quarta-feira, julho 30, 2025

A cegueira imanente da esquerda

 A cegueira imanente da esquerda 

O que parece uma incompreensão da realidade, da situação caótica que está a um palmo diante do nariz, absurdos acontecendo sob decisões autocráticas de um grupo radical do judiciário e da esquerda juntos no controle do poder, essa gente que abertamente, sem escrúpulos, passou a defender terrorismo, bandidos condenados, acusar os adversários de fascista quando eles apoiam atitudes desse matiz, sendo eles mesmos atores de perfil claramente nazista, assumem ações antissemitas e suportam ditaduras, com hipocrisia abjeta, em qualquer parte do mundo. A falsa defesa de princípios como liberdade de expressão, democracia, fica patente, uma configuração da expressão de toda formação ideológica recebida, com permissão própria, durante muitos anos. Uma parcela de jovens saem dessa "universidade", instituições originadas em organizações políticas de fundamentos e alicerces filosóficos experimentados, sempre com o intuito da tomada do poder ainda que "sem eleições". As revoluções lideradas por conhecidos genocidas históricos testaram o pragmatismo dessas ideias em populações de milhões de mortos nos quatro cantos do planeta.

Uma análise da prática histórica dessas organizações e partidos de esquerda, cooptando, treinando, orientando, "educando" por meio de metodologias voltadas à uma visão crítica do mundo, com particular atenção ao capitalismo, traz ao olhar de quem investiga, se ocupa do contexto presente, a questão da práxis dessas pessoas ser apenas uma escolha sem noção de um imberbe, incauto, uma experiência temporária decorrente de ignorância da história, falta de leitura, ausência de amplo painel cultural, dissonância cognitiva, ou um compromisso que definido em razão de circunstâncias da vida, patologias do ressentimento ao status do outro, idiossincrasias da vida, ou uma determinação em obedecer a renomadas autoridades (intelectuais, lideranças políticas), por fraca autoestima ou preguiça mental dessas que sempre aceita ser guiado sem reflexão as ordens e decisões de iluminados?

Cheguei a conclusão que deve ser um tipo de cegueira, que não foi e não é repentina no nosso contexto, não uma falta de visão física, porém tal como a que Saramago expõe em seu livro e que foi muito bem desenhada no cinema ela se mostra e pode ser comprovada atualmente.

O filme Ensaio Sobre a Cegueira (2008), baseado no romance homônimo de José Saramago, é uma poderosa alegoria sobre a condição humana, a fragilidade das estruturas sociais e, principalmente, sobre a forma como vemos — ou deixamos de ver — o mundo à nossa volta.

A cegueira que atinge repentinamente toda uma população não é apenas a perda da visão física, mas a metáfora da cegueira moral, social e espiritual. O “branco leitosa” que substitui o mundo visível é uma imagem perturbadora do colapso da empatia, da ética e da civilização. As pessoas não deixam de enxergar apenas com os olhos — elas perdem a capacidade de ver o outro, de reconhecer a dignidade humana, de construir relações baseadas em solidariedade.

Esse “não ver” representa nossa cegueira cotidiana diante da injustiça, da desigualdade, da exclusão. É uma crítica contundente à forma como muitas vezes escolhemos ignorar o sofrimento alheio, a corrupção dos sistemas, ou o próprio esvaziamento do sentido de humanidade.

A única personagem que não é afetada pela cegueira — a mulher do médico — simboliza aquele que enxerga em meio ao caos, mas que, em vez de exercer o poder com arrogância, carrega o fardo da lucidez. Ela vê, mas sofre por isso, pois assistir à degradação moral dos outros a obriga a confrontar sua impotência diante da barbárie. Isso nos leva a perguntar: quem realmente vê? Quem enxerga o mundo com clareza e responsabilidade?


O filme, portanto, expõe que a verdadeira cegueira talvez não seja a ausência de luz nos olhos, mas a ausência de lucidez no coração e na consciência. Quando a visão do mundo se torna egoísta, insensível ou automatizada, a humanidade se perde. Só quando somos forçados a confrontar a escuridão — ou o branco ofuscante de um mundo sem sentido — é que talvez possamos reaprender a ver de verdade.

Em tempos de crise, desigualdade e desinformação, A Cegueira é um chamado a abrir os olhos — não só os físicos, mas os olhos da ética, da compaixão e da reflexão. Afinal, como disse Saramago: “Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.”

terça-feira, julho 29, 2025

"As mudanças estão chegando…”

 “As mudanças estão chegando…”

Ontem assisti o filme “Um completo desconhecido”, que conta retalhos da vida e arte do artista Bob Dylan, e que me trouxe na tela pinceladas da criatividade diferenciada do artista, poeta e músico compositor de significativa importância para uma geração de jovens e amantes das mudanças, esses que conheceram e viveram as grandes transformações do prodigioso século XX.

Foi essa frase, “as mudanças estão chegando…”, simples e apocalíptica, que me atravessou como um raio em pleno Morumbi, São Paulo, 1989. Eu não era mais um jovem contestador, tampouco um daqueles que carregam cartazes na Avenida. Já estava trabalhando, imerso nas análises e relatórios para o Dieese, na implantação do sistema Arpan, que gerenciava o cadastro e financeiro de entidades sindicais. Uma estatística do mundo real. 

Mas naquela noite — ah, naquela noite — fui colhido por outra fonte de estatística: a de que um homem com um violão pode mudar a rotação da alma de milhares de pessoas ao mesmo tempo.

Quem me levou foi uma colega de trabalho, Verônica, daquelas que falam de programação e política com paixão, e de música com reverência. “Vamos ver o Dylan?”, ela disse, como quem convida para ver um eclipse. Eu fui. Talvez por curiosidade, talvez por saudade de algo que eu ainda nem sabia que me faltava. Retomei a possibilidade de mudanças, a partir da minha própria mudança.

Bob Dylan estava lá. Não como uma lenda distante, mas como uma presença rascante, meio curvada, envolta em sombras e luzes amareladas. A voz? Áspera como o cascalho das estradas que ele tanto cantou. Mas cada palavra era um golpe certeiro. Cada acorde, um lembrete de que estávamos todos — mesmo os mais céticos — imersos num tempo que se desfazia e se refazia diante de nossos olhos. Me emocionou.

“As mudanças estão chegando…” — ele cantou, e o estádio inteiro pareceu suspirar junto. Porque em 1989, o mundo estava mesmo à beira de um novo fôlego. Berlim ainda dividida, a Guerra Fria resfriando-se aos poucos, o Brasil saindo de décadas de sombra. E lá estava Dylan, o homem que nunca quis ser porta-voz de nada, encarnando tudo o que não sabíamos dizer.

Naquela noite, vi mais que um show. Vi um poeta em carne, osso e acordes. Vi a palavra ganhar corpo e saltar do palco como profecia suave. Vi a música deixar de ser apenas um entretenimento e se tornar espelho, farol e sismo. 

Parado diante da figura iluminada no palco, no criador de mensagens, escritor e músico, vi o artista diferente daquele dos anos 60-70, parecia cansado, sua voz estava dizendo mais algo sobre ele que o mundo presente, afinal havia passado por processos recentes bastante marcantes, com forte significado para a sua vida. De referência para uma juventude rebelde, inspirando e disparando mudanças, tinha passado alguns anos em um período de estado reflexivo, religioso, se afastando até certo ponto da relação de artista amado por milhões de fãs e cobrado por suas criações, preferiu recolher-se ao seu próprio mundo de crenças. Talvez o peso das mudanças, muitas que ocorreram no mundo, e as contribuições da sua arte tenham exigido demais de sua energia vital e tônus intelectual poético irretocável. Quase quebrou.

Mesmo depois que as luzes se apagaram, quando voltamos ao cotidiano de reuniões e relatórios, alguma coisa havia mudado. Não do lado de fora — o trânsito ainda era o mesmo, a inflação também. Mas por dentro, sim. Por dentro, as palavras dele continuavam ecoando: “the times they are a-changin’...”

E naquela noite, confesso, tive a estranha sensação de que o mundo começava a mudar ali — no Morumbi, entre solos sujos de guitarra, o choro da gaita, e versos que ainda ecoam dentro de mim.

Dylan cantou, o tempo continuava o mesmo, nada mudou ali, mas me surpreendi comigo mesmo, tinha mexido nas minhas emoções e na minha mente. Escutei a sua mensagem. Foi nesse momento que fiz uma guinada disruptiva em tudo que acreditava e defendia. O gatilho de minhas mudanças disparou novas escolhas, uma jornada de novos interesses, atitudes, que se abriram, e que nos anos seguintes me fez abandonar as regras do anacrônico “compromisso de classe”, de militante de uma só causa, da proximidade com a fidelidade ideológica de uma práxis de viés autoritário. E parti para critérios de aprendizado diferentes, iniciei uma profunda análise de vida, sobre a minha antiga percepção da realidade, direcionando-me para uma abertura aos princípios filosóficos clássicos e de valores reais com alicerces democráticos. Um ganho da maturidade, resultado da experiência que elimina erros da inocência ou ignorância dos fatos? As minhas descobertas quanto às más referências históricas, leituras revolucionárias, a formação crítica da desinformação, preferência por narrativas, não eram mais importantes, decisivas, e as influências na ação passaram a ser determinadas por pensamentos próprios, não copiados de preconceitos nem absorvidos de escolas de ideologias da violência e divisão da sociedade por uma educação motivada pela vingança, conflito permanente, ressentimentos, pelo ódio ao outro: assim são marxistas, leninistas, maoistas, trotskista ou a política velada existente na militância cultural do gramscismo; selos impressos como doutrinas nas mentes de jovens universitários do Brasil nas últimas longas cinco décadas. 

