quarta-feira, setembro 30, 2009
segunda-feira, setembro 28, 2009
dance me
contando estórias (3)
There is something on your mind
O ferro elétrico pesava sem colaborar na tarefa de esticar as linhas e mangas da camisa, nesse meio tempo Horácio conseguiu escutar um blues enquanto já compunha algo para tocar assim que terminasse de levar o lixo para fora de casa. Ao retornar da lavanderia, se descalçou e tirou as meias suadas, entrou em estado de alegria visivelmente interessado em escrever para Ludmila, os estudos o aguardava na pequena sala de trabalho, ali logo tratou de organizar algumas leituras que o ajudariam na pesquisa para construir um personagem significante, arrumou o material necessário ao ensaio, e também para um projeto que precisaria apresentar em pouco menos de quinze dias na universidade.
Antes de qualquer coisa, ele necessitava de um estimulante para uma empreitada que lhe exigiria horas de dedicação, uma xícara de café quente lhe cairia bem. Antecipou o momento que não dava mais para adiar, era uma coisa ainda mais prioritária que o texto a ser impresso para uma matéria do curso, pois era algo que haveria de ser gravado urgentemente, para não cair no esquecimento do sono ou no inevitável cansaço que homeopaticamente vem se encostar nas suas pálpebras meadas lá pelas altas horas, obrigando-o ir menos tarde para a cama. Isso, o revira forçando a levantar bocejante, mas determinado, inúmeras vezes para alterar uma única palavra, no mínimo, reescrever uma frase completa, um parágrafo inteiro, ou até refazer tudo sobre o assunto que estava em andamento. Uma inquietação desgastante.
Horácio sentou e coçando a barba puxou a cadeira de trabalho dando um gole rápido e prolongado queimando a ponta da língua, droga - exclamou. Aliviado, começou a experimentar uma boba aceleração cardíaca conforme desenrolava os pensamentos e a digitação mostrava a sua criação no monitor do notebook. Assim, escreveu versos e carta casando línguas diferentes:
Amada Ludmila, parece fácil ser transparente, ser íntimo mesmo, mas sabemos o quanto representa ser verdadeiro no diálogo entre amantes que se reconhecem. Você me inspira confiança para conversar sem o receio de preconceitos ou interpretações imaturas da realidade. Esse momento é delicado, lindo e de uma riqueza sem dimensão, por tudo que é importante pra gente. O desejo denuncia (pra você também?) a alegria e as intenções nada filosóficas que vão além do tempo que dispomos. Os instintos e a ternura afloram, percebo cada vez mais à flor da pele a tamanha energia que flui dos (seus) olhos, não sendo privilégio (meu) nenhum vê-la ”desabrochando” no despertar da primavera. Alguém já deve ter-lhe dito: “seus olhos estão brilhando”.
O esforço de criação do Horácio se prolongou pela madrugada, dando literalmente umas três laudas inteiras cheias de andorinhas húngaras, fecskë espaçosas. Horácio até quis propor um encontro na saída da última palestra compartilhada com ela, mudar o “script”, todavia, a vontade ficou entre os “limites que cercam o coração” diante da companhia próxima de Ludmila, e dos amigos comuns espectadores naquele instante do evento.
Estar ao lado ou em frente dela tornou-se um “jogo” prazeroso; olhá-la nos olhos o preenche tanto quanto o simples toque, e ficar juntos, então, faz esse movimento um crescente de impulsos quase impossível de se lidar impunemente. A permissão do afeto vai se tornando espontaneamente perfume, o cheiro dela invade suavemente o seu espaço, e Horácio cantarola com autonomia “Hummingbird, don't fly away", em um tom diferente das outras vozes presas em seu MP3. De repente calça os chinelos, suspende a respiração, dá alguns passos pelo corredor abrindo os braços entre uma lembrança e outra. Uma poesia surge como mais um recado para ela.
