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terça-feira, janeiro 18, 2011

austeridade é algo totalmente errôneo

“A crise capitalista também é uma crise de urbanização''
Enquanto alguns especialistas se esforçam em mostrar que a crise atual é uma crise das hipotecas subprimes ou a explosão de um capitalismo que se financeirizou, David Harvey prefere falar de “crises urbanas”, provocadas por uma febre da construção “não importa de que”.  Autor de Breve história do neoliberalismo, Harvey não só acusa à desregulação do setor financeiro como um dos fatores que levaram ao descalabro atual, como adverte que a supremacia do capital concentrado sobre as decisões políticas seguirá sendo um impedimento para sair da crise. Em sua passagem por Buenos Aires, convidado pelo Cemop, o geógrafo britânico dialogou com Cash sobre as transformações do mercado imobiliário nas últimas décadas, a orientação que teve a inversão em infraestrutura e a conseqüente “acumulação por espoliação”. Frente a um modelo que não é sustentável, Harvey propôs pensar “um novo tipo de urbanização”.
A entrevista é de Natalia Aruguete e publicada no jornal Pagina/12, 16-01-2011. A tradução é do Blog Boca do Mangue.
Eis a entrevista.
De sua perspectiva como geógrafo, que conexões encontra entre a urbanização e esta crise?
Uma das coisas que gostaria de enfatizar é a relação entre urbanização e formação da crise. Nas décadas de 50 e 60, o capitalismo se estabilizou com uma forma de massiva suburbanização: estradas, carros, um estilo de vida. Uma das perguntas é se são sustentáveis a longo prazo. No sul da Califórnia e da Flórida, que são epicentros da crise, estamos vendo que este modelo de suburbanização não serve mais. Alguns querem falar da crise do subprime, eu quero falar das crises urbanas. 
O que você acha das crises urbanas?
Na década de 80,  pensava-se que o Japão era uma potencia e ele caiu nos anos 90 com a crise dos preços da terra. Desde então, não se recuperou mais. Também existe uma preocupação nos Estados Unidos de que a crise imobiliária impeça a recuperação, apesar das tentativas feitas. Outra questão é que a forma de uso intensivo da energia requeria muitas extensões de terreno e criava um estilo de vida de lugares dispersos. Isso está concebendo, justamente, um novo tipo de urbanização. O que é surpreendente é que a China está copiando os Estados Unidos, o que é muito bobo. Observa-se que não é sustentável em vista da crise ambiental. Existe uma alta conexão entre desenvolvimento capitalista, crise capitalista e urbanização.
Em que medida a transformação do mercado imobiliário influenciou na crise da urbanização?
Onde as pessoas ricas puseram seu dinheiro nos últimos 30 anos? Até os anos 80, por dinheiro na produção dava mais lucro do que investir no negócio imobiliário. Daí em diante, começou a se pensar onde por o dinheiro para ter uma taxa de retorno maior. Os mercados imobiliários e da terra são muito interessantes: se eu invisto, o preço sobe, como o preço sobe, mais gente investe, então os preços continuam subindo. Em meados da década de 70, em Manhattan (Nova York), podia-se vender por 200 mil dólares um edifício que hoje custa milhões de dólares. Desde então, houve bolhas de diferentes tipos, que se arrebentaram uma a uma. Os mercados de ações enlouqueceram nos anos 90. Se você observar a participação dos diferentes setores no produto interno bruto (PBI) dos Estados Unidos, em 1994, o mercado acionário tinha uma participação de 50% no PBI. Em 2000 subiu para uns 120% e começou a cair com a “crise das pontocom”. Enquanto que a participação do mercado imobiliário no PBI começou a crescer e passou dos 90% a 130% no mesmo período.
O que você acha da direção que tomou o investimento em infraestrutura nas últimas décadas?
O capitalismo não pode funcionar sem sua infraestrutura típica: estradas, portos e vias, edifícios e fábricas. A grande pergunta é como se constroem estas infraestruturas e em que medida contribuem para a produtividade no futuro. Nos Estados Unidos se fala muito de pontes que não vão a lugar algum. Existe interesses muito grandes de lobbistas da construção que querem construir, não importa o que. Podem corromper governos para fazer obras que não terão utilidade nenhuma.
Um exemplo do que você descreve é o que aconteceu na Espanha, com o boom da construção.
Uma parte da explicação da crise na Grécia e na Espanha pode estar ligada com os investimentos em infraestrutura. A Grécia é também um caso típico, com os Jogos Olímpicos, grandes obras de infraestrutura que agora não tem uso. Nos anos 50 e 60, a rede de estradas e autopistas, nos Estados Unidos, foi muito importante para o melhoramento da produtividade. Algo similar se observa atualmente na China, com estradas, ferrovias e novas cidades, que nos próximos anos terão um alto impacto na produtividade.
Você acredita que a China está enfrentando a crise de forma diferente dos Estados Unidos?
Tem melhores condições que outros países, sobretudo porque conta com grandes reservas de divisas. Os Estados Unidos têm um grande déficit e a China, um grande superávit. O outro problema nos Estados Unidos é político.
Quais são os fatores políticos que dificultam sair da crise?
Quem tenta construir obras de infraestrutura úteis é imediatamente acusado de “socialista”, que é o que está sofrendo Barack Obama. Na China isso não importa porque têm outras condições políticas. O governo na China é autoritário e pode por as coisas em seu devido lugar. No caso do Congresso norteamericano, está dominado por grupos republicanos e democratas que dirigem os interesses econômicos e as condições para tomar decisões são outras.
Segue-se uma diferença na relação entre o poder político e o poder econômico nestes países.
Na China, por efeito da crise americana, a resposta foi fazer grandes projetos de infraestrutura de imediato. Além disso, o governo centralizado da China tem enorme poder sobre os bancos. Deu a ordem: “Concedam empréstimos aos governos municipais para obras e para o setor privado que estavam executando-as”. O governo central dos Estados Unidos não pode fazer isso. Mantém-se dizendo aos bancos: ”Emprestem” e os bancos dizem: “Não”. A China está crescendo a ritmos de 10% após a crise e os Estados Unidos está no chão.
Quais são as falhas institucionais que levaram a esta crise?
Desde a década de 70 houve uma idéia dominante de que a resposta era privatizar. Existem muitas alternativas para que o setor público proporcione melhores serviços do que o setor privado.
Você acha que esta opinião também entrou no sistema financeiro?
Nos Estados Unidos, na década de 30, os bancos de investimento estavam separados dos bancos comerciais. Nos últimos anos se permitiu que se unissem. É um caso de mudança de regulamentação, onde o Estado se retira do controle.
Como você avalia o tipo de regulação que se propuseram a implementar a partir da crise?
Existe uma teoria chamada “captura regulamentar”. Supõe por as galinhas para serem controladas  pelas raposas. Se você observa as formas de regulamentação propostas até agora, verá que as raposas estão ganhando e isso acontece  porque as raposas controlam também o Congresso dos Estados Unidos.
Existem diferenças entre as políticas promovidas nos Estados Unidos e na Europa?
Sim, existem diferenças. Um dos temas que estou estudando é justamente as diferenças que existem nos diferentes lugares. Por exemplo, na América Latina a reação dos governos foi muito mais sensível à crise do que se observa nos Estados Unidos e na Europa. Na Europa existe um grande conflito entre os países maiores e menores. A Alemanha, que por razões históricas tem uma obsessão com o tema da inflação, impõe o tema da austeridade. O triunfo de um governo conservador na Inglaterra também fortalece a idéia de austeridade. Por isso, não surpreende que a Europa esteja estagnada, enquanto a China está crescendo forte.
Que impacto têm as políticas de austeridade?
A  austeridade é algo totalmente errôneo. Em primeiro lugar, pelas diferenças de impacto entre classes sociais. Em geral, as classes mais baixas são as mais prejudicadas. Além disso, as classes mais baixas, quando têm algum dinheiro, gastam-no, enquanto que as classes altas o usam para gerar mais dinheiro e não necessariamente para fazer coisas produtivas.
Por exemplo?
Muitos ricos dos Estados Unidos compraram terras na América Latina. Isto levou ao aumento do preço da terra. No longo prazo, devemos pensar como o mundo pode viver dentro de suas possibilidades. Isso não significa austeridade, mas uma forma mais austera de viver, que não é o mesmo.
Em que se diferenciam?
Deveremos pensar sobre o que realmente precisamos para ter uma boa vida, pois muitas das coisas que pensamos do consumo são uma loucura; é dilapidar recursos naturais e humanos. Temos que pensar como fazemos no longo prazo para que 6 bilhões e 800 milhões de pessoas possam viver, ter moradia, saúde, alimento para ter  uma vida razoável  e feliz.
Fonte: IHU, 18/01/2011

