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quarta-feira, julho 20, 2011

uma “desproporção” entre a força de sua economia e a questão da educação

Brasil não pode ser 7° em economia e 88° em educação

Novo presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Daniel Iliescu, defende que Congresso mude proposta do governo e fixe em 10% do produto interno bruto (PIB) meta de investimentos em educação, para combater contradição entre a força da economia brasileira e a posição do país no ranking mundial da educação. Em entrevista à Carta Maior, Iliescu critica política econômica adotada pela gestão Dilma Rousseff nos seis primeiros meses, elogia postura da presidenta de 'tolerância zero' com corrupção e garante que UNE terá 'independência' do governo federal.
BRASÍLIA – O Brasil ostenta hoje uma “desproporção” entre a força de sua economia e seus níveis educacionais que o Plano Nacional da Educação (PNE) 2011-2020 precisa ajudar a combater. É a sétima economia do mundo, posição tomada recentemente da Itália, mas, ao mesmo tempo, ocupa só a 88ª posição no ranking das Nações Unidas na área da educação.
Para o novo presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Daniel Iliescu, a superação da contradição exige que o Congresso Nacional mude o PNE proposto pelo governo e fixe em 10% do Produto Interno Bruto (PIB), e não em 7%, a meta de investimentos públicos na área - hoje o patamar é de 5%, segundo o ministério da Educação. E que a meta seja atingida até 2014, fim do governo Dilma Rousseff, e não apenas em 2020.
“10% do PIB é uma bandeira muito poderosa. Não é só do movimento educacional, tem relação com o projeto de futuro que a gente quer debater para o Brasil”, diz Iliescu, eleito para um mandato de dois anos neste domingo (17/07), último dia do 52° Congresso Nacional da UNE, realizado em Goiânia (GO).
Estudante de sociologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Iliescu, de 26 anos, é filiado ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB), que comanda a UNE há tempos. Ele representa a continuidade de uma gestão que costuma ser acusada por opositores de Dilma e do ex-presidente Lula de adesista ao governo federal. 
Em entrevista à Carta Maior, Iliescu diz que a UNE tem e seguirá tendo independência em relação ao governo, com o qual se relaciona por “obrigação” de defender os interesses da classe estudantil, e aponta a divergência no PNE como exemplo de autonomia. 
Ele também faz uma avaliação dos seis primeiros meses do governo Dilma, com críticas à política econômica (ajuste fiscal e aumento de juro “preocupam muito”) e elogio à postura política da presidenta (há “tolerância zero com corrupção”). E fala sobre erros e acertos da gestão do ministro da Educação, Fernando Haddad.
A seguir, o leitor confere a íntegra da entrevista.
Sua eleição representa a continuidade de uma gestão que adversários do governo chamam de chapa-branca. A UNE é chapa branca?
Daniel Iliescu: A nossa gestão vai procurar, em primeiro lugar, ter uma relação de independência com o governo federal. É uma relação que a UNE desenvolve historicamente com todo e qualquer governo. A UNE tem obrigação de se relacionar com os governos, em respeito aos interesses dos estudantes pelos quais ela luta. E as principais opiniões que a gente tem levantado, as principais campanhas em que a UNE tem apostado, são opiniões de dissenso em relação ao governo. Em especial, nossa abordagem ao Plano Nacional de Educação, que é um assunto que a UNE discute há algum tempo, desde a Conferência Nacional de Educação de 2010. A UNE defende [investir em educação] 10% do PIB até 2014, contrastando e criticando a proposta do governo federal de 7%. Então, apesar dessas opiniões de alguns adversários do governo federal, de caricaturar a ação do movimento estudantil, a gente consegue passar muita confiança para a sociedade brasileira de que é função da UNE ter independência e pressionar o governo federal a ter mais compromisso com o país.
O PNE vai ser, na sua gestão, o principal ponto de reivindicação e de negociação no nível federal?
Daniel Iliescu: Pelo menos nessa largada da gestão, vai ser a prioridade. É a principal discussão que o Brasil faz sobre educação de dez em dez anos. A gente apresentou, junto com a UBES [União Brasileira dos Estudantes Secundaristas], cerca de 60 emendas ao projeto na comissão especial da Câmara dos Deputados. E vamos convocar os estudantes brasileiros a se unir ao movimento social e à sociedade civil organizada para construir, no fim de agosto, uma grande jornada nacional de lutas sobre o PNE. Mas a gente espera que o PNE não seja a única pauta da gestão.
Você acha que há condições de, fazendo pressão no Congresso, convencer o Executivo a ampliar de 7% para 10%?
Daniel Iliescu: 10% do PIB é uma bandeira muito poderosa, que pode se tornar a bandeira de todo o país, não é uma bandeira corporativa, só do movimento educacional. É uma bandeira que tem relação com o projeto de futuro que a gente quer debater para o Brasil. O Brasil vive uma oportunidade ímpar de desenvolvimento econômico, ultrapassou a Itália e é a quinta economia do mundo. No entanto, a ONU, pelo seu braço que é a Unesco, que mede níveis educacionais de vários países como taxa de analfabetismo e acesso à universidade, coloca o Brasil na posição de número 88. É muito desproporcional hoje o Brasil em termos de suas possibilidades econômicas e o Brasil em termos de educação que oferece à população. O Brasil precisa ampliar de forma robusta o financiamento. O PNE aprovado em 2001 já apontava a necessidade de investir 7% do PIB até 2010 e isso não foi cumprido pelos governos na última década. 
Quer dizer, já é uma meta defasada...
Daniel Iliescu: É uma necessidade defasada. O Brasil vive um bônus demográfico de 50 milhões de jovens, precisa aproveitar essa geração e investir de forma mais robusta para poder financiar o que a gente entende que seja uma revolução na educação brasileira, que vai desde o combate ao analfabetismo, a valorização dos professores em todos os níveis de ensino, até a produção de tecnologia de ponta, de pesquisa nas universidades. Só uma ampliação desse patamar [de investimento em educação] para no mínimo de 10% do PIB, e a gente propõe que isso seja feito até 2014, com o aumento de 1,25% ao ano, é que a gente consegue enfrentar os desafios e superar as desigualdades que o Brasil historicamente tem constituído.
E qual será a prioridade em 2012, depois do PNE?
Daniel Iliescu: O grande desafio que a gente quer assumir é de se associar ao que tem de melhor no pensamento brasileiro, melhor do pensamento acadêmico, do pensamento político, jornalístico, da sociedade civil organizada, para debater o Brasil na década, debater os rumos do desenvolvimento brasileiro. A UNE se pauta há 74 anos por um projeto de desenvolvimento que seja democrático, soberano, ambientalmente sustentável. E achamos que um debate sobre os destinos da educação faz parte sobre esse grande debate sobre os rumos do país. O nosso congresso discutiu temas que vão desde economia até meio ambiente, que vão desde política até sexualidade. Existe uma pauta extensa, que interessa aos rumos do país. Este ano mesmo, o Brasil já vive um processo de conferência nacional de juventude, as suas etapas municipais, a etapa nacional vai ser daqui a alguns meses. Então, vamos fazer um esforço de dar opinião sobre tudo o que diz respeito à juventude, de exercer diálogo com a sociedade e pressão sobre o governo no Congresso para aprovar o que for de interesse da juventude brasileira.
Qual sua avaliação do primeiro semestre do governo Dilma?
Daniel Iliescu: O governo foi eleito interpretando a vontade da grande maioria dos brasileiros de aprofundar mudanças no país. Mas houve até agora algumas sinalizações contraditórias, especialmente no âmbito econômico, que, na nossa opinião, vão contra este interesse de aprofundar o desenvolvimento e mesmo da pauta que foi aprovada pela maioria dos brasileiros. Alguns exemplos disso? O corte no orçamento de R$ 50 bilhões, dos quais R$ 3 bilhões da educação. A política de constante subida dos juros, que pode travar o investimento no país, não beneficia as forças produtivas brasileiras. O próprio dólar sobrevalorizado pode acarretar um risco de desindustrialização. Então, a gente observa com muita preocupação esse início de governo. Mas mantendo expectativa também na capacidade de diálogo, no aprofundamento da democracia para que a sociedade organizada possa influenciar nesses rumos e ajudar o Brasil daqui para frente.
E do ponto de vista político? É um governo que, em seis meses, perdeu dois ministros por denúncias de desvios éticos...
Daniel Iliescu: A gente obviamente, como toda a sociedade brasileira, fica consternada e quer fazer pressão para que os mandatários sejam honestos, a gente fica indignado com todo e qualquer envolvimento em corrupção. Mas a ação da presidenta Dilma até aqui foi muita assertiva. Ela passou uma certa segurança à população brasileira de que a tolerância será zero com todo e qualquer caso de corrupção. Ficamos também na expectativa para ver se o Brasil finalmente consegue republicanizar mais a sua relação com o poder público, que é uma expectativa de toda a sociedade. Isso se relaciona também com o debate sobre reforma política, que alguns atores têm entendimento de que é fundamental para o país. Nós também temos uma expectativa grande de que medidas como a reforma política possam moralizar mais a vida pública.
Especificamente sobre o ministro da Educação, Fernando Haddad, qual a sua avaliação?
Daniel Iliescu: Em primeiro lugar, foi uma gestão com um grau bastante razoável de diálogo, que é uma postura importante no Ministério da Educação. Não temos do que reclamar deste ponto de vista. É também uma gestão com vitórias importantes e alguns limites importantes a serem considerados também. Entre as vitórias, eu citaria a ampliação do acesso à universidade. A gente realizou no Congresso da UNE um ato para comemorar a marca de 1 milhão de estudantes beneficiados pelo Prouni. E não são quaisquer estudantes, são de baixa renda, que ganham de um a três salários mínimos, é um dado a ser comemorado pelo país, talvez seja um dos maiores programas de inclusão educacional de todo o continente. No entanto, existem alguns limites importantes. O próprio limite do financiamento, em que pese na gestão do Haddad ter tido sempre uma trajetória ascendente, mas achamos que é um ritmo ascendente ainda muito tímido, não é compatível com as necessidades do Brasil. 
Fonte: Carta Maior | Política, 18/07/2011