Arrasto meus dedos pelos muros
Quero escrever a poesia nas unhas
Quebro o perfume da sua ausência
Vem e castiga-me infinitamente
Óbvio, pensou Horácio, essa explosiva combinação de calor humano cabe (nem diz “pode” ou “deve”) ser aceita naturalmente, e relaxa, num jeito criativo de se presentear numa entrega interativa e (só) aparentemente “inconsequente”. Quer transitar de maneira consciente nessa linguagem subliminar, entre eles, das texturas móveis do corpo. Ele ousa imaginar fantasias ainda precoces para um tempo assim imprevisto, por que não? E conclui, do céu não passa!
segunda-feira, setembro 21, 2009
traduzir
(Afranio Campos - trad. Suzana Outeiral)
Justo ahora sé las palabras que me huyen
Me atrevo a ser más fuerte a través de ellas, por fin
Pero me sobran pensamientos cortos enlazados
Letras trenzadas callan el silencio en mí.
Escribo sobre lo que me despedaza por dentro
Días y noches forjan sus dolores en un repente
Cuando ya no se espera es el amanecer que entra
Por la nueva ventana abierta y me cubre, soñoliento.
Cruzo puertas que ayer aún no existían
Mi camino es la orilla de una grave descobierta
Como un pez libre que presiente el desove
Salgo de las raíces y abro paso en lo que me libierta.
Más allá del miedo común al animal con instintos
Algo me protege de las piedras y de los espinos
Grito en el aire girando ligero en un carrusel de alegría
Y gano el don de posar como un pajarito.
Pausa mayor
(Afranio Campos - trad. Suzana Outeiral)
En el Solar caía un sol de tintas.
Lo que restaba era una trilla del mar
Y sus ojos de barco navegado
anclaban en una pausa del muelle,
sacando el horizonte de su lugar.
Sombras de Goya traspasaban
el pecho femenino torneado por la tarde.
Era roja la fuente de los sentidos,
el cielo y el suelo tomados de la mano,
hablaban algo para que fueran oídos.
Encontré una concha estampada en la arena,
bordes de sal en una trilla de estrellas
ofreciendo luz al distante camino
de modelos recortados de retratos,
llevados por la marea en pedazitos.
dont fly away
(B.B. King)
Sometimes i get impatient
But she cools me without words
And she comes so sweet and so plain
My hummingbird and have you heard
That i thought my life had ended
But i find that its just begun
Cause she gets me where i live
Ill give all i have to give
Im talking about that hummingbird
Oh shes little and she loves me
Too much for words to say
When i see her in the morning sleeping
Shes little and she loves me
To my lucky day
Hummingbird dont fly away
When im felling wild and lonesome
She knows the words to say
And she gives me a little understanding
In her special way
And i just have to say
In my life i loved a woman
Because shes more than i deserve
And she gets me where i live
Ill give all i have to give
Im talking about that hummingbird
Oh shes little and she loves me
Too much for words to say
When i see her in the morning sleeping
Shes little and she loves me
To my lucky day
Hummingbird dont fly away
domingo, setembro 20, 2009
Andorinhas
Após assistir Budapeste:
Andorinha Um: "Escrever poesia é desabar por dentro". É renascer nos sentimentos.
Andorinha Dois: O amor é o melhor motivo de se ficar junto, embora, nem sempre assim aconteça.
Andorinha Três: De toda maneira, melhor ser um poeta anônimo que um poeta sem tinta, sem sangue, sem história.
Andorinha Quatro: Difícil como fazer poesia em outra língua que não a própria, só o inevitável jeito de escrever com acentos e sotaque.contando estórias (2)
Palavras de Rita: "Só os canalhas é que falam que estão apaixonados".
Certa tarde, Horácio parecia preso em sua cadeira giratória buscando no Google informações muito complexas para uma simples leitura vespertina, daí como se quisesse se desprender delas se voltou para a sua esquerda, numa intenção, ficando de frente para sua amiga de pesquisa provocando-a com perguntas sobre as mudanças nos padrões de relacionamento entre as pessoas mais jovens. Numa conversa despretensiosa fui esmiuçando suas idéias e instigando a "pretty girl" de vinte e quatro anos a responder o que pensava sobre os relacionamentos de seus conhecidos, ou melhor, dos garotos e das garotas do seu tempo. Horácio considerou tudo para si mesmo, sem comentar, que muitos “jovens de meia idade”, da idade dele, também passaram a agir tal qual os jovens da turma da sua amiga. Muitos gatos pardos na noite da cidade.
O interessante nesse diálogo é que Horácio esperava não parasse por ali, o que trouxe uma inusitada curiosidade mergulhando os dois numa troca de impressões, para ele, de como os jovens “aprendizes” de estratégias e de jogos de conquistas agiam realmente para serem felizes. Para ela, objetiva, de como se acham preparados para os relacionamentos e o conhecimento dos seus novos parceiros.