Os critérios das mudanças são uma construção de escolhas, que estão relacionadas com a busca da sabedoria e percepção verdadeira da unidade do real, e precisa estar firmada sobre pilares éticos, transparência de caráter e empatia humana, em valores inerentes aos marcos civilizatórios. As mudanças podem ser desejadas, conquistas que são motivadas, chegam, pode demorar, às vezes para uma, dezenas de pessoas, milhares mergulhados no oceano digital de informações, mas chegam e quando chega… muda, mudamos, e o mundo muda junto.



sexta-feira, julho 25, 2025

A medida da inteligência humana

 A medida da inteligência humana 

A inteligência se revela nas atitudes, comportamentos, e na forma como alguém interpreta a realidade e se expressa sobre ela. Não é apenas um acúmulo de fatos, mas sim a capacidade de interagir com o mundo de forma humana e significativa. Não basta saber; é preciso saber como aplicar o que se sabe em situações reais.

Quando observamos as ações de uma pessoa, como ela resolve problemas, como lida com desafios, como interage com os outros e como comunica suas ideias, estamos vendo a inteligência em ação, considerando contextos e com empatia. A forma como alguém interpreta os eventos, como se posiciona diante das circunstâncias e o tipo de soluções que propõe são indicadores muito mais ricos de sua capacidade intelectual do que a simples memorização de informações que obtiveram durante anos de vida.

Ao reparar as reações e comportamento de pessoas que antes agiam e apresentavam suas indignações na forma de arte, manifestando-se publicamente, mesmo que com dificuldades de viver em um regime totalitário, hoje essas mesmas pessoas estão usando sua inteligência com propósitos de defesa de mais um regime autoritário, apoiando o que antes condenavam quando protestavam por liberdade criando arte, música e literatura mesmo correndo o risco da censura e perseguição, no entanto essas mesmas pessoas parece que perderam ou esqueceram daqueles princípios balizadores da dignidade, dos direitos humanos, que respeita e de quem quer viver numa democracia. Falta de compreensão, esquecimento do passado, negação de suas experiências, inteligências sem referência, a percepção crítica das coisas do mundo se desmancharam no caminho de suas conquistas? De fato, as ideias mudam, porém essas pessoas seja por acomodação, indigência moral, mau caráter, se transformaram no pior exemplo de cidadãos de honestidade intelectual, abraçando a hipocrisia e se afastando do mundo real. Suas análises, discurso se parece com os dos defensores de regimes ditatoriais, vazios da razão e verdade dos fatos. Que desastre essa gente se tornou e comete!



quinta-feira, julho 24, 2025

Um projeto fora da competência e contra a democracia

 Um projeto fora da competência e contra a democracia 

Os arranjos necessários ao projeto de poder da esquerda no Brasil vão além da capacidade da sua competência em governar, de abarcar as exigências dessa missão, seja por transparência na gestão de recursos, inteligência compatível, substrato intelectual, seja devido às dimensões sócio geográficas, como fatores importantes nessa estratégia de dominação. Os esforços para controlar os efeitos colaterais de suas narrativas e ações predatórias ao erário se voltam contra eles, é por demais complexo o acúmulo das variáveis dessa transição, de um sistema democrático para outro, sabidamente desfavorável, o sistema de governo autoritário da China. A reação da população e de seus representantes carregará consigo desafio inabarcável à esse novo modelo marcado pelo totalitarismo. O que seria uma evolução, se converteria em um passo bastante largo a ser dado por um grupo radical, sem moral, sem respaldo interno, numa orquestração de montagem absurda para seus atores. E não adiantaria o volume de investimento ou recursos técnicos empregados para tanto, pois há a corrupção normalizada, e o desvio de caráter inerentes que se mostra e se repete na resiliência da impunidade dessa organização criminosa. Nada restaria de pé e viraríamos um país sem dignidade. Uma Venezuela sem fronteiras.

Apesar da uniformidade de ideias e interesses entre as políticas de governo Brasil-China, a transição para um sistema mais direto real-yuan não seria isenta de desafios:

 * Abertura da Conta de Capital da China - A China ainda mantém controles significativos sobre sua conta de capital, o que pode dificultar a plena conversibilidade e liquidez do yuan para transações em grande escala.

 * Infraestrutura Financeira - A necessidade de desenvolver e aprimorar a infraestrutura de compensação e liquidação para transações em yuan no Brasil.

 * Aceitação e Familiaridade - Empresas e instituições financeiras de ambos os países precisariam se adaptar e ganhar familiaridade com as operações diretas em yuan.

 * Persistência da Dominância do Dólar - Mesmo com os avanços do yuan, o dólar provavelmente manteria sua posição dominante no comércio e nas finanças globais por um tempo considerável, especialmente no mercado de commodities, onde muitas cotações e contratos ainda são indexados ao USD.

Em suma, a mudança para um sistema de trocas diretas entre real e yuan representaria menos uma evolução natural que uma realidade impositiva, dada na relação bilateral entre Brasil e China, ainda que impulsionada por interesses mútuos de redução de custos, mitigação de riscos e maior autonomia monetária. Embora o dólar continuasse a ser moeda dominante no mercado global de commodities e no sistema financeiro internacional. A crescente internacionalização do yuan busca oferecer uma alternativa viável e cada vez mais relevante, com o objetivo de redefinir parte do fluxo comercial e financeiro entre as duas economias, uma emergente e outra imperialista.

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O Papel da China nas Relações com o Brasil e a Ascensão do Yuan

A China vê o Brasil como um parceiro estratégico fundamental. Não é apenas o maior comprador de produtos brasileiros (especialmente commodities agrícolas e minerais), mas também um destino crucial para seus investimentos e um componente vital na sua estratégia de segurança alimentar e energética. Essa relação bilateral robusta é a força motriz por trás da crescente pressão chinesa para a desdolarização das trocas comerciais e financeiras.

Os Interesses da China na Desdolarização com o Brasil

Do ponto de vista chinês, a promoção do yuan nas transações com o Brasil parece oferecer uma série de vantagens estratégicas e econômicas:

 * Acelerar a Internacionalização do Yuan - Este é um objetivo de longa data para Pequim. Ao incentivar o uso do yuan em grandes fluxos comerciais, como o que existe com o Brasil, a China avança na sua meta de ter uma moeda mais presente nas reservas internacionais e no comércio global, desafiando a hegemonia do dólar. Isso concede à China maior influência no sistema financeiro global.

 * Reduzir a Exposição a Riscos Geopolíticos - A dependência do dólar americano expõe a China a potenciais sanções ou flutuações de política monetária dos EUA, que podem impactar diretamente suas cadeias de suprimentos e seus fluxos comerciais. Ao transacionar diretamente em yuan, a China mitiga esses riscos, especialmente em um cenário de crescentes tensões geopolíticas.

 * Eficiência e Redução de Custos - Assim como para o Brasil, a eliminação da conversão dupla (real-dólar-yuan) reduz custos de transação e simplifica o processo de pagamento para as empresas chinesas. Isso torna o comércio com o Brasil mais atraente e competitivo.

 * Fortalecer Laços Econômicos e Políticos - O uso direto do yuan aprofunda os laços financeiros entre os dois países, criando uma interdependência que vai além do mero comércio de bens. Isso fortalece a parceria estratégica e oferece à China uma alavanca para maior cooperação em outras áreas.

 * Diversificação de Reservas - Embora a China possua vastas reservas em dólar, a promoção do yuan no comércio com seus parceiros estratégicos permite uma diversificação gradual de suas próprias reservas, diminuindo a concentração de ativos denominados em dólar.

Mecanismos e Incentivos da China

Para alcançar esses objetivos, a China tem utilizado diversos mecanismos:

 * Acordos de Swap Cambial - O acordo de swap cambial entre o Banco Central do Brasil e o Banco Popular da China é um exemplo claro. Ele permite que os dois bancos centrais troquem suas moedas, facilitando a liquidez em yuan para as transações comerciais brasileiras e em real para as chinesas, sem a necessidade de passar pelo dólar.

 * Centros de Compensação e Liquidação - A China tem incentivado a criação de centros de compensação (clearing houses) para o yuan em grandes centros financeiros globais e em países parceiros. Embora ainda não haja um centro principal no Brasil, a tendência é que isso se desenvolva para facilitar ainda mais as transação.

 * Plataformas de Negociação Direta - A própria China tem promovido plataformas que permitem a negociação direta de yuan com moedas de parceiros comerciais, incluindo o real.

 * Incentivos a Empresas - Empresas chinesas são encorajadas e, por vezes, incentivadas a realizar transações em yuan com seus parceiros comerciais, incluindo as que operam no Brasil.

Perspectivas Futuras

A China continuará a ser um impulsionador da desdolarização em suas relações comerciais, e o Brasil, como um de seus maiores parceiros, estará na linha de frente dessa estratégia. É provável que vejamos:

 * Aumento Gradual do Volume de Transações em Yuan - Mais empresas brasileiras e chinesas utilizarão o yuan em suas operações, impulsionadas pela simplificação e pelos benefícios financeiros.

 * Maior Oferta de Serviços Financeiros em Yuan - Bancos e outras instituições financeiras no Brasil e na China desenvolverão mais produtos e serviços denominados em yuan para atender à demanda crescente.