segunda-feira, junho 27, 2011

tema para uma atenção maior por parte da comunidade universitária

A Pós-Graduação nas Ciências Humanas e o paradigma da Medicina na era da especialização

por Celio Juvenal Costa*
As palavras que se seguem poderão soar conservantismo, serem até reacionárias, pois se trata de uma reflexão que nada contra a correnteza do que se pratica hoje nas universidades brasileiras. Assumo o risco de ser conservador neste momento, pois o contexto atual de formação dos mestres e doutores, atuais e futuros professores de nossas faculdades e universidades, é revelador de uma tendência que coloca em xeque a própria essência do termo universidade. A palavra de ordem hoje parece ser: especializar cada vez mais e mais cedo para se produzir um saber cada vez mais específico e competente.
Carlo Ginzburg, o autor de O Queijo e os Vermes, no texto intitulado Sinais: raízes de um paradigma indiciário,ao analisar o método mais conseqüente para o historiador, afirma: “Nas discussões sobre a ‘incerteza’ da medicina, já estavam formulados os futuros nós epistemológicos das ciências humanas”. Como não é intenção nesse momento discutir o posicionamento de Ginzburg, até porque o autor faz referência a outro teórico, só faço tomar emprestado essa relação entre ciências humanas e medicina para auxiliar na reflexão sobre a dicotomia, sempre permanente na academia, entre especialização e formação geral.
Salta aos olhos, hoje em dia, o grau de especialização que a medicina alcançou nos últimos tempos. Na área de traumatologia, por exemplo, dificilmente encontramos, em clínicas mais sofisticadas, um ortopedista que atenda pacientes que reclamam de dores em várias partes do corpo. Com certeza, há médicos especializados em pés, outros em joelhos, outros em dores lombares e assim por diante. Não está distante o dia em que encontraremos especialistas de joelho diferenciados, um para ligamentos, outro para menisco, outro para tendão etc. Sem dúvida, a crescente especialização nas várias áreas médicas traz inúmeros benefícios, pois um determinado problema tem como assistente um profissional que é profundo conhecedor daquele problema. Inclusive hoje já é bastante comum as pessoas em geral desconfiarem de profissionais das áreas médicas que ainda não se especializaram o suficiente.
No entanto, em nível mundial, existe, atualmente, uma discussão de fundo ético, sobre a validade dessa crescente especialização. Como exemplo desta verdadeira polêmica – infelizmente de primeiro mundo somente – temos o último livro da trilogia de Noah Gordon, intitulado Doutora Cole. Os dois primeiros livros de Gordon – O Físico e Xamã – são uma espécie de história da medicina nos séculos XII e XVIII, sob a forma de romance em que os personagens principais são membros de uma família de médicos que tinham o dom especial de prever a morte. Em Doutora Cole, ambientado nos anos noventa do nosso século, a primeira médica da história da família discute exatamente a polêmica acerca da especialização na medicina, polêmica traduzida pela sua opção em deixar sua especialidade e, com isso, abrir mão de um ótimo ganho anual, para ser médica de família numa cidade do interior dos Estados Unidos. A opção feita pelo autor entre as duas possibilidades do exercício da medicina torna-se clara quando a personagem principal do livro não se arrepende da decisão tomada a partir do momento que descobre que as doenças, em geral, que as pessoas apresentavam estavam sempre ligadas a um histórico familiar que não envolvia somente aspectos biológicos. Talvez a “incerteza” da medicina resida exatamente aí: na não certeza absoluta que quanto mais especializado for o profissional, melhor médico será. O que se passa hoje em nossas faculdades e universidade brasileiras não parece ser muito diferente dessa “incerteza” da medicina.
Assistimos nos últimos anos um crescente aumento dos cursos de mestrado e doutorado nas ciências humanas. Antes, praticamente só havia cursos de pós-graduação no eixo Rio-São Paulo; hoje o Brasil todo tem seus mestrados e doutorados, resultado natural da qualificação de professores durante as décadas de oitenta e noventa que, ao retornarem para suas universidades, passaram a vislumbrar a possibilidade de criar novos programas. Nos últimos anos, com a criação e a organização das agências nacionais de fomento e avaliação – Capes e CNPq – e o grande número de pós-graduações no Brasil, verificou-se a diminuição do tempo para os alunos integralizarem seus cursos. Com o recente aumento na oferta de cursos de doutorado, os prazos para a conclusão do curso de mestrado diminuíram praticamente na mesma proporção. Já se fala oficiosamente em diminuir também os prazos para o doutorado em virtude das pós-graduações se caracterizarem como programas conjuntos, onde é comum o aluno fazer os dois cursos no mesmo lugar. Outro fator determinante para o encurtamento da duração das dissertações e teses é a cobrança sistemática que as agências oficiais de fomento e avaliação fazem aos próprios programas de pós-graduação. Professores e alunos devem ter, segundo parâmetros pré-estabelecidos, uma gama de atividades que, somadas, indicam o grau de produtividade do programa e o habilita ou não a continuar existindo e recebendo financiamentos, bolsas, incentivos etc.
Nas universidades, até independente dos programas de pós-graduação, os professores estão submetidos a uma contínua avaliação de suas atividades, cuja produtividade o habilita a subir alguns degraus na carreira – como nas universidades estaduais do Paraná -, ou a ter um acréscimo ao seu salário – como nas universidades federais -. Sem pretender fazer uma análise profunda dessa realidade, o fato é que às vezes tem-se a impressão de que os professores têm que disputar, ano a ano – ou bienal, trienal, dependendo da universidade -, uma espécie de ATPtour[1] ou seja, têm que defender seus “pontos” de anos anteriores para não cair no ranking e ser penalizado. A palavra de ordem nas nossas universidades hoje em dia parece ser “corrida pela quantidade”; quantidade de artigos, bancas, eventos, cargos.