Nessa fase emocionante o que impressiona é que tudo está acontecendo num passar de olhos rápidos, o raio-x do interesse se dá como numa caçada absolutamente racional, pretensamente planejada, uma “pegada” que não caminha, voa, e a rapidez do desinteresse pelos parceiros da mesma forma. Os processos deflagrados mistura tudo, o que é percepção se dobra ao instinto, e todos se encontram num caldeirão de êxtase que chega às raias do que parece impossível, inimaginável ao escritor de ficção, sem dúvida nenhuma fazendo um “dinossauro” como ele, Horácio, mais um “deliquente de meia idade”, se sentir subitamente “um objeto útil”, frente à velocidade alucinante como as coisas acontecem.
O interesse em uma relação, pelo o outro, sem a presença dos tabus, valores, padrões e limitações de gerações anteriores abriu novas e tantas possibilidades, de criativas relações (pegante, ficante, amaciante, beijante, etc), e as meninas incorporaram com impressionante maestria o que os rapazes já faziam há tempos. Uma amiga coleciona uns cinco namorados, ela ressaltou. Na cabeça de Horácio tudo passou a ter um certo sentido, o mostrar-se sincero nas emoções, dizer-se apaixonado, se tornou uma coisa perigosa demais no jogo da conquista, do “querer ter” sem medida, o interesse pelo outro vai até o limite do mistério, do prazer anônimo, alguma revelação essencial, do pulsar interior, da emoção espontânea, do sentimento romântico pode acabar todo o encantamento, o entusiasmo hormonal é delicado e sutil, pode não sobrar nada para dar continuidade a pretendidas descobertas do que o outro possa se tornar na sua fantasia, o desejo introduz a todos por uma enorme “selva de epiléticos”, da lei que impede qualquer vacilo sentimental. Ser romântico é como se apresentar nu na porta do outro, ser “bobinha” é apenas uma tática excitante, mas sem ser desinteressante para quem não pretende se sentir “preso” ao outro real, separado da couraça, dos cinturões que amarram a boca do coração. Falar que está apaixonado é fatal. A fila anda. Só os canalhas falam isso. Dar flores é cair no lugar comum. Pode ser um truque! Ela foi taxativa em suas impressões apesar de sua bagagem "leve" de vida.
A “grande ilusão” se aquece com ou sem a luz do sol. Os paradigmas mudaram nessa seara, e Horácio procura sentí-la e entender. O que não quer dizer que ninguém mais se perceba, mesmo sem querer, andar nas nuvens, nos braços da desenraizada emoção humana, se entregando a uma “paixão de lagartixa”, e parar num vendedor de flores pensando nela. Longe disso, na vida essas loucuras ainda acontece.
sábado, setembro 19, 2009
uvas da pele
Quando tuas mãos saem,
amada, para as minhas,
o que me trazem voando?
Por que se detiveram
em minha boca, súbitas,
e por que as reconheço
como se outrora então
as tivesse tocado,
como se antes de ser
houvessem percorrido
minha fronte e a cintura?
Sua maciez chegava
voando por sobre o tempo,
sobre o mar, sobre o fumo,
e sobre a primavera,
e quando colocaste
tuas mãos em meu peito,
reconheci essas asas
de paloma dourada,
reconheci essa argila
e a cor suave do trigo.
A minha vida toda
eu andei procurando-as.
Subi muitas escadas,
cruzei os recifes,
os trens me transportaram,
as águas me trouxeram,
e na pele das uvas
achei que te tocava.
me trouxe o teu contacto,
a amêndoa me anunciava
suavidades secretas,
até que as tuas mãos
envolveram meu peito
e ali como duas asas
repousaram da viagem.
quinta-feira, setembro 17, 2009
contando estórias (I)
A alergia dos signos
Saí rápido do salão indo até o corredor, sentei calmamente para calçar os tênis evitando contar os minutos da espera, sentido certo de que teria mais um encontro prazeroso com Ludmilla, ela me reconhece intimamente e o coração bate acelerado no seu tempo.
