Que seja 1 a 1
Um convite de Maria me levou a uma seresta beneficente no quartel de Amaralina, era noite de lua e vento na beira do mar coberta por uma fria brisa praieira. O lugar tem uma beleza convidativa à contemplação. A última vez que estive lá foi em um casamento realizado com muita pompa e honras de dois amigos da biodança, Nilton e Cacilda, o evento foi memorável.
Bem, a minha noite na seresta me lembrou de uma época em que junto com amigos da faculdade íamos a Baixa dos Sapateiros dançar e observar os dançarinos numa gafieira do Clube da Guarda Civil, a música era levada pela orquestra do saudoso maestro Vivaldo Conceição. Nós chegávamos no clube por volta da meia noite, o clima era de set de ensaio artístico, encontrávamos artistas como Jards Macalé (bebi da sua cerveja), gente da escola de teatro da UFBa, populares e universitários de várias tribos ideológicas e políticas. Todos atores de uma peça que parecia estar seguindo um texto e direção de Nelson Rodrigues.
Nosso transporte era em um carmaguia (ops! era um dkvêzinho) azul claro de uso coletivo do grupo de amigos que freqüentava o lugar, outra Maria, Maria Etiene, amiga dessas empreitadas era quem conservava o “carro velho” que parava vez ou outra para troca de um pneu ou pela falta de combustível. Um belo dia na Bahia, alguns “bichos” do grupo e eu arriscamos viajar até Feira de Santana para ver uma corrida de jegue numa avenida de lá, que um amigo filmaria, isso foi uma verdadeira aventura... o volante do carrinho tremia ao pisar fundo, nem chegava aos oitenta quilômetros hora no marcador e até parecia uma batedeira ambulante, mas chegamos todos sãos e a salvo de um imprevisto no asfalto da BR Salvador-Feira. Tempo bom!
Voltando a seresta no quartel, uma oportunidade dessas revela como o pessoal se solta mostrando suas performances ocasionais, os vários ritmos de som no teclado e tipos de dança (bolero, forró, lambada, e por aí vai...), ajudaram a formar uma grande roda energizada pelo calor humano que em movimento convidava aos que ficavam parados olhando, com palmas e muita criatividade, mais a sensualidade do requebrado empurrava muita alegria no salão da gente de toda idade e emoção. Me joguei no clima, numa noite inesperadamente gratificante que propiciou um aprendizado que me trouxe muita satisfação pela companhia da amiga Maria e pela sensação de que dançar pode combinar com algumas coisas que não estamos acostumados a observar e perceber no prazer da companhia do outro.
Na verdade senti na pele que querer estar de bem com a vida e feliz pode ser uma opção menos dolorosa do que parece, ou seja, ainda que seja uma “dança sem beijo” o prazer de dançar a vida é “bótimo”! E que não se jogue fora a água da bacia junto com a criança pelo fato de ficar no zero a zero. Prá quem quer sair do stand alone é só dar uma paradinha na Borracharia. Que seja 1 a 1.
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