sábado, março 28, 2009

vindo no vento

Canção do Vento e de Minha Vida
Manuel Bandeira

O vento varria as folhas,
O vento varria os frutos,
O vento varria as flores...

E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De frutos, de flores, de folhas.
 

O vento varria as luzes,
O vento varria as músicas,
O vento varria os aromas...

E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De aromas, de estrelas, de cânticos.
 

O vento varria os sonhos
E varria as amizades...
O vento varria as mulheres...

E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De afetos e de mulheres.
 

O vento varria os meses
E varria os teus sorrisos...
O vento varria tudo!

E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De tudo.

sexta-feira, março 27, 2009

armadilhas

O  AUTOMATISMO  CONCORDO-DISCORDO E  AS  ARMADILHAS  DO  REDUCIONISMO

Humberto Mariotti *

 

Comecemos falando sobre a nossa tendência a reduzir. Trata-se de um processo natural, e como tal necessário para que possamos perceber e tentar entender o mundo. Reduzimos sempre o que percebemos à nossa capacidade de entendimento, ou seja, à forma como é estruturada a nossa mente. 

O reducionismo é como o ego: indispensável mas questionável. Diante de um determinado fenômeno, nós o percebemos e reduzimos o que foi percebido à nossa estrutura de compreensão — ao nosso conhecimento, portanto. Mas, como é óbvio, reduzir algo ao nosso conhecimento é o mesmo que reduzi-lo à nossa ignorância. Daí a necessidade de um segundo passo — a reampliação —, que consiste em conferir o que foi percebido. Fazemos isso comparando-o com compreensões pessoais prévias e, a seguir, cotejando-o com a compreensão dos outros, por meio do diálogo e outras formas de interação e convivência. Dessa maneira, procuramos reampliar o que havia sido reduzido.

O problema é que nem sempre é fácil voltar a ampliar depois da redução inicial. Isso se dá porque tendemos a reduzir nossas compreensões às dimensões do nosso ego, que é frágil, medroso e teme a reampliação. Teme-a porque ela o põe à prova, leva-o a confrontar as suas percepções e entendimentos com os dos outros. Como está preparado para competir, o ego sempre vê os outros como adversários, e portanto sente-se sempre ameaçado por eles. Por isso, pensar segundo modelos predeterminados e buscar apoio em referenciais que julgamos inquestionáveis (pressupostos) tornou-se uma forma de remediarmos a nossa fraqueza. É um modo de pôr em prática o ponto de vista empiricista, que diz que existe uma realidade externa que é a mesma para todos.

Se essa tese fosse correta a cognição seria um fenômeno passivo. E assim, todos entenderiam o mundo da mesma maneira. Nessa ordem de idéias, quem não percebesse a "verdade" universal estaria com problemas e, portanto, precisaria de ajuda para alcançar o nível de percepção dos outros. Isto é: para perceber as coisas como "todo mundo" — o que equivaleria a entender a vida e pautar a conduta segundo as normas do senso comum. Entretanto, sabemos que percepções padronizadas levam a comportamentos padronizados. Esse é o principal problema da redução não seguida de reampliação.

Nossa tendência a eliminar é mais forte que a necessidade de integrar. Não sabemos ouvir. Quando alguém nos diz alguma coisa, em vez de escutar até o fim logo começamos a comparar o que está sendo dito com idéias e referenciais que já temos. Esse processo mental — que chamo de automatismo concordo-discordo — quando levado a extremos é muito limitante. 

Ouvir até o fim, sem concordar nem discordar, tornou-se muito difícil para todos nós. Não sabemos ficar — mesmo de modo temporário — entre o conhecido e o desconhecido. Confundimos o desconhecido com o nada e por isso o tememos. A frase do escritor americano William Faulkner, "entre a dor e o nada eu prefiro a dor", traduz nosso apego a esse tipo de repetição.

Faça você mesmo a prova: tente escutar até o fim, sem concordar nem discordar, o que o seu interlocutor está dizendo. Procure evitar que logo às primeiras frases dele você já esteja pensando no que irá responder. Veja como isso é difícil — e então constatará que o automatismo concordo-discordo é uma das manifestações mais poderosas do condicionamento de nossa mente pelo pensamento linear, isto é, pelo modelo mental "ou/ou", — a lógica binária do sim/não.

O mundo desencantado
Em sua obra Ser e tempo — por muitos considerada um dos trabalhos filosóficos mais importantes do século 20 —, Martin Heidegger afirma que a história da metafísica ocidental é a história do esquecimento do Ser, porque esse pensamento configurou um modelo lógico, objetivo e tecnicista. 

Em outras palavras, Heidegger sustenta que a razão instrumental ignorou o Ser. Para ele, ao longo da história da metafísica ocidental deu-se privilégio ao pensar — e ao pensar segundo a lógica binária de Aristóteles. Se tomarmos a frase cartesiana cogito ergo sum (penso, logo existo), é fácil observar que a filosofia ocidental se ateve aos padrões lógicos do cogito e esqueceu-se do sum, isto é, ligou-se ao pensar e esqueceu-se do existir. 

Ao analisar o sujeito a partir de sua dimensão de existente (o sum), o propósito de Heidegger foi proceder ao que chamou de analítica existencial. Em obras posteriores a Ser e tempo, ele se preocuparia mais especificamente com a questão da técnica. Questionaria a transformação desta e da ciência positivista em objetos de adoração e culto por nossa cultura, tudo isso em função da prevalência do racionalismo e do pensamento quantificador.

Assim, o projeto da modernidade fez com que o homem se julgasse senhor do mundo natural. Por meio da técnica (que corresponde à colocação em prática do pensamento linear), ele vem tentando investigar, desvelar esse mundo. Contudo, os fatos mostram com uma freqüência cada vez maior que esse projeto não vem dando os resultados anunciados e esperados. De fato, a observação revela que em muitos casos a técnica tem criado mais problemas do que soluções. A devastação e a poluição da natureza pelos dejetos industriais é apenas um exemplo.

De acordo com Heidegger, o desvelamento do mundo por meio da técnica reprime esse mesmo desvelamento por meios não-técnicos. Em outras palavras, a consciência lógica (linear) reprime a consciência poética (não-linear). Eis o resultado do condicionamento de nossa cultura por esse modelo mental. Para o filósofo, ao reprimir outros modos de desvelamento da realidade (ou seja, ao unidimensionalizar essas tentativas de descobrimento), o racionalismo excluiu também muitas das possibilidades de compreendermos a nós próprios — passo indispensável para a investigação do mundo real. Além disso, esse modo de pensar não se deixa questionar com facilidade, o que por sua vez o torna limitado.

Leitor dos grandes poetas — em especial Hölderlin —, Heidegger costumava citá-lo: "Lá onde há perigo, ali também cresce o que salva". Dessa maneira, chegou a acreditar na salvação pela poesia (no sentido amplo do termo). Depois, entretanto, tornou-se cada vez mais cético a esse respeito: em vez de uma salvação pela consciência poética, ele previu o desencantamento cada vez maior do mundo pelo racionalismo. 

