MERCADO TEME QUE ESPANHA SEJA ‘BOLA DA VEZ’ DA CRISE
por Sílvio Guedes Crespo
Touro, um dos símbolos do mercado financeiro, e o toureiro, figura clássica da Espanha
(Foto:Susana Vera)
Ainda não está claro se se trata de “efeito manada” ou de uma análise fundamentada por parte dos investidores. Seja um boato ou uma informação verdadeira, o rumor de que a Espanha venha a ser o próximo país a precisar de ajuda internacional já tem consequência concreta: investidores estão vendendo títulos públicos do país ibérico e comprando dólares, num movimento que afetou mercados também de outros países, conforme observou o “Wall Street Journal“.
A moeda americana operava em alta em relação ao euro e ao real, entre outras divisas. No Brasil, a Bolsa de Valores de São Paulo caía 1,04% por volta das 15h. Na Europa, o mercado de Londres registrou queda de 0,53%, o de Paris, 0,84%, e o de Frankfurt, 0,45%. Os índices Dow Jones e Nasdaq, dos Estados Unidos, desciam 0,74% e 0,25%, respectivamente.
O retorno que os investidores exigem para comprar títulos da Espanha aumentou consideravelmente nesta semana, conforme noticiaram o “Financial Times” e o “Wall Street Journal”.
Nesta sexta-feira, particularmente, o medo de que a Espanha não consiga pagar seus investidores foi alimentado por uma reportagem do “Financial Times Deutscheland”, segundo a qual autoridades do governo da Alemanha, cuja identidade não foi revelada, estariam em conversas com a Comissão Europeia para elevar o fundo para resgate de países com problemas econômicos.
A reportagem gerou receio de que Espanha e Portugal estariam precisando de ajuda da União Europeia. Os governos alemão, espanhol e português negaram todas as informações da reportagem, assim como a Comissão Europeia.
O primeiro-ministro da Espanha, José Luis Rodriguez Zapatero, disse que seu país tem uma dívida pública menor do que a média europeia, que o processo de redução do déficit público está sendo conduzido adequadamente e que o sistema financeiro espanhol é um dos mais sólidos da Europa, conforme noticiou o jornal local “El País”.
Zapatero também disse que os investidores de curto prazo “vão se equivocar” se continuarem a vender títulos, atitude que o “Financial Times” considerou um “desafio ao mercado”.
Bola da vez?
“Se nós continuarmos a ver a tendência recente [de alta] nos retornos dos títulos da Espanha, então a crise vai se elevar para um patamar completamente novo, porque o país corresponde a 11,7% do Produto Interno Bruto [PIB] da eurozona, mais que o dobro de Irlanda, Grécia e Portugal [juntos]”, afirmou Gary Jenkins, da Evolution Securities, ao site do “Wall Street Journal”.
Fonte: Estadão, 26 de novembro de 2010 | 13h32
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