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domingo, janeiro 09, 2011

"Talvez, o imponderável nos salvará."

Edgar Morin, mestre do pensamento, às vésperas de seus 90 anos
A morte da mãe quando criança, a ocupação nazista, a Resistência. Mas também as viagens, as mulheres, os estudos que o tornaram famosos. Agora, às vésperas dos 90 anos, o "Diderot do século XX", que previu os danos da globalização, confessa ter "bebido a vida". E pensa nos mais jovens: "Nós nos iludimos com o comunismo e o consumismo. Eles perderam o futuro. Precisam de esperança".
A reportagem é de Anais Ginori, publicada no jornal La Repubblica, 02-01-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
"Se eu fosse guiado só pela luz da razão, diria que o mundo vai rumo à catástrofe, que estamos à beira do abismo. Todos os elementos que temos sob os olhos nos prospectam cenários apocalípticos. Mas, na história da humanidade, existe o imprevisto, aquele fato inesperado que muda o curso das coisas. Eis porque, no fundo, sou otimista".
Mesmo quando se trata de olhar para o longo prazo, Edgar Morin não renuncia ao seu famoso "pensamento complexo", que ele teoriza já há 40 anos. Tese, antítese, síntese. A sua marca de fábrica. Unir os opostos, abraçar saberes diversos, como explicou nos seis volumes do Méthode, a obra enciclopédica escrita entre 1967 e 2006, que já lhe valeu o apelido de "Diderot do século XX".
Morin é um pensador poliédrico, culturalmente onívoro. Filósofo, sociólogo, antropólogo, uma bibliografia feita de mais de 50 títulos, ensaios que vão da elaboração do luto aos novos mitos do espetáculo, da ecologia à reforma do welfare. Em poucos meses, ele irá completar 90 anos. O Le Monde lhe dedicou um número especial. Segundo o Nouvel Observateur, ele é um dos "gigantes do pensamento" do século passado. Diante do computador, no pequeno escritório do seu apartamento da rua Saint-Claude, debaixo das velhas tipografias de Marais, ele trabalha no seu novo livro. Ele será dedicado à esperança. "Sim, gostaria de restituí-la aos jovens que sentem que perderam o futuro. Nós tínhamos a fé no progresso, nos iludimos antes com o comunismo e depois com o consumismo. A democracia ainda parecia a fórmula perfeita de convivência. Agora, esse horizonte foi arrebatado".
Jamais trocaria de lugar com um jovem de 20 anos de hoje, embora caminhe lentamente na casa vazia, ajudando-se com uma bengala. Há dois anos, morreu sua terceira esposa, Edwige Lannegrace, à qual dedicou um livro, Edwige l'inséparable. Com a modelo e atriz canadense Johanne Harelle, que conheceu nos EUA, havia passado os barulhentos anos 60 viajando pela América Latina. Grande sedutor, conta ter "bebido a vida". Não deixou faltar nada.
Nascido em 1921, na comunidade judaica sefardita do bairro de Menilmontant, correu o risco de morrer durante as fases do parto, junto com a mãe Luna, gravemente doente do coração. "Os médicos lhe haviam aconselhado a não ter filhos. Ela havia escondido a sua patologia até do meu pai Vidal". A mãe sobreviveu por milagre, acudiu o filho único como um pequeno príncipe, mas nove anos depois foi vítima de um infarto. "Aquela morte foi a minha Hiroshima", lembra. Não por acaso, o seu primeiro livro de antropologia, publicado em 1951, intitula-se L'homme et la mort e analisa, dentre outras coisas, o conceito de "resiliência", a capacidade de resistir aos choques.
Resistência
Durante a ocupação nazista, encontrou a sua segunda família. Entrou nas forças de combate da Resistência, na facção liderada por François Mitterrand. Foi assim que Edgar Nahoum, para o registro civil, tornou-se Edgar Morin, nome de batalha que manterá também depois da guerra. Aprendeu a se esconder, a comprar as informações, a antecipar os movimentos da polícia. Um dia, estava chegando a Lyon para um encontro. Teve um pressentimento, decidiu não ir. O amigo que o esperava foi capturado, torturado e morto. 
Na clandestinidade, conheceu Violette Chapellaubeau, primeira mulher e mãe das duas filhas Irène e Véronique. No dia da Libertação, entrou em Paris a bordo de um automóvel militar, hasteando a bandeira junto com a amiga escritora Marguerite Duras. Logo decidiu partir para Baden-Baden. Em 1946, dois anos antes do filme de Roberto Rossellini, escreveu O Ano Zero da Alemanha, um conta sobre o país em ruínas, uma tentativa de entender como a nação de Goethe e de Beethoven pôde provocar a barbárie do nazismo.
Até os 30 anos, acreditou no Sol do Porvir. "Fui um comunista de guerra, porque deu a prioridade à luta contra o nazismo, ignorando, porém, os defeitos do stalinismo. Mas em tempos de paz, assim que começaram os processos e as "purgas", rasguei a minha carteirinha". 