Como se sabe, o desencantamento do mundo — ou racionalização — é a manifestação básica do condicionamento da civilização ocidental pelo pensamento linear. Antes de Heidegger, Max Weber já havia abordado esse tema. Weber caracteriza a história do Ocidente como um período no qual a visão de mundo mágica, extra-racional, foi substituída pelo método, pelo cálculo e pela quantificação. O processo se estendeu a todas áreas da atividade humana, inclusive ao âmbito dos Estados modernos. Essa circunstância produziu o fenômeno da dominação baseada em determinantes abstratas, traduzidas em normas e leis concebidas e aplicadas por uma casta de técnicos e especialistas — o universo da burocracia.

A mente desencantada
Como Weber, Heidegger também denuncia a dominância de nossa cultura pelo pensamento linear e analisa alguns de seus resultados. Este ensaio pretende mostrar que o automatismo concordo-discordo é um dos instrumentos mais eficazes desse modelo mental.

Tanto faz discordar ou concordar: o que é limitante é a reação instantânea, automática, linear, do tipo sim/não. É ela que fecha a nossa razão, que faz com que não possamos suspender, nem mesmo momentaneamente, nossos pressupostos e julgamentos. Desse modo, impede-nos de fazer escolhas além das programadas.

Concordar logo que percebemos que o interlocutor trata de algo sobre o qual já temos opinião formada também é uma forma de não querer ouvi-lo até o fim: "Já sei do que você está falando: por isso, não vou me dar ao trabalho de escutar mais". Dessa forma, utilizamos algumas das variantes do "já conheço", do "isso é antigo". Como se o outro não tivesse o direito de pensar e expor o que pensa à sua maneira, sendo ou não original o seu ponto de vista.

O mais comum, porém, é que logo que alguém começa a expor uma determinada idéia comecemos a buscar formas de contradizê-lo. Em qualquer das hipóteses, no fundo o que pretendemos é desqualificar o interlocutor. Discordando, concordando, ou mesmo fingindo concordar, nosso imediatismo acaba negando-o existencialmente.

Outro artifício é o chamado argumento ad hominem. Trata-se de dar destaque a quem argumenta e não ao argumento. E uma manobra muito usada para rejeitar uma idéia ou concepção só porque vem de alguém de quem não gostamos ou com quem não concordamos — ou o contrário. 

Um exemplo disso pode ser observado na bibliografia de certas publicações. Pondo em prática o preceito "quem não está comigo está contra mim", muitos escritos são julgados sem leitura. De acordo com os autores citados (ou não) em uma determinada bibliografia, o texto é de saída julgado e rejeitado no ato ou aceito sem análise, conforme o caso. Parte-se do princípio de que ao incluir uma determinada referência o autor concorda com ela ou vice-versa. Logo, para que dar-se ao trabalho de ler? 

O automatismo concordo-discordo é típico da lógica da nossa cultura patriarcal, que faz da desconfiança uma reação automática. Com efeito, numa cultura competitiva e reativa como a que vivemos, gostar dos outros e confiar neles não é nada fácil. O argumento ad hominemestá na gênese dos preconceitos, e continuará existindo e predominando enquanto durar a hegemonia desse sistema de pensamento.

O primeiro passo para a formação do preconceito é a separação entre o fato e o juízo que fazemos dele, isto é, pôr o julgado no lugar do dado. Sempre que isso acontece, ficamos com uma idéia-padrão, à qual recorreremos quando estivermos em situações semelhantes. O preconceito precisa da repetição, de referenciais passados, e abomina a diferença, as situações mutantes e a criatividade. Dessa maneira, o que antes podia (ou não) ser concebido agora é preconcebido. Trata-se de uma espécie de mecanismo de defesa contra a realidade, por meio do qual nos dispensamos do incômodo de viver certas experiências.

Desse modo, pomos de lado a vida e a substituímos por pressupostos. O que antes era experiência se estilhaçou e agora só restam fragmentos de percepção, dos quais escolhemos os que nos parecerem mais convenientes. Essa é a essência do julgado. Nossa cultura é orientada desse modo. Somos propensos a colocar o que deve ser no lugar do que é. Eis o universo da regra e do julgamento que, mesmo necessário em muitos casos, é devastador em inúmeros outros.

A arte de esperar
No dizer do matemático Claude Shannon, os fatos que acontecem de forma desordenada e sem significado são ruídos de comunicação. Contudo, o que para nós é ruído para outros pode ser informação e vice-versa. Além disso, o que num primeiro instante percebemos como ruído pode, algum tempo depois, ser percebido como informação. 

Esse intervalo é o que se chama de tempo de defasagem ou tempo de espera dos sistemas. A incapacidade de respeitá-lo é um dos fatores que mais contribui para o estreitamento e o obscurecimento do nosso horizonte mental. É por isso que a diversidade de opiniões precisa ser respeitada: ela é a melhor forma de evitar a redundância e gerar informação. A redundância uniformiza. A informação forma por dentro, isto é transforma. A redundância gera condicionamentos. A informação produz aprendizagem, educa.

Os processos do mundo natural não são imediatos, como quer a ansiedade da nossa cultura. Exigem um tempo de evolução — o tempo de defasagem sistêmico —, que pode durar uma fração de segundo ou ser muito longo. Para nós é muito difícil lidar com essa imprevisibilidade, e por isso estamos sempre querendo atropelá-la, o que significa que tendemos a não respeitar as dinâmicas da natureza. 

É claro que diminuir a prevalência do automatismo concordo-discordo não implica ter de concordar com tudo nem discordar de tudo. O que é importante é não concordar ou discordar logo de saída, porque essa atitude trava o nosso entendimento e fecha a nossa razão. Precisamos aprender a transformar o reducionismo em aliado, tirando-o de condição de armadilha que tende a nos aprisionar nos limites de nossa visão imediatista de mundo. 

Aprender a ouvir até o fim, sem concordar nem discordar de imediato, é antes de mais nada uma postura de respeito ao outro. Talvez ele demore a entender isso e daí nem sempre nos retribua com o mesmo respeito. Mas não podemos depender dessa condição para exercer a nosso própria postura ética. No entanto, concordar nem sempre significa que devamos nos colocar à mercê das opiniões e preconceitos do outro, e discordar nem sempre significa que devamos colocar-nos à mercê de nossas próprias opiniões e preconceitos.

Em meu livro As paixões do ego, proponho um método a que dou o nome de "reflexão inclusiva". Ele busca ser um dos meios de tentar diminuir a dominância do automatismo concordo-discordo. Um de seus pontos básicos consiste em prestar especial atenção àquilo com que menos concordamos e aproximarmo-nos do que mais nos desafia. Isso não quer dizer, porém, que tenhamos de ficar sempre ouvindo ou observando sem tomar uma posição. Repito que o automatismo concordo-discordo é a reação reducionista imediata, automática, limitante, não seguida de reampliação.

Já sabemos que é muito difícil reampliar o que reduzimos. É bem mais fácil declarar que o horizonte mental de nosso interlocutor é estreito e que o nosso é amplo. A esse respeito, convém relembrar aqui uma curiosa espécie de reducionismo — a que pretende reduzir tudo a uma totalidade ideal: tudo é o "cosmos", tudo é a "totalidade" e assim por diante. 