Paralelamente a esses novos instrumentos de quantificação e avaliação do desempenho docente, mas fazendo parte do mesmo contexto, encontra-se uma lógica de motivação pragmática da formação dos futuros cientistas e professores universitários. Os programas de Iniciação Científica, os grupos PET, os inúmeros projetos de pesquisa, ensino e extensão que são desenvolvidos em nossas universidades estão contribuindo positivamente para a inserção no mundo da ciência de milhares de estudantes que, desde cedo, tomam gosto pela carreira acadêmica e, quando chegam nos cursos de pós-graduação, encontram-se realmente bem preparados para fazer suas pesquisas. Como conseqüência deste fato, a média de idade dos novos mestres e doutores tem caído muito nos últimos anos. Hoje, em departamentos de universidades que há quinze anos atrás contavam com dois ou três doutores, a grande maioria já atingiu ou está na iminência de atingir esse grau acadêmico. Praticamente não há intervalos entre o final da graduação e o doutorado.
Pois bem! Apesar de comungar com a idéia de que é necessário que as nossas universidades e agências de fomento continuem investindo maciçamente na qualificação docente, resultando num incremento cada vez maior no número de mestres e doutores, gostaria de chamar a atenção para algo que me parece passar um tanto despercebido nesse processo. A “corrida” pela pós-graduação gera necessariamente, por parte do pós-graduando, uma opção por determinado tema, linha de pesquisa ou autor, que comumente se torna objeto de pesquisa tanto no mestrado como no doutorado. Com certeza, o resultado dessa formação é bastante satisfatório tendo em vista aquela especialidade escolhida. Com certeza também, os produtos excedentes da pesquisa – eventos, artigos, futuros projetos – serão da mais alta qualidade e merecedores de mais investimento. Essa especialização continua firme depois da pós, pois o recém mestre ou doutor, ao entrar ou retornar para uma universidade, vai continuar desenvolvendo suas atividades científicas no âmbito da especialidade, criando ou alargando grupos de pesquisa, orientando alunos da graduação etc.
No entanto, o resultado dessa especialização para o exercício da docência, principalmente na graduação, é que me preocupa. O aumento da especialização das ciências humanas acontece na proporção da desvalorização – consciente ou não – do professor que tem uma formação mais ampla, geral, universal.[2] Todos os professores, até por dever de ofício enquanto pesquisadores, acabam se tornando especialistas em algum tema e, a partir de dado momento, dedicam sua vida acadêmica ao desenvolvimento de estudos relativos àquele tema. No entanto, a grande maioria dos professores que tiveram sua qualificação em décadas passadas, são aqueles que têm uma formação mais geral e universal o que compreende um domínio competente do vasto campo de atuação.
Pensemos, por exemplo, o curso de Pedagogia e, mais especificamente, a área de Fundamentos da Educação. As disciplinas que compreendem essa área devem fornecer ao aluno uma visão histórica, filosófica, sociológica e psicológica da educação, comumente desde a antiguidade clássica até os dias atuais. Ora, deste vasto universo, os professores elegem, naturalmente, um tema para ser pesquisado com profundidade e por longos anos. No entanto, os professores que têm uma formação mais geral conseguem transmitir o conteúdo específico de uma dada disciplina sem perder a didática e a competência, pois, entendem que até para conseguir dar conta de um tema específico de pesquisa devem possuir uma visão de conjunto, uma visão universal. Um tema de pesquisa geralmente compreende uma pequena parte de uma disciplina, sendo que o restante dela obriga que o professor se preocupe com uma formação mais genérica para o pleno exercício de sua profissão.
O fato preocupante no atual contexto consiste em que a formação genérica dos nossos professores acaba sendo deixada de lado em prol da precoce e contínua especialização dos atuais e futuros professores das “safras” mais recentes. A conseqüência para a docência, principalmente nas salas de graduação, é a dificuldade em se trabalhar com tranqüilidade e competência toda uma gama de conteúdos que vai além daquilo em que se especializou. Não sou idealista a ponto de achar que todos os professores teriam que ter uma formação universal apurada, como a que encontramos em autores clássicos. Não posso, porém, me contentar com uma realidade que, em nome da produção em série de jovens cientistas em universidades, desloque para um segundo plano a formação ideal para o exercício da docência. Sempre nos colocamos como críticos do ensino fundamental que esfacela o conteúdo das disciplinas como se fossem gavetinhas separadas e que não proporcionam ao aluno uma visão inter e multidisciplinar. Raramente somos críticos de nós mesmos: ao não refletirmos sobre a especialização precoce e contínua de nossos professores universitários, corremos o risco de também criarmos tantas gavetinhas quanto nossas pesquisas permitirem.
A especialização na medicina já encontra resistência em algumas partes do mundo. Ninguém, em sã consciência, nega os efeitos altamente benéficos das pesquisas médicas resultantes das especialidades. No entanto, o que se critica é a lógica que está por detrás, ou seja, o enxergar o homem não como um conjunto orgânico, biológico, psicológico e social, mas como uma somatória de partes que podem ser tratadas separadamente. Essa lógica é a do capital. Essa lógica permite que os médicos, quanto mais especialistas forem, quanto mais competentes se mostrarem, mais ricos se tornam, mais status adquirem e mais se distanciam da grande maioria das pessoas que não possuem recursos para um tratamento tão sofisticado.
A lógica pragmática da produção precoce e contínua dos cientistas especialistas com certeza trará ótimos resultados para a ciência no Brasil, mas isto impede a preocupação com o reverso da medalha, pois há que se preocupar também com a formação dos nossos professores. O profissional da educação, cada vez mais especializado, está se tornando também um bom professor? Creio que a resposta a essa pergunta pode revelar uma situação no mínimo preocupante. A resposta, porém, a essa pergunta pode sugerir, também, que esse tema receba uma atenção maior por parte da comunidade universitária.