 * Desafios para o Status Quo do Dólar - Embora o dólar não vá perder sua dominância do dia para a noite, a crescente aceitação e uso do yuan em comércios bilaterais significativos, como o Brasil-China, são pequenos passos que, somados, podem ter um impacto de longo prazo na dinâmica monetária global.

Em resumo, a China vê no uso do yuan nas transações com o Brasil uma oportunidade estratégica para avançar seus próprios interesses econômicos e geopolíticos, ao mesmo tempo em que oferece benefícios tangíveis de eficiência e segurança para o comércio bilateral.

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A Iniciativa Cinturão e Rota (Belt and Road Initiative - BRI) da China, embora ainda não formalmente assinada pelo Brasil como um todo (alguns estados e empresas já têm projetos com ela), tem o potencial de gerar impactos econômicos e socioambientais significativos, especialmente em empresas estatais brasileiras como a Vale e nos modais de logística.

Impactos Econômicos para Empresas Estatais Brasileiras (Ex: Vale)

Para empresas estatais brasileiras, a participação em projetos do BRI pode trazer tanto oportunidades quanto desafios:

 * Acesso a Capital e Investimentos - A China é uma fonte de capital gigantesca. O BRI pode oferecer às estatais brasileiras, que muitas vezes enfrentam restrições orçamentárias ou dificuldades em obter financiamento de fontes ocidentais, acesso a empréstimos e investimentos chineses para grandes projetos de infraestrutura. Isso é particularmente relevante para a Vale, que constantemente busca otimizar sua logística de exportação de minério de ferro.

 * Aumento da Demanda por Commodities - A construção de infraestrutura dentro do BRI globalmente, e especificamente no Brasil, impulsiona a demanda por commodities como minério de ferro, aço e outros materiais de construção. Isso beneficia diretamente empresas como a Vale, Petrobras (derivados de petróleo para asfalto, combustíveis) e outras estatais envolvidas em insumos básicos.

 * Expansão de Mercados - A infraestrutura desenvolvida pelo BRI visa facilitar o comércio. Para a Vale, isso pode significar maior agilidade e menor custo para escoar sua produção para a China e outros mercados asiáticos, que já são seus principais clientes.

 * Parcerias Estratégicas - Projetos do BRI podem levar a parcerias com empresas estatais chinesas de engenharia e construção. Isso pode trazer know-how tecnológico, acesso a equipamentos modernos e a possibilidade de transferir conhecimentos, embora também possa gerar dependência tecnológica.

 * Aumento da Concorrência e Padrões - A presença de empresas chinesas pode intensificar a concorrência em licitações e projetos no Brasil. Além disso, as empresas brasileiras podem precisar se adaptar aos padrões técnicos e de gestão chineses, o que pode ser um desafio e uma oportunidade para modernização.

 * Impacto na Dívida e Soberania - Há preocupações sobre o endividamento que pode ser gerado pela captação de empréstimos chineses. É crucial que o Brasil, por meio de suas estatais, negocie termos de financiamento transparentes e sustentáveis para evitar armadilhas de dívida e garantir a soberania sobre os projetos.

Impactos nos Modais de Logística no Brasil

A China tem um interesse estratégico em otimizar as rotas de escoamento de commodities do Brasil, o que naturalmente se traduz em investimentos em logística:

 * Ferrovias - O Brasil possui uma matriz de transporte desequilibrada, com grande dependência do modal rodoviário. Projetos do BRI poderiam impulsionar investimentos em ferrovias, essenciais para o transporte de commodities a granel, como minério de ferro e grãos. Rotas transcontinentais ou ligando centros de produção aos portos seriam prioridade. Isso traria maior eficiência, menor custo e redução da pegada de carbono por tonelada transportada.

 * Portos - A expansão e modernização de portos brasileiros é um foco claro. Aumento da capacidade de carga e descarga, melhoria da infraestrutura de acesso (dragagem, berços de atracação) e a criação de terminais especializados facilitariam as exportações para a China e a importação de produtos chineses. A empresa estatal chinesa COSCO, por exemplo, já está envolvida em projetos portuários.

 * Hidrovias - Embora menos desenvolvidas, as hidrovias na Amazônia e outras bacias hidrográficas poderiam ser alvos de investimentos chineses para criar novas rotas de escoamento, especialmente para produtos agrícolas. Projetos como a "rota amazônica" (ligando o Brasil ao Pacífico via rios e ferrovias) são exemplos de propostas que interessam à China.

 * Redução de Custos Logísticos - A melhoria da infraestrutura logística tem o potencial de reduzir os custos de frete no Brasil, que são notoriamente altos. Isso aumentaria a competitividade das exportações brasileiras no mercado internacional.

 * Integração Regional - Muitos projetos de logística do BRI têm uma dimensão regional, buscando conectar o Brasil a outros países sul-americanos para criar corredores de transporte mais eficientes.

Impactos Socioambientais

Os impactos socioambientais dos projetos do BRI são uma das maiores preocupações e devem ser rigorosamente avaliados:

 * Desmatamento e Biodiversidade: Grandes projetos de infraestrutura, como ferrovias, estradas e portos, especialmente em regiões sensíveis como a Amazônia e o Cerrado, podem levar ao desmatamento, fragmentação de habitats e perda de biodiversidade. Isso é particularmente crítico para a Vale, cujas operações muitas vezes se cruzam com áreas de sensibilidade ambiental.

 * Deslocamento de Comunidades Tradicionais e Indígenas - A construção de grandes obras pode levar ao deslocamento de comunidades tradicionais, povos indígenas e assentamentos rurais, gerando impactos sociais, culturais e econômicos significativos. É essencial a consulta prévia, livre e informada, e a implementação de planos de compensação adequados.

 * Poluição e Degradação Ambiental - O aumento do tráfego de cargas e a operação de novas infraestruturas podem levar ao aumento da poluição do ar, da água e do solo, além de gerar resíduos e ruído. A exploração mineral intensificada (para abastecer os projetos) também pode agravar problemas de degradação.

 * Padrões Ambientais e Sociais - A aplicação de padrões ambientais e sociais rigorosos é fundamental. Há um debate sobre a conformidade dos projetos chineses com as regulamentações locais e internacionais. É crucial que o Brasil exija o cumprimento integral de suas próprias leis ambientais e trabalhistas, que são robustas.

 * Geração de Empregos e Condições de Trabalho - Embora os projetos gerem empregos, há a necessidade de garantir condições de trabalho dignas, respeito aos direitos trabalhistas e segurança ocupacional. É preciso monitorar a potencial importação de mão de obra chinesa para evitar impactos negativos no emprego local.

 * Transparência e Governança - A transparência na negociação e execução dos projetos do BRI é vital para mitigar riscos de corrupção e garantir que os benefícios sejam distribuídos de forma equitativa, e que os impactos negativos sejam gerenciados de forma eficaz.

Para que o Brasil maximize os benefícios e minimize os riscos do BRI, é crucial uma abordagem estratégica e proativa. Isso inclui:

 * Negociação forte de termos e condições, garantindo que os projetos se alinhem com os interesses nacionais de desenvolvimento sustentável.

 * Fiscalização rigorosa dos padrões ambientais e sociais.

 * Transparência e governança em todo o processo de planejamento e execução dos projetos.

O cenário é complexo, mas a China, como maior parceiro comercial do Brasil, continuará sendo um ator central nos planos de desenvolvimento de infraestrutura, com os impactos mencionados se manifestando de diversas formas.

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Desafios Regulatórios e Estratégias do Brasil na Relação com o BRI

Aprofundar nos desafios regulatórios e nas estratégias que o Brasil poderia adotar em relação aos projetos do BRI é crucial para garantir que esses investimentos se traduzam em desenvolvimento sustentável e benefícios mútuos.

Desafios Regulatórios para o Brasil

O Brasil possui uma legislação ambiental e social robusta, mas a implementação de grandes projetos de infraestrutura, especialmente com financiamento estrangeiro, sempre apresenta desafios:

 * Complexidade e Demora nos Licenciamentos - O processo de licenciamento ambiental no Brasil é conhecido por ser complexo e, muitas vezes, demorado. Isso pode gerar atritos com investidores chineses, que talvez estejam acostumados com processos mais ágeis em seus países. É um desafio equilibrar a agilidade com a necessidade de rigor técnico e participação social.

 * Variação de Padrões Ambientais e Sociais - Embora o Brasil tenha padrões elevados, pode haver diferenças em relação aos padrões (ou às prioridades) de governança ambiental, social e corporativa (ESG) adotados por empresas chinesas ou financiadores estatais. Garantir que os projetos cumpram integralmente a legislação brasileira e as melhores práticas internacionais é fundamental.

 * Transparência e Governança - A opacidade em algumas negociações de projetos do BRI em outros países tem gerado preocupações. Para o Brasil, é vital assegurar a máxima transparência em contratos, condições de financiamento e processos de licitação para evitar suspeitas de corrupção ou favorecimento.

 * Questões Fundiárias e Indígenas - O Brasil tem um arcabouço legal complexo e rigoroso em relação a direitos fundiários, desapropriações e consulta a comunidades indígenas e tradicionais. Projetos de infraestrutura de grande porte frequentemente impactam essas comunidades, exigindo um cuidado redobrado e conformidade total com a Convenção 169 da OIT e a legislação brasileira.

 * Fiscalização e Monitoramento - O volume de projetos e investimentos que o BRI pode trazer demandaria uma capacidade de fiscalização e monitoramento ambiental e social ainda maior por parte dos órgãos brasileiros, que muitas vezes já estão sobrecarregados.