Trata-se, é claro, de uma forma de idealizar a compreensão, reduzir os seres humanos a espectadores de suas próprias vidas, evitar o convívio com as diferenças e incertezas e tentar eliminá-las por absorção. Como todo reducionismo radical, esse também constitui uma forma de autoritarismo. Traduz a falta de respeito à diversidade de opiniões e, portanto, à legitimidade humana do outro. 

Existe outra variante do automatismo concordo-discordo, que consiste em a todo momento tentar estancar o discurso do interlocutor por meio de advertências, ressalvas e constantes recomendações de cautela, aconselhá-lo a "pensar bem", adverti-lo de que deve estar ciente dessa ou daquela exceção etc. São observações que, quando colocadas nos momentos oportunos, são em geral sensatas e pertinentes. Mas sua repetição compulsiva funciona como trava e produz um efeito censório e repressivo.

Para que o diálogo dê bons resultados, é preciso que respeitemos a legitimidade humana do outro. O que isso quer dizer? Para o biólogo Humberto Maturana, significa que o outro é legítimo por si mesmo: seu valor é intrínseco e por isso ele não precisa justificar-se por sua existência. É por essa razão que não devemos negá-lo por meio de artifícios como o automatismo concordo-discordo. 

Mas, como já vimos, não podemos superar esse automatismo sem pôr o nosso ego à prova. As dificuldades implicadas nesse processo são imensas. Um exemplo do cotidiano ilustra esses obstáculos. Sabemos que os homens "práticos" costumam não levar a sério a "espiritualidade". De outra parte, os homens "espiritualizados" desprezam a prática, como alguns dos antigos faziam com os trabalhos manuais.

Dessa maneira mantém-se a divisão, que nada mais é do que uma manifestação do automatismo ao qual nos referimos. Ela pode ser expressa assim: "Presto sempre o máximo de atenção à pessoa com quem falo, mas não para verificar o efeito que o conteúdo do que ela diz produz em mim. Em vez disso o que faço é ficar vigilante, com a finalidade de surpreendê-la numa falha. Estou sempre alerta, para no momento ‘certo’ concordar ou discordar de modo automático. Para julgar essa pessoa a partir do que ela me diz agora. Para isso, uso a minha primeira impressão". Em nossa cultura esse mecanismo atinge a todos nós, sejamos ‘práticos’ ou "espirituais’".

É evidente que a capacidade de ouvir sem discordar nem concordar de imediato (isto é, ouvir de modo fenomenológico), pode ser aprendida, embora não seja um processo fácil. Vimos, com Shannon, que fatos que se reproduzem com regularidade são redundâncias. Já os eventos portadores de novidade, de surpresa, são informações. Ao acionar o automatismo concordo-discordo, buscamos reduzir a informação a um referencial conhecido. Tiramos-lhe o efeito surpresa, a aleatoriedade. Essa redução tem a "vantagem" adicional de fazer com que não pensemos.

É por isso que as pessoas nos cobram sempre opiniões fechadas. A dúvida e o talvez são circunstâncias assustadoras para nós. Em geral, assumimos uma posição preconceituosa diante dos indivíduos que nos dizem que ainda não têm opinião formada sobre um determinado assunto. Costumamos chamá-los de indecisos, porque estamos convencidos de que todos devem ter sempre posições imediatas e definitivas sobre tudo.

Preocupação e cuidado
Não tomar posição imediata, respeitar o tempo de espera dos sistemas, ouvir até o fim sem concordar nem discordar (isto é, sem fazer juízos imediatos de valor) — tudo isso nos ameaça. A sociedade nos cobra o uso sistemático do automatismo concordo-discordo. A atitude de espera, de observação inicial não-julgadora, é vista como estranha, como algo a ser combatido, um perigo. Se olharmos com cuidado, veremos que o ato de ouvir sem concordar nem discordar de imediato significa renunciar a traçar uma fronteira e ficar de fora dela.

Penso que agora é possível resumir alguns dos pontos que podem ajudar na prática da reflexão inclusiva:

1
. A mente faz parte do cérebro; o cérebro faz parte do corpo; o corpo faz parte do mundo. Logo, a mente não é separada do mundo.
2. A realidade de um indivíduo é a visão de mundo que sua estrutura lhe permite perceber num dado momento.
3. Essa estrutura muda sempre, de modo que essa compreensão, que num dado instante nos parece fora de dúvida e definitiva, pode não sê-lo mais tarde.
4. Enquanto permanecer apenas individual, qualquer compreensão de mundo será precária. Por isso, é 
preciso ampliá-la por meio do diálogo.
5.Com quanto mais pessoas conversarmos sobre nossas percepções e compreensões, melhor.      
6. Quando maior a diversidade de pontos de vista dessas pessoas, melhor ainda.
7. Se uma conversa produzir em nós uma tendência a achar que não ouvimos nada de novo, é bem provável que estejamos na defensiva.
8. É muito importante dar especial atenção aos pontos de vista com os quais mais discordamos e aos comportamentos que mais nos irritam e desafiam.
9. Mas isso não quer dizer que estejamos obrigados a aceitar tudo ou a concordar com tudo. Significa apenas que o contato com a diversidade é fundamental para a aprendizagem e para a abertura de nossa mente.
10. Do mesmo modo, é fundamental dar a mesma atenção (no sentido de reavaliar sempre) aos pontos de vista com os quais mais concordamos, isto é, às crenças e pressupostos que nos deixam mais confortáveis, mais acomodados.

Pode-se também dizer que a reflexão inclusiva busca mais a sabedoria do que o conhecimento, pois o conhecimento procura definir e — em casos extremos — rotular os fenômenos, como se isso pudesse explicá-los em sua profundeza ou substituir sua naturalidade e originalidade. Chamar uma percepção que não conseguimos explicar de "ilusão de ótica" é um exemplo. Rotular (que é um exagero do diagnosticar) é bem mais rápido e exige menos esforço do que experienciar e compreender. Neste último caso, como já foi dito, é preciso aprender a lidar com o tempo de espera dos sistemas, coisa que nossa ansiedade torna muito difícil.

Daí a tendência a superdiagnosticar, que vem sendo denunciada, por exemplo, na medicina atual: grande ênfase no diagnóstico (que implica muita tecnologia, muito trabalho mecânico) e comparativamente poucos resultados no tratamento. Este exige a complementação do trabalho mecânico do diagnóstico pela compreensão da pessoa como uma totalidade: a preocupação, a solidariedade, o cuidado — enfim, tudo aquilo que o modelo de alteridade hoje predominante em nossa cultura dificulta ao extremo. 

Mas sabemos que, infelizmente, a ênfase excessiva no diagnóstico nem sempre ajuda a quem de direito, isto é, ao doente. Basta lembrar as inúmeras doenças (e são muitas) diante das quais a medicina continua a confundir tratamento com explicações "científicas". Fala-se muito em "controle" e pouco em qualidade de vida, e assim a solidariedade que o paciente precisa receber do médico se perde no labirinto da tecnoburocracia e no hermetismo de seus jargões. 

Por fim, é preciso ter sempre presente que as sugestões de reflexão acima enumeradas não constituem receitas nem muito menos diretivas. É melhor considerá-las componentes de uma lista necessariamente incompleta, a ser questionada, acrescida e melhorada. Não poderia ser de outra maneira, aliás. Daí se segue que a reflexão inclusiva está também muito longe pretender resolver, mesmo em parte, o problema do conhecimento. Seu objetivo é apenas ajudar a suavizar a rigidez do modelo mental dominante em nossa cultura. 