sábado, novembro 27, 2010

parem por um minuto e pensem nisso

COMENDO OS IRLANDESES

por Paul Krugman
Estamos precisando de um novo Jonathan Swift. A maioria das pessoas conhece Swift como o autor de As viagens de Gulliver. Mas os acontecimentos recentes me fizeram pensar em seu ensaio de 1729, “Uma proposta modesta”, no qual ele observou a pobreza estarrecedora dos irlandeses e ofereceu uma solução: vender as crianças como alimento.
“Asseguro que essa comida será um pouco cara”, ele admitiu, mas isso a tornaria muito apropriada para proprietários de terras, que, como já haviam devorado a maioria dos pais, pareciam ser os mais indicados para os filhos. Tudo bem que desta vez não são os proprietários de terras, mas os banqueiros – e eles estão apenas empobrecendo a população, não a comendo. Mas somente um satírico para fazer jus ao que está se passando hoje na Irlanda.
A história irlandesa começou com um verdadeiro milagre econômico.
Esse, porém, acabou dando lugar a uma orgia especulativa provocada por bancos e incorporadoras imobiliárias fora de controle, numa relação promíscua com políticos de peso. A orgia foi financiado com empréstimos enormes captados por bancos irlandeses, em geral de bancos de outros países europeus.
Aí a bolha estourou, e esses bancos enfrentaram prejuízos imensos.
Seria de esperar que os que emprestaram dinheiro aos bancos dividiriam os prejuízos. Afinal, eles eram adultos responsáveis por seus atos, e se não conseguiram compreender os riscos que estavam assumindo isso não foi por culpa de ninguém além deles. Mas, não, o governo entrou em cena para garantir a dívida dos bancos, transformando prejuízos privados em obrigações públicas.
Antes do estouro da bolha, a Irlanda tinha uma pequena dívida pública.
Mas, com os contribuintes subitamente ameaçados por prejuízos imensos dos bancos, enquanto a arrecadação despencava, a credibilidade do país foi colocada em xeque. Assim, a Irlanda tentou tranquilizar os mercados com um programa austero de corte de gastos.
Parem por um minuto e pensem nisso. Essas dívidas foram contraídas, não para pagar programas públicos, mas por espertalhões privados que buscavam apenas seu lucro pessoal. Agora, cidadãos comuns irlandeses pagam a conta.
Ou, para ser mais preciso, eles estão arcando com um ônus muito maior que a dívida – porque aqueles cortes de gastos causaram uma severa recessão, de modo que além de assumir as dívidas dos bancos, os irlandeses sofrem com a queda das rendas e o alto desemprego.
Agora o quê? Na semana passada, a Irlanda e seus vizinhos montaram o que foi amplamente descrito como um “salvamento”. O que realmente se passou, porém, foi que o governo irlandês prometeu impor sofrimentos ainda maiores à população em troca de uma linha de crédito que, presumivelmente, daria mais tempo para a Irlanda, bem, recuperar a confiança. Os mercados, compreensivelmente, não se impressionaram quando as taxas de juros dos bônus irlandeses subiram ainda mais.
As coisas precisariam mesmo ser dessa maneira? No início de 2009, circulava uma piada: “Qual a diferença entre a Islândia (em inglês, Iceland) e a Irlanda (em inglês, Ireland)? Resposta: “Uma letra e cerca de seis meses.” Isso era para ser uma piada de humor negro. Por pior que fosse a situação da Irlanda, ela não poderia se comparar ao completo desastre que era a Islândia.
Neste ponto, porém, a Islândia parece estar se saindo melhor que sua quase homônima. Sua recessão econômica não foi mais profunda que a da Irlanda, suas perdas de empregos foram menos graves e ela parece melhor posicionada para a recuperação. Os investidores, aliás, agora parecem estar considerando a dívida islandesa mais segura que a irlandesa. Como isso é possível? Parte da resposta é que a Islândia deixou que os emprestadores estrangeiros a seus bancos descontrolados pagassem o prelo de seu mau julgamento, em vez de colocar seus próprios contribuintes na linha para garantir as dívidas privadas ruins. Enquanto isso, a Islândia ajudou a evitar um pânico financeiro em parte impondo controles temporários ao capital – isto é, limitando a capacidade de os locais tirarem fundos do país.
A Islândia também se beneficiou do fato de que, diferentemente da Irlanda, ela ainda tem sua própria moeda: a desvalorização da coroa, que deixou as exportações islandesas mais competitivas, foi um importante fator para limitar a recessão na Islândia, Para os sabichões, nenhuma dessas opções heterodoxas está à disposição da Irlanda. A Irlanda, dizem eles, precisa continuar infligindo sofrimento a seus cidadãos – porque fazer qualquer outra coisa fatalmente solaparia a confiança.
Mas, a Irlanda já está em seu terceiro ano de austeridade, e a confiança continua se exaurindo. É o caso se perguntar o que será preciso para as pessoas sérias perceberem que punir a população pelos pecados dos banqueiros é pior que um crime; é um erro.
Tradução: Celso M. Paciornik
Fonte: Estadão | Economia & Negócios | Blog, 27 de novembro de 2010 | 8h00

