Medo da Felicidade
Será que os músculos têm algo a ver com a Felicidade?
Tem. Demais. Sempre que falei em “automático” (habito, rotina, repetição) eu me referia a esse departamento do cérebro que ocupa dois terços do mesmo. Tudo o que as pessoas pensam que são as palavras que controlam, aconselham, impõem, proíbem estão… erradas. Quem nos segura são inibições motoras que adquirimos na infância, imitando amigos e inimigos - sem que ninguém percebesse o que estava acontecendo Foi assim que nos socializamos - por imitação - e depois fomos levados por essas imitações. Note os termos: somos levados - ou presos - por essas imitações muito mais eficientes do que bons conselhos ou boas intenções.
Elas são uma verdadeira prisão - a prisão do sempre, o mesmo, do “como se deve”, do “sempre fiz assim”, do “é costume de minha família”, “é o certo…”.
A Felicidade - e o medo - acontecem quando esta prisão afrouxa de repente e você se sente no espaço, livre, flutuando (na verdade, fora do espaço…). Estranhou o medo? Não estranhe, não. Nossa reação animal e humana quando entramos em uma situação nunca antes experimentada é de medo, de “e agora o que vai acontecer?” Logo depois: preciso voltar logo ao… ”normal” (à cadeia). .
Para bem compreender estas palavras é preciso certa imaginação… corporal. Imagine que você de repente é um balão de borracha com a sua forma de gás. Imagine que todas as coordenadas de tempo e espaço desapareçam e você não sabe mais como está, onde está, como se mexer - nem como parar de pé. È assim que nos sentimos quando felizes, “inspirados”, “em transe” - até “iluminados”.
Para bem compreender estas palavras é preciso certa imaginação… corporal. Imagine que você de repente é um balão de borracha com a sua forma de gás. Imagine que todas as coordenadas de tempo e espaço desapareçam e você não sabe mais como está, onde está, como se mexer - nem como parar de pé. È assim que nos sentimos quando felizes, “inspirados”, “em transe” - até “iluminados”.
As pessoas pensam que a iluminação (talvez a forma mais alta de Felicidade) é uma delícia sem fim. Mas há histórias de santos que enlouqueceram quando tocados pela Graça divina.
É bem assim: como se você sem o treino do astronauta, ficasse de repente sem peso - fora de qualquer espaço, incapaz de qualquer gesto deliberado - bobo…
Se este estado estiver ligado à presença ou à lembrança de uma pessoa (a pessoa amada) você talvez se deixe levar porque muito se fala dessa leveza. Mas se a leveza acontecer por outros motivos, você vai entrar em pânico - sem saber em que mundo você foi parar.
Se você está me acompanhando então sabe do que estou falando: a Felicidade maior é sentir-se Livre, sem amarras, sem rotina, sem obrigação, sem objetivo. Sentir-se feliz consiste em passar para um mundo sem gravidade (por um tempo que seja - claro). É sentir-se outro - um estranho - um E.T.
Cuidado com a felicidade.
Ela pode enlouquecer - a Santa Loucura - dos Místicos - quando deixam de ser “eles mesmos”, deixam de ser humanos, quando trocam de corpo, quando se despem de todos os hábitos e laços terrenos.
Chega?
Pra mim chega. Espero ter sido de alguma utilidade para quem leia estas mal traçadas linhas. Garanto que foram escritas em estado de total sobriedade - embora, no dizer de muitos, certas drogas possam produzir efeitos parecidos - e talvez por isso viciem. Penso até que certas drogas produzem Felicidade nas primeiras tomadas, mas depois o viciado fica viciado por isso mesmo: por querer experimentar mais vezes o que só acontece uma ou poucas. Difícil voltar para esse Vale de Lágrimas depois de ter passeado entre nuvens.
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