Referências 
HEIDEGGER, Martin.
 Being and time. Nova York: Harper & Row, 1962.
BOHM, David.
 Thought as a system. Londres: Routledge, 1994.
BOHM, David.
 On dialogue. Londres: Routledge, 1998.
MATURANA, Humberto, VARELA, Francisco J.
 Autopoiesis and cognition; the organization of the living. Boston: Reidel, 1980.
VARELA, Francisco J. Sobre a competência ética. Lisboa: edições 70, s.d.
VARELA, Francisco J., THOMPSON, Evan, ROSCH, Eleanor. The embodied mind; cognitive science and human experience. Cambridge, Massachusetts: The MIT Press, 1997.

© Humberto Mariotti, 2000.

* HUMBERTO MARIOTTI.
 Professor e Coordenador do Centro de Desenvolvimento de Lideranças da Business School São Paulo. Consultor em desenvolvimento pessoal e organizacional. Conferencista nacional e internacional. Coordenador do Núcleo de Estudos de Gestão da Complexidade da Business School São Paulo. 

E-mail: homariot@uol.com.br


derretendo os sólidos

Consumo e (pós) modernidade: A vitória de Eros em Caio Fernando Abreu (*)

Por Marcos Alexandre Ramos 

I

 

Adelina, desnorteada protagonista de Os Sapatinhos Vermelhos, de Caio FernandoAbreu[1], movida pela cólera produzida ao término de um relacionamento afetivo, decide sair de sua casa para satisfazer seus desejos e preencher suas ausências subjetivas. Um espaço de variedades múltiplas, atraentes cardápios, opções de degustação, gôndolas de afeto, uma composição de fumaça, uísque, pouca iluminação: a transeunte protagonista de Caio Fernando Abreu elege a boate urbana como espaço de trânsito e vitrine de consumo. Lá, Adelina está livre para encontrar diversos parceiros, aleatórios e anônimos, acolher e produzir espasmos sexuais. Entre Adelina e seus possíveis parceiros, não há diálogo propriamente dito, não há troca de idéias, experiências ou memórias. Existe, apenas, uma breve troca de olhares que antecede um ligeiro reconhecimento. Como garante o narrador: “pacientes, divertidos, excitados:  cumpriram o ritual até chegar o ponto”. A protagonista, inserida no anonimato ofertado pela cidade[2], parece leve e pronta.

 

II

 

Ser leve e líquido. Segundo Zygmunt Bauman, o estado de fluidez é a representação adequada para captar o modo como se configura a presente fase da modernidade[3] - momento em que se insere a narrativa de Caio Fernando Abreu. A metáfora sobre o fluido (ou o líquido) tem raízes na famosa frase do “derretimento dos sólidos” cunhada pelos autores do Manifesto comunista. Em 1848, como nos lembra o pensador polonês, a frase “referia-se ao tratamento que o autoconfiante e exuberante espírito moderno dava à sociedade, que considerava estagnada demais para seu gosto e também resistente em demasia para mudar em seus caminhos habituais”. Se o “espírito” era “moderno”, como recapitula Bauman, ele o era na medida em que a sociedade deveria ser emancipada da inércia de sua própria história, e isso só poderia ser feito derretendo os sólidos, isto é, “dissolvendo o que quer que persistisse no tempo e fosse infenso à sua passagem ou imune a seu fluxo.”

“‘Derreter os sólidos’, na modernidade, significava, antes e acima de tudo, eliminar as obrigações ‘irrelevantes’, era necessário, além disso, livrar-se de todo e qualquer entulho e obrigação que impedisse as iniciativas: “libertar a empresa de negócios dos grilhões dos deveres para com a família e o lar e da densa trama de obrigações éticas; ou, como preferiria Tomas Carlyle, dentre os vários laços subjacentes às responsabilidades humanas mútuas, deixar restar somente o “nexo dinheiro”. [4] De forma progressiva, o espírito moderno tornou-se um espírito contábil e preencheu o dia de inúmeros seres humanos com “comparações, cálculos, determinações numéricas” e a “redução de valores qualitativos a valores quantitativos”[5].

Além de clamar pela libertação de todos os vínculos que resultaram historicamente no estado e na religião, na moral e na economia, o sujeito moderno, resistente ao nivelamento subjetivo enunciado pelo estreitamento entre as relações de alteridade e a economia monetária, reivindicou, como garante o sociólogo Simmel, “a particularidade humana” [6] - “os indivíduos, liberados dos vínculos históricos tradicionais, agora desejavam se distinguir um do outro[7]. Progressivamente, a modernidade se tornou o local da enunciação dos mecanismos de individuação e experimentou os grandes centros urbanos como palco dos conflitos que circunscrevem este processo.

 Georg Simmel aponta elementos fundamentais da constituição e do modo como se organizam as sociedades urbanas. Segundo o pensador alemão, a metrópole tem uma função essencial no desenvolvimento da modernidade, pois com a velocidade e as diversas formas da vida econômica, profissional e social que proporciona, fornece a arena para o incessante movimento de seus habitantes, visto que se define como “o lugar da divisão econômica do trabalho, da especialização, da fragmentação e do rompimento com vínculos históricos tradicionais.”

No entanto, como sublinha Bruno Souza Leal, “ao longo do século XX, muitas transformações interpuseram uma distância entre o mundo do flâneur e o do habitante da metrópole contemporânea” [8]. Se a metrópole moderna nasce sob o signo da ruptura, da cisão dos padrões e da fragmentação da tradição, a metrópole contemporânea (ou pós-moderna), local de enunciação das narrativas de Caio Fernando Abreu, se distingue, pois nela o “passado não é mais apagado”, ao contrário, “é recuperado, incorporado, sendo compartilhado inclusive com outras versões de si e, assim, torna-se mais um território escrito/inscrito/escritor da malha urbana.”[9]

Falar hoje em “derretimento dos sólidos”, modernidade líquida ou ainda em metrópole pós-modernasignifica referir-se a uma sociedade constituída de diversas possibilidades de existência e configuração subjetiva e modos de vida. Significa, ainda, reportar-se a um lugar em que seus habitantes não possuem a liberdade como uma opção ou como um processo de constituição subjetiva, tem, paradoxalmente, a obrigação e a necessidade deliberdade de escolha[10]. No entanto, livrar-se do peso dos mundos sólidos da modernidade, ou seja, ser leve e líquido, como recomenda a racionalidade pós-moderna (nas palavras de Bauman, a líquida racionalidade moderna), ao contrário do que escreveu Freud em sua análise sobre a modernidade, na modernidade líquida, não garante modos de vida que impliquem seguranças, certezas e garantias (unsicherheit[11]) subjetivas e materiais.