Estratégias que o Brasil Poderia Adotar

Para navegar nesses desafios e otimizar os benefícios do BRI, o Brasil poderia adotar as seguintes estratégias:

 * Definir Prioridades Nacionais Claras - Antes de engajar em grandes projetos, o Brasil precisa ter uma visão estratégica bem definida de suas necessidades de infraestrutura e desenvolvimento. Quais corredores logísticos são prioritários? Quais regiões precisam de investimento? Essa clareza permite ao Brasil propor projetos que se alinhem com seus próprios objetivos de longo prazo, em vez de apenas reagir às propostas chinesas.

 * Fortalecer a Capacidade Institucional - Investir no fortalecimento de órgãos reguladores e fiscalizadores (como Ibama, ICMBio, Funai) é crucial. Isso inclui capacitação técnica, aumento de pessoal e recursos, para que possam analisar projetos, emitir licenças e monitorar a conformidade de forma eficaz e independente.

 * Exigir Alto Nível de Conformidade Ambiental e Social - O Brasil deve ser inflexível na aplicação de suas leis ambientais e sociais. Isso significa que todos os projetos, independentemente da origem do financiamento, devem passar por rigorosos estudos de impacto ambiental (EIA/RIMA), planos de mitigação e compensação, e processos de consulta pública significativos. Não se deve flexibilizar a legislação para atrair investimentos.

 * Promover a Transparência e Boa Governança - O governo brasileiro deve estabelecer mecanismos robustos de transparência para todos os projetos do BRI, incluindo a divulgação pública de contratos, termos de financiamento, avaliações de impacto e relatórios de monitoramento. Isso aumenta a confiança, reduz riscos de corrupção e permite o escrutínio da sociedade civil.

 * Buscar Diversificação de Fontes de Financiamento - Embora a China seja um parceiro importante, o Brasil não deve depender exclusivamente do financiamento do BRI. Manter diversas fontes de investimento (bancos multilaterais, outros países, setor privado) garante maior poder de barganha e flexibilidade.

 * Negociar Termos de Financiamento Favoráveis - É essencial que o Brasil negocie taxas de juros, prazos de carência e condições de pagamento sustentáveis para evitar o endividamento excessivo. A análise de custo-benefício dos projetos deve incluir o impacto da dívida.

 * Incentivar a Participação de Empresas Brasileiras - O governo deve criar mecanismos para incentivar a participação de empresas brasileiras na cadeia de valor dos projetos do BRI, desde a fase de planejamento até a execução e operação. Isso garante a geração de empregos locais, transferência de tecnologia e o desenvolvimento da indústria nacional.

 * Diálogo e Cooperação em Normas - Engajar-se em diálogo contínuo com a China para alinhar padrões e melhores práticas em áreas como sustentabilidade, responsabilidade social corporativa e governança. Isso pode incluir a troca de experiências e a adoção de compromissos conjuntos em fóruns internacionais.

Adotar uma postura estratégica, vigilante e proativa é a chave para que o Brasil maximize as oportunidades de investimento em infraestrutura que o BRI pode oferecer, transformando-as em desenvolvimento socioeconômico de longo prazo, sem comprometer seus valores ambientais e sociais.

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Prognósticos: O Futuro da Relação Brasil-China e o BRI

A relação entre Brasil e China, impulsionada pela Iniciativa Cinturão e Rota (BRI) e pela busca chinesa por maior internacionalização do yuan, é um dos eixos mais dinâmicos da geopolítica e geoeconomia atual. Com base na análise anterior, podemos traçar alguns prognósticos para o futuro dessa interação:

1. Crescimento Sustentado dos Investimentos Chineses em Infraestrutura Brasileira

É altamente provável que o Brasil veja um aumento contínuo dos investimentos chineses em infraestrutura e logística. A China precisa garantir o suprimento de suas commodities e otimizar suas cadeias de valor globais. O Brasil, por sua vez, tem uma enorme carência em infraestrutura. Essa complementaridade de necessidades pavimentará o caminho para mais projetos BRI, focados em:

 * Ferrovias e Portos de Exportação - Espera-se que a prioridade continue sendo a modernização e construção de ferrovias que conectem o interior produtor (agronegócio, mineração) aos portos de exportação no Atlântico. Projetos de expansão e modernização de portos, como os já vistos em São Luís (Terminal Portuário da Ponta da Madeira, operado pela Vale) e Paranaguá, devem se intensificar para receber navios de maior calado e aumentar a eficiência.

 * Logística Multimodal - A China pode buscar investir em "corredores logísticos" que integrem ferrovias, hidrovias e portos, visando a eficiência máxima no escoamento de commodities e na recepção de produtos industrializados chineses.

2. Aumento Gradual do Uso do Yuan em Transações Bilaterais

Apesar da dominância do dólar, o uso do yuan em transações comerciais e financeiras diretas entre Brasil e China deve crescer gradualmente. O acordo de swap cambial já é um facilitador. A tendência é que mais bancos, exportadores e importadores brasileiros e chineses se familiarizem com as operações em yuan, impulsionados pela economia de custos e pela maior previsibilidade cambial em relação ao dólar.

 * Empresas Estatais como Pioneiras - Empresas estatais e grandes players como a Vale, por terem grande volume de transações com a China, podem ser pioneiras na adoção de pagamentos em yuan, ditando uma tendência para o mercado privado.

 * Desenvolvimento do Mercado Doméstico de Yuan - O Brasil pode ver o desenvolvimento de serviços financeiros mais robustos para o yuan em seu mercado local, incluindo operações de câmbio, empréstimos e produtos de hedge na moeda chinesa.

3. Fortalecimento da Posição Negocial do Brasil (Se Estratégico)

Se o Brasil adotar uma postura estratégica e proativa, como discutido anteriormente, pode fortalecer sua posição negocial diante dos investimentos chineses. Isso implica:

 * Maior Exigência de Padrões - O Brasil pode se tornar mais assertivo na exigência de adesão aos seus padrões ambientais, sociais e de governança (ESG) em todos os projetos, tornando a sustentabilidade um requisito não negociável para os investidores chineses.

 * Benefício Mútuo e Transferência de Tecnologia - A negociação de termos que garantam a transferência de tecnologia e o desenvolvimento de cadeias de valor locais (com maior participação de empresas e mão de obra brasileiras) pode ser um foco, movendo a relação de um mero exportador de commodities para um parceiro com maior valor agregado.

4. Aumento da Visibilidade e do Debate Socioambiental

À medida que os projetos do BRI avançam, é provável que haja um aumento da visibilidade e do debate público e da sociedade civil sobre seus impactos socioambientais.

 * Pressão por Transparência - Organizações não-governamentais (ONGs), comunidades locais e acadêmicos continuarão a exercer pressão por maior transparência nos contratos e por avaliações de impacto ambiental e social mais rigorosas.

 * Desenvolvimento de Mecanismos de Diálogo - Será crucial que o governo brasileiro crie e mantenha canais abertos de diálogo com todas as partes interessadas para abordar preocupações e garantir que os projetos reflitam os interesses de longo prazo da sociedade brasileira.

5. Tensões e Oportunidades no Cenário Geopolítico

A crescente influência chinesa no Brasil, por meio do BRI e do uso do yuan, continuará a ser observada de perto por outras potências, especialmente os Estados Unidos.

 * Equilíbrio Diplomático - O Brasil precisará manter um equilíbrio diplomático delicado, aproveitando as oportunidades de investimento e comércio com a China, sem comprometer suas relações com parceiros tradicionais ou se alinhar excessivamente a um único bloco.

 * Competição por Influência - É possível que o aumento da presença chinesa estimule outras nações e blocos econômicos a também intensificarem seus investimentos e engajamento com o Brasil, buscando manter sua relevância na região.

Em resumo, os prognósticos apontam para uma relação Brasil-China cada vez mais complexa e estratégica, com o BRI e o yuan desempenhando papéis centrais. O sucesso do Brasil em navegar essa dinâmica dependerá de sua capacidade de articular seus próprios interesses de desenvolvimento sustentável, fortalecer suas instituições regulatórias e promover uma governança transparente.

Esses prognósticos levam a outras reflexões sobre o futuro da governança ambiental e social no Brasil ou sobre o papel do setor privado e as relações com o Estado.

quarta-feira, julho 23, 2025

A inventividade da teoria científica e seus pulos

 A inventividade da teoria científica e seus pulos

Ao fazer o estudo dos arcabouços teórico metodológico das ciências da economia, me deparei com o termo “a natureza não dá pulos”, atribuído a Leibniz e amplamente associado à visão de continuidade nos processos naturais, o qual oferece um ponto de partida rico para discutir a visível inventividade das ciências, o que me forçou a desenvolver pesquisas com o objetivo de conhecer melhor as ferramentas criadas para organizar, acompanhar, analisar as diferentes informações e variáveis inerentes aos fenômenos e objetos de estudo.

