Quando compramos, consumimos, aí somos iguais.
Os economistas conhecem, que crescimento econômico é distinto de desenvolvimento, e o conceito de desenvolvimento se torna ainda mais distante do de crescimento voltado para poucos, quando observamos pela ótica do desenvolvimento humano e da questão do meio ambiente. Crescer sempre foi bom, desde os tempos do lema “fazer crescer o bolo para depois dividir”, um pensamento digno de ministro da fazenda dos anos ‘70. Agora o buraco, é claro que, é mais embaixo, vive-se num Estado de Direito Democrático. Devemos ir com fé, a fé não costuma falhar. Mas mudar é preciso, e evoluir é ainda mais; e evolução só deve refletir um desenvolvimento sustentado e com distribuição de renda.
E só no papel de consumidor os direitos se fazem presente. Só sendo visto em uma categoria que possui renda, e que seja gasta, consumida, seja através da navalha do cartão ou do cash a juros de mercado, só assim considera-se “existir” uma “igualdade social”. Os números do crédito, o poder da riqueza, do dinheiro, nivela a todos sem distinção de cor, credo ou opção sexual. O mercado é cego como a justiça, nessa democracia monetária!
Somos diferentes, mas, as diferenças só existem sob o ponto de vista da necessidade de cada um dar seu esforço para superá-la, em condições sabidamente mínimas de igualdade social, simplesmente quando se apresenta as habilidades, possibilidades, ao se acreditar nos sonhos (de consumo), em um ideal de democracia que nem sabemos direito como é ou se constitui, principalmente para onde vai – um objetivo sempre foi a questão da distribuição de renda; da Justiça e do Direito, geralmente nem sabemos ou nem podemos exercê-los, se nem o direito de cidadania temos, ao nos ser negado a oportunidade de defesa se se é pobre, negro ou desempregado, e sob os preconceitos, sumariamente são executados – mas sabemos o que nos falta e o que nos cobram!
Falta a dignidade ao nos faltar emprego e renda, falta tudo se não oferecemos nossa “força de trabalho” (intelectual ou física) por um salário mínimo ou inadequado a uma vida decente, que é legal e mal pago por uma significativa parcela das empresas; ou não se sabe que as pequenas e médias empresas são as responsáveis pelo maior número do emprego oferecido no mercado? E a informalidade que grassa? Justamente elas descumprem em sua grande parte os requisitos que as leis trabalhistas exigem como garantia ao trabalhador (INSS, PIS, COFINS, etc). Sem falar dos impostos que nem de longe chegam no final a contemplar as necessidades sociais para que foram criados. E não me venham com justificativas estatísticas, pois elas não corroboram a realidade mesmo enfeitada com as promessas e as razões políticas eleitorais. A cidade onde moro, Salvador, é uma que se destaca pelo índice de desemprego no Brasil! (11,9% em mar-2009).
Certas comunidades urbanas e da periferia sabem muito bem a real condição de existir, sobreviver, quando se vive perto da violência que cresce, distante das áreas mais urbanizadas (morada das elites, que também já se encontra ameaçada), tendo a lei que ronda pela vizinhança. Os serviços públicos e até privados (correios, leitores de registros, entrega de gás, delivery etc) se negam ou se afastam dessas áreas, por temer a violência, que por vezes atemoriza a comunidade abandonada pelos poderes públicos (saneamento, segurança, educação etc), e que acabam entregues ao poder das milícias e do narcotráfico.
Na verdade, o nosso verdadeiro ideal de democracia e liberdade vai além das desigualdades sociais e ambientais evidentemente existentes. Ao exigir acesso a educação, ao posto de trabalho e conseqüentemente a escolha consciente dos representantes políticos, que pela ética e responsabilidade com o social se dediquem às mudanças almejada por todos, pelos que não partilham da riqueza produzida pela extração dos recursos naturais (petróleo, minerais, alimentos, energia etc) que nosso país dispõe.
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