se trata de “efeito manada” ?

MERCADO TEME QUE ESPANHA SEJA ‘BOLA DA VEZ’ DA CRISE

por Sílvio Guedes Crespo

Touro, um dos símbolos do mercado financeiro, e o toureiro, figura clássica da Espanha
(Foto:Susana Vera)
Ainda não está claro se se trata de “efeito manada” ou de uma análise fundamentada por parte dos investidores. Seja um boato ou uma informação verdadeira, o rumor de que a Espanha venha a ser o próximo país a precisar de ajuda internacional já tem consequência concreta: investidores estão vendendo títulos públicos do país ibérico e comprando dólares, num movimento que afetou mercados também de outros países, conforme observou o “Wall Street Journal“.
A moeda americana operava em alta em relação ao euro e ao real, entre outras divisas. No Brasil, a Bolsa de Valores de São Paulo caía 1,04% por volta das 15h. Na Europa, o mercado de Londres registrou queda de 0,53%, o de Paris, 0,84%, e o de Frankfurt, 0,45%. Os índices Dow Jones e Nasdaq, dos Estados Unidos, desciam 0,74% e 0,25%, respectivamente.
O retorno que os investidores exigem para comprar títulos da Espanha aumentou consideravelmente nesta semana, conforme noticiaram o “Financial Times” e o “Wall Street Journal”.
Nesta sexta-feira, particularmente, o medo de que a Espanha não consiga pagar seus investidores foi alimentado por uma reportagem do “Financial Times Deutscheland”, segundo a qual autoridades do governo da Alemanha, cuja identidade não foi revelada, estariam em conversas com a Comissão Europeia para elevar o fundo para resgate de países com problemas econômicos.
A reportagem gerou receio de que Espanha e Portugal estariam precisando de ajuda da União Europeia. Os governos alemão, espanhol e português negaram todas as informações da reportagem, assim como a Comissão Europeia.
O primeiro-ministro da Espanha, José Luis Rodriguez Zapatero, disse que seu país tem uma dívida pública menor do que a média europeia, que o processo de redução do déficit público está sendo conduzido adequadamente e que o sistema financeiro espanhol é um dos mais sólidos da Europa, conforme noticiou o jornal local “El País”.
Zapatero também disse que os investidores de curto prazo “vão se equivocar” se continuarem a vender títulos, atitude que o “Financial Times” considerou um “desafio ao mercado”.
Bola da vez?
“Se nós continuarmos a ver a tendência recente [de alta] nos retornos dos títulos da Espanha, então a crise vai se elevar para um patamar completamente novo, porque o país corresponde a 11,7% do Produto Interno Bruto [PIB] da eurozona, mais que o dobro de Irlanda, Grécia e Portugal [juntos]”, afirmou Gary Jenkins, da Evolution Securities, ao site do “Wall Street Journal”.
Fonte: Estadão, 26 de novembro de 2010 | 13h32