Repentinamente Ludmilla aparece na área, levanto a cabeça ao vê-la e começamos a papear na freqüência e intensidade das sinapses elétricas de nossas células. Pra-ra-ti-bum, raios, sinos, o relógio pára. Existe algo valioso entre a gente. O olho não mente quando o coração dispara e provoca o espírito da coisa e o instinto indefectível da carne.
-Você está melhor da alergia (respiratória)? Melhorou da tosse? Fui puxando assunto.
- Sim. Ela respondeu.
Continuei: Eu tive que me tratar quando criança, sempre sofri de alergia (das vias respiratórias)... nós os geminianos - quis pôr a cor dos nossos signos na idéia, sabendo que nascemos quase no mesmo dia, um ontem e o outro hoje -, temos essa característica de somatizar as emoções, uma tendência de sofrer com as alergias trazidas pelas vias aéreas - pensei em falar da terapia como uma responsável pela revolução do meu metabolismo, da renovação da vida e a auto-regulação propiciada, quando mudei meu pensamento complementando minha atitude de maneira diferente, consequência da criatividade, da poesia presente na gente -, mas, temos (nós geminianos) outras benesses, não é?
Ludmilla de imediato completou:
- É, ser (muito) volúvel. E sem dizer mais nada Ludmilla desceu rapidamente os degraus em um inusitado silêncio que ficou no ar me deixando na esperança de abraçá-la mais uma vez.
Fátima que havia “pegado o bonde andando” caiu de pára-quedas e emendou o texto de Ludmilla fazendo uma alusão acintosa, relacionando o modo de ser de meu astral geminiano (o mesmo signo de Ludmilla) ao (um suposto comportamento) “volúvel” ou “muito volúvel” que tinha acabado de ouvir. Uma intervenção no mínimo estranha.
- Ela está falando dela. Comenta Ana Clara convicta e com “ar de psicanalista” atenta às palavras soltas (que na maioria das vezes “de solta não tem nada”) ditas com naturalidade por Ludmilla, mas que para nossa percepção representou um claro lapso.
Mas Fátima retruca com sua perspicácia querendo indicar que foi uma observação óbvia sobre o “volúvel” eu mesmo. Ela como minha melhor amiga sabendo de histórias passadas de certas relações que não guardo segredo pra ninguém, logo ela que considero demais, apontava um fogo amigo poderoso e oportunamente disparado nessa ocasião. Deduzi pelo reforço na expressão dela, apropriada a situação, ao parecer se eximir da autoria temperada com uma pitada de poison, diferente da colocação feita anteriormente por Ludmilla, agora estava mais que munida de inerente “achometro” distorcendo a conotação da palavra “volúvel”, a qual se transformou numa implícita e forte indicação valorativa direcionada ao meu apaixonado coração geminiano. O que Fátima queria informar com esse julgamento?
Em uma sintonia original Ana Clara ratificou: Não falei de você Fátima, não me referi a você quando disse “ela falou dela” (como volúvel) e sim, falei do que ela (Ludmilla) disse mesmo pra si, numa referência (hum) tanto quanto terapêutica que diz: ao falarmos do outro estamos sim, nos revelando.
Levantei apressando os movimentos descendo as escadas tentando acompanhar Ludmilla, a chamei com a voz meio nervosa em um tom agudo suave mesclado de sorrisos:
- Isso é uma séria colocação... Ludmilla, pera aí, venha cá! Insisti. Mas ela se foi, entrando na noite úmida, reparei que logo foi acolhida por alguém que a esperava do outro lado da rua.
Respirei. Pausa. Só pretendia esticar um pouco mais o nosso papo gostoso, de admiração mútua e instigante, numa maior aproximação de nossas energias. A lua nos ignorou passando pela emoção daquele curto instante de nosso encontro interrompido.
Fátima também já chegara ao térreo se distanciando, eu e Ana Clara combinávamos uma “carona” minha, a pé, até o seu carro.
Daí pensei:
Existiu uma acusação fria, de ser volúvel? Seria uma direta fatal (segundo Fátima, em seu papo reto), ou não passou simplesmente de uma declaração contextualizada sobre o jeito de amar dos geminianos?