Em 1951, foi definitivamente expulso da direção do Partido Comunista Francês por ter criticado, em um artigo, o Grande Timoneiro Mao Tse Tung. "O partido era como uma igreja, um ambiente sagrado – lembra –, algo inimaginável para os jovens de hoje".
"Direitista de esquerda"
Morin escreveu naqueles anos Autocritique, memórias de um ex-comunista, gênero destinado a fazer prosélitos não só na França. Hoje, considera-se um droitier gauchiste. "À direita, porque, segundo a tradição revolucionária, quero defender as liberdades, e à esquerda, porque penso que há necessidade de radicalidade". De Karl Marx, ao qual dedicou um pequeno ensaio no ano passado, diz que "foi um formidável profeta da globalização capitalista, mas não viu que o homo faber, o homem produtor, era também ohomo economicus, e que o homo sapiens era também o homo demens, a loucura humana que se manifesta em toda a história da humanidade".
Em 2008, Nicolas Sarkozy citou a "política de civilização" teorizada por Morin em um discurso seu. Ele fez saber que não gostou. "Duvido que o presidente conheça os meus trabalhos e o significado real dessa expressão", repete ainda, com um movimento de incômodo. Para Morin, a "política de civilização" consiste no retorno da supremacia da política sobre a economia, do público sobre o privado. "Os partidos de esquerda aceitaram de cima para baixo o liberalismo, sem entender que antes era preciso discutir regras e salvaguardas dos direitos. Com a globalização econômica, tivemos coisas positivas, como a circulação das pessoas e das ideias, mas integramos também os ritmos de trabalho da China".
No seu álbum pessoal, conserva fotos com muitos líderes da esquerda francesa, de Maurice Thorez a Mitterrand, com os quais frequentemente polemizou. Porém, todas as vezes que a gauche está em dificuldade, Edgar Morin é consultado como um oráculo. Todos, também os seus inimigos, lhe reconhecem uma grande capacidade de farejar o esprit du temps, o espírito do tempo, título de um estudo seu de 1962. 
Batizou os anos 60 como a geração yé yé, os jovens dependentes do consumismo. Em 1993, publicou um panfleto sobre a Terra-Pátria, antes que o ambientalismo se tornasse uma moda. Previu o retorno dos nacionalismos e da xenofobia na Europa. "Fiquei chocado ao ver o que a França fez com os ciganos, um povo perseguido há séculos, que foi mandado aos campos de concentração pelos nazistas". Morin não tem medo de se encontrar em posições politicamente incômodas. Inclinou-se para o lado dos palestinos durante a Intifada, foi falar na universidade de Sarajevo debaixo das bombas.
Metamorfose
Enquanto fala, continua consultando os e-mails no computador. "Já sou dependente desta coisa", brinca. Ainda viaja para conferências, principalmente para o Brasil, onde há diversos cursos dedicados ao seu trabalho. Recém recebeu um convite para ir à China. O seu sonho, hoje, seria ver nascer uma nova fase da esquerda. "Não há segredos. As duas palavras que devemos redescobrir são solidariedade e responsabilidade. Em sentido ético, mas também político. A ideia de um único partido de esquerda me parece destinada ao fracasso, porque contém forças que sempre se combateram e que dificilmente podem superar as suas diversidades internas.  Pelo contrários, é preferível uma coalizão que una as esquerdas, sem que ninguém deva renegar sua própria origem, seguindo um processo que eu chamo de metamorfose".
Na natureza, explica, a lagarta se autodestrói para se tornar uma crisálida e depois uma borboleta. Muda, mas permanece o mesmo ser vivo. "É exatamente o contrário do conceito de fazer 'tábula rasa', como diz o slogan da Internacional. Eu penso, ao contrário, que devemos seguir em frente, sempre integrando o nosso passado".
O medo é a nova ideologia. Um sentimento que paralisa as consciências, a doença deste século. Quando estourou a crise, Morin se separou do coro. "É uma extraordinária oportunidade para repensar o nosso estilo de vida, o momento em que se pode finalmente aprender com os próprios erros. Infelizmente, não está acontecendo isso, e ainda estamos dentro do túnel. Lembremos que Adolf Hitler chegou ao poder de modo absolutamente legal, justamente depois de uma longa crise econômica".
Talvez, o imponderável nos salvará. Aquilo que nem acadêmicos como Edgar Morin se arriscam a prever. A pequena Atenas que resiste ao império da Pérsia, fazendo nascer a filosofia e a democracia. A URSS que, em 1941, expulsa os nazistas às portas de Moscou e preanuncia o fim da guerra. "Já aconteceu, acontecerá de novo", confia Morin, com o tom de quem ainda tem muito a estudar. Quando se está à beira do abismo, não há tempo para se entediar.
Fonte: IHU, 09/01/2011