sexta-feira, novembro 26, 2010

quando a bolha estoura, o refúgio é o Estado

A RAIVA MAL DIRIGIDA NOS EUA
Tomando emprestadas as palavras de Fritz Stern, o famoso estudioso da história alemã: tenho idade suficiente para lembrar-me daqueles dias ameaçadores nos quais os alemães despencaram da decência para a barbárie nazista. Em um artigo de 2005, Stern indica que tem o futuro dos EUA em mente quando repassa um processo histórico no qual o ressentimento contra um mundo secular desencantado encontrará a liberação no êxtase da fuga da razão. O mundo é demasiado complexo para que a história se repita, mas de todo modo há lições que devem ser relembradas.
Nunca havia testemunhado tamanho grau de irritação, desconfiança e desencanto como o que presenciamos nos Estados Unidos por ocasião das eleições de metade de mandato. Desde que os democratas chegaram ao poder, estão tendo que lidar com nosso monumental incômodo pela situação social, econômica e política do país. Em uma pesquisa da empresa Rasmussen Records, realizada em outubro, mais da metade da cidadania americana assegura ver com bons olhos o movimento Tea Party: esse é o espírito do desencanto.
Os motivos de queixa são legítimos. Nos últimos 30 anos, os salários reais da maioria da população estancaram ou diminuíram, enquanto que a insegurança trabalhista e a carga de trabalho seguiram aumentando, do mesmo modo que a dívida. Acumulou-se riqueza, mas só em alguns bolsos, provocando desigualdades sem precedente.
Estas são as consequências derivadas da financeirização da economia, que vem se desenvolvendo desde os anos 70, e do correspondente abandono da produção doméstica. Recordando esse processo: a mania da desregulamentação defendida por Wall Street e apoiada por economistas fascinados pelos mitos da eficiência do mercado.
O público adverte que os banqueiros, responsáveis em boa parte pela crise financeira e que tiveram que ser salvos da bancarrota, estão desfrutando de lucros recordes e suculentas bonificações, enquanto os índices do desemprego continuam em torno de 10%. A indústria encontra-se em níveis similares aos da Grande Depressão: um de cada seis trabalhadores está desempregado, e o cenário indica que os bons empregos não vão voltar.
O povo, com razão, quer respostas e ninguém as dá, com exceção de umas poucas vozes que contam histórias com certa coerência interna: desde que se suspenda a incredulidade e se adentre em seu mundo de disparate e engano.
Mas ridicularizar as travessuras do Tea Party não é o mais acertado. Seria muito mais apropriado tentar compreender o que sustenta o encanto desse movimento popular e nos perguntar por que uma série de pessoas irritadas estão sendo mobilizadas pela extrema direita e não pelo tipo de ativismo construtivo que surgiu nos tempos da Depressão (como, por exemplo, o Congresso das Organizações Industriais, CIO).
Neste momento, o que os simpatizantes do Tea Party ouvem é que todas instituições (governo, corporações e corpos profissionais) estão apodrecidas e que nada funciona. Entre o desemprego e outros inúmeros problemas, os democratas não têm tempo para denunciar as políticas que conduziram ao desastre. Pode ser que o presidente Ronald Reagan e seus sucessores republicanos tenham sido os grandes culpados, mas essas políticas iniciaram já com o presidente Jimmy Carter e se intensificaram com o presidente Bill Clinton. Durante as eleições presidenciais, entre o eleitorado principal de Barack Obama estavam as instituições financeiras, que afiançaram sua primazia sobre nas últimas décadas.
Aquele radical incorrigível do século XVIII, Adam Smith, referindo-se a Inglaterra, diria que os principais arquitetos do poder eram os donos da sociedade (naqueles dias, os mercadores e industriais), e estes se asseguravam que as políticas do governo se ativessem religiosamente a seus interesses, por mais penoso que fosse o impacto sobre a população inglesa, ou pior, sobre as vítimas da “selvagem injustiça dos europeus” em outros países.
Uma versão mais moderna e sofisticada da máxima de Smith é a teoria do investimento em partidos políticos, do economista político Thomas Ferguson, que considera as eleições como eventos nos quais grupos de investidores se unem para poder controlar o Estado, selecionando para isso os arquitetos daquelas políticas que atendem aos seus interesses.
A teoria de Ferguson é útil para antecipar as estratégias políticas para longos períodos de tempo. Isso não é nenhuma surpresa. As concentrações de poder econômico procurarão de maneira natural estender sua influência sobre qualquer processo político. O que ocorre é que, nos Estados Unidos, essa dinâmica é extrema.
E ainda assim pode-se argumentar que os desperdícios empresariais têm uma defesa válida frente às acusações de avareza e desprezo pelo bem comum. Sua tarefa é maximizar os lucros e o “bem-estar” do mercado. De fato, esse é seu dever legal. Se não cumprissem essa obrigação, seriam substituídos por alguém que o fizesse. Também ignoram o risco sistemático: a possibilidade que suas transações prejudiquem a economia em seu conjunto. Esse tipo de externalidade não é de sua incumbência, e não é por que sejam más pessoas, mas sim por razões de tipo institucional.
Quando a bolha estoura, os que correram os riscos correm para o refúgio do Estado. As operações de resgate, uma espécie de apólice de seguro governamental, constituem um dos perversos incentivos que magnificam as ineficiências do mercado. 
Cada vez está mais ampliada a ideia de que nosso sistema financeiro percorre um ciclo catastrófico, escreveram, em janeiro deste ano, os economistas Peter Boone e Simon Johnson, no Financial Times. Toda vez que ele sucumbe, confiamos que seja resgatado por políticas fiscais e dinheiro fácil. Esse tipo de reação mostra ao setor financeiro que ele pode fazer grandes apostas, pelas quais será generosamente recompensado, sem ter que se preocupar com os custos que possa vir a ocasionar, porque será o contribuinte quem acabará pagando por meio de resgates e outros mecanismos. E, como consequência, o sistema financeiro ressuscita outra vez, para apostar de novo e voltar a cair.
O dia do juízo final é uma metáfora que também se aplica fora do mundo financeiro. O Instituto do Petróleo Americano, respaldado pela Câmara de Comércio e outros grupos de pressão, intensificou seus esforços para persuadir o público a abandonar sua preocupação com o aquecimento global provocado pelo homem e, segundo mostram as pesquisas, obteve bastante êxito nesta tarefa. Entre os candidatos republicanos ao Congresso nas eleições de 2010, praticamente todo mundo rechaça a ideia de aquecimento global.
Os executivos responsáveis pela propaganda sabem de sobra que o aquecimento global é verídico e nosso futuro incerto. Mas o destino das espécies é uma externalidade que os executivos têm que ignorar, pois o que se impõe é o sistema de mercado. E o público não poderá sair em operação de resgate quando finalmente se confirme o pior dos cenários possíveis.
Tomando emprestadas as palavras de Fritz Stern, o famoso estudioso da história alemã: tenho idade suficiente para lembrar-me daqueles dias ameaçadores nos quais os alemães despencaram da decência para a barbárie nazista. Em um artigo de 2005, Stern indica que tem o futuro dos EUA em mente quando repassa um processo histórico no qual o ressentimento contra um mundo secular desencantado encontrará a liberação no êxtase da fuga da razão.
O mundo é demasiado complexo para que a história se repita, mas de todo modo há lições que devem ser relembradas quando verificamos as consequências de outro ciclo eleitoral. Não é pequena a tarefa diante de quem deseje apresentar-se como uma alternativa à indignação e à fúria enlouquecida, ajudando a organizar os não poucos descontentes e sabendo liderar o caminho para um futuro mais próspero.
Tradução: Marco Aurélio Weissheimer
Fonte: Carta Maior, 25/11/2010

quarta-feira, novembro 24, 2010

a verdadeira base da “reconstrução”