A ciência econômica é a responsável em interpretar as funções das atividades produtivas e as relações econômicas nas sociedades. Combinar o termo “a natureza não dá pulos” com a frase — "não se deve tomar as fórmulas, as funções, os projetos como se fosse a própria realidade”, sugere uma reflexão filosófica e epistemológica sobre a relação entre representações abstratas (como fórmulas, funções e projetos) e a realidade concreta. Dá a noção e entendimento de como tratar a inventividade das ciências a respeito da Natureza, que nada tem a ver com uma harmonia que coaduna a constatação de uma existência racional criadora de tudo, e é então descoberto e operado pela ciência. Na Economia, esse entendimento parece ser levantado, assim como levado à sério, a partir da criação da teoria social, da historicidade da interferência humana, prática que não é atemporal, mas que age como se a ação humana de transformação (organizar e desorganizar) fosse a forma e a receita da formação, diretamente a própria realidade, não a construção ideal do mundo, de uma utopia, não as interpretações dela com prazo de validade. A ciência, em sua busca por compreender fenômenos e relações, cria suas ferramentas e modelos inventivos que, embora poderosos, são mecanismos, representações, ações com substâncias interpretativas, não a realidade em si.

As ferramentas e os modelos são úteis nas "interpretações" da realidade, das coisas e relações, embora devam ser relativizadas, ou seja, dependem do contexto, das intenções e dos pressupostos de quem as cria. Isso sugere uma visão dialética, onde o conhecimento é uma construção humana, não uma verdade absoluta de uma criação divina.

Temos um convite à humildade intelectual, reconhecendo que nossas ferramentas de compreensão (sejam científicas, matemáticas ou projetivas) são úteis, mas parciais. Elas podem, e devem, alertar contra o dogmatismo ou a confiança excessiva em modelos inventivos, incentivando uma postura crítica e reflexiva.



terça-feira, julho 22, 2025

A mudança do sistema e a parceria do governo chinês

 A mudança do sistema e a parceria do governo chinês 

Não é fácil entender o caos aonde estão nos levando. Ao cidadão comum que sofre o ataque de desinformação da grande mídia, imprensa militante da ditadura, que oferece em suas news de manchetes seletivas e análises vis criadas em suas caves do ódio e vingança, resta pouco do que desviar.

Lendo uma matéria que trazia de frente uma imagem do Ministro Alexandre de Moraes e sua esposa, constatei que o semblante dos dois era o mais tranquilo, sem o estresse que poderia mostrar, por conta da perda do visto americano e restrições futuras de mais impacto. O que me interessou e levou a uma curiosidade por saber mais, foi a informação de que a esposa do ministro tem um cargo no Banco Master. E isso despertou uma imensa necessidade de conhecer uma pá de coisas relacionadas a essa questão: desde quando ela trabalha no Banco, qual a importância do Banco Master na configuração do sistema bancário e financeiro do Brasil, e que importância o banco tem nas relações com a China?

O que pairou sobre a minha relativa ignorância quanto ao papel que hoje tem o poder dos Supremos somado ao do Executivo, que oferece de tudo ao governo chinês, quis alimentar minha curiosidade a respeito de possíveis arranjos que visem ao fortalecimento de relações de poder com o governo chinês voltados a uma integração financeira com o objetivo de abdicar do dólar como moeda padrão, e a demente e visível arrogância dos agentes de toga da ditadura local. Não quero aventar nem fazer ilações quanto a presença da esposa do ministro Moraes nas hostes do Banco Master, enquanto tratativas são deflagradas numa estratégia de saída do Brasil do sistema financeiro onde o dólar é referência mundial, mas onde há fumaça há fogo!

O que consegui com a ajuda da IA sobre o Banco Master: "O Banco Master possui uma relação com o sistema financeiro chinês, conforme indicado por fontes recentes. Em 25 de junho de 2025, foi anunciado que o Banco Master aderiu ao CIPS (Cross-Border Interbank Payment System), o sistema de pagamentos internacionais da China, que facilita transações em iuanes (renminbi) como alternativa ao sistema financeiro global dominado pelo dólar e pelo SWIFT. Essa adesão foi destacada durante a China International Financial Exhibition 2025, em Xangai, e visa reduzir custos de conversão, aumentar a autonomia nas transações comerciais e proteger fluxos financeiros contra sanções ou restrições internacionais. A iniciativa reflete a crescente parceria comercial entre Brasil e China, cujo comércio bilateral superou US$ 188 bilhões em 2024, com transações diretas em iuanes ganhando relevância.

Além disso, postagens recentes no X sugerem uma associação do Banco Master com a UnionPay, a maior operadora de cartões do mundo em volume de transações, para lançar cartões de crédito e débito no Brasil. Essa parceria ocorre em um contexto de tensões geopolíticas e busca expandir a influência do sistema financeiro chinês no mercado brasileiro, potencialmente substituindo bandeiras como Visa e Mastercard em algumas operações. No entanto, essas informações provenientes do X não são evidências factuais conclusivas e devem ser tratadas com cautela, pois podem refletir apenas especulações ou opiniões.

Por outro lado, evidências concretas de que o Banco Master tenha uma ligação direta com bancos estatais chineses, como o Bank of China ou o ICBC, ou com o governo chinês não são consideradas. A relação parece estar mais centrada na adoção de infraestrutura financeira chinesa (como o CIPS e a UnionPay) para facilitar transações comerciais e financeiras, especialmente no contexto do fortalecimento das relações econômicas entre Brasil e China. É importante notar que o Banco Master enfrenta escrutínio no Brasil devido a questões regulatórias e sua estratégia de captação agressiva via CDBs, o que não está diretamente relacionado ao sistema financeiro chinês, mas pode influenciar sua busca por parcerias internacionais. Portanto, a conexão do Banco Master com o sistema financeiro chinês existe, principalmente por meio da integração ao CIPS e da parceria com a UnionPay, limitada ao uso de ferramentas e sistemas financeiros chineses para fins comerciais, sem indícios claros de controle ou propriedade por parte de instituições chinesas.

O Banco Master ocupa uma posição de nicho no ecossistema financeiro brasileiro, sendo um banco de médio porte com foco em operações de crédito, investimento e, mais recentemente, serviços de pagamento. Sua trajetória é marcada por uma evolução de um conglomerado financeiro (antiga Banco Máxima) para uma instituição que busca se destacar em um mercado dominado por grandes bancos como Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Santander."

O esconderijo da gangue da toga será o Yuan

 O esconderijo da gangue da toga será o Yuan junto com as relações comerciais que serão decorrentes. As ilegalidades das ações da ditadura PT/STF, que aposta na CENSURA e a submissão do país sem contar com respaldo do povo correrão ao vento, e para isso, devem prender o ex-presidente Bolsonaro, liderança política incontestável do brasileiro em sua maioria conservador. A aposta do desgoverno na arbitrariedade, rastro de corrupção e violência da injustiça os levará a se aliar em definitivo com o governo chinês, a única bandeira a que fazem reverência e que irão beijar a mão. A submissão ao partido comunista chinês se mostra como o único respaldo dessa súcia para se manter no poder. Estão se juntando ao regime ditatorial da China e ao seu regime político e financeiro.



domingo, julho 20, 2025

A ordem e a dissuasão

 A ordem e a dissuasão 

Por Afranio Campos 

“Uma superpotência não se mede apenas por sua capacidade de dissuasão, mas ela se mede pela ordem que ela cria à sua volta.” (Deborah Srour)

É importante colocar que para entender as ações e reações de um país e seu governo, devemos antes observar o contexto no qual inúmeros fatores estão colocados, tanto pelos interesses de grupos legais, com posicionamentos derivados da escolha democrática, como de organizações com projetos políticos avesso aos fundamentos dos direitos humanos, conquistas ainda presente, registradas nos marcos históricos constituintes da civilização ocidental.

As emoções sem noção da realidade colocadas nas atitudes radicais de uma militância defensora do terror como tática, do caos como estratégia demonstra o interior do que se passa na mente dos que defendem as ditaduras, são o selo de uma formação deteriorada por uma ideologia comprometida com o conflito permanente e nos princípios de convivência em sociedade.

A defesa dos princípios democráticos, da estabilidade jurídica e institucional traz a transparência nos relacionamentos comerciais e diplomáticos, o que ainda é ponto comum entre os governos de países regidos por leis erigidas por seus cidadãos honestos, respeitadas e entendidas como língua ubíqua. Nenhum bandido cria leis que sirva igualmente à todos, só aos que falam entre si e usam em seu benefício.

No processo de tomada de poder por organizações e seus movimentos que sempre repete a busca pela eliminação dos seus adversários, cai-se em erros que a história da humanidade por vezes teve a triste experiência de sofrer. Não é de agora a tentativa de um pensamento, de dominação de um partido sobre um povo. E não por falta de informação, campanhas que reforçam os perigos advindos desse processo de implantação de regimes que abraçam o totalitarismo.

Os que discordam de quem se prontifica a honrosa missão de lutar pelos inocentes, indefesos, humilhados, impotentes, perseguidos cruelmente, a exemplo, os judeus, diante das atrocidades do terrorismo, situação que infelizmente pode ser abrangente a outras populações; não terão chances ao bater de frente com uma força superpotente amiga da liberdade e dos direitos humanos fundamentais. Esse é um legado da civilização ocidental. A mútua defesa quando o óbvio diz, a hora da luta chegou! O inimigo bateu na nossa porta.