Sei que possivelmente posso estar errado na interpretação, dessa coisa de ser o destinatário do “volúvel”, mas de uma certeza eu tenho, indubitavelmente escrevo aqui sobre essa condição inverossímil, nesse momento:
- Declarar “eu te amo”, confessar estar apaixonado faz tanta diferença, detona uma força atômica orgânica. E digo e repito de uma única vez por todas, quando mudo meu taco de direção (pois confio nele), é porque tomei todo o cuidado na completa confirmação de que o outro (o “feminino”) não está em sintonia de nenhum diálogo afetivo. Um não como razão, é sinal de ficar fora da parada, considero um não, um não. Respeito profundamente as escolhas, nem aprofundo em nóias. No máximo roubo um beijo para jogar uma pá de cal (se acontecer a rejeição) e descomplico o processo abrindo espaços; posso sofrer com minha liberdade de opção, sem evitar buscar superar meus processos, para continuar vivendo sem a dúvida que trava o crescimento, tentar ser mais feliz com minhas próprias asas, amar como animal saudável e caminhar por outras praias com sentimentos sem as pedras do rancor ou ciúmes que pesem. Leve desenlaço. Afinal, diz-se que coração dos outros é terra que ninguém anda, só se sente, e é importante permanecer bem se for verdadeiro! O que mais posso dizer?
quarta-feira, setembro 16, 2009
desafinados
Ouço você cantando desafinado
Não conheço ainda sua música
Mas acho isso muito atraente
Me dá o motivo mais estranho
Que me provocam as críticas
Mas há outros que te chamam
Dançamos ligados numa química
Os sorrisos nascem do improviso
Nada me faz sentir melhor o dia
Nenhum barulho nos detém
O momento cresce sendo o que é
Adivinhamo-nos ao surpreender
Ensejo de insones pensamentos
Viajamos juntos até aonde dá
Apertamos a pele e o conteúdo
Desenhando caminhos que falam
Nos acolhemos no reconhecimento
Nós merecemos o que desejamos
segunda-feira, setembro 14, 2009
a música me traz
Curvas de Fá
Ouço notas musicais na sua gravidade e calibre
Uma atração aquecida vem de você e me desafoga
Em mergulho de pássaro toco o seu instrumento
Estórias de viagens te acompanham por estações
Gente mudando de lugar e humor constantemente
A cada virada te vejo em correntezas que banham
Passo a sonoridade dos meandros de sua nascente
Caudalosamente solta me bebe no gargalo e dança
Sereia de espuma revira meus órgãos em pimenta
Conheço os perigos de atalhos e curvas chapadas
Quando o que mais interessa é expandir a vida
Ausência na paisagem que a favor se modifica
Íntima confissão me traspassa e revela a alma
Corpo magro moldado ao chão flui em água bruta
Livre de malas prontas rumo ébrio ao que sou
clari-dade
"Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes… tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer:
- E daí? Eu adoro voar!
Não me dêem fórmulas certas, por que eu não espero acertar sempre. Não me mostrem o que esperam de mim, por que vou seguir meu coração. Não me façam ser quem não sou. Não me convidem a ser igual, por que sinceramente sou diferente. Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre."
sábado, setembro 12, 2009
contornos
Mariposa
Com uma fome que morre no corpo
Uma visão que se impõe sempre latente
Abundância de vontades que por vezes
Tende à percepção de um calor ausente
Ao lhe tomar a matéria e os contornos
O ser incomodado se ateia suspenso
Insensatez em inspiração que quer sempre
Uma viagem decisiva seja para o que for
Ritmo de paixão térmica do caos à ordem
Lembrança viva de paisagens em músicas
Esquenta as cordas que rodam o coração
Se vai bêbada a mariposa sequiosa de luz
sábado, setembro 05, 2009
íntima
Na dança da vida não sou mais um ser qualquer
Achei-me em um a mais que nós dois somente
Pela identidade encontrada em conchas e algas
Sou miríades de cerejas minando de estojos
Cascas que desfolham bailarinas entre sóis
Uma linguagem de nossos átomos em conexão
Dançamos serpenteando embolados e certeiros
Despojados como hipopótamos em altura e peso