NEOLIBERALISMO GERA DESEMPREGO E PUNE OS DESEMPREGADOS

por Andre Damon
   A taxa oficial de desemprego nos EUA atingiu 10,2% em outubro, de acordo com o relatório apresentado na sexta-feira, dia 6, pelo Departamento do Trabalho do país. Trata-se da segunda vez apenas, desde a II Guerra Mundial, em que a taxa atinge dois dígitos. Trata-se, assim, do mais alto índice desde 1983.
    Os últimos relatórios evidenciam a verdadeira base da “reconstrução” clamada pelo governo Obama: aumento do desemprego, aliado ao aumento da intensidade de trabalho e ao corte nos salários. O relatório sobre o desemprego foi divulgado apenas um dia após aquele que relatava um aumento na intensidade de trabalho, numa jornada representada em menos dinheiro.
    A taxa de desemprego, medida com base numa pesquisa familiar, aumentou 0,4% em outubro, muito mais do que esperavam os economistas.
Como um todo, foram perdidos 190.000 empregos, acima dos 175.000 previstos pelos economistas. Como um todo, a pesquisa familiar realizada — incluindo aqueles que trabalham para si próprios e pequenos comerciantes — obteve um número muito maior de empregos cortados: 558.000.
    Cerca de 61.000 empregos na manufatura foram perdidos no mês, elevando o número total perdido no setor desde dezembro de 2007 para 2,1 milhões. Já no varejo o número de empregos cortados no mês foi de 40.000. O setor de serviço, como um todo, cortou 61.000 empregos.
    A taxa de desemprego no Canadá aumentou 0,2% em outubro, para 8,6%. O país perdeu 43.000 empregos no último mês, em contraste com a adição de 10.000 empregos prevista pelos economistas. Cerca de 400.000 empregos foram eliminados no país desde outubro de 2008.
    Desde o início da recessão, 8,2 milhões de empregos foram destruídos nos EUA, elevando o número de pessoas desempregadas no país para 15,7 milhões, significativamente maior que a população de Cuba, da Grécia ou da Suécia. Dentro desse quadro, cerca de 5,6 milhões, ou 35,6%, estão desempregados há 27 semanas ou mais.
    A taxa de desemprego mais ampla, que inclui aqueles que já deixaram de procurar emprego e aqueles que trabalham apenas meio-período involuntariamente, atinge números ainda mais alarmantes: 17,5% da população. Trata-se do maior número já registrado na história e cerca de 0,5% a mais que o de setembro. O número de pessoas que gostaria de ter um emprego de período integral, mas não pode, somados àqueles que tiveram as horas cortadas pela metade, atinge 9,3 milhões.
    Diante disso, os economistas revisaram para cima sua estimativa da taxa de desemprego para o próximo ano, com muitos deles prevendo algo além dos 11%. Tal número representaria a mais alta taxa desde a II Guerra Mundial.
    A última vez que a taxa ultrapassou os 10% foi durante a recessão de 1982-83, quando atingiu 10,8%. As condições para os trabalhadores, hoje, entretanto, estão muito piores que aquelas da década de 80. Nas três décadas que se passaram, avançou uma consciente campanha pela flexibilização dos direitos trabalhistas, que representou-se não apenas em cortes de empregos, como também em corte de tempo de trabalho e imposição de trabalhos mais intensos.
    Tudo isso se expressou no relatório divulgado na quinta-feira pelo Departamento do Trabalho dos EUA, que divulgou um aumento de 9,5% na produtividade do trabalho, em comparação com o último semestre do ano passado. A produtividade é calculada de acordo com o produzido durante determinado período trabalhado. Nos últimos seis meses, a produtividade aumentou no maior nível desde 1961.
     O aumento da produtividade choca-se com o fato de que os trabalhadores têm de fazer mais por menos. Muitas empresas cortam parte de sua força de trabalho e forçam aqueles trabalhadores que ficaram a trabalhar por seus companheiros demitidos.
    A resposta de Obama aos dados divulgados na sexta-feira era uma mistura de indiferença e ideias paliativas. Numa declaração na Casa Branca, afirmou: “Mesmo que isso nos tome tempo e paciência, sou confiante na recuperação da economia. Tenho confiança de que estamos no caminho certo”.
    Em seguida, Obama defendeu que as medidas de “estímulo” injetadas por seu governo “salvaram e criaram” milhões de empregos. Tal idéia baseou-se em dados altamente inflados a respeito dos empregos que seriam cortados caso não tivessem agido. Na verdade, o número de pessoas diretamente empregadas graças às medidas de Obama é insignificante.
    Em seguida, Obama anunciou a extensão do plano de benefícios aos desempregados em 20 semanas para alguns estados do país. O presidente norte-americano informou que a lei assinada por ele aumentará os benefícios existentes para mais de 700.000 pessoas. O salário-desemprego chegará a US$ 300, podendo ser estendido para até 33 semanas.
A lei também inclui um aumento da taxa de crédito para aqueles que comprarem casas. Tais programas buscam aliviar o processo, mas de forma alguma, apontam um caminho para superação da crise.
      Buscando diminuir os comentários de que seu governos está ampliando demais os gastos federais, Obama declarou que as lei que estende os benefícios aos desempregados era “neutra” do ponto de vista dos gastos do Estado. “A lei que assinei não acarretará em nossos gastos. Trata-se de algo muito pequeno e, nesse sentido, responsável do ponto de vista fiscal”, afirmou.
    O foco no corte dos gastos federais, tema repetido por muitos representantes do governo nas últimas duas semanas, surgiu após os cofres do governo serem abertos ao setor financeiro. O aumento dos lucros e dos bônus aos maiores bancos serão pagos via corte nos gastos sociais.
    Obama indicou que seu governo busca medidas adicionais, focadas em cortes fiscais para corporações, supostamente para gerar empregos. Com isso, o governo rejeitaria novos pacotes de estímulo.
    Alan Krueger, economista-chefe do Departamento do Tesouro, disse a jornalistas que não existem planos seguros sendo planejados. “Não posso falar sobre o que está sendo considerado, nem mesmo se o que está sendo considerado acontecerá”, afirmou ele.
    A esse respeito, Obama ainda defendeu “uma agenda agressiva para promover as exportações e ajudar os negócios americanos no resto do mundo”. Tal declaração refere-se a um componente chave da estratégia americana para diminuir seus gastos fiscais: a desvalorização do dólar para aumentar as exportações e diminuir importações.
    A realidade por trás de tal proposta, no entanto, é o ataque aos salários, base da competição em todo o mundo por mão-de-obra. Os salários nos EUA caíram neste ano para um nível recorde e continuará caindo.
    O próprio governo desferiu esse ataque com o processo de bancarrota da General Motors e da Chrysler no começo deste ano, vinculado ao rebaixamento dos padrões de vida da classe operária.
    No começo desta semana, Obama declarou, num encontro do Conselho de Recuperação Econômica, que gostaria de “criar algo para que os investimentos fossem alavancados”. A única forma de fazer isso, para ele, no entanto, se dá através da permanente redução dos salários e pelo aumento da produtividade dos trabalhadores americanos.
    Para Obama e o setor da burguesia que representa, altos índices de desempregos não são indesejáveis — pelo contrário, são absolutamente necessários.
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(*) Artigo originalmente publicado no World Socialist Web Site, 10-11
Fonte: Carta Maior, 18/11/2010