As mudanças estruturais nas bases da modernidade[12] tornaram-se, dessa maneira, fonte de um novo mal-estar – naturalmente, diverso daquele a que aludia o pensador vienense em seu famoso texto[13]  e passaram a corresponder ao que poderíamos denominar uma afirmação problemática dos mecanismos de subjetivação.

sujeito líquido (ou pós-moderno) e aquele do fim da modernidade, personagens de Caio Fernando Abreu, estão em condições para transitar, mas parecem destinados a uma condição subjetiva entre a melancolia latente e a fragilidade dos laços, pois habitam espaços efêmeros (urbanos e subjetivos) e tateiam, no fluxo, possibilidades, apenas, fugazes. Como veremos em Os sapatinhos vermelhos, impelidos por estímulos artificiais a fim de preencher a lacuna que os separa das relações de alteridade e, portanto, da sociabilidade efetiva, os indivíduos, dominados por intensa angústia, estão fadados “a perambular pelas ruas numa infindável e eterna vã procura de abrigo”[14].

III

 

O texto Os Sapatinhos vermelhos, de Os Dragões não conhecem o paraíso[15], é divido em três partes, o primeiro momento é reservado para o anúncio do término de uma relação afetiva entre a protagonista e um personagem anônimo, descrito como um professor, “um-senhor-de-família-da-Vila-Mariana”. Em seguida, ainda na primeira parte do texto, verifica-se a reconstrução da identidade da protagonista e a reorganização dos possíveis sentidos implicados na constituição dessa nova identidade.

O narrador conduz a história, no início, em um espaço hegemonicamente subjetivo em que a protagonista, imersa em reflexões regadas a doses de uísques e tragadas de cigarro, repensa, não sem um acre sabor de ironia, momentos em que, segundo a própria personagem, esteve submissa aos desejos do seu amante. Vejamos no texto de Caio Fernando Abreu:


Uma japa, uma gueixa, isso que eu fui. A putinha submissa a coreografar jantares à luz de velas – Glenn Miller ou Charles Aznavour? –, vertendo trêfega os sais – camomila ou alfazema? – na água da banheira, preparando uísques – uma ou duas pedras hoje, meu bem?

 

A narração, em Os sapatinhos vermelhos, operada como uma câmera sem suporte, oscila entre o olhar da protagonista narrado em primeira pessoa e em terceira pessoa, e aquele de um narrador heterodiegético. No espaço subjetivo encenado na narrativa, o narrador, apresentando-se predominantemente de forma heterodiegética, é peça decisiva na construção da identidade da protagonista. Enquanto a narradora-personagem descreve experiências e insatisfações referentes ao rompimento do laço afetivo, o narrador heterodiegético revela, já desde o início, a necessidade de mudança do processo de efetivação do desejo que será desenvolvido problematicamente no decorrer do texto.

Ao longo da primeira parte do texto, a protagonista Adelina, que “evitava cores, saltos, pinturas, decotes, dourados ou qualquer outro detalhe capaz sequer de sugerir sua secreta identidade de mulher solteira-e-independente-que-tem-um-amante-casado”, em decorrência do abandono afetivo[16] (leia-se: interrupção do desejo), caminha em direção a uma prática contrária aos elementos repressivos contidos nos símbolos moralizantes da cultura. Isso fica mais evidente quando o narrador situa a história no período da Sexta-feira Santa para o Sábado de Aleluia - momento, segundo a tradição judaico-cristã, da morte e ressurreição de Jesus Cristo. Ironicamente, o que prevalece na narrativa não é o amor cristão (Ágape), mas o desejo do corpo, a atração carnal (Eros). O conto Os Sapatinho Vermelhos é, sobretudo, uma história sobre a vitória de Eros[17].

 Adelina, após o término da relação com o professor, depara-se com um esvaziamento absoluto de sua identidade. Aqui, observamos uma alusão ao ritual cristão, onde a morte representaria o término do laço e a ressurreição, por sua vez, o início da reconstrução dos fragmentos de identidade e a renovação de um eu dividido[18]. Os sapatinhos vermelhos, presente dado a Adelina pelo amante, simbolizam, no texto, o momento da reconfiguração da identidade. Se outrora a protagonista julgara o objeto ofertado ousado, agora, lhe parecia apropriado.

Após um longo e detalhado ritual de transformação inaugurado pelos sapatinhos vermelhos, Adelina se livra de qualquer atributo moralizante que organizava seu comportamento.  Vejamos, no texto de Caio F.:

(...) sublinhou os olhos de negro, escureceu os cílios, espalhou perfume no rego dos seios, nos pulsos, na jugular, atrás das orelhas, para exalar quando você arfar, minha filha, então as meias de seda negra transparente, costura atrás, tigresa noir(...)

 

Apagou a luz do quarto, olhou-se no espelho de corpo inteiro do corredor. Gostou do que viu. Bebeu o último gole de uísque e, antes de sair, jogou na gota dourada do fundo do copo o filtro brando manchado de batom.

 

         Como vemos neste fragmento, a mudança na configuração identitária tornam-se evidentes. Se, inicialmente, a narrativa elucida a representação de uma mulher “passiva" e queixosa, logo a seguir, essas características se liquefazem, pois a protagonista inicia um longo processo de defesa. A fim de proteger o eu das agressões contra suas exigências pulsionais, este processo desloca não só a identidade mas também o próprio desejo.[19]

Como um produto pronto para consumo, Adelina muni-se de todos os atributos femininos de sedução: “sublinhou os olhos”, “escureceu os cílios”, “espalhou perfume no rego dos seios”, vestiu “meias de seda negra transparente”, etc. Pronta, a personagem quer, agora, preencher a lacuna que a separa das relações de alteridade, de laços afetivos e de identidade. Para isso, Adelina busca certo distanciamento das instâncias legitimadoras sociais e dos espaços de controle, deixa sua casa e adentra os limites da metrópole pós-moderna.

A personagem vê suas possibilidades de reconstrução identitária na dinâmica do espaço, na possibilidade de anonimato e não-mapeamento que a metrópole propicia. Na boate, a protagonista se sente à vontade para assumir um outro nome. Adelina, agora, é Gilda. E Gilda está livre para transitar e multiplica relações efêmeras, ou seja, relações de curta duração que sustentam a reconfortante consciência de que você não precisa sair do seu caminho nem se desdobrar para mantê-las intactas por um tempo maior[20]. Como é de se esperar, nesse tipo de relação, as possíveis configurações fixas, sólidas, com seu cortejo de vetustas representações efetivas recém-formadas envelhecem antes de poderem cristalizar-se. Nenhum fluxo se orienta para o laço, o sexo é a síntese, mas efetua-se como espasmos e não como consolidação do laço e da alteridade.

O segundo momento da narrativa é reservado para o clima de sedução que se instala na boate e antecede o apogeu da narrativa. O ambiente de fascínio é evidenciado e fortalecido pela troca de olhares, contatos íntimos e, principalmente, pela narração de características corporais denotando excessiva sensualidade. Como se depreende, produtos prontos para serem consumidos, os personagens desfilam atributos sedutores.

No jogo de sedução, os anônimos personagens vão se aproximando da protagonista, primeiro “o negro”, depois o “moço dourado com jeito de tenista” e, finalmente, “o mais baixo”. Não há, entre eles, troca de memórias, menção a continuidades ou diálogo efetivo. O breve momento de reconhecimento, como é comum na obra de Caio Fernando Abreu, é seguido da efetivação sexual. Após o rápido ritual de sedução entre os atores sociais, o narrador heterodiegético conduz uma performática cena de sexo em que os três personagens se misturam à protagonista num revezamento exacerbado de consumo de possibilidades das práticas sexuais.