Até nos sentirmos à vontade num vôo com o outro
Suamos em tranças de distintas e claras percepções
Quase retos na difícil arte dentre muitas a despertar
Ao largar os cacos das louças internamente quebradas
Tendência em existir num sentido incomensurável
No melhor dos tempos se permitindo durar no pouco
Outros são desenhos e letras que se desfazem desbotados
Justo por não aceitar o real presente do bordado novo
Acertamos o que as horas a passos largos trazem do dia
Percebendo as qualidades e virtudes que nos invadem
Reconhecendo tensões e matérias que nos impedem
Dançar a vida que nos atrai por relações diversas
Como animais imersos no viço da emoção humana
E erros por não fazer o que é próprio a natureza
Mesmo sabendo que o tempo é uma coisa viva
Que não deixa confundi-lo com o relógio que criamos
Nossas vivências provam o que o corpo encobre
Quer se estender no mesmo espaço raro dos atos
Dando voltas de costas no dorso de suas costas
Quando a cabeça deita no ombro uma linda lua
terça-feira, setembro 01, 2009
geração Internet
Outro dia, encontrei com uma representante autêntica da geração que viveu sua adolescência na mesma época da adolescência da Internet, e numa conversa sobre amenidades me caiu na idéia puxar assunto sobre um tema muito atual: o uso do computador no dia a dia. Seja para estudos, trabalho, na busca frenética de informação, ou para atualização, troca ou o envio de email, blogs, podcasts, e as então usuais mensagens rápidas, scraps, chat etc etc; nesse papo instigado, inesperadamente ela disparou uma frase especialmente significativa, a qual me pareceu muito expressiva de sua imatura experiência com a tecnologia, claro, vindo da parte de quem quase passa naturalmente boa parte das horas de sua vida debruçando-se rotineiramente sobre o teclado de uma máquina que a criatividade do homem “soprou” e "ganhou vida" para elevar o seu potencial poder de gerar o “estado da arte”. Alguns lidam positivamente, produtivamente, outros nem tanto, duram viciosamente, com tudo o que se tornou praticamente uma maneira de intercomunicação, imprescindível, mais uma “companhia” que se consuma concreta para milhões de internautas. Uma verdadeira malha de “pontes digitais” de relacionamentos entre pessoas e entre pessoas e objetos, que se vêem cada vez mais virtuais e "impessoais".
As palavras dela que ficaram em meu bloco de notas: "usar outro computador que não o meu é igual a dormir fora de casa, é como mudar de namorado".
Sorri e as fixei no meu interesse visível pelo significado essencial da colocação emocionalmente evidente, e nas minhas divagações quanto ao que representa na realidade atual o computador pessoal, num mundo digital que se constrói a cada segundo e que se desenvolve aceleradamente. Para os milhões de usuários e a cada hora mais adeptos, novos proprietários desse "objeto pessoal": o computador. Meio para muitos, um fim para outros muitos, canal integrador, objeto inclusivo social se bem utilizado, útil, visão prática de ponto a ponto do mundo tecnológico da informação, presente na teia do nosso cotidiano como principal “transporte cibernético do conhecimento” da atual e das futuras gerações.
na tela ou dvd
- 12 Horas até o Amanhecer
- 1408
- 1922
- 21 Gramas
- 30 Minutos ou Menos
- 8 Minutos
- A Árvore da Vida
- A Bússola de Ouro
- A Chave Mestra
- A Cura
- A Endemoniada
- A Espada e o Dragão
- A Fita Branca
- A Força de Um Sorriso
- A Grande Ilusão
- A Idade da Reflexão
- A Ilha do Medo
- A Intérprete
- A Invenção de Hugo Cabret
- A Janela Secreta
- A Lista
- A Lista de Schindler
- A Livraria
- A Loucura do Rei George
- A Partida
- A Pele
- A Pele do Desejo
- A Poeira do Tempo
- A Praia
- A Prostituta e a Baleia
- A Prova
- A Rainha
- A Razão de Meu Afeto
- A Ressaca
- A Revelação
- A Sombra e a Escuridão
- A Suprema Felicidade
- A Tempestade
- A Trilha
- A Troca
- A Última Ceia
- A Vantagem de Ser Invisível
- A Vida de Gale
- A Vida dos Outros