segunda-feira, novembro 08, 2010

humanista à moda antiga

Combatendo os bárbaros
Tzvetan Todorov é um humanista à moda antiga, interessado no amplo espectro do conhecimento humano entendido como um caminho para a integridade e o saber. Linguista, filósofo, historiador, crítico literário, interessado tanto na semiótica como nas fraturas do século XX, este homem nascido na Bulgária e emigrado a Paris aos 24 anos, autor de livros fundamentais em praticamente todos os terrenos pelos quais incursionou, é um impenitente devoto da clareza do pensamento como arma contra a intolerância, a incompreensão e o totalitarismo em todas as suas formas. De passagem por Buenos Aires, convidado pela Fundação Osde para fazer algumas palestras, Todorov concedeu entrevista a Martín Granovsky, do Página/12. Na conversa, entre outras coisas, aponta as raízes fundamentalistas do ultraliberalismo e do populismo conservador que vem crescendo na Europa e nos EUA.  Martín Granovsky - Página/12
Ele é alto, grisalho, tem olhos curiosos e um aperto de mão forte. Seu francês é perfeito. Tzvetan Todorov nasceu na Bulgária em 1939, mas vive em Paris desde 1963. Foi para a França para ficar um ano e por lá ficou. Estudou com Roland Barthes. Escreveu, entre outros livros, Teoria dos Gêneros Literários, Os Aventureiros do Absoluto, A Conquista da América e A Experiência Totalitária. Veio fazer conferências na Argentina e aceitou conversar com Radar (suplemento do jornal Página/12). A entrevista ocorreu na manhã de quarta-feira, quando já se sabia que os extremistas do Tea Party tinham sido o coração da vitória republicana nos Estados Unidos.
Você escreveu que o ultraliberalismo é uma forma fundamentalista.
Sim, eu defendo isso.
Eu perguntava sobre a força do movimento Tea Party nos Estados Unidos.
Bom, na Europa conhecemos o que é o populismo.
Na América Latina também, mas suspeito que o termo é usado para nomear coisas distintas. Aqui a palavra é utilizada para sintetizar – ou criticar, dependendo do caso – experiências de centroesquerda com partidos fracos e líderes fortes.
Eu sei. Por isso me refiro ao caso europeu, que é diferente. Na Europa, é cada vez mais decisivo o voto populista de extrema direita. Um voto que cresce porque tem êxito em focalizar o inimigo de cada povo no estrangeiro diferente.
Agora o grande tema na França é a expulsão dos ciganos para a Romênia. Você se refere a isso?
É um tema grave, mas não é o ponto central na estigmatização. Em geral, a focalização sobre o estrangeiro que mencionava se refere ao diferente que, com frequência, aliás, professa a fé islâmica. E isso influi em todos os governos.
Mas a extrema direita populista a que você se refere não chegou ao governo.
Sim, mas a direita de sempre, a direita a que estamos habituados e conhecemos bem, não pode governar se não se apóia na extrema direita. O poder necessita desse apoio.
Na Suécia, os conservadores ganharam, mas, pela primeira vez, a extrema direita teve 10% dos votos e ganhou representação parlamentar.
Na Dinamarca e na Holanda a situação é ainda pior. Nesses dois países a questão do apoio da extrema direita à direita tradicional não é somente social, o que por si já é um problema grave, mas também de conformação de maiorias parlamentares. Os conservadores da Dinamarca e da Holanda precisam do voto da extrema direita no Parlamento. Por isso, os governos de direita aceitam muitas posições da extrema direita.
E na Itália?
Ocorre algo parecido com a Liga do Norte, que também tem uma posição ativa contra o estrangeiro diferente e pior ainda se ele tiver alguma relação com o Islã. A Liga do Norte está no governo associada com Silvio Berlusconi.
Por que você assinala uma diferença em relação à situação na França?
Porque tem outros matizes. Nicolas Sarcozy adota frequentemente temas e obsessões da extrema direita. Mas não exclusivamente dela. É um político pragmático preocupado sobretudo em conservar-se no poder. Assim, como coloca hoje a questão dos ciganos, no início de seu mandato adotou inclusive alguns temas da esquerda.
O movimento Tea Party nos Estados Unidos também se inscreve nessas correntes que você identifica na Europa?
Nos Estados Unidos, sobretudo em meio à crise, há um movimento contra os imigrantes. Mas esse não é o tema fundamental do Tea Party. Como a economia vai muito mal, a crítica se dirige ao governo de Barack Obama e tem raízes próprias. Nos Estados Unidos há uma espécie de filosofia de vida ultraindividualista. Essa filosofia diz que o ser humano é responsável pelo destino de sua vida. Mas essa filosofia de vida agrega a idéia segundo a qual o êxito econômico é uma medida suficiente para medir uma vida. Uma posição, evidentemente, fantasiosa.