Na cena seguinte, “em frente ao espelho de corpo inteiro”, a protagonista, como garante o narrador,

não era mais Gilda, nem Adelina nem nada. Era um corpo sem nome, varado de prazer, coberto de marcas de dentes e unhas, lanhados de tocos de barbas amanhecidas, lambuzadas de leite sem dono dos machos das ruas. Completamente satisfeita.”

 

Esperava-se que o sexo preenchesse a lacuna da alteridade, não admira que, como garante o sociólogo inglês Anthony Giddens[21], tenha crescido sua capacidade de gerar frustrações e de exacerbar a própria sensação de estrangulamento que se esperava que curasse. O que ocorre em Os sapatinhos vermelhos é, novamente, um esvaziamento identitário da protagonista. A vitória de Eros na grande guerra da satisfação é, na melhor das hipóteses, segundo Zygmunt Bauman, uma vitória de Pirro. Pois, a satisfação imediata garantida não é sinal do fim, mas de recomeçar.

Como afeto dissonante, o espasmo de Adelina parece reescrever o ideal pós-moderno, ou seja, recomeçar, reorganizar, ressemantizar sem rupturas drásticas, enfim rever e redirecionar a identidade, o passado e o desejo. Entretanto, apesar do espasmo, da exuberância das práticas sexuais e dos consumos urbanos, bem como da plasticidade de todas as práticas simbólicas e de produção do sentido, a frustração ainda parece dominar a cena textualmente inscrita e, digamos, ousadamente, também o sujeito pós-moderno que transita caminhando por espaços e espasmos de demolição.


_____________________________________

[1] ABREU, Caio Fernando. Os Dragões não Conhecem o Paraíso. São Paulo: Cia das Letras, 1988.

[2] SIMMEL, George. Metrópole e a vida mental. In: VELHO, Otávio (Org.) O fenômeno urbano. Rio de Janeiro: Zahar, 1976.

[3] BAUMAN, Zygmunt. Modernidade liquida. Trad. Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001

[4] Ibidem.

[5] SIMMEL, Georg. As grandes cidades e a vida do espírito. In: CHOAY, Françoise (org.). O urbanismo. São Paulo: Perspectiva, 1997.

[6] SIMMEL, Georg. As grandes cidades e a vida do espírito. In: CHOAY, Françoise (org.). O urbanismo. São Paulo: Perspectiva, 1997.

[7] Idem. Metrópole e a vida mental. In: VELHO, Otávio (Org.) O fenômeno urbano. Rio de Janeiro: Zahar, 1976, p. 12-25.

[8] LEAL, Bruno Souza. Caio Fernando Abreu, a metrópole e a paixão do estrangeiro: contos, identidade e sexualidade em trânsito. São Paulo: Annablume, 2002.

[9] Ibidem.

[10] JAMESON, Fredric. O pós-modernismo. A lógica cultural do capitalismo tardio. Trad. Maria Elisa Cevasco. São Paulo: Ática, 2000.

[11] BAUMAN, Zygmunt. Em busca da política. Trad.  Rio de Janeiro: Jorge Zahar,
[12] Idem. Modernidade liquida. Trad. Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.

[13] FREUD, Sigmund. O mal-estar na civilização e outros trabalhos. In Obras completas, vol. XXI Trad. José Octávio de Aguiar Abreu. Rio de Janeiro: Imago, 1994.

[14] BAUMAN, Zygmunt. Amor líquido. Sobre a fragilidade dos laços humanos. Trad. Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.

 

[15] ABREU, Caio Fernando. Os Dragões não Conhecem o Paraíso. São Paulo: Cia das Letras, 1988.

[16] KAUFMANN. Pierre. Dicionário Enciclopédico de Psicanálise. O legado de Freud e Lacan. Trad. Vera Ribeiro, Maria Luiza X. de A. Borges. Rio de Janeiro. Jorge Zahar: 1996

[17] Ibidem.

[18] LAING, R. D. eu dividido: estudo existencial da sanidade e da loucura. Trad. ÁureaBrito Weissenberg. Petrópolis: Vozes, 1982.  .

[19] KAUFMANN. Pierre. Dicionário Enciclopédico de Psicanálise. O legado de Freud e Lacan. Trad. Vera Ribeiro, Maria Luiza X. de A. Borges. Rio de Janeiro. Jorge Zahar: 1996

[20] BAUMAN, Zygmunt. Amor líquido. Sobre a fragilidade dos laços humanos. Trad. Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.

[21] GIDDENS, Anthony. As conseqüências da modernidade. Trad. Raul Fiker. São Paulo. Editora UNESP, 1991.

 

Marcos Alexandre Ramos é graduando em Letras-português pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), em psicologia pelas Faculdades Integradas Espírito-Santenses (FAESA) e integra desde 2006 o grupo de pesquisa Literatura e outros sistemas de significação com o projeto de pesquisa Leves e líquidos – a urgência do sujeito e a constituição dos laços afetivos em narrativas de Caio Fernando Abreu. E-mail:marcos@marcosramos.com.br 


(*) texto extraído do Portal Literatura e Arte Cronópios, postado em 23/1/2009 17:57:00 


domingo, março 22, 2009

só ouvidos

Nos 30 graus do outono

Minha nuca dói, pode ser que seja a pressão (16 por 9!!!!), talvez baixe logo ao normal, me deixe retomar as tarefas do dia que virou noite. Fico escutando, baixinho, a Diana Krall em “Maybe you’ll be there”, as tensões parecem que se desarmam nos meus ombros, escorregando devagar numa rota corporal descendente, por estruturas, dobraduras, pelos pontos de energia, até sumirem desatando os nós dos músculos aliviando um tanto meu temor já medido no aparelho digital.

Sigo na esperança de atualizar os estudos dessa semana passada. “Maybe...” me ajuda nesse momento no relax, regula pouco a pouco minha febre pela boa música, que está presente em quase todas as horas do dia-a-dia. Apenas procuro um dial não comercial. Pego a guitarra e complemento o calor da emoção em harmonia, “levo” o coração na mão com algumas canções minhas, são composições recentemente criadas. Logo dou uma pausa.

Volto a escutar a Lastfm, a Nina Simone cantando “Feeling Good”. Madeleine Peiroux vem chegando sensível e bate à porta da veia musical. A primeira vez que ouvi o seu CD “The Half Perfect World” foi uma sensação gostosa, resgatando coisas que imaginava ter esquecido há tempos, uma descoberta do verão passado com ela cantando “The Heart of Saturday Night” e “Little Bit”, me fez “ganhar” uma viajem até os anos ’60. Outra voz que cai bem na minha sintonia é a da Norah Jones, escute “Shoot the Moon”.