maior pacote de cortes de gastos públicos

VEJA COMO EUROPA E JAPÃO ESTÃO ENFRENTANDO SEUS DÉFICITS
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George Osborne, ministro britânico das FinançasGoverno britânico promoverá cortes para conter déficit
O governo britânico anunciou nesta terça-feira o maior pacote de cortes de gastos públicos desde a Segunda Guerra Mundial, na tentativa de economizar 81 bilhões de libras (cerca de R$ 214 bilhões) em quatro anos.
O objetivo é conter o déficit público do país, calculado em 11,5% do PIB. O ministro das Finanças, George Osborne, disse que o déficit estrutural (que se mantém mesmo quando a economia está em seu máximo potencial e que deriva de problemas de longo prazo) britânico é o maior entre os países europeus.
A BBC Brasil preparou um guia com as medidas que países da Europa e o Japão vem adotando para, como o Reino Unido, combater déficits públicos crescentes e recuperar suas economias, duramente afetadas pela crise financeira global.
Grã-Bretanha
O governo de coalizão entre conservadores e liberais-democratas vem anunciando cortes que devem incluir reduções médias de 25% em cada departamento e o fechamento de 490 mil postos de trabalho no funcionalismo até o ano fiscal de 2014/15. O motivo, diz Osborne, é que “acabou o dinheiro do país”.
A defesa perderá 8% de seu orçamento, 17 mil postos militares e 25 mil civis, segundo anúncio do premiê David Cameron nesta terça-feira.
Não houve manifestações populares antes dos anúncios de cortes, mas o secretário-geral do sindicato Unison, Dave Prentis, acusou o governo de “usar uma serra elétrica” contra os serviços públicos com motivações ideológicas.
França
O governo de Nicolas Sarkozy anunciou planos de cortes de gastos de 45 bilhões de euros (R$ 104 bilhões) pelos próximos três anos, para alcançar a meta de redução do déficit.
Parte desse dinheiro deve ser economizada por meio de correção de vácuos no sistema tributário e pela suspensão temporária de estímulos fiscais.
Protesto em Paris contra reforma previdenciáriaMas a proposta que tem causado mais polêmica é a reforma da previdência, que almeja aumentar a idade mínima de aposentadoria de 60 para 62 anos. Os contribuintes donos das maiores rendas devem ser forçados a pagar 1% a mais em impostos.
Manifestantes rejeitam aumento na idade para se aposentar na França
Em reação à reforma, a França está vivendo uma onda de protestos e greves.
Irlanda
O país orçou em 45 bilhões de euros (R$ 104 bilhões) o pacote de ajuda financeira a bancos endividados, o que aumentou o buraco nas finanças irlandesas.
Com isso, o déficit orçamentário, calculado atualmente em 14,3%, deve aumentar temporariamente para 32%.
A meta original era reduzi-lo para 3% até 2014, seguindo orientações da União Europeia, por meio de economias de 7,5 bilhões de euros (R$ 17,3 bi) no período. Parlamentares da oposição dizem que um corte de 10 bilhões de euros seria mais realista.
O salário dos funcionários públicos sofreu um corte de ao menos 5%, e seus benefícios sociais foram reduzidos.
O auxílio estatal a casais com filhos também sofreu reduções.
Holanda
O governo de coalizão de centro-direita formado em 8 de outubro afirmou que deseja cortar o custos orçamentários em 18 bilhões de euros (R$ 41,6 bi) até 2015, mas não está claro se terá apoio para aprovar a medida.
Espanha
O governo aprovou um plano de austeridade para 2011 que inclui um aumento nos impostos para os mais ricos e cortes de gastos de 8%.
Madri prometeu a seus pares europeus que cortará seu déficit de 11,2% do PIB para 6% no próximo ano.
O funcionalismo sofrerá um corte salarial de 5%, e os salários serão congelados em 2011.
Um auxílio estatal de 2,5 mil euros a novas mães foi eliminado.
A Espanha viu sua taxa de desemprego dobrar para cerca de 20% desde 2007.
Grécia
Atenas prometeu um corte drástico de custos em troca de um pacote de resgate de 110 bilhões de euros (R$ 254 bilhões) que recebeu da União Europeia e do FMI.
O país começou a atacar a evasão fiscal, a corrupção nos setores públicos e os esquemas de aposentadoria antecipada. A média de idade para se aposentar deve ser elevada de 61,4 anos para 63,5.
Endividada, Grécia tomou medidas de austeridade
Protestos em Atenas contra medidas de austeridadeOutras medidas incluem o fim de bônus para funcionários estatais, o congelamento de salários e pensões no setor público por ao menos três anos, o aumento em impostos sobre vendas de 19% para 23% e o aumento em taxas sobre combustível, bebidas e fumo.
As medidas mais drásticas resultaram em greves no setor público e em violência nas ruas de Atenas.
O país tem um déficit de 13,6% em relação ao PIB.
Romênia
O governo propôs cortes de 25% em salários e de 15% em pagamentos de aposentadorias para reduzir seu déficit orçamentário.
A economia romena encolheu mais de 7% em 2009, e o país necessitou auxílio do FMI.
São esperadas novas medidas de austeridade para cumprir com as demandas do Fundo ao receber uma nova parcela do empréstimo de 20 bilhões de euros (R$ 46 bilhões).
Itália
O governo aprovou medidas de austeridade que visam economizar 24 bilhões de euros (R$ 55,5 bilhões, ou 1,6% do PIB italiano) em 2001 e 2012.
O país também deve cortar salários públicos e congelar novas contratações. Aposentadorias do funcionalismo e gastos de governos locais também podem ser afetados.
Quem alcançar a idade para se aposentar em 2011 terá sua aposentadoria adiada em seis meses.
A chanceler Angela MerkelAlemanha
Berlim propôs cortes de 80 bilhões de euros (R$ 185 bilhões) pelos próximos quatro anos, a maior medida de austeridade adotada pelo país desde a Segunda Guerra. A chanceler (premiê) Angela Merkel disse que os alemães têm a chance de “dar o bom exemplo”.
Merkel disse que Alemanha tem de dar o exemplo
O plano inclui reduções em subsídios para famílias com filhos, o fechamento de 10 mil cargos públicos e impostos mais altos em energia nuclear.
O déficit do país foi de cerca de 3% em 2009, mas projeções indicam que ele vai passar de 5% neste ano.
Portugal
O governo socialista anunciou medidas para reduzir seu déficit de 9,4% para 7,3% neste ano e 4,6% em 2011.
Salários dos funcionários públicos mais bem pagos, inclusive políticos, serão reduzidos em 5%.
Haverá aumentos de impostos, principalmente para os contribuintes de maior renda. Até 2013, os gastos militares terão de ser cortados a 40%, e o governo deve adiar investimentos em duas linhas de trem de alta velocidade.
Japão
O premiê Naoto Kan propôs aumento drástico no imposto sobre consumo nos próximos dez anos, com o objetivo de alcançar a meta de superávit primário. Mas a derrota do partido do premiê nas eleições legislativas, em julho passado, dificultará a aprovação da medida, de baixa aceitação popular.
O déficit do país gira em torno de 200%, muito superior às cifras europeias.
Neste mês, o Japão interveio em seu câmbio para conter a alta do iene, atitude inédita em quase sete anos, na tentativa de evitar a perda de competitividade de sua indústria.
Fonte: BBC | Brasil – Economia, 20 de outubro, 2010 - 19:01 (Brasília) 21:01 GM