Por que fantasiosa? Todos seus livros falam das responsabilidades do ser humano e do indivíduo.
Sim, mas não em estado de solidão. Eu estou profundamente convencido de que os seres humanos têm necessidade dos outros. Defender a liberdade ou o direito do indivíduo é um valor positivo. É preciso proteger os indivíduos da violência dos outros indivíduos e do Estado. Mas o indivíduo depende dos demais. A dimensão social do ser humano não pode – não deve – ser eliminada. A economia não pode ser um objetivo último, mas sim um meio.
Você critica a centralidade da noção de êxito econômico na concepção que definiu como “ultraindividualista”. Se o êxito fosse um valor a levar em conta, coisa que já seria discutível, qual seria sua concepção de êxito?
Eu tampouco me guio pelo êxito como objetivo da vida. Mas se, como ser humano, ao final de minha vida me perguntarem o que é o êxito, responderia que é ter vivido uma vida na qual vivi, amei, respeitei e fui amado pelos outros que amei e respeitei. Desculpe se uso tanto a palavra “vida” ou o verbo “viver”, mas prefiro não buscar sinônimos ou outras formas de dizê-lo. O êxito de uma vida inteira, de uma vida completa, é o êxito nas relações humanas. Uma vida sem amor terá sido desastrosa.
Li que você critica também as vidas baseadas somente no intelecto. No idioma argentino falaríamos de uma vida sem por o corpo.
Sim. E o mesmo se aplica a uma vida vivida tendo o êxito econômico como fim último. Ainda que seja redundante dizê-lo, seria uma vida que exclui a vida humana.
O Tea Party o impressiona?
Para além de fenômenos como os da Dinamarca e Holanda, e, de certo modo, da Itália, a tradição europeia é diferente. Na Europa, durante muitos anos todos os governos, de esquerda ou de direita, seguiram um modelo baseado no Estado de bem-estar social, o Welfare State. Esse modelo se fundamenta na solidariedade de toda a população, que se expressa, em última instância, em medidas adotadas a partir do Estado. Falo, por exemplo, da progressividade dos impostos. Quem ganha mais, paga mais. A redistribuição de renda é o princípio constitutivo do Estado. A tradição que aparece com o Tea Party alimenta-se, na origem, da conquista de um espaço vital. É um híbrido que combina a ideologia do xerife e o espaço do pregador.
O que o pregador agrega a essa ideologia?
A certeza de que, se eu sigo buscando meu espaço vital e o êxito, tendo um resultado econômico com fim último, tenho razão porque Deus me disse isso.
Estou predestinado como indivíduo.
Sim. Por isso há um caráter religioso de tipo fundamentalista muito importante. É importante destacar que nessa busca...
A busca parece uma batalha.
E é mesmo. E nessa batalha reaparecem inclusive temas de um passado recente. Obama é acusado até de instaurar o Gulag. Seria, para eles, um comunista.
Mas Obama não é sequer um radical, um homem de esquerda em termos norteamericanos.
Não, claro. É um político do mainstream, também no vocabulário norteamericano. Um político normal que está dentro do sistema político. Mas passa a ser um comunista, na crítica do Tea Party, porque parece querer regular a vida dos indivíduos. Leve em conta que, quando o Tea Party e os legisladores que recebem sua influência criticam a cobertura médica obrigatória votada por iniciativa de Obama este ano, acusam o presidente norteamericano de estar metendo-se em suas vidas. O raciocínio é assim: “Seu eu trabalhei e com meu esforço consegui um bom seguro e uma boa cobertura médica, que me permitirá uma boa aposentadoria privada, por que devo trabalhar para os que não trabalharam e, assim, não alcançaram o meu êxito?”. Falta a solidariedade elementar e isso me parece deplorável.
“Deplorável” é uma palavra forte.
Certamente. Essa forma de pensar procede, antropologicamente, de uma ignorância da necessidade do outro. E o paradoxal é que também tem escassas possibilidades de gerar as condições para o êxito econômico individual da classe média. Vou explicar melhor minha lógica de raciocínio para que não fique parecendo um simples slogan. A sociedade fica desequilibrada. Se fica desequilibrada, perde a força para combater a extensão do problema da droga ou do desemprego. Para solucionar temas dessa magnitude é necessário contar com toda a população. Não é possível fazê-lo apenas com uma parte dela. Como se vê, o Tea Party tem raízes em uma ideologia vigente em setores da sociedade norteamericana desde há muito tempo, mas seus efeitos concretos aparecem hoje. A leitura é que Obama e seu projeto se chocaram com o poder econômico.
E esse poder derrotou-o nestas eleições de metade de mandato.