Então, vem a Billie Holiday, subitamente me arrepia “chorando” suavemente a linda “Lady Sings the Blues” e “I’ll Beeing See You”. Fico leve, me sinto melhor. Em uma seqüência incrível a Anita O’day canta “That Old Feeling” e a noite segue com “Quiet Fire” com a Melody Gardot, “Cry Me a River” pela divina voz de Dinah Washington, e é a vez de Natalie Colie (“You Gotta Be”), se ficar listando toda “constelação” vou sobrar na madrugada, vou nessa... Paro de escrever derretendo no calor de 30 graus do outono soteropolitano, e sou só ouvidos.


sábado, março 21, 2009

relendo

É vero. Quanto mais vezes eu leio, tanto mais outras maneiras de reparar o que vejo. É interessante como um poema surge, quando é possivel fazer uma re-leitura de outros poemas que fiz me dá vontade de fazer outro. Esse poema abaixo resultou de um sentimento novo depois das vivências (da biodança) da última quarta-feira, e após uma leitura mais recente do meu livro "A Dança da Vida"; posso dizer que..., um momento significativo de "danças transformadoras". Algumas vezes os sentimentos explodem, outras se acanham e morrem. Existem muitas maneiras fáceis de desistir da vida, viver bem é uma arte. Acho que escrever mostra as muitas maneiras de ver e "reparar" na vida. O José Saramago ao escrever o "Ensaio sobre a cegueira" nos disse: "Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara".
Escrever é uma forma de libertar o espírito.

Linhas das mãos

Aprendemos a mudar e abrir o nosso sorriso
Olhos internos nos lança ao céu caçando pipas
Nos abraços vemos segredos velados por anjos
Um convite solta da alma o néctar do nosso mel

Transformação bem-vinda numa carta escolhida
Uma hora chega o desejo de dançar essa entrega
Estimado espírito que se desenvolve enquanto caos
Indomada energia na vibração da esperança certa

Passeamos pela música encontrando outras notas
Ao som do coração que nos encanta ao nos tocarmos
Contornando a mesma pele na dimensão dos sonhos
Dando ao corpo movimentos de algo com asas

Novos sentidos soletram nossas linhas das mãos
Toda fibra que temos retoca em todos um relevo
Espaços que se prestam a chão mudando o esteio
Embaraçando os fios da vida em um único novelo

domingo, março 15, 2009

o sentido

Imenso

Chego às margens de olhares em gotas
Mais surpresas molham a boca do céu
Tenho imperfeições íntimas desde o início
Essas estações chegam de alegrias à-toa

Outro gesto sensível me atinge no meio
O amor e a terra me ajudam a sair das nuvens
Um novo clima dá lugar as transparências
A hora da entrega é sem jeito pra ninguém

sábado, março 14, 2009

sem Dalila

Pêndulos e Máscaras

Como irei continuar, assim? Estou com uma sensação de quem não dormiu nada. Tem mais outra emoção, vaga. A minha alma está de roupa nova, está como a manhã que vemos o sol e a lua juntos, será pelo mesmo motivo? Acabo de esquecer a minha máscara mais perfeita no armário em casa; me sinto uma outra pessoa sem ela, nem sentiria a timidez que empoa minhas bochechas nem nada, estou vermelha, com ela continuaria forte em qualquer situação, ela me faz igual em tudo, basta tê-la na posição certa, bem aqui... Mais nada.

Acredito que ela tem um guia, sabe qual a carreira onde ponho o nariz, parece que possui um pêndulo, até sinto como se ela fosse descendo devagarzinho para o lado esquerdo, ou para o lado direito. Não saberia dizer qual a posição que ela tomaria, mais rápido ou menos ácida, diante das circunstâncias, dos outros. Agora percebo que qualquer caminho seria igualmente indiferente, o que fosse mais fácil e agradável, que trouxesse algo de ganho, que evitasse algum deslize ou a solidão, aí caberia direitinho uma expressão oportuna, que me deixasse “legal”, assim ganharia um “amigo” ou quem sabe um sorriso momentâneo. O erro era colocá-la de jeito estranho, num ângulo reto, era um barulho do nada. Ao falar com as pessoas faltava sensibilidade, em certas circunstancias até causava um extravio de etiqueta, mau comportamento, falsas emoções, criava algum escândalo por pouca coisa. De fato, era muito inoportuna. Mas, como diz o ditado, pensava: “os incomodados que se mudem”. Que outro que nada, eu, eu e eu.

Um dia, nem liguei ao passar com meus sapatos sujos de barro pelo carpete branco acetinado da recepção da empresa, fui discretamente caminhando, calmamente. O moderno espaço metalizado ficou enfeado, a faxineira limparia, e eu nem aí; atravessei diante dos que trabalhavam e dos clientes presentes, sem culpa nenhuma. A ficha não caiu, só ao chegar até a minha mesa de trabalho dando de encontro com minha outra “máscara”: a funcionária do mês. Mas, me sentei cheia de grilos, pouco antes a máscara que agora caia camuflou tudo isso, essa clareza, me escondeu ao longo dos cem passos marcados em preto e branco, passos que carregaram outra pessoa coberta de pinturas, mostrando uma máscara perfeita de não se deixar em casa. "Não saia de casa sem ela"!

Uma pessoa sem “máscara” nunca entraria porta adentro de outra maneira, de pés descalços, porque andar sem meus os sapatos, ainda que sujos, não suportaria a vergonha, entrar de pés no chão, sapatos na mão, expondo minhas intocáveis fraquezas, ou sensibilidades outras, as delicadezas de dedos sinuosos molduras de unhas sem cor, ou o que mais fosse, abrir-se na frente de todos, jamais. Se houver, alguma máscara serve a um dado momento!

Até então, não lembrava ter esquecido nenhuma das que possuía. Desespero. Socorro aqui! O que está acontecendo? Meus anéis, meus sapatos, minha bolsa prateada, meus cartões de crédito, minhas idéias de ontem, meus preconceitos, minhas máscaras, aonde os depositei? Devem estar em algum lugar. Acho que desencontrei meus maiores pertences, minhas coisas materiais, meu cash que tanto confio, cadê você? Tudo que me conservava, acho. O que sou agora? Sem eles acho-me nua no tempo, um eu sem máscaras.

Por enquanto é bem difícil falar disso, estou suando frio, nervosa, pensando bem meus olhos até vêem melhor sem os óculos, encontrei no espelho alguém que me ajude, o que aconteceu com meu rosto, céus, com alguma certeza tenho um brilho diferente. Já duvidei de muita coisa, do mundo mudar por eu existir, não em cem ou duzentos anos, mas numa única vida, minha simples vida. Eu mesmo que mudei?