(*) Celio Juvenal Costa é Professor do Departamento de Fundamentos da Educação da Universidade Estadual de Maringá e Doutor em Educação pela Universidade Metodista de Piracicaba. Publicado originalmente na REA, nº 06, novembro de 2001, disponível em http://www.espacoacademico.com.br/006/06celio.htm
[1] Associação dos Tenistas Profissionais. O chamado ranking de entrada é estabelecido pelos pontos conseguidos nas últimas 52 semanas e devem ser defendidos no ano seguinte para não cair e deixar de ser convidado a participar de grandes e milionários torneios. Se um tenista ganha um torneio num ano e perde no ano seguinte, ele não só deixa de ganhar os pontos correspondentes ao campeão, mas perde aqueles que conquistou no ano anterior. Uma observação pertinente e justa se faz necessária: essa “metáfora” não é originalmente idéia minha e sim de um amigo igualmente preocupado com a questão tratada aqui.
[2] Ao não querer reeditar a histórica polêmica nos cursos de licenciatura é que não adjetivo como generalista o perfil do professor que se opõe ao especialista.
Fonte: Revista Espaço Acadêmico, 25/06/2011 

segunda-feira, junho 20, 2011

essa "bomba do bem"

SE ESCOLA FOSSE ESTÁDIO E EDUCAÇÃO FOSSE COPA

por Jorge Portugal
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Passei, nesses últimos dias, meu olhar pelo noticiário nacional e não dá outra: copa do mundo, construção de estádios, ampliação de aeroportos, modernização dos meios de transportes, um frenesi em torno do tema que domina mentes e corações de dez entre dez brasileiros.
Há semanas, o todo-poderoso do futebol mundial ousou desconfiar de nossa capacidade de entregar o "circo da copa" em tempo hábil para a realização do evento, e deve ter recebido pancada de todos os lados pois, imediatamente, retratou-se e até elogiou publicamente o ritmo das obras. Fiquei pensando: já imaginaram se um terço desse vigor cívico-esportivo fosse canalizado para melhorar nosso ensino público? É... pois se todo mundo acha que reside aí nossa falha fundamental, nosso pecado social de fundo, que compromete todo o futuro e a própria sustentabilidade de nossa condição de BRIC, por que não um esforço nacional pela educação pública de qualidade igual ao que despendemos para preparar a Copa do Mundo?
E olhe que nem precisaria ser tanto! Lembrei-me, incontinenti, que o educador Cristovam Buarque, ex-ministro da Educação e hoje senador da República, encaminhou ao Senado dois projetos com o condão de fazer as coisas nessa área ganharem velocidade de lebre: um deles prevê simplesmente a federalização do ensino público, ou seja, nosso ensino básico passaria a ser responsabilidade da União, com professores, coordenadores e corpo administrativo tendo seus planos de carreira e recebendo salários compatíveis com os de funcionários do Banco do Brasil ou da Caixa Econômica Federal. Que tal? Não é valorizar essa classe estratégica ao nosso crescimento o desejo de todos que amamos o Brasil? O projeto está lá... parado, quieto, na gaveta de algum relator.
O outro projeto, do mesmo Cristovam, é uma verdadeira "bomba do bem". Leiam com atenção: ele, o projeto, prevê que "daqui a sete anos, todos os detentores de cargo público, do vereador ao presidente da República serão obrigados a matricular seus filhos na rede pública de ensino". E então? Já imaginaram o esforço que deputados (estaduais e federais), senadores e governadores não fariam para melhorar nossas escolas, sabendo que seus filhos, netos, iriam estudar nelas daqui a sete anos? Pois bem, esse projeto está adormecido na gaveta do senador Antônio Carlos Valladares, de Sergipe, seu relator. E não anda. E ninguém sabe dele.
Desafio ao leitor: você é capaz de, daí do seu conforto, concordando com os projetos, pegar o seu computador e passar um e-mail para o senador Valadares (antoniocarlosvaladares@senador.gov.br) pedindo que ele desengavete essa "bomba do bem"? É um ato cívico simples. Pela educação. Porque pela Copa já estamos fazendo muito mais.
(*) Jorge Portugal é educador, poeta e apresentador de TV. Idealizou e apresenta o programa "Tô Sabendo", da TV Brasil.
Fonte: Terra Magazine