As conclusões são impactantes. O homem mais poderoso do planeta, que é o presidente dos Estados Unidos, é impotente contra os interesses do grande capital. A mensagem é que as instituições não permitem sequer que um presidente legitimamente eleito adote uma política distinta, ainda que seja levemente distinta, daquela que eles defendem. A recente decisão da Corte Suprema que permite às empresas fazer contribuições à campanha eleitoral representa um freio aos políticos democráticos. Neste ambiente ultraliberal a democracia corre perigo.
Tanto assim?
Efetivamente. O poder se expressa por meio das eleições. Em 2008 se expressou votando em Obama. Mas na prática o povo não pode governar porque isso não é permitido pelos indivíduos mais poderosos. Se isso for verdade e se essa tendência se aprofundar, estaremos assistindo a uma mutação radical. Tão radical como a Revolução Francesa que, em 1879, passou de uma monarquia hereditária para uma assembleia eleita pelos cidadãos. Nós que respeitamos a integridade do indivíduo – e não falo agora, como você advertirá, do ultraindividualismo – devemos nos preocupar quando o domínio de alguns poucos políticos poderosos substitui a vontade dos indivíduos.
Como a substituem?
Usam, entre outras coisas, duas ferramentas. O lobby e o controle dos meios de comunicação. Um exemplo quase caricato ocorre é a Itália, onde Bersluconi pessoalmente é dono da maior cadeia de televisão privada e, como presidente do conselho de ministros, controla os demais sinais. Ao mesmo tempo promove um ultraliberalismo combinando o uso dos meios de comunicação mais poderosos com pressões sobre a Justiça. Por isso é essencial manter o pluralismo na imprensa. É preciso evitar que seja controlada por um pequeno grupo de indivíduos. De oligarcas, como se diz na Rússia. Na França, Sarkozy ocupou-se pessoalmente de que o aporte de capitais de que necessitava o jornal Le Monde não viesse de empresários que não eram simpáticos a ele. Nos Estados Unidos, muitas emissoras de rádio e canais de televisão como a Fox repetem dia e noite uma mensagem populista.
Populista?
Sim. Já sei o que vai me dizer. Sei que a palavra “populista” tem uma acepção diferente na Argentina. Refiro-me, por exemplo, às mensagens do líder da extrema-direita francesa Jean Marie Le Pen. Em que consiste seu populismo? No fato de que encontra fórmulas tão falsas como eficazes de chegar ao povo. Diz: “Na França, há três milhões de desempregados e três milhões de imigrantes. E eu vou lhes dizer como se resolve o problema: colocando pra fora os imigrantes”. Assim age o populismo ultraconservador. Se Obama aumenta impostos para os setores mais poderosos, dirão que o aumento de impostos afeta a classe média e repetirão isso até a exaustão. 
Mas não é só uma questão de propaganda, não? Ou, em todo caso, essa propaganda simplificadora se baseia no medo provocado pelo desemprego e a crise, ou pela falta de políticas mais incisivas, ao estilo de Franklin Delano Roosevelt em 1933.
E, além disso, a população não está bem informada e não costuma entrar em raciocínios teóricos complexos. A experiência cotidiana da França é que aumentam os preços e que, ao mesmo tempo, o chefe de governo fala bem. E um senhor Le Pen diz: “Os ciganos ficaram com o teu dinheiro”. Lembremos que, em 1933, Adolf Hitler foi eleito por sufrágio universal. O populismo, tal como descrevi, apela a um raciocínio simplificado, rápido, compreensível para todos. E digo isso não como anjo. Não vivemos em um mundo habitado por anjos. Tampouco por demônios, é claro. Eu me incluo nisso. Ou seja, gente que está informada e lê os jornais ou até os escreve. E incluo você também, se me permite.
Certamente. Qualquer explicação baseada na lógica anjo-demônio é de fanáticos. Professor, como jornalista e como leitor sempre me chamou atenção uma frase sua: que fazer-se entender, para um intelectual, é um tema ético. Acredito que a disse ironizando Jacques Lacan. Mas, para além de Lacan, por que disse “ético” e não “estético”? 
Porque a ética se funda na relação com os demais seres humanos. Implica um respeito. E então não se deve usar meios indignos. A sedução está bem e se justifica quando se busca despertar a simpatia de um indivíduo. É preciso mostrar-se eloquente, simpático, apelar a todos os fogos de artifício de que se disponha. Isso vale para um homem, para uma mulher, para qualquer um. Mas no espaço público considero que praticar a demagogia populista é um tipo de discurso obscuro com aparência de profundidade significa transgredir um contrato.
Que contrato?
O que se estabelece entre interlocutores, entre pessoas. Por isso é um contrato ético.
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Tradução: Katarina Peixoto
Fonte: Carta Maior |Internacional| 07/11/2010. Publicado originalmente no Página/12