Portugal: uma greve geral convocada

GREVE GERAL CONTRA CORTES PARALISA PRINCIPAIS SERVIÇOS DE PORTUGAL
por Jair Rattner
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De Lisboa para a BBC Brasil
Serviços foram afetados em Lisboa devido à greve
Faixa alerta sobre a greve geral em LisboaUma greve geral convocada pelas duas maiores centrais sindicais do país paralisou nesta quarta-feira grande parte do sistema de transporte, das escolas e dos serviços públicos em Portugal.
O objetivo da paralisação é protestar contra medidas tomadas pelo governo para reduzir o déficit público - que vem comprometendo a credibilidade do país nos mercados financeiros internacionais.
O principal setor em que a greve está sendo sentida em Lisboa é o de transportes.
O metrô foi paralisado, trens suburbanos operavam apenas com os chamados serviços mínimos (15% do total) e poucos ônibus circulavam pelas ruas – uma parte deles com motoristas contratados apenas para esta quarta-feira. A cidade enfrenta grandes congestionamentos, muita gente decidiu ir de carro para o emprego.
Os hospitais cancelaram cirurgias, fazendo apenas atendimento de emergência. A coleta de lixo está parada. Os bombeiros estão prestando apenas serviços mínimos.
Enquanto os sindicatos anunciam a vitória da mobilização, dizendo que a paralisação chega a entre 90% e 100%, o governo afirma que a greve não é geral, e que apenas 40% dos trabalhadores aderiram.
Economistas estimam que o governo esteja perdendo 500 milhões de euros por causa da greve.
Reivindicações
Esta é a primeira greve em 22 anos convocada em conjunto pela Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (a CGTP), cuja direção é ligada ao Partido Comunista, e pela União Geral de Trabalhadores, cujos dirigentes são do Partido Socialista e do Partido Social-Democrata.
Mais de 150 sindicatos responderam ao chamado das centrais sindicais. Entre suas reivindicações está a revogação de medidas como a redução de até 10% do salário dos funcionários públicos (dependendo de quanto recebem), o congelamento das aposentadorias e a redução de benefícios à maternidade e de outros apoios sociais.
Os grevistas também protestam contra aumentos no imposto de renda sobre pessoas físicas e sobre valor agregado.
Com um déficit público de 9,3% do PIB em 2010, Portugal se comprometeu a reduzir o rombo para apenas 4,6% em 2011 e chegar a 2012 com um déficit inferior aos 3% exigidos pelo tratado que criou o euro.
Voos para o Brasil
A greve atingiu também o transporte aéreo e afetou os voos para o Brasil.
Com a adesão dos controladores aéreos, apenas os serviços considerados de emergência – para os arquipélagos da Madeira e dos Açores – foram mantidos, mesmo assim, com frequência reduzida.
Os 18 voos da TAP de Lisboa e Porto para o Brasil e de volta que estavam marcados para hoje foram adiados ou cancelados, atingindo pelo menos 2.500 passageiros – a empresa é a que tem maior número de ligações entre a Europa e o Brasil.
Fonte: BBC Brasil | Economia, 24 de novembro, 2010 - 08:58 (Brasília) 10:58 GMT

se o euro fracassar, a UE fracassará também

ZONA DO EURO ENFRENTA 'CRISE DE SOBREVIVÊNCIA'

Rompuy pediu 'trabalho conjunto' para 'sobreviver'
A União Europeia enfrenta uma “crise de sobrevivência” por conta dos deficits na zona do euro, advertiu nesta terça-feira o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy.
Em discurso pouco antes da reunião, em Bruxelas, de ministros das Finanças do bloco europeu para tratar de sua estabilidade econômica, Rompuy disse que, se o euro fracassar, a UE também fracassará.
Países como Irlanda e Portugal vivem situação preocupante, e não se sabe se conseguirão lidar com seus deficits sem a ajuda de fundos da UE. Suas crises são alvo de escrutínio na reunião desta terça.
E, na segunda-feira, estatísticas da UE mostraram que a dívida da Grécia – país que já está recebendo empréstimos bilionários do FMI – é ainda maior do que se pensava anteriormente.
Rompuy se disse “muito confiante” de que os problemas serão resolvidos, mas afirmou que “todos temos que trabalhar juntos para que sobrevivamos com a zona do euro. Caso contrário, não sobreviveremos com a União Europeia”.
Irlanda e Portugal
O ministro das Finanças de Portugal, Fernando Teixeira dos Santos, indicou que seu país está disposto a aceitar um pacote de resgate financeiro e instou a Irlanda a fazer o mesmo.
A Irlanda havia afirmado que não pretende recorrer a fundos europeus. No entanto, a imprensa irlandesa afirmou nesta terça-feira que, sob pressão de outros países – que temem o contágio da crise –, Dublin pode capitular e aceitar um resgate para seus bancos endividados.
O ministro irlandês para a Europa, Dick Roche, admitiu os problemas financeiros de seu país, mas prometeu novos cortes no orçamento e pediu “solidariedade” de seus colegas europeus na reunião de Bruxelas.
“Não acho que a resposta apropriada (para a crise) seja o pânico dos ministros das Finanças”, disse.
O correspondente da BBC em Bruxelas Matthew Price afirma que a Irlanda não pode ser forçada a aceitar o resgate, mas instabilidades no mercado financeiro podem exercer pressão sobre o país.
Orçamento europeu
Enquanto isso, o presidente da Comissão Europeia (braço executivo da UE), José Manuel Barroso, disse que alguns membros da UE deram um “golpe” na Europa ao bloquear o orçamento de 2011 do bloco.
“Um pequeno número de Estados-membros não estava preparado para negociar no espírito europeu”, disse.
França, Alemanha e Grã-Bretanha estão entre os países que se opuseram aos parlamentares europeus e à Comissão Europeia e rejeitaram o aumento proposto de 6% no orçamento do bloco.
As negociações sobre o tema fracassaram na manhã desta terça-feira. Se não houver acordo até dezembro, o orçamento deverá ser mantido no nível de 2010.
Fonte: BBC Brasil | Economia, 16 de novembro, 2010 - 13:44 (Brasília) 15:44 GMT