sexta-feira, fevereiro 18, 2011

necessidade de se pensar os direitos constitucionais dos brasileiros

Quanto custam as necessidades básicas dos brasileiros?
por Raquel Júnia - EPSJV/Fiocruz
Definição sobre novo valor do salário mínimo aponta a necessidade de se pensar os direitos constitucionais dos brasileiros, como o direito à educação e à saúde
Na noite do dia 16 de fevereiro, a Câmara dos Deputados aprovou o valor do salário mínimo que vigorará durante todo o ano de 2011: R$ 545. O valor é apenas R$ 5 reais a mais do que era em 2010, alguns reais a menos do que pediam algumas das centrais sindicais e exatamente R$ 1.649,76 reais a menos do que o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) aponta como o salário mínimo necessário para garantir as necessidades vitais básicas dos brasileiros e suas famílias, conforme define a Constituição do país. A discussão do valor salarial, entretanto, não está restrita aos números: tem a ver também com a forma como as políticas públicas são implementadas no país.
De acordo com o Dieese, cerca de 47 milhões de brasileiros são remunerados com valores referenciados no salário mínimo. Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2009 também mostram o mesmo que o Dieese: de acordo com a Pnad são 47,7 milhões de brasileiros recebendo salário mínimo - 29,1 milhões de trabalhadores formais e informais e 18,6 milhões de beneficiários da Previdência Social. O texto constitucional diz que o salário mínimo deve ser fixado em lei, e deve ainda ser "nacionalmente unificado, capaz de atender às suas necessidades vitais básicas e às de sua família, como moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, reajustado periodicamente, de modo a preservar o poder aquisitivo, vedada sua vinculação para qualquer fim".
O Dieese calcula mensalmente o valor do salário mínimo necessário para que as finalidades previstas na Constituição sejam garantidas. Em janeiro, o cálculo do instituto ficou em R$ 2.194,76 reais. "É uma estimativa que o Dieese faz, com base no que diz a Constituição - um salário mínimo capaz de atender às necessidades básicas dos trabalhadores e suas famílias. Isso está na Constituição", explica o economista do Dieese José Maurício Soares. A cada mês, o departamento calcula também o valor da cesta básica, que consumiu em janeiro, segundo os cálculos atualizados, 35,5% do valor do salário mínimo, com alta em 14 das 17 capitais pesquisadas. 
Gastos com saúde e educação 
Quando o Dieese calcula o salário mínimo necessário, inclui também os gastos das famílias com saúde e educação. "È uma média de uma determinada população, há famílias que pagam e famílias que não pagam escola, mas todas as famílias gastam com material escolar, por exemplo. Alguns objetos escolares são dados pelo governo, mas em geral se gasta. Na saúde fazemos o mesmo, o gasto é uma média entre as famílias que têm seguro e outras que não têm e usam exclusivamente o SUS", define José Maurício.
Outra pesquisa do Dieese, divulgada no início de fevereiro, mostra que o Índice de Custo de Vida (ICV) subiu 1,28% em janeiro de 2011 e muito desse aumento está relacionado ao reajuste das mensalidades escolares, já que o grupo de custos chamado pelo departamento de ‘Educação e Leitura' subiu 4, 78%. Entretanto, o reajuste pesa mais para o estrato da população com maior poder aquisitivo, que são as pessoas que mantêm os filhos matriculados na rede privada. Já com relação à saúde, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) afirma que cerca de 24% da população brasileira possui planos de saúde.
A educação e a saúde, entretanto, são definidas na Constituição brasileira como direitos sociais, juntamente com uma série de outros direitos, como a moradia, o trabalho e a segurança. O texto constitucional diz também que é "competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: (...) proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e à ciência", no inciso V do artigo 23.  "Com uma educação pública e gratuita garantida pelo estado, o valor necessário do salário mínimo provavelmente diminuiria, mas dificilmente vamos encontrar isso na realidade. É só ver a quantidade de faculdades particulares, é imensa, há mais alunos do que na universidade pública", constata o economista do Dieese.
Para o diretor do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do Rio de Janeiro (Sepe) e historiador, Tarcísio Mota, como o Estado vem ‘sucateando' e não investindo na educação pública, a educação como um direito acabou sendo negada à maioria dos trabalhadores. "Isso fez com que parte da classe média recorresse ao ensino privado. Esse movimento foi acompanhado de uma lógica, principalmente no período neoliberal, de que a educação deveria começar a ser vista como um serviço e não como um direito, apesar de a lei dizer o contrário disso", analisa. Tarcísio explica que, em decorrência disso, as escolas públicas não conseguem cumprir a função necessária. "As escolas públicas ‘sucateadas' servem muitas vezes como depósito de alunos, como um lugar em que os alunos não conseguem efetivamente adquirir a cultura acumulada pelo tempo e os profissionais de educação não conseguem exercer o seu direito. E ao mesmo tempo, o salário mínimo não consegue dar conta das necessidades mais básicas, o que faz com que a parcela mais pobre da população seja prejudicada duplamente: ela não tem o seu direito à educação atendido pelo Estado e ao mesmo tempo não tem condição de recorrer a um outro tipo de gasto cultural e educacional porque o salário mínimo impede que isso aconteça", afirma.
O mínimo 
O diretor do Sepe define o salário mínimo votado no último dia 16 pela Câmara dos Deputados como "irrisório", já que, mesmo sem gastos com a educação, o valor não é suficiente para que uma família tenha as necessidades elementares atendidas. "Quando o salário foi estabelecido lá no período Vargas, ele ficou no meio do caminho entre o que os trabalhadores dos sindicatos oficiais queriam - nem eram todos os trabalhadores - e o que os empresários queriam. E um salário no meio do caminho não atende às necessidades básicas dos trabalhadores. Além disso, ele vai perdendo o seu poder de compra. O debate deste ano sobre se o valor seria R$ 545 ou R$560 é quase sem sentido porque estes R$ 15 reais não significam nenhum tipo de ganho efetivo para a classe trabalhadora", destaca. José Maurício lembra que o valor do salário já foi mais próximo da realidade das necessidades dos trabalhadores. "No final da década de 50, tivemos um salário que hoje equivaleria a R$ 1200", diz.
De acordo com a proposta aprovada na Câmara dos Deputados, o valor do salário mínimo será reajustado da mesma maneira que vem sendo desde 2007, com o valor da inflação, medido pelo Índice Anual de Preços ao Consumidor (INPC) e a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do ano anterior. Por exemplo: em 1º de janeiro de 2012, data em que o valor deve ser reajustado, será feita uma estimativa da inflação para o mês de dezembro de 2011 e a este valor será acrescido o percentual de crescimento do PIB de 2010. Segundo a base governista no congresso nacional, que aprovou o mínimo de R$ 545 para 2011, o valor pode chegar a R$ 616 em 2012, já que o crescimento do PIB em 2010 foi expressivo em relação a 2009, quando o valor foi nulo. 
Na avaliação do economista do Dieese, ainda que o departamento estime o valor necessário do mínimo, não é possível que o salário cresça rapidamente . "Não daria para subir tudo de uma vez, se não, no outro dia, a ‘maquininha de remarcar os preços' funcionaria a todo o vapor. Ganhando-se muito mais, a procura pelos produtos será muito maior e os preços subirão", explica. Tarcísio concorda que a inflação subirá caso o salário mínimo aumente muito, entretanto, ele considera que há uma questão de opção política envolvida na discussão. "Um governo que tenha menos compromissos com o grande capital e o empresariado tenderia a ter um plano de elevação efetiva do salário mínimo e de atendimento das necessidades básicas da população, principalmente com investimentos pesados em educação e saúde, o que não acontece", critica. Para exemplificar, o professor fala sobre o Plano Nacional de Educação enviado recentemente ao congresso pelo governo Lula.  "O plano prevê que a educação só chegará a 7% do PIB em 2015, podendo ser estendido a 2022. Isso é um absurdo. E como isso tem relação com o salário mínimo? Com tão baixos investimentos em educação pública, o tipo de custo que a educação leva para a classe trabalhadora - que muitas vezes tem que pagar complementos da própria educação, um cursinho aqui, uma explicadora ali - acaba se ampliando", detalha.
Realidade salarial dos professores
O salário dos profissionais da educação em todo o Brasil também está muito abaixo do desejável, de acordo com Sepe. Os professores e funcionários das escolas públicas não têm o vencimento vinculado ao salário mínimo, entretanto, a realidade desses profissionais também é de não garantia dos direitos sociais, devido aos baixos salários. "Isso faz com que o profissional da educação tenha que, muitas vezes, dobrar a carga horária, procurar outros empregos. A situação salarial é um pouco melhor nas redes federal ou dos colégios de aplicação, mesmo assim está abaixo do que é a importância social desses profissionais e da possibilidade que existe de um salário efetivamente digno", comenta Tarcísio.
Em 2008, a lei 11.738 definiu o piso salarial nacional dos professores, uma demanda histórica desses profissionais. Entretanto, Tarcísio explica que o valor estipulado foi muito baixo. "Nós defendíamos que o piso deveria corresponder apenas ao vencimento base dos profissionais. Ele acabou sendo fixado em valores mais baixos e para o total da remuneração dos profissionais. Então, as prefeituras e estados colocam uma série de gratificações que são para poucos e muitas vezes produtivistas para se chegar a este valor do piso salarial nacional e isso acaba não significando nenhum tipo de valorização", observa.
O professor destaca ainda que os estudantes de escolas públicas precisam arcar com gastos relativos ao acesso aos bens culturais, aos materiais escolares, que são apenas parcialmente cobertos pelo poder público, com transporte, e, além disso, classes profissionais, como a dos professores, padecem com uma remuneração baixa que lhes impõe sérias restrições na vida pessoal e profissional. "Na medida em que a escola pública de qualidade for oferecida para todos, o peso desses gastos com a educação no custo de vida será menor, porque as pessoas efetivamente poderão usufruir um atendimento do Estado e que é um dever do próprio estado", conclui.
Fonte: EPSJV/Fiocruz, 17/02/2011