domingo, novembro 07, 2010

"Não existe mais um centro de gravidade."

"Houve uma atomização do pensamento.”

   "No nosso aniversário isolamos cinco novos eixos do pensamento: o impulso ao individualismo, o retorno das religiões, o nascimento de uma consciência ecológica, a importância da pesquisa científica e a revolução das comunicações digitais. Mas é o próprio modo de refletir que hoje mudou. Nesse período, houve como que uma atomização do pensamento. Não existe mais um centro de gravidade. É uma afirmação um pouco esquemática, mas Debray não está equivocado. A hegemonia da ideologia ou do pensamento foi substituída pela da tecnologia [...] completou-se a dissociação definitiva entre o intelectual como figura social e ator político, e aquele que produz ideias e conhecimento. O motivo é simples. Falharam os fios de transmissão entre esses dois mundos, ou seja, os partidos e a escola". Pierre Nora*. 
   O intelectual comprometido está morto, viva o intelectual democrático. No seu escritório da maison Gallimard, o historiador Pierre Nora tem sobre a escrivaninha o número que celebra os 30 anos da revista Le Débat, incessante laboratório de ideias, ponto de referência da vida cultural francesa, muitas vezes de estilo polêmico e anticonformista. "É verdade que o nosso trabalho pode parecer um pouco antigo e talvez austero nesta época que premia a comunicação mais do que a reflexão. Somos pouco consensuais, mas isso não nos desagrada", diz ele em entrevista ao jornal La Repubblica, de 05-11-2010. Traduzida pelo site IHU (http://www.ihu.unisinos.br/index.php), por Moisés Sbardelotto.
Eis sua entrevista.
Pierre Nora, o que será do nosso futuro intelectual?
Uma comparação histórica com 1980 seria impossível. No meio, está o fim da Guerra Fria, a desagregação do sistema soviético, a onda longa da globalização, o novo mundo que se assoma da Ásia. No nosso aniversário, isolamos cinco novos eixos do pensamento: o impulso ao individualismo, o retorno das religiões, o nascimento de uma consciência ecológica, a importância da pesquisa científica e a revolução das comunicações digitais. Mas é o próprio modo de refletir que hoje mudou. Nesse período, houve como que uma atomização do pensamento. Não existe mais um centro de gravidade. Os jovens intelectuais não se sentem mais parte de uma geração. Estão isolados no seu trabalho, têm dificuldade de emergir. Muitos autores do nosso primeiro número tinham menos de 30 anos. Hoje, confesso ter dificuldade para encontrar pensadores tão jovens. Eles existem, certamente. Mas poucos e bem escondidos.
Na Le Débat, o escritor Regis Debray diz que agora o verdadeiro poder intelectual é o Google. 
É uma afirmação um pouco esquemática, mas Debray não está equivocado. A hegemonia da ideologia ou do pensamento foi substituída pela da tecnologia. Dentro da Internet, pode-se encontrar de tudo e o contrário de tudo. Nós somos chamados a ser intérpretes dessa democracia intelectual. Por sorte, não existem mais maître à penser e profetas. É preciso um papel de análise e de divulgação mais modesto, diria quase de serviço. Mas certamente não vou ser eu que vai lamentar o "grande intelectual" que, do seu púlpito, dizia a primeira coisa que passava pela cabeça.
O senhor fundou a Le Débat para romper com a militância do famoso intellectuel engagé.
A nossa ambição, naquele momento, era nos isentar do feudalismo político dos intelectuais que muitas vezes recobriam uma função servil, às vezes comprometedora e exclusivamente decorativa. Pelo contrário, queríamos afirmar a independência e a autonomia de uma atividade livre e igualmente necessária. Aqueles eram os anos de uma esquerda que chegava ao poder em um estado avançado de dissolução ideológica. E era também o momento dos nouveaux philosophes que levaram a figura do compromisso intelectual a se encerrar no campo político e midiático.
