Os gregos não faziam obituários, quando alguém morria faziam uma pergunta:
- viveu a vida com paixão?
Ao tirar esse texto da lembrança de um filme que assisti anos atrás parei repentinamente e sentei na fina camada de orvalho que cobria a grama da praça a duas quadras de onde moro. Numa posição da ioga, sem me importar em molhar ou sujar a calça respirei calmamente e pude ver que ignorava uma noite literalmente estrelada. Reparei nas estrelas que montavam as constelações com seus nomes especiais (veja Cassiopéia) que passava uma luz peneirada, ainda que subisse a fumaça da cidade, mas aquele céu estava quarado por elas, brilhantes suspensos. Um pensamento estalado me veio interromper na minha admiração pelo tesouro celeste, como quem é arrebatado de uma distração. Outros também estariam contemplando essa noite como eu estava, simplesmente vibrando com cada piscadela do universo perolado, nada de tempo só espaço infinito, alguém morreria de paixão súbita como eu? Diante daquele milagre. Um minuto passou longamente até o barulho do trânsito voltar trepidando alterando o cenário que desabou com o tráfego pesado e engarrafado, me aproximando do movimento de todos que passando nem se importavam com o céu porque no asfalto tinha de caminhar rápido para atravessar a faixa de pedestre antes do sinal abrir. A vida continuava sem paixão.
Um comentário:
VIDA SEM PAIXÃO... e com PRESSA, muita PRESSA.É isso mesmo, as pessoas nâo escutam mais o som dos pássaros a cantar no raiar do dia, e sim o som do noticiário.Vivemos a época da IRREFLEXÃO,com todos preocupados somente com a informação.Um abraço,Armando (lygiaprudente.blogspot.com)
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