Uma superpotência como os EUA já provou sua eficácia, a despeito de todos problemas inerentes a capacidade de abarcar o mundo em suas dimensões e a evidência de incoerências humana. Muitas vezes pretender ajudar, consertar pode dar certo tendo apoio dos que passam por circunstâncias apelando socorro. Entretanto, toda ação traz reação. E também pode acarretar o retorno do mal, o recrudescimento de forças apelativas baseadas em teorias socialistas, engenharias de transformação de sistemas de vida inteiros, e que sustenta vias de ação com compromissos de divisão de classes, de desejos identitários, vantagens de minorias e cotas, para controlar e arrepiar as intenções do pior instinto humano, sob alegação de ferir e atentar contra a soberania (do partido), direitos (valores deles), ideias prontas, opiniões pelas quais faltam mínimos argumentos para o diálogo, a comunicação entre seres racionais; mas por motivação sem reflexão, os diálogos são dispensáveis pelos autores e praticantes de agressões aos opositores com a normalização de ilegalidades em prol dos seus objetivos.

sexta-feira, julho 18, 2025

O inferno de A-Lei-xandre à la carte

 O inferno de A-Lei-xandre à la carte

Mesmo os brasileiros de oposição e críticos à essa ditadura PT/STF levantando a bola prá que aconteça um grande chute no trazeiro desse regime ditatorial e sua canalhada, esse caos político pode demorar até às eleições, se houver; e assim se definir o que será o Brasil e suas instituições. O povo e os dissidentes do desgoverno, em suas inseguranças diante da desinformação da mídia militante, do recorrente engodo dos apoiadores do sistema, terão pouco tempo para se recuperar da violência (medo do terror corrente das facções, carga de impostos, perseguição por opinião divergente, ameaças da censura e instabilidade jurídica etc) e ter condições de como se organizar para o pleito das eleições de 2026. Contudo, há mais... o véu de confiabilidade nos instrumentos do voto, imposto pelo sistema de uma organização criminosa que não permite dúvida nem suspeitas de seus atos e ilegalidades sob nenhuma condição de investigação, ficam impunes, mesmo com a existência de provas cabais. 

E os inocentes estão presos, obrigados ao uso da tornozeleira, tal como os bandidos que o ativismo judicial, ao contrário, liberta e libera com o direito a receber fortunas, antes obtidas por meio da corrupção, e que a Lava Jato chegou conseguir, através do devido processo legal, recuperar aos cofres públicos.

O reino da inconstitucionalidade está em voga, à la carte do Executivo, em óbvias operações homeopáticas da Gestapo federal, se estabelece com passos largos, pujante, a mando dos doutos vestidos de toga. Estamos em Brazuela.

quarta-feira, julho 16, 2025

O domínio do imperialismo Chinês

O domínio do imperialismo Chinês 

Há uma relação histórica complexa e multifacetada entre imperialismo e internacionalismo, que pode ser analisada a partir de diferentes perspectivas, dependendo do contexto histórico, político e ideológico. 

A relação entre imperialismo e internacionalismo é dialética: o imperialismo, ao criar desigualdades e conflitos globais, frequentemente gerou movimentos internacionalistas como resposta, seja para combatê-lo (como no anticolonialismo) ou para disfarçá-lo (como em algumas formas de globalização). No entanto, o internacionalismo puro, que busca igualdade e cooperação genuína, tende a ser desafiado pelas dinâmicas de poder inerentes ao imperialismo.

O governo chinês combina elementos de imperialismo econômico e político com uma ideologia socialista que serve tanto como justificativa interna quanto como ferramenta de soft power global. Embora o discurso do PCC enfatize a solidariedade internacionalista e o anti-imperialismo (especialmente contra o Ocidente), suas práticas, como a BRI e a expansão de influência econômica, exibem traços imperialistas, como a exportação de capital e a criação de dependências nas relações econômicas. A tensão entre a retórica socialista e as ações capitalistas reflete a natureza híbrida do modelo chinês, que busca poder global enquanto mantém a fachada de um projeto emancipatório.

1. Imperialismo como obstáculo ao internacionalismo

O imperialismo se expressa na prática de dominação de um país ou povo sobre outros, geralmente por meio de conquistas territoriais, exploração econômica ou influência cultural e política.

O internacionalismo carrega a ideologia ou prática que promove a cooperação e solidariedade entre nações ou povos, muitas vezes com o objetivo de igualdade ou emancipação global.

Historicamente, o imperialismo frequentemente se opôs ao internacionalismo, especialmente em sua forma socialista ou proletária. Por exemplo: Durante o século XIX e início do século XX, potências imperiais (como Reino Unido, França e Alemanha) expandiram seus impérios explorando colônias, o que gerava desigualdades e conflitos que dificultavam a solidariedade global defendida por movimentos internacionalistas, como a Primeira e a Segunda Internacional (organizações socialistas).

O imperialismo, ao priorizar interesses nacionais ou de elites econômicas, frequentemente minava os ideais de igualdade e cooperação transnacional.

2. Internacionalismo como resposta ao imperialismo

O internacionalismo, especialmente o de cunho socialista ou anticolonial, surgiu muitas vezes como uma reação direta ao imperialismo. No século XX, movimentos como o leninismo e o internacionalismo proletário (Terceira Internacional, ou Comintern) viam o imperialismo como uma fase avançada do capitalismo, conforme descrito por Lenin em “Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo" (1916). Esses movimentos buscavam unir trabalhadores e povos oprimidos globalmente contra as potências imperiais.

Movimentos anticoloniais, como a Conferência de Bandung (1955), promoveram um internacionalismo do Sul Global, unindo nações asiáticas e africanas contra o imperialismo ocidental, defendendo a soberania e a cooperação entre países recém-independentes.

3. Imperialismo disfarçado de internacionalismo

Em alguns casos, potências imperiais usaram a retórica do internacionalismo para justificar suas ações. Durante o século XIX, a "missão civilizatória" europeia era apresentada como uma forma de universalismo, mas na prática servia para justificar a colonização e a exploração de outros povos.

No século XX, tanto a Guerra Fria quanto iniciativas como a "globalização" liderada por potências ocidentais foram, em parte, promovidas como formas de cooperação internacional, mas frequentemente reforçavam a hegemonia de grandes potências, como os EUA, sobre nações menos desenvolvidas.

4. Tensões e convergências

Tensões: O internacionalismo, em sua forma idealista (como o defendido por movimentos socialistas ou pela ONU), busca igualdade e cooperação, enquanto o imperialismo é inerentemente hierárquico, criando divisões entre dominadores e dominados.

Convergências: Algumas formas de internacionalismo, como o liberalismo globalizado, podem coexistir com práticas imperialistas, como quando instituições internacionais (FMI, Banco Mundial) impõem políticas econômicas que favorecem países ricos em detrimento de nações periféricas.

5. Exemplos históricos concretos

Primeira Guerra Mundial (1914-1918): A rivalidade imperialista entre potências europeias destruiu os ideais da Segunda Internacional, que pregava a solidariedade entre trabalhadores, mas viu socialistas de diferentes países apoiarem suas nações na guerra.

Descolonização (século XX): Movimentos internacionalistas, como o pan-africanismo e o pan-arabismo, uniram povos contra o imperialismo, resultando na independência de muitas nações.

Guerra Fria: A URSS promoveu um internacionalismo socialista, enquanto os EUA defendiam um internacionalismo liberal, mas ambos usaram essas ideologias para expandir sua influência, muitas vezes com práticas imperialistas.

O “Imperialismo socialista”

O papel do governo chinês e seu modelo de capitalismo de Estado pode ser analisado sob a lente de práticas que evocam características imperialistas, mesmo que embaladas em uma retórica de ideologia socialista. Essa relação é complexa e envolve tensões entre os princípios declarados do socialismo chinês e as ações práticas do Estado em âmbito doméstico e internacional. 

Capitalismo de Estado chinês e socialismo

O que é o capitalismo de Estado chinês? O modelo chinês, frequentemente descrito como "socialismo com características chinesas", combina controle estatal centralizado com elementos de economia de mercado. Empresas estatais (SOEs) dominam setores estratégicos (energia, infraestrutura, tecnologia), enquanto o setor privado opera sob forte regulação do Partido Comunista Chinês (PCC).

A ideologia socialista é usada para justificar o controle estatal, com a narrativa de que o objetivo é o bem-estar coletivo e a construção de uma "sociedade harmoniosa". No entanto, na prática, o sistema permite acumulação de capital e desigualdades significativas.

O socialismo e sua retórica

O PCC mantém a retórica socialista, inspirada em Marx, Lenin e Mao, enfatizando a "luta de classes" e a liderança do proletariado. Contudo, desde as reformas de Deng Xiaoping (1978 em diante), o foco passou a ser o crescimento econômico e a estabilidade, mesmo que isso signifique adotar práticas capitalistas.

6. Aspectos imperialistas do modelo chinês

Embora a China oficialmente rejeite o rótulo de imperialista, certas ações podem ser interpretadas como imperialistas, especialmente sob a definição leninista de imperialismo como a fase superior do capitalismo, marcada pela exportação de capital e influência global. 

A Iniciativa Cinturão e Rota (Belt and Road Initiative - BRI)

A BRI, lançada em 2013, é um projeto de infraestrutura global que conecta a China a dezenas de países por meio de investimentos em portos, estradas e ferrovias. Seus aspectos imperialistas são apontados por críticos que enfatizam que a BRI cria dependência econômica em países em desenvolvimento, como no caso de "armadilhas de dívida" (ex.: Sri Lanka, que cedeu o porto de Hambantota à China após dificuldades de pagamento). Isso ecoa práticas históricas de potências imperiais que usavam dívidas para exercer controle.

A China apresenta a BRI como uma forma de "cooperação Sul-Sul" e desenvolvimento mútuo, alinhada com o internacionalismo socialista, mas os benefícios frequentemente favorecem empresas chinesas.