- A Vida em uma Noite
- A Vida Que Segue
- Adaptation
- Africa dos Meus Sonhos
- Ágora
- Alice Não Mora Mais Aqui
- Amarcord
- Amargo Pesadelo
- Amigas com Dinheiro
- Amor e outras drogas
- Amores Possíveis
- Ano Bissexto
- Antes do Anoitecer
- Antes que o Diabo Saiba que Voce está Morto
- Apenas uma vez
- Apocalipto
- Arkansas
- As Horas
- As Idades de Lulu
- As Invasões Bárbaras
- Às Segundas ao Sol
- Assassinato em Gosford Park
- Ausência de Malícia
- Australia
- Avatar
- Babel
- Bastardos Inglórios
- Battlestar Galactica
- Bird Box
- Biutiful
- Bom Dia Vietnan
- Boneco de Neve
- Brasil Despedaçado
- Budapeste
- Butch Cassidy and the Sundance Kid
- Caçada Final
- Caçador de Recompensa
- Cão de Briga
- Carne Trêmula
- Casablanca
- Chamas da vingança
- Chocolate
- Circle
- Cirkus Columbia
- Close
- Closer
- Código 46
- Coincidências do Amor
- Coisas Belas e Sujas
- Colateral
- Com os Olhos Bem Fechados
- Comer, Rezar, Amar
- Como Enlouquecer Seu Chefe
- Condessa de Sangue
- Conduta de Risco
- Contragolpe
- Cópias De Volta À Vida
- Coração Selvagem
- Corre Lola Corre
- Crash - no Limite
- Crime de Amor
- Dança com Lobos
- Déjà Vu
- Desert Flower
- Destacamento Blood
- Deus e o Diabo na Terra do Sol
- Dia de Treinamento
- Diamante 13
- Diamante de Sangue
- Diário de Motocicleta
- Diário de uma Paixão
- Disputa em Família
- Dizem por Aí...
- Django
- Dois Papas
- Dois Vendedores Numa Fria
- Dr. Jivago
- Duplicidade
- Durante a Tormenta
- Eduardo Mãos de Tesoura
- Ele não está tão a fim de você
- Em Nome do Jogo
- Encontrando Forrester
- Ensaio sobre a Cegueira
- Entre Dois Amores
- Entre o Céu e o Inferno
- Escritores da Liberdade
- Esperando um Milagre
- Estrada para a Perdição
- Excalibur
- Fay Grim
- Filhos da Liberdade
- Flores de Aço
- Flores do Outro Mundo
- Fogo Contra Fogo
- Fora de Rumo
- Fuso Horário do Amor
- Game of Thrones
- Garota da Vitrine
- Gata em Teto de Zinco Quente
- Gigolo Americano
- Goethe
- Gran Torino
- Guerra ao Terror
- Guerrilha Sem Face
- Hair
- Hannah And Her Sisters
- Henry's Crime
- Hidden Life
- História de Um Casamento
- Horizonte Profundo
- Hors de Prix (Amar não tem preço)
- I Am Mother
- Inferno na Torre
- Invasores
- Irmão Sol Irmã Lua
- Jamón, Jamón
- Janela Indiscreta
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- Jogo Limpo
- Jogos Patrióticos
- Juno
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- La Dolce Vitta
- La Piel que Habito
- Ladrões de Bicicleta
- Land of the Blind
- Las 13 Rosas
- Latitude Zero
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- Le Divorce (À Francesa)
- Leningrado
- Letra e Música
- Lost Zweig
- Lucy
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- Maudie Sua Vida e Sua Arte
- Meia Noite em Paris
- Memórias de uma Gueixa
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- Mistério na Vila
- Morangos Silvestres
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- O Circulo Vermelho
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- O Contador
- O Contador de Histórias
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- O Cozinheiro, o Ladrão, Sua Mulher e o Amante
- O Curioso Caso de Benjamin Button
- O Destino Bate a Sua Porta
- O Dia em que A Terra Parou
- O Diabo de Cada Dia
- O Dilema das Redes
- O Dossiê de Odessa
- O Escritor Fantasma
- O Fabuloso Destino de Amelie Poulan
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- O Jardineiro Fiel
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- O Menino do Pijama Listrado
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- O Poder e a Lei
- O Porteiro
- O Preço da Coragem
- O Protetor
- O Que é Isso, Companheiro?
- O Solista
- O Som do Coração (August Rush)
- O Tempo e Horas
- O Troco
- O Último Vôo
- O Visitante
- Old Guard
- Olhos de Serpente
- Onde a Terra Acaba
- Onde os Fracos Não Têm Vez
- Operação Fronteira
- Operação Valquíria
- Os Agentes do Destino
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