terça-feira, novembro 16, 2010

volta à política de classe

A História da Austeridade
A recente reunião do G-20 em Seul foi um fracasso e mostrou que a ordem econômico-financeira criada no final da Segunda Guerra Mundial está colapsando, indicando no horizonte a eclosão de graves conflitos comerciais e monetários. Por toda parte, os cidadãos vão são sendo bombardeados pelas mesmas ideias de crise, de tempo de austeridade, de sacrifícios compartilhados. O que não é dito é que a crise foi provocada por um sistema financeiro desregulado, chocantemente lucrativo e tão poderoso que, no momento em que explodiu e provocou um imenso buraco financeiro na economia mundial, conseguiu convencer os Estados (e, portanto, os cidadãos) a salvá-lo da bancarrota e a encher-lhe os cofres sem lhes pedir contas.
por Boaventura de Sousa Santos
A recente reunião do G-20 em Seul foi um fracasso total. Chegou a ser constrangedora a perda de credibilidade dos EUA, como suposta economia mais poderosa do mundo, e o modo como tentaram acusar a China de comportamentos monetários afinal tão protecionistas quanto os dos EUA. A reunião mostrou que a “ordem” econômico-financeira, criada no final da Segunda Guerra Mundial e já fortemente abalada depois da década de 1970, está a colapsar, sendo de prever a emergência de conflitos comerciais e monetários graves. Mas curiosamente estas divergências não têm eco na opinião pública mundial e, pelo contrário, um pouco por toda a parte os cidadãos vão sendo bombardeados pelas mesmas ideias de crise, de tempo de austeridade, de sacrifícios repartidos. Há que analisar o que se esconde por detrás deste unanimismo. 
Quem tomar por realidade o que lhe é servido como tal pelos discursos das agências financeiras internacionais e da grande maioria dos Governos nacionais nas diferentes regiões do mundo tenderá a ter sobre a crise econômica e financeira e sobre o modo como ela se repercute na sua vida as seguintes ideias: todos somos culpados da crise porque todos, cidadãos, empresas e Estado, vivemos acima das nossas posses e endividamo-nos em excesso; as dívidas têm de ser pagas e o Estado deve dar o exemplo; como subir os impostos agravaria a crise, a única solução será cortar as despesas do Estado reduzindo os serviços públicos, despedindo funcionários, reduzindo os seus salários e eliminando prestações sociais; estamos num período de austeridade que chega a todos e para a enfrentar temos que aguentar o sabor amargo de uma festa em que nos arruinamos e agora acabou; as diferenças ideológicas já não contam, o que conta é o imperativo de salvação nacional, e os políticos e as políticas têm de se juntar num largo consenso, bem no centro do espectro político.
Esta “realidade” é tão evidente que constitui um novo senso comum. E, no entanto, ela só é real na medida em que encobre bem outra realidade de que o cidadão comum tem, quando muito, uma ideia difusa e que reprime para não ser chamado ignorante, pouco patriótico ou mesmo louco. Essa outra realidade diz-nos o seguinte. A crise foi provocada por um sistema financeiro empolado, desregulado, chocantemente lucrativo e tão poderoso que, no momento em que explodiu e provocou um imenso buraco financeiro na economia mundial, conseguiu convencer os Estados (e, portanto, os cidadãos) a salvá-lo da bancarrota e a encher-lhe os cofres sem lhes pedir contas. Com isto, os Estados, já endividados, endividaram-se mais, tiveram de recorrer ao sistema financeiro que tinham acabado de resgatar e este, porque as regras de jogo não foram entretanto alteradas, decidiu que só emprestaria dinheiro nas condições que lhe garantissem lucros fabulosos até à próxima explosão. A preocupação com as dívidas é importante, mas, se todos devem (famílias, empresas e Estado) e ninguém pode gastar, quem vai produzir, criar emprego e devolver a esperança às famílias? 
Neste cenário, o futuro inevitável é a recessão, o aumento do desemprego e a miséria de quase todos. A história dos anos de 1930 diz-nos que a única solução é o Estado investir, criar emprego, tributar os super-ricos, regular o sistema financeiro. E quem fala de Estado, fala de conjuntos de Estados, como a União Europeia e o Mercosul. Só assim a austeridade será para todos e não apenas para as classes trabalhadoras e médias que mais dependem dos serviços do Estado.
Porque é que esta solução não parece hoje possível? Por uma decisão política dos que controlam o sistema financeiro e, indiretamente, os Estados. Consiste em enfraquecer ainda mais o Estado, liquidar o Estado de bem-estar onde ele ainda existe, debilitar o movimento operário ao ponto de os trabalhadores terem de aceitar trabalho nas condições e com a remuneração unilateralmente impostas pelos patrões. Como o Estado tende a ser um empregador menos autônomo e como as prestações sociais (saúde, educação, pensões, previdência social) são feitas através de serviços públicos, o ataque deve ser centrado na função pública e nos que mais dependem dos serviços públicos. Para os que neste momento controlam o sistema financeiro é prioritário que os trabalhadores deixem de exigir uma parcela decente do rendimento nacional, e para isso é necessário eliminar todos os direitos que conquistaram depois da Segunda Guerra Mundial. O objetivo é voltar à política de classe pura e dura, ou seja, ao século XIX.
A política de classe conduz inevitavelmente à confrontação social e à violência. Como mostram bem a recentes eleições nos EUA, a crise econômica, em vez de impelir as divergências ideológicas a dissolverem-se no centro político, agrava-as e empurra-as para os extremos. Os políticos centristas (em que se incluem os políticos que se inspiraram na social democracia europeia) seriam prudentes se pensassem que na vigência do modelo que agora domina não há lugar para eles. Ao abraçarem o modelo estão a cometer suicídio. Temos de nos preparar para uma profunda reconstituição das forças políticas, para a reinvenção da mobilização social da resistência e da proposição de alternativas e, em última instância, para a reforma política e para a refundação democrática do Estado.
(*) Boaventura de Sousa Santos é sociólogo e professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (Portugal).
Fonte: Carta Maior, 15/11/2010

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