Essa tradição, para entender, está morta e sepultada.
Permaneceu aquilo que eu chamo de intelectual midiático. Uma dezena de nomes. O mais famoso deles é obviamente Bernard-Henri Levy. Com efeito, é o fim de uma grande histórica, que começou com Voltaire e Zola. Mas não devemos nos esquecer que o affaire Dreyfus, graças ao qual nasceu a figura do intelectual moderno que viveu até Sartre, foi também a época dos totalitarismos. Justamente a morte de Sartre, em 1980, abriu uma nova fase. Por um período, a vida cultural francesa beneficiou-se de um clima de abertura em todos os campos. Sectarismo e terrorismo, contra os quais alguns de nós se insurgiram, estavam em declínio. Infelizmente, são ameaças que voltaram com estreita atualidade.
Qual é então o papel do intelectual dos anos 2000?
Vivemos em uma sociedade sempre menos decifrável, na qual se dedica pouco tempo à reflexão e muito à comunicação. Um modo prisioneiro de um presente perpétuo, condenado ao zapping e à onipotência das mídias. É uma época, a nossa, na qual a vida política está fechada nos jogos de interpretação de personagens e tem poucas ideias. Falta a distância certa, a perspectiva. Nós, intelectuais, não devemos dizer aos políticos o que eles devem fazer, mas iluminar as suas ações. Não devemos fornecer aos cidadãos julgamentos pré-fabricados, mas torná-los verdadeiramente padrões das suas escolhas.
O fato de se ter um chefe de Estado alérgico aos intelectuais pode incidir sobre isso?
A vida política reflete a intelectual. Quando você ouve o presidente da França dizer que acha entediantes livros como "Princesse de Clèves" há com o que se preocupar, de fato. Até Jacques Chirac, talvez o menos intelectual dos nossos presidentes, tinha mais gosto pela vida cultural. Nicolas Sarkozy é a imagem de uma geração enérgica, sempre na ação. Não sei dizer que ele é o símbolo de um provincialismo nacional destinado a durar. Talvez dentro de dois anos a sua parábola estará concluída. O que é certo, ao contrário, é que hoje a figura que trabalha nas ciências sociais não tem mais a força civil e a credibilidade de tempos atrás. Nestes anos, completou-se a dissociação definitiva entre o intelectual como figura social e ator político, e aquele que produz ideias e conhecimento. O motivo é simples. Falharam os fios de transmissão entre esses dois mundos, ou seja, os partidos e a escola.
Essa não é uma boa razão para se comprometer ainda mais na vida pública?
É verdade. É preciso resistir à tentação de protestar abstendo-se do confronto. Ao mesmo tempo, não podemos nos reduzir a ser os histriões para atrair um pouco de público. Só procurando os instrumentos para entender um mundo sempre mais complexo é possível, verdadeiramente, tentar mudá-lo. Infelizmente, a nossa atividade de estudo e de análise ocorre em circuito fechado e quase sempre na indiferença geral. Mas também é verdade que ela age em profundidade, e os resultados são vistos em longo prazo. Não é preciso ter medo de ser minoria. Como dizia André Gide, o mundo será salvo por alguma pessoa.
(*)Pierre Nora é Membro da Academia da França e diretor do departamento de Ciências Sociais da editora Gallimard, Pierre Nora contribuiu na publicação, dentre outros, dos livros de Raymond Aron, Michel Foucault, François Furet e Jacques Le Goff. Junto com o 30º número da revista, também deu à imprensa um número especial intitulado "De quoi l'avenir intellectuel sera-t-il fait?", a pergunta que havia inaugurado o lançamento da revista, fundada em 1980 junto com o filósofo Marcel Gauchet, reproposta a alguns dos autores da época e aos novos jovens pensadores dos anos 2000.
Fonte: Carta Maior, 06/11/2010