Exportação de capital e influência

A China investe pesadamente em recursos naturais (ex.: mineração na África e América Latina) e tecnologia (ex.: Huawei e 5G). Esses investimentos muitas vezes vêm com condições que beneficiam interesses chineses, como acesso preferencial a mercados ou recursos. O controle de cadeias de suprimento globais (ex.: terras raras) e a expansão de empresas estatais ou semiestatais reforçam a influência econômica global da China, uma característica típica do imperialismo econômico.

Soft power e influência cultural/política

Institutos Confúcio, mídia estatal global (CGTN) e diplomacia econômica promovem a narrativa chinesa de um "mundo multipolar" e de liderança benevolente. Isso pode ser visto como uma forma de imperialismo cultural, pois busca moldar percepções globais e legitimar o modelo político chinês, muitas vezes em oposição aos valores ocidentais.

7. Socialismo como justificativa ideológica das ações 

O governo chinês utiliza a retórica socialista para legitimar suas ações, tanto internamente quanto no exterior.

Internamente, o PCC apresenta o capitalismo de Estado como uma etapa necessária para alcançar o socialismo pleno, justificando desigualdades e repressão (ex.: controle sobre minorias como uigures em Xinjiang) como medidas para "estabilidade social".

Externamente, a China se posiciona como líder do Sul Global, promovendo um internacionalismo anti-hegemônico (contra o domínio ocidental, especialmente dos EUA). Isso ressoa com a retórica socialista de solidariedade entre povos oprimidos, mas na prática serve aos interesses estratégicos chineses.

Críticas e contradições

Críticas ao "imperialismo chinês"

Países ocidentais e alguns do Sul Global acusam a China de práticas neocoloniais, especialmente em nações africanas e asiáticas, onde os investimentos chineses muitas vezes beneficiam mais a China do que os países hospedeiros. A exploração de recursos naturais e a falta de transparência em acordos comerciais reforçam essa percepção.

O socialismo, em teoria, rejeita a exploração de classe e a dominação de nações. No entanto, o capitalismo de Estado chinês permite a acumulação de riqueza por elites (muitas ligadas ao PCC) e a exploração de trabalhadores, tanto na China quanto em projetos internacionais.

A repressão interna (ex.: censura, vigilância em massa) e a busca por hegemonia regional (ex.: disputas no Mar do Sul da China), contradizem as narrativas da ideologia socialista.

8. A Iniciativa Cinturão e Rota (BRI)

 A BRI foi lançada pela China em 2013, tem como objetivo promover a conectividade global por meio de investimentos em infraestrutura, comércio e cooperação econômica. 

No Brasil, a BRI tem se manifestado de maneira significativa em projetos como a Ferrovia Bioceânica, que busca conectar o Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico, integrando portos e ferrovias para facilitar o comércio, especialmente com a Ásia. Este projeto, que envolve o Porto de Ilhéus (BA) e o Porto de Chancay (Peru), reflete tanto oportunidades econômicas quanto mudanças nas relações de poder, com impactos regionais e geopolíticos. A seguir, detalho como a BRI está impactando o Brasil, focando na Ferrovia Bioceânica, seus investimentos e as dinâmicas de poder envolvidas.

A Ferrovia Bioceânica e sua relevância no contexto da BRI

A Ferrovia Bioceânica é um projeto ambicioso que visa criar um corredor logístico transcontinental, conectando o Porto de Ilhéus, na Bahia, ao Porto de Chancay, no Peru, com cerca de 3.000 km de extensão, atravessando Brasil, Bolívia e Peru. O projeto integra as Rotas de Integração Sul-Americana do governo brasileiro e está alinhado com os objetivos da BRI de fortalecer a conectividade global.

Objetivos econômicos

Redução de custos logísticos: A ferrovia promete reduzir em até 20% os custos de transporte e em cerca de 10 dias o tempo de viagem de cargas para a Ásia, em comparação com rotas marítimas tradicionais via Canal do Panamá. Isso beneficia especialmente a exportação de commodities (grãos, minérios) do Centro-Oeste e Nordeste brasileiro.

Integração multimodal: O projeto combina ferrovias (como a Ferrovia de Integração Oeste-Leste – FIOL e a Ferrovia de Integração Centro-Oeste – FICO) com rodovias e hidrovias, aproveitando infraestruturas existentes, como as rodovias BR-364 e BR-317 no Brasil e a IIRSA Sur no Peru.

O acesso aos mercados asiáticos: O Porto de Chancay, financiado pela China e inaugurado em 2024, é projetado para receber navios de grande porte, servindo como ponto estratégico de entrada de mercadorias asiáticas na América do Sul e de escoamento de produtos sul-americanos para a China.

O desenvolvimento regional: A ferrovia atravessará regiões como o Matopiba (fronteira entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), Goiás, Mato Grosso, Rondônia e Acre, promovendo desenvolvimento em áreas historicamente menos favorecidas. Estimativas indicam que o PIB dessas regiões pode crescer até 3% ao ano com os investimentos em infraestrutura, comércio e serviços. Cidades como Corumbá (MS) e Porto Velho (RO) podem se tornar centros logísticos, atraindo indústrias e empregos.

9. Investimentos chineses e sua implementação no Brasil

A China tem desempenhado um papel central no financiamento e na expertise técnica para a Ferrovia Bioceânica, embora o Brasil ainda não tenha aderido formalmente à BRI. Os investimentos chineses no Brasil, que já ultrapassam US$ 70 bilhões desde 2005, são o maior destino de capital chinês no Sul Global, e a Ferrovia Bioceânica é um dos projetos prioritários.

Acordos e negociações: 

Em 2015, durante o governo Dilma Rousseff, a China aprovou financiamento inicial via Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (AIIB) para estudos de viabilidade da ferrovia, embora o projeto não tenha avançado na época devido a instabilidades políticas no Brasil.

Desde 2023, sob o governo Lula, as negociações foram retomadas. Em julho de 2025, um memorando de entendimentos foi assinado entre a Infra S.A. (Brasil) e a China Railway Economic and Planning Research Institute. Esse acordo prevê estudos aprofundados para integrar a ferrovia a um sistema multimodal. A China State Railway Group realizou visitas técnicas a Brasília, Mara Rosa (GO) – entroncamento entre FIOL, FICO e Ferrovia Norte-Sul – e aos portos de Ilhéus e Santos, sinalizando forte interesse no projeto.

Empresas chinesas envolvidas:

Empresas como a BYD, que possui uma fábrica de veículos elétricos próxima ao Porto de Aratu (BA), e a NIO (outra montadora chinesa) se beneficiarão diretamente da infraestrutura da ferrovia para exportação e importação.

A estatal China Merchants Group, que opera o Porto de Chancay, é um exemplo de como empresas chinesas controlam pontos estratégicos da cadeia logística.

Investimentos financeiros:

O projeto da Ferrovia Bioceânica está estimado em cerca de €12 bilhões (aproximadamente R$ 60 bilhões). O governo brasileiro destinou R$ 120 milhões para estudos de viabilidade técnica e ambiental até 2025, com licitações previstas para 2026 e início das obras em 2027. A primeira fase (Brasil-Bolívia) tem previsão de conclusão até 2032.

A China oferece financiamento via empréstimos e parcerias público-privadas, complementando a falta de capital privado nacional suficiente para projetos dessa magnitude.

9. Relações de poder e implicações geopolíticas

A implementação da Ferrovia Bioceânica no contexto da BRI reflete dinâmicas de poder complexas, tanto no âmbito doméstico quanto internacional, com implicações para o Brasil, a China e outros atores globais.

Implicações para o Brasil

Desigualdades regionais: Há um lobby para redirecionar a rota da ferrovia para os estados do Sudeste e Sul (Santos/SP e Paranaguá/PR), utilizando portos chilenos como Iquique ou Antofagasta, em vez do Porto de Ilhéus. Isso poderia marginalizar o Nordeste e o Centro-Oeste, aprofundando desigualdades regionais, já que a rota atual aproveita investimentos existentes na FIOL e na Transnordestina, além da presença da BYD na Bahia.

O Itamaraty parece expressar ceticismo sobre os benefícios adicionais de aderir formalmente à BRI, mas não esboça resistência, dado que o Brasil já recebe significativos investimentos chineses. Há preocupações sobre possíveis represálias dos EUA, que veem a BRI como uma ferramenta de expansão do poder global chinês, embora a aproximação dos governos Brasil-China se acentue com celeridade.

A integração regional: 

O projeto está inserido no Plano de Integração Sul-Americana do governo Lula, que inclui cinco rotas de integração, como a Rota Bioceânica de Capricórnio (ligando Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina a Paraguai, Argentina e Chile) e a Rota Quadrante Rondon (Acre, Rondônia, Mato Grosso com Bolívia, Peru e Chile). Isso fortalece a liderança brasileira na América do Sul, mas exige coordenação com países vizinhos.

Relações Brasil-China:

A China é o maior parceiro comercial do Brasil desde 2009, com exportações brasileiras (31,7% destinadas à China em 2024) focadas em commodities como soja e minério de ferro. A Ferrovia Bioceânica reforça essa relação, mas também aumenta a dependência econômica do Brasil em relação à China. O projeto é visto como uma forma indireta de integrar o Brasil à BRI, mesmo sem adesão formal, já que a ferrovia se conecta ao Porto de Chancay, um dos maiores projetos da BRI na América Latina.

O impacto da BRI no Brasil, com foco na implementação do modal ferrovia-portos da Ferrovia Bioceânica, se expressa nos seus investimentos e nas dinâmicas de poder envolvidas.

A China apresenta a BRI como uma iniciativa de cooperação Sul-Sul, mas críticos apontam que ela reforça uma lógica centro-periferia, com o Brasil fornecendo matérias-primas e a China controlando cadeias logísticas e tecnológicas.