domingo, dezembro 26, 2010

frustrações têm valor pedagógico ?

EDUCAR FRUSTRANDO?
Formar o caráter de um jovem não significa apenas colocar limites, mas, sobretudo, autorizar
por Contardo Calligaris
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Em 14 de novembro, na avenida Paulista, um grupo de cinco jovens agrediu outros jovens sem razão aparente. 
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Não se sabe se o ato foi uma expressão de raiva homofóbica ou apenas a estupidez habitual de um grupinho de adolescentes soltos pelas ruas.
Em entrevistas na Folha, os pais de dois dos agressores se colocaram a eterna questão dos adultos quando os filhos aprontam além da conta: "onde foi que a gente errou?".
Em geral, muito mais do que nos erros dos pais, a origem da conduta criminosa (ou simplesmente estúpida) de um adolescente está no grupo ao qual ele pertence ou ambiciona pertencer.
Mas o que me importa hoje é que os pais, ao interrogar-se sobre o que fizeram de errado, concluíram que talvez eles tivessem colocado poucos limites nos filhos. Os jovens teriam se extraviado porque "faltou pulso".
Essa ideia é hoje um chavão: recusar, proibir, ou seja, frustrar os desejos dos jovens seria um ato formador do caráter. Aqueles a quem tudo seria dado não teriam noção da lei e dos limites; escravos de sua própria ânsia de satisfação imediata, eles não saberiam lidar com os contratempos da vida.
Nessa linha, como me lembrou uma leitora, Ana Lamanna, o psicanalista Wilfred Bion (em "The Theory of Thinking", teoria do pensamento, 1962) supunha que as frustrações fossem um requisito do pensamento.
Ao longo do desenvolvimento, inteligência e criatividade apareceriam à condição de que as vontades não fossem todas satisfeitas. Vulgo: a satisfação emburrece e as frustrações têm valor pedagógico.
Na semana retrasada, nesta coluna, mencionei a ideia, derivada de J. Bowlby e D.W. Winnicott (injustamente derivada, observou com razão um leitor, Davy Bogomoletz), de que a privação na infância estaria na origem da delinquência adulta.
Para a psicanálise, privação e frustração não são bem a mesma coisa, mas, para o leigo, surge uma certa contradição: afinal, ser frustrado ou privado estraga ou forma o caráter de nossos rebentos?
Outra leitora, Maria Chantal Amarante, antevendo essa contradição, propôs uma solução: "Frustrar as necessidades básicas deixa feridas imensas" (e pode, portanto e por exemplo, levar à delinquência), mas não por isso seria menos necessário "frustrar os desejos e vontades ilimitados das crianças de hoje", para que elas não "cresçam achando que podem tudo".
Como Maria Chantal, acho que muitas coisas devem ser recusadas às crianças -desde as que não são adaptadas à idade que elas têm até as que pediriam aos pais um sacrifício excessivo. No entanto, duas observações:
1) Podemos frustrar nossos filhos de pipoca e videogames, sobretudo quando eles parecem acreditar que tudo lhes é devido, mas imaginar que, com isso, a gente esteja lhes formando o caráter ou lhes ensinando a viver é puro melodrama.
Funciona assim: nós imaginamos que seríamos capazes de mimar as crianças a ponto de elas nunca aprenderem que a insatisfação é o regime normal do desejo.
Será que alguém tem tamanho poder? Não acredito, mas, aparentemente, fortes dessa ilusão, decidimos frustrá-las um pouco para salvá-las de nossa suposta (e duvidosa) capacidade de embrutecê-las à força de satisfação.
2) Também justificamos nossa decisão de recusar e proibir com a ideia de que isso estabeleceria, nas crianças, uma sólida e benéfica ideia de autoridade.
Cá entre nós, é preciso que a autoridade em geral e a nossa em particular sejam bem decadentes para que, a fim de serem levadas a sério, elas precisem privar as crianças de balas, cinema ou TV.
Mais importante: o que estabelece a autoridade e forma o caráter é mesmo o ato de recusar e proibir?
Ao procurarmos nossas falhas educativas (que sempre existem), seria bom não buscá-las só na falta de proibições e limites, mas também na falta de autorizações.
Pois, ao educar, o mais difícil talvez não seja impor limites e interdições. O mais difícil talvez seja transmitir às nossas crianças a coragem de desejar.
Proibir as saídas noturnas e o uso prolongado de computador é ótimo e necessário, mas a autoridade que forma o caráter de um jovem não é só a que diz não às suas vontades; é também a que o autoriza a dizer sim na hora daquelas escolhas de vida que são custosas e decisivas e diante das quais é fácil amarelar.
Fonte: Blog Contardo Calligaris, 16/12/2010

domingo, novembro 28, 2010

¿una educación mercantilista?

