudo, quanto à "teia da vida que não só humana", senão, da preservação da vida, em um sentido holístico, da percepção do "desenraizamento” da emoção humana, do ser da terra e da água, do ecossistema onde se insere o próprio homem.
Estamos no limiar de uma significativa ruptura de paradigmas, independente do que alguns iluminados achem, ou professem em suas "crenças" ou referências ideológicas.
O capitalismo já deu provas que tem limitações, e nos condiciona (a maioria da humanidade) a "sobreviver" como animais; seguindo as premissas darwinianas para "justificar a existência da concorrência e fazer da economia de mercado uma lei natural". Lembrando Engels: "Darwin não sabia que amarga sátira da humanidade, e especialmente de seus concidadãos, ele escrevia quando demonstrava que a livre concorrência, a luta pela vida, celebrada pelos economistas como a mais alta conquista da história, era o estado normal do reino animal".
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