quinta-feira, fevereiro 25, 2010

insônia

Normalmente mata-se o que é diferente.

Insiste-se em que a sociedade invade a família, e que o meio faz o indivíduo. Mais apropriado seria dizer: A família constrói toda uma sociedade, e é absolutamente a que temos.

Engana-se mais, apesar de toda informação disponível.

Inevitavelmente tornamo-nos escravos do crédito.

O desapego é a maior liberdade.

Quem sabe aprender a amar seja ser o que se é diante do outro. E continuar sendo.

Se for cair... Relaxe, derreta-se, desarme-se, se desmanche entre as dimensões duras e etéreas que puder encaixar-se, encontre-se fluindo sem controles ou tensões. Daí, provavelmente encontre um ponto de equilíbrio. Pelo menos momentâneo.

Às vezes quando silenciamos as respostas que queremos chegam até nós.

Há alguma chance para mamíferos com olhos para o próprio umbigo, indivíduos competitivo-destrutivos, insaciáveis consumidores de proteína pronta e recursos naturais, e que crê nas leis do mercado como a solução para o equilíbrio das coisas?

segunda-feira, setembro 14, 2009

clari-dade

"Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes… tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer:
- E daí? Eu adoro voar!
Não me dêem fórmulas certas, por que eu não espero acertar sempre. Não me mostrem o que esperam de mim, por que vou seguir meu coração. Não me façam ser quem não sou. Não me convidem a ser igual, por que sinceramente sou diferente. Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre."

Clarice Lispector

sexta-feira, janeiro 02, 2009

caminho

«Não há nenhum pensamento importante que a burrice não saiba usar, ela é móvel para todos os lados e pode vestir todos os trajes da verdade. A verdade, porém, tem apenas um vestido de cada vez e só um caminho, e está sempre em desvantagem».
Robert Musil in O Homem sem Qualidades

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