O que os olhos não vêem
Fechar os olhos diante de quase tudo que nos perturba até parece que funciona.
Mas, mesmo quando os olhos negam o que vêem, ou não vejam claramente a cor da vida real, ainda assim podemos sentir o que não enxergamos; essa conexão é primitiva, sensitiva animal, é uma força inegável do instinto humano. O que escapa do campo da visão é simplesmente uma função do viés cultural, pré-conceitual, de uma escolha (im)própria conforme o interesse e ocasião.
Contudo, ainda que os olhos se mantenham fechados, ao "dançarmos a vida" em seu ritmo verdadeiro, em sua beleza mais significativa e simples, conhecemos um caminho descoberto à primeira vista pelo acolhimento do outro, depois pela permissão do gesto amoroso, daí, um pequeno estalo inicial começa a abrir nossa outra visão, não-racional, e mesmo que passe despercebido, já é tarde em querer fechar os olhos novamente. Ela se veste com toda sensação da conexão estabelecida com o outro, nos tornando parte da teia da vida que não pode mais ser esquecida ou rompida, e assim passamos a querer mais do prazer inerente a ela; é maravilhosa a experiência dessa conexão vital.
Cedo ou tarde a descobrimos, basta querer. É a dança da vida!
Essa outra visão, esse outro olhar sensível, fruto do “novo movimento”, do caminhar especial, do olhar de maneira diferente marca essa bendita hora da entrega, na concessão de expressões que mostram o avesso do avesso, inovando e renovando sorrateiramente o nosso interior, na leveza do toque sem fronteiras, delicado e cuidadoso, da expressão livre sem vergonha, da dança expressiva e espontânea. Tudo se move na força da energia criada que atravessa a roda feita de gente, as nossas mãos, roupas, enfeites, couraças, pobrezas e riquezas, e navega pela pele numa força amorosa, perceptiva, curativa e contínua indo além da nossa compreensão atingir a nossa essência. As conseqüências desse imenso potencial de energia gerada pela "teia da vida", que se expande, extrapola as relações do círculo primário e até as da biodanza.
Até que se perceba, as verdadeiras riquezas, por mais distantes que estejam são encontradas dentro do coração.
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