UN MUNDO DE GENTE RENTABLE

Un ensayo de la filósofa Martha Nussbaum y expertos españoles alertan del peligroso arrinconamiento de las humanidades en favor de una educación mercantilista

por Jesús Miguel Marcos 
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Seguro que recuerdan aquel chiste de un ingeniero, un físico y un informático que se quedan tirados en una autopista. Los dos primeros se enzarzan en una discusión sobre si hay que revisar la correa de distribución o la temperatura del radiador. El informático, mirándoles con cierta incredulidad, concluye con esta pregunta: ¿Y si salimos y volvemos a entrar? Da risa, pero es probable que su sugerencia sea incluso más práctica que la que hubiera ofrecido un filósofo. Por ejemplo: ¿Qué premisas podemos establecer para construir argumentos válidos que nos encaminen a una solución a nuestro problema en la autopista?
"¿Cómo se nos ha ocurrido meter a este en el coche?", dirían los otros tres, pensando con razón que las elucubraciones del filósofo podían abrir sus mentes, pero de ningún modo iban a arrancar el vehículo.
Que un chiste cuente que lo que no tiene un valor práctico inmediato no tiene valor nos hace reír, pero cuando se hace realidad se puede transformar en la peor broma macabra. Desde hace algunos años, existe la tendencia en los sistemas educativos de todo el mundo de arrinconar las humanidades (Filosofía, Filología, Historia...) en favor de los estudios con una proyección mercantilista.
"Los ciudadanos serán máquinas utilitarias", adivierte Nussbaum
El reciente Plan Bolonia o la reducción de la carga horaria de Filosofía en la Educación Secundaria son sólo dos ejemplos de un fenómeno que ha sido contestado con ruidosas protestas desde la comunidad académica. "Se están produciendo cambios drásticos en aquello que las sociedades democráticas enseñan a sus jóvenes. Sedientos de dinero, los estados nacionales y sus sistemas de educación están descartando sin advertirlo ciertas aptitudes que son necesarias para mantener viva la democracia", escribe la filósofa estadounidense Martha C. Nussbaum en Sin fines de lucro (Katz).
Nussbaum, prestigiosa profesora en Harvard y una de las cien intelectuales más relevantes de 2010 según la revista Foreign Policy, ha escrito un libro en el que alerta del peligro de que aparezcan "generaciones enteras de máquinas utilitarias, en lugar de ciudadanos cabales capaces de pensar por sí mismos". 

CIUDADANO ROBOT

No pienso, no protesto

En el año 2001, la compañía de energía Enron entró en bancarrota después de que sus dueños protagonizaran uno de los fraudes empresariales más espectaculares de la historia. Muchos trabajadores sabían lo que estaba pasando, pero ninguno alzó la voz. "La autoridad y la presión de los pares hacían que la gente no protestara, incluso cuando las cosas se pusieron realmente feas. Necesitamos producir gente que se sienta impulsada a ser crítica, tanto para lograr un futuro saludable en la cultura de empresa como, por supuesto, para la política", responde a Público Nussbaum.
El ciudadano adquiere las herramientas para desempeñar un trabajo, aprende conocimientos de aplicación inmediata y claramente dirigidos a promover el desarrollo económico, pero se deja a un lado la formación de su capacidad intelectual, de pensamiento crítico y de reflexión. "Se están cambiando las premisas de la educación: de un sistema donde se primaba la formación intelectual se está pasando a una enseñanza utilitaria. Estamos viviendo un proceso de conversión de las universidades en un modelo muy impreciso de escuelas laborales", razona el decano de Filología de la UNED, Antonio Moreno.

CIUDADANO ÚTIL

Produzco, luego existo

Existe un abandono de aquellos conocimientos que no tengan una aplicación mercantil directa. Ahora prima la empleabilidad. No se forma a la persona de forma integral, sino que se persigue una educación que la convierta en sujeto de rendimiento inmediato en el ámbito económico. El ser humano como una pieza más del engranaje de un sistema productivo que requiere de ciudadanos fácilmente intercambiables que no se planteen otros posibles escenarios.
Para Ángeles J. Perona, profesora de Filosofía de la Complutense de Madrid, "esto conduce al adocenamiento del individuo, cierra su vida, su horizonte, e incluso limita mucho los criterios sobre su propia valía. Si haces algo que no tiene rendimiento mercantil, eres una persona excéntrica o un vago. Y hoy en día el criterio para juzgar es sólo ese".

CIUDADANO NEOLIBERAL

El mundo, un mercado

"Se está cambiando el modelo educativo de forma opaca", dice Antonio Moreno
El arrinconamiento de las humanidades está directamente relacionado con una concepción neoliberal de la educación: se forma a los individuos en función de las necesidades económicas de un país. "Las universidades pierden una de sus funciones fundamentales, fomentar la conciencia crítica respecto al status quo. Se propicia la integración económica, pero vamos a crear ciudadanos que no cuestionan el modelo económico y social porque no tienen herramientas para hacerlo", afirma la escritora Marta Sanz.
La universidad y la Educación Secundaria Obligatoria cada vez ofrecen programas más acordes con las necesidades de las empresas. Carlos Fernández Liria, profesor de Filosofía de la Complutense, lo ilustra con un ejemplo: "En una ocasión, un economista vino a dar una charla a la facultad para decir que las empresas necesitaban las humanidades, que los ejecutivos tuvieran cultura general, porque no podían ir a hacer una entrevista a Japón y no saber que hay que descalzarse para entrar en una casa. Eso van a ser las humanidades". 

CIUDADANO INFANTIL

Me quejo, no actúo

Estas tendencias aparecen, precisamente, en lo que se ha llamado la sociedad del conocimiento, un mundo interconectado donde los individuos tienen acceso a un volumen de información inimaginable. Sin embargo, conocer no es sólo saber cifras y datos, sino analizar los contenidos que la persona recibe y devolver algo nuevo y distinto a la sociedad. 
"Se está instalando el fenómeno del infantilismo, donde el individuo se cree que tiene acceso a todo, sin trabas, lo que es algo falaz. Cuando no lo consigue aparece el victimismo: la sensación de que se nos debe todo y nos quejamos de forma permanente. En lugar de asumir el papel de sujeto que actúa, somos pasivos, víctimas de un conjunto de factores que sencillamente nos impiden ser niños otra vez", explica Antonio Moreno.

CIUDADANO INMEDIATO

Logros a golpe de ‘click'

Las nuevas consignas educativas también quieren controlar el tiempo. "Ahora nos piden cronogramas de los programas: el tema 1 en dos semanas, el tema 2 en una semana... Eso impide que yo pueda cambiar el ritmo de mis clases en función de las preguntas de mis alumnos. El tiempo se mecaniza, se instala una sensación de seguimiento de las personas con la excusa de que te preocupas, cuando en realidad lo que haces es ahogarles", indica Ángeles J. Perona.
Se impone la idea de inmediatez, aumentada por las infinitas posibilidades que ofrece una tecnología cuyo poder no parece tener límites. Para Antonio Moreno, "el deslumbramiento de la tecnología, que aparentemente nos suministra un acceso a toda la información, crea una ficción de interpretación de la realidad y no contempla los intangibles del conocimiento. No son datos, son operaciones que tiene que realizar el sujeto. Y al sujeto hay que ilustrarlo, porque si lo toma de la red son opiniones prestadas, no un análisis propio".

