Desmatamento: A Belém Continental tem menos de 15% da sua cobertura florestal original
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Região com mais de 1,8 milhões de habitantes, a Área Metropolitana de Belém (AMB), no Pará, foi tema de estudo desenvolvido pelo Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG/MCT) sobre fragmentos florestais urbanos que são áreas com vegetação isoladas por atividades humanas, tais como desmatamento, estradas e cidades provocando a redução da riqueza de animais e plantas. A pesquisa analisou os fragmentos contidos no município de Belém.
Intitulado A importância dos fragmentos urbanos para a conservação da flora e fauna da grande Belém no Estado do Pará, o estudo foi desenvolvido pela bolsista de iniciação científica Surama Hanna Muñoz, sob a orientação do pesquisador da Coordenação de Ciências da Terra e Ecologia do MPEG, Leandro Valle Ferreira.
Os resultados do estudo revelaram que a proporção do desflorestamento dos municípios que compõem a Grande Belém varia de 51% em Belém a 67.2% em Benevides. Todos os municípios têm elevado grau de uso e ocupação, que segundo a pesquisa é resultado da falta de planejamento urbano e rural ao longo do tempo.
A proporção do desflorestamento no município de Belém é de 51%. Contudo, a distribuição desse desflorestamento é muito diferente entre as porções continentais e as ilhas que compõem o município.
Ao analisar separadamente a Belém continental e as ilhas a pesquisa constatou-se que o desflorestamento na Belém continental é de 87,5%, enquanto na parte insular do município o desflorestamento corresponde a 32,6%.
“Isto tem implicações importantes para a conservação da biodiversidade, pois as ilhas são os últimos fragmentos de vegetação primária no município que ainda podem ser protegidos”, diz Ferreira. Algumas dessas ilhas foram recomendadas pelo Museu Goeldi no Zoneamento Ecológico-Econômico da Zona Leste e Calha Norte do Pará como novas unidades de conservação.
Fragmentos florestais continentais
Na pesquisa foram classificados 154 fragmentos florestais urbanos na área metropolitana de Belém, com tamanhos variando de 1 a 393 hectares.
A Área Metropolitana de Belém tem, hoje, quatro parques urbanos dos quais o maior é o Parque Ambiental de Belém também conhecido como Utinga e localizado no bairro de mesmo nome, com cerca de 1.200 hectares; e o menor é o Parque Zoobotânico do Museu Goeldi localizado no bairro de São Brás com pouco mais de cinco hectares.
De acordo com a pesquisa, o Parque do Museu Goeldi e o Bosque Rodrigues Alves são os que se encontram na pior situação, uma vez que têm pequenos tamanhos e alto grau de isolamento. O Parque do Museu Goeldi é o fragmento florestal mais isolado da área metropolitana de Belém; o fragmento mais próximo dele, o Bosque Rodrigues Alves, está a mais de 2 km de distância.
Já o Bosque Rodrigues Alves tem só 15 hectares, mas se for considerado o efeito de borda (alteração na estrutura da floresta na parte marginal de um fragmento) de 60 metros, sua área nuclear, aquela com condições de manter as populações de plantas e animais está reduzida para sete hectares, uma perda de mais de 50%.
Esta situação é semelhante no Parque Ecológico de Belém, próximo a Avenida Julio César, via de acesso ao aeroporto da cidade, que tem 212 hectares. Nesse caso, descontado o efeito de borda, sua área fica reduzida para cerca de 160 hectares, o que corresponde a uma perda de 24%. Apesar disso, o Parque Ecológico de Belém ainda é um fragmento florestal urbano importante para a conservação da flora e fauna da área metropolitana de Belém.
O Parque Ambiental, também conhecido como do Utinga, é o que tem as melhores condições em relação ao conjunto de tamanho, forma e grau de isolamento dos fragmentos florestais. Está localizado na região metropolitana sudoeste de Belém e contêm os melhores fragmentos florestais urbanos, sendo os mais indicados para a soltura de animais e também para a manutenção da flora e fauna da região.
A pesquisa considera que os fragmentos florestais na ÁMB são poucos, pequenos e isolados e que existem diferenças significativas na distribuição destes fragmentos florestais entre as regiões dos municípios, sendo as regiões centrais e sudeste do município de Belém, as que apresentam os piores fragmentos em relação ao tamanho, isolamento e efeito de borda. Já a região sudoeste, às proximidades do rio Guamá é a que apresenta os melhores fragmentos florestais, propícios para a soltura e manutenção de animais silvestres.
A ÁMB contêm consideráveis frações da biodiversidade. Os fragmentos florestais podem ser considerados como “ilhas de biodiversidade”, pois são os únicos lugares onde ainda se podem conseguir informações biológicas necessárias para a restauração da paisagem fragmentada e a conservação de ecossistemas ameaçados na região.
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Fonte: Ministério da Ciência e Tecnologia, publicado no EcoDebate, 04/10/2010
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