na tela ou dvd

  • 12 Horas até o Amanhecer
  • 1408
  • 1922
  • 21 Gramas
  • 30 Minutos ou Menos
  • 8 Minutos
  • A Árvore da Vida
  • A Bússola de Ouro
  • A Chave Mestra
  • A Cura
  • A Endemoniada
  • A Espada e o Dragão
  • A Fita Branca
  • A Força de Um Sorriso
  • A Grande Ilusão
  • A Idade da Reflexão
  • A Ilha do Medo
  • A Intérprete
  • A Invenção de Hugo Cabret
  • A Janela Secreta
  • A Lista
  • A Lista de Schindler
  • A Livraria
  • A Loucura do Rei George
  • A Partida
  • A Pele
  • A Pele do Desejo
  • A Poeira do Tempo
  • A Praia
  • A Prostituta e a Baleia
  • A Prova
  • A Rainha
  • A Razão de Meu Afeto
  • A Ressaca
  • A Revelação
  • A Sombra e a Escuridão
  • A Suprema Felicidade
  • A Tempestade
  • A Trilha
  • A Troca
  • A Última Ceia
  • A Vantagem de Ser Invisível
  • A Vida de Gale
  • A Vida dos Outros
  • A Vida em uma Noite
  • A Vida Que Segue
  • Adaptation
  • Africa dos Meus Sonhos
  • Ágora
  • Alice Não Mora Mais Aqui
  • Amarcord
  • Amargo Pesadelo
  • Amigas com Dinheiro
  • Amor e outras drogas
  • Amores Possíveis
  • Ano Bissexto
  • Antes do Anoitecer
  • Antes que o Diabo Saiba que Voce está Morto
  • Apenas uma vez
  • Apocalipto
  • Arkansas
  • As Horas
  • As Idades de Lulu
  • As Invasões Bárbaras
  • Às Segundas ao Sol
  • Assassinato em Gosford Park
  • Ausência de Malícia
  • Australia
  • Avatar
  • Babel
  • Bastardos Inglórios
  • Battlestar Galactica
  • Bird Box
  • Biutiful
  • Bom Dia Vietnan
  • Boneco de Neve
  • Brasil Despedaçado
  • Budapeste
  • Butch Cassidy and the Sundance Kid
  • Caçada Final
  • Caçador de Recompensa
  • Cão de Briga
  • Carne Trêmula
  • Casablanca
  • Chamas da vingança
  • Chocolate
  • Circle
  • Cirkus Columbia
  • Close
  • Closer
  • Código 46
  • Coincidências do Amor
  • Coisas Belas e Sujas
  • Colateral
  • Com os Olhos Bem Fechados
  • Comer, Rezar, Amar
  • Como Enlouquecer Seu Chefe
  • Condessa de Sangue
  • Conduta de Risco
  • Contragolpe
  • Cópias De Volta À Vida
  • Coração Selvagem
  • Corre Lola Corre
  • Crash - no Limite
  • Crime de Amor
  • Dança com Lobos
  • Déjà Vu
  • Desert Flower
  • Destacamento Blood
  • Deus e o Diabo na Terra do Sol
  • Dia de Treinamento
  • Diamante 13
  • Diamante de Sangue
  • Diário de Motocicleta
  • Diário de uma Paixão
  • Disputa em Família
  • Dizem por Aí...
  • Django
  • Dois Papas
  • Dois Vendedores Numa Fria
  • Dr. Jivago
  • Duplicidade
  • Durante a Tormenta
  • Eduardo Mãos de Tesoura
  • Ele não está tão a fim de você
  • Em Nome do Jogo
  • Encontrando Forrester
  • Ensaio sobre a Cegueira
  • Entre Dois Amores
  • Entre o Céu e o Inferno
  • Escritores da Liberdade
  • Esperando um Milagre
  • Estrada para a Perdição
  • Excalibur
  • Fay Grim
  • Filhos da Liberdade
  • Flores de Aço
  • Flores do Outro Mundo
  • Fogo Contra Fogo
  • Fora de Rumo
  • Fuso Horário do Amor
  • Game of Thrones
  • Garota da Vitrine
  • Gata em Teto de Zinco Quente
  • Gigolo Americano
  • Goethe
  • Gran Torino
  • Guerra ao Terror
  • Guerrilha Sem Face
  • Hair
  • Hannah And Her Sisters
  • Henry's Crime
  • Hidden Life
  • História de Um Casamento
  • Horizonte Profundo
  • Hors de Prix (Amar não tem preço)
  • I Am Mother
  • Inferno na Torre
  • Invasores
  • Irmão Sol Irmã Lua
  • Jamón, Jamón
  • Janela Indiscreta
  • Jesus Cristo Superstar
  • Jogo Limpo
  • Jogos Patrióticos
  • Juno
  • King Kong
  • La Dolce Vitta
  • La Piel que Habito
  • Ladrões de Bicicleta
  • Land of the Blind
  • Las 13 Rosas
  • Latitude Zero
  • Lavanderia
  • Le Divorce (À Francesa)
  • Leningrado
  • Letra e Música
  • Lost Zweig
  • Lucy
  • Mar Adentro
  • Marco Zero
  • Marley e Eu
  • Maudie Sua Vida e Sua Arte
  • Meia Noite em Paris
  • Memórias de uma Gueixa
  • Menina de Ouro
  • Meninos não Choram
  • Milagre em Sta Anna
  • Mistério na Vila
  • Morangos Silvestres
  • Morto ao Chegar
  • Mudo
  • Muito Mais Que Um Crime
  • Negócio de Família
  • Nina
  • Ninguém Sabe Que Estou Aqui
  • Nossas Noites
  • Nosso Tipo de Mulher
  • Nothing Like the Holidays
  • Nove Rainhas
  • O Amante Bilingue
  • O Americano
  • O Americano Tranquilo
  • O Amor Acontece
  • O Amor Não Tira Férias
  • O Amor nos Tempos do Cólera
  • O Amor Pede Passagem
  • O Artista
  • O Caçador de Pipas
  • O Céu que nos Protege
  • O Círculo
  • O Circulo Vermelho
  • O Clã das Adagas Voadoras
  • O Concerto
  • O Contador
  • O Contador de Histórias
  • O Corte
  • O Cozinheiro, o Ladrão, Sua Mulher e o Amante
  • O Curioso Caso de Benjamin Button
  • O Destino Bate a Sua Porta
  • O Dia em que A Terra Parou
  • O Diabo de Cada Dia
  • O Dilema das Redes
  • O Dossiê de Odessa
  • O Escritor Fantasma
  • O Fabuloso Destino de Amelie Poulan
  • O Feitiço da Lua
  • O Fim da Escuridão
  • O Fugitivo
  • O Gangster
  • O Gladiador
  • O Grande Golpe
  • O Guerreiro Genghis Khan
  • O Homem de Lugar Nenhum
  • O Iluminado
  • O Ilusionista
  • O Impossível
  • O Irlandês
  • O Jardineiro Fiel
  • O Leitor
  • O Livro de Eli
  • O Menino do Pijama Listrado
  • O Mestre da Vida
  • O Mínimo Para Viver
  • O Nome da Rosa
  • O Paciente Inglês
  • O Pagamento
  • O Pagamento Final
  • O Piano
  • O Poço
  • O Poder e a Lei
  • O Porteiro
  • O Preço da Coragem
  • O Protetor
  • O Que é Isso, Companheiro?
  • O Solista
  • O Som do Coração (August Rush)
  • O Tempo e Horas
  • O Troco
  • O Último Vôo
  • O Visitante
  • Old Guard
  • Olhos de Serpente
  • Onde a Terra Acaba
  • Onde os Fracos Não Têm Vez
  • Operação Fronteira
  • Operação Valquíria
  • Os Agentes do Destino
  • Os Esquecidos
  • Os Falsários
  • Os homens que não amavam as mulheres
  • Os Outros
  • Os Românticos
  • Os Tres Dias do Condor
  • Ovos de Ouro
  • P.S. Eu te Amo
  • Pão Preto
  • Parejas
  • Partoral Americana
  • Password, uma mirada en la oscuridad
  • Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas
  • Perdita Durango
  • Platoon
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  • Por Quem os Sinos Dobram
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