CIUDADANO AISLADO

El otro no existe

Martha Nussbaum cree que una educación errónea es una de las causas que conducen a sistemas como el totalitarismo. Considera vital que se instruya a las personas desde muy pequeñas en la comprensión y experiencia de los otros. "La incapacidad para entender a los otros como seres humanos plenos fue una parte prominente del nazismo. El psicólogo Robert Jay Lifton hablaba del fenómeno de la disociación: los alemanes de la época eran capaces de tratar con gran humanidad a su familia y a continuación tratar a los judíos como meros objetos", explica Nussbaum.
"Esto conduce al adocenamiento del individuo", según Ángeles J. Perona 
Los problemas de la actualidad, descontextualizados, aislan al ciudadano, que sin los conocimientos de fondo que aportan las humanidades se vuelve más vulnerable. "Se cercena su curiosidad y se le priva de muchos placeres, como es el disfrute de la cultura. Esta educación tan enfocada a satisfacer las necesidades del mercado incluso atenta contra la posibilidad de ser felices y de ser buenos. Moralmente buenos. Ser mejores personas: más solidarios, más consecuentes, más generosos...", sostiene Marta Sanz.

CIUDADANO INDEFENSO

Soy lo que quieren que sea

Las posibilidades para el individuo se reducen a una sola variable: el valor de su producción en el mercado. "Se nos impone una noción de producción muy mercantil, muy capitalista. ¿Porque qué se entiende por producción? Un libro de poesía es una producción, algo nuevo y valioso, pero claro, su rentabilidad económica no es tan valiosa", explica Ángeles J. Perona.
Carlos Fernández Liria cree que "el totalitarismo neocon, que es el que ha impulsado este tipo de educación, va a imponer en la cabeza de la gente que nada que no tiene valor en el mercado tenga valor en sí mismo". Las personas, por lo tanto, tendrán valor cuando el mercado lo decida.
Fonte: Público.es, Madrid 28/11/2010

terça-feira, agosto 24, 2010

educação e informática








O Simpósio Brasileiro de Informática na Educação (SBIE) tem como objetivo divulgar a produção científica nacional na área de Informática na Educação. Busca proporcionar um ambiente para a troca de experiências e idéias entre profissionais, estudantes e pesquisadores nacionais e estrangeiros que atuam em pesquisa científica e tecnológica nesta área e em áreas correlatas. É promovido anualmente pela Sociedade Brasileira de Computação (SBC) e em 2010 comemorará sua 21ª edição em João Pessoa, no período de 23 a 26 de Novembro, numa realização conjunta entre a Universidade Federal da Paraíba e a Universidade Federal de Pernambuco.

quinta-feira, agosto 12, 2010

juventude e mercado de trabalho

Taxa mundial de desemprego jovem atinge nível histórico 
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Os números foram divulgados nas conclusões do relatório "Tendências Mundiais do Emprego Jovem 2010". 
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A atual crise econômica é uma oportunidade para lançar novas estratégias ao nível educativo e laboral de combate ao desemprego entre os jovens, que são “o motor do desenvolvimento econômico”, defende o diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), citado pela Lusa.
Sustentando que “os jovens são o motor do desenvolvimento econômico”, o diretor geral da OIT, Juan Somavia, alerta que “não aproveitar este potencial é um desperdício econômico que pode prejudicar a estabilidade social. A crise é uma oportunidade para reavaliar as estratégias para fazer frente às sérias desvantagens que enfrentam os jovens ao ingressar no mercado de trabalho. É importante que nos foquemos em estratégias integradas e exaustivas que combinem políticas educativas e de formação com políticas laborais destinadas aos jovens”, acrescentou. 
Segundo as projeções da OIT, a taxa mundial de desemprego juvenil deverá continuar a aumentar em 2010, até aos 13,1 por cento, para então recuar até aos 12,7 por cento em 2011. As taxas de desemprego juvenil demonstraram ser mais sensíveis à crise do que as de adultos, provavelmente porque a recuperação do mercado de trabalho dos jovens tarda mais em acontecer. 
Nos termos do relatório, o crescente desemprego juvenil terá “importantes consequências para os jovens à medida que os novos candidatos ingressam no mercado de trabalho se juntam às filas dos já desempregados”. 
O estudo alerta, por isso, para o “risco de que um dos legados desta crise seja uma ‘geração perdida’ de jovens que abandonou o mercado de trabalho após ter ficado sem esperança de encontrar emprego e ter uma vida decente”. 
Se nas economias desenvolvidas e em algumas economias emergentes o impacto da crise sobre os jovens sente-se, sobretudo, no aumento do desemprego e dos riscos sociais associados à falta de motivação e à inatividade prolongada, nos países menos desenvolvidos traduz-se numa menor quantidade de horas trabalhadas e na redução de salários para os poucos que conseguem manter um emprego fixo e num aumento do emprego precário na cada vez mais abrangente economia informal. 
De acordo com as conclusões da OIT, 152 milhões de jovens – cerca de 28 por cento de todos os jovens trabalhadores no mundo – trabalharam em 2008, mas continuaram num estado de pobreza extrema em lares onde vivem com menos de 1,25 dólares por pessoa ao dia. 
“Nos países em desenvolvimento, a crise domina a vida diária dos pobres”, refere o diretor-geral da OIT. 
Lançado o Ano Internacional da Juventude
Numa mensagem a propósito do Dia Internacional da Juventude, que se assinala esta quinta-feira, Ban Ki-moon defende que "deve ser dada uma importância primordial às necessidades dos mais jovens", exortando mesmo os estados-membros a "aumentarem os seus investimentos nos jovens".
Na sala da Assembleia Geral das Nações Unidas, é lançado o Ano Internacional da Juventude, que terminará a 11 de Agosto de 2011, dedicado ao tema "diálogo e compreensão mútua" e com o objetivo de promover ideais de paz, respeito pelos direitos humanos e solidariedade entre gerações, culturas, religiões e civilizações.
Atualmente existem em todo o Mundo mais de 1,2 bilhões de jovens, com idades entre os 15 e os 24 anos e que representam cerca de 18 por cento da população mundial.
Oitenta e sete por cento dos jovens que enfrentam problemas de acesso limitado a recursos, cuidados de saúde, educação, formação, emprego e oportunidades econômicas vivem em países em desenvolvimento.
Fonte: esquerda.net - Artigo - 12 agosto, 2010.

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