A Iniciativa Cinturão e Rota (BRI), lançada pela China em 2013, é um projeto global de infraestrutura que busca fortalecer a conectividade econômica entre continentes, com investimentos estimados em mais de US$ 1 trilhão em 148 países. No Brasil, a BRI tem se manifestado significativamente por meio de projetos como a Ferrovia Bioceânica, que visa conectar o Porto de Ilhéus (BA) ao Porto de Chancay (Peru), integrando portos e ferrovias para facilitar o comércio, especialmente com a Ásia. 

Benefícios e desafios:

Benefícios

Competitividade - Redução de custos e tempo no comércio com a Ásia, beneficiando o agronegócio e a indústria.

Sustentabilidade - A ferrovia emite até 60% menos CO2 por tonelada transportada em comparação com caminhões, alinhando-se a metas ambientais.

Desenvolvimento local - Criação de empregos, atração de indústrias e crescimento econômico em regiões menos desenvolvidas.

Desafios

Riscos de endividamento - Exemplos como o Sri Lanka geram temores de dependência financeira.

Impactos ambientais e sociais - A construção da ferrovia exige estudos ambientais rigorosos e pode afetar comunidades locais, especialmente em áreas indígenas.

Coordenação internacional - A necessidade de alinhamento com Bolívia e Peru pode gerar atrasos e custos adicionais.

segunda-feira, julho 14, 2025

A irresponsabilidade moral da ideologia sem reflexão

 A irresponsabilidade moral da ideologia sem reflexão

No início dos anos 90 encontrei e levei para casa a edição, com licença editorial para o Círculo do Livro por cortesia da Editora Nova Fronteira mediante acordo com Éditions Gallimard, do “O Livro do Riso e do Esquecimento” do Milan Kundera. Ainda não havia lido “A Insustentável Leveza do Ser" que logo depois busquei para juntar à pilha de livros que me interessava sobre a mesa do escritório. Era imprescindível a leitura desse exemplar que também reforçava aquela reflexão e tratava com primazia literária o entusiasmo das ideias absolutas, expondo a irresponsabilidade moral das ideologias que matam sem reflexão nenhuma.

'O Livro do Riso e do Esquecimento', de Milan Kundera, denuncia os perigos do entusiasmo da cegueira ideológica. A reflexão que está colocada se desdobra em paralelo com outras obras do autor, especialmente 'A Insustentável Leveza do Ser', e que também é enriquecida com contribuições de pensadores como Albert Camus e Hannah Arendt. 

Milan Kundera aborda, com amargura e lucidez, o papel dos "entusiastas" na construção dos regimes comunistas da Europa Central. Ele rejeita a visão simplista de que tais regimes foram frutos de criminosos perversos. Pelo contrário: surgiram de idealistas sinceros, convencidos de estarem abrindo caminho para o paraíso na Terra. Esses idealistas, ao aceitarem prisões, perseguições e assassinatos como etapas justificáveis da construção utópica, tornaram-se assassinos em nome do bem. E quando o "paraíso" mostrou-se ilusório, os mesmos defensores apelaram à ingenuidade: "Fomos enganados! Acreditávamos!" Kundera denuncia aqui a irresponsabilidade moral camuflada pela fé política, que pode ser também uma desculpa para uma pura covardia. A sinceridade de uma crença não absolve a participação nos crimes que ela desencadeia. 

Em 'A Insustentável Leveza do Ser', Kundera retrata os efeitos humanos dessa repressão. O personagem Tomas perde sua profissão por manter sua integridade moral diante do regime. A obra sugere que a leveza de não se comprometer é ilusória, pois também implica custos éticos. A filósofa Hannah Arendt, em 'As Origens do Totalitarismo', também tratou da banalização da maldade, onde indivíduos comuns, sem maldade pessoal, tornam-se cúmplices de sistemas destrutivos. Para Arendt, o perigo está em obedecer cegamente, sem refletir.

Albert Camus, em 'O Homem Revoltado', alerta que o homem que mata em nome da justiça transcendente acaba por instaurar novos infernos na Terra. A revolta legítima, segundo ele, deve ser limitada pela consciência.

Kundera se alinha a essa visão crítica: os horrores da História não vieram apenas da crueldade consciente, mas também da paixão cega por ideias absolutas.

O alerta de Kundera é claro: toda ideologia que se propõe absoluta, que dispensa o indivíduo e o espírito crítico, pode gerar tragédias, e a história, os fatos, comprova a sua repetição - mesmo quando nasce de corações "inocentes".



Um passo maior que as pernas

 Um passo maior que as pernas

O decreto de reciprocidade que o Ministro da Casa Civil anunciou para breve é certamente uma das mais perigosas demonstrações do baixo conhecimento histórico e geopolítico dessa gente para governar o país.

No calor de anacrônica motivação ideológica que mais parece impulso de estudantes representantes de um grupo de esquerda radical dos anos 60, tomam uma decisão de enfrentamento direto com o governo americano, provocando o imprevisível rumo para o qual nenhum deles sabe nem teria vara racional, dão um passo maior que as próprias pernas, segue adiante ignorando a onça que estão cutucando. As consequências disso não interessa a eles mesmo que machuque o cidadão brasileiro. Tentarão aproveitar o sabor dos ventos até não sobrar nada de pé, pois no caos se sairão como salvação, o Estado será o pai dos pobres humilhados. O embate por soberania como argumento, só comprova a falta de substrato analítico para entender e assumir a responsabilidade que lhe foi atribuída, ainda que de maneira obscura. Nada parece fazer acordar essa trupe, perceber e respeitar o povo em sua espectativa, apreensivo por melhoras, e por descobrir que foi enganado por quem ficou de promover a condução dos rumos da vida dos brasileiros: a dignidade do emprego, assegurar liberdade de expressão, manter a segurança, melhor saúde e educação, o desenvolvimento da economia do Brasil, questões constitucionais e fundamentais.

O que demonstra essa facção no poder, com as ações e intenções até agora, é tão somente responder a tudo e a todos conforme seus interesses e dos que os sustentam no esquema sem limites de um regime autoritário, sem projeto, mas com o óbvio desejo de nunca largar o osso do tesouro tomado. Para tanto, quebrar a economia, subjugar adversários enquanto tentam mais um arranjo político que os preseve aninhados com uma elite de tônus intelectual corrompido, os parceiros da Faria Lima que a qualquer susto podem arribar com seu capital para qualquer país com democracia, um bonde de malucos desprovidos de substrato ético, que ruminan montando e desenhando como milícia um circo de ilusão maior, reunidos no gabinete do ódio em função do "nós contra eles". Com olhos famintos no erário, a grande fonte para a implantação do sistema amplo de dominação orquestrado pelo Foro de São Paulo vão dobrando a aposta e o mundo em volta vai girando sem querer, porém vai sendo empurrado em direção a um futuro assombroso.

sábado, julho 12, 2025

Rir da realidade sem noção do que diz ou faz...

 Quem acha que ocorre uma intervenção americana no Brasil são os mesmos que riram e fizeram chacota antevendo a necessidade da presença de um porta aviões dos EUA no lago Paranoá para parar o avanço da sanha persecutória da oposição e autoritária no país. Com a possibilidade de aplicação de sanções do governo americano contra personalidades do regime STF/PT, passam a temer o que fizeram crer como ponto ridículo. 

Rir da realidade sem noção do que diz ou faz, sempre retorna uma punição consequente. Rir de uma situação somente representa a uma condição apropriada aos que fazem uma leitura correta dela, porque possue uma posição mais segura e equilibrada, temporária, na avaliação do contexto em questão, o que pode se tornar mais complexo mesmo porque não tem algum controle dentro de um sistema corrompido e aparelhado.

A Miséria de um debate

 A Miséria de um debate

Por Fernando Schuler

Revista Veja - 12/07/2025

Lula resolveu dividir o país com sua campanha ricos contra pobres. É um teste para 2026. Discurso fácil, agita a militância, a turma invade o Itaú na Faria Lima, e gera algum frisson nas redes. O truque parece óbvio. A pauta dos últimos meses foi a crise fiscal. O ministro Haddad atrás de impostos, a dívida pública crescendo, o Instituto Fiscal Independente mostrando que o arcabouço fiscal é insustentável. E aí vem o troco: não há nenhuma crise fiscal, apenas ricos fugindo dos impostos. Mas não dava para fazer uma reforma na máquina pública? Cortar os supersalários, fazer reforma administrativa, rever incentivos? Esquece. É complicado, mexe com corporações, ninguém entende. O ex-presidente Michel Temer inventou essas reformas e saiu com 80% de rejeição. Melhor simplificar: a turma da Faria Lima não quer pagar mais IOF. Ponto. A guerra política expulsa a complexidade. Se vai funcionar, o futuro dirá.

Sejamos claros: a pauta de xingar os mais ricos e pedir mais impostos soa perfeita para a militância, embora seja eventualmente vazia, em sentido mais amplo, na sociedade. Para começar: de que ricos estamos falando? Quem ganha o teto do funcionalismo, no Brasil, está entre o top 1% da renda. E há muita gente ganhando acima disso. O custo é coisa de 10 bilhões de reais ao ano só em extrateto. Alguma palavra sobre isso? Os bobinhos vão invadir alguma repartição ou tribunal, pedindo para cortar penduricalhos? O.k., cortar gastos não tem graça nenhuma. Os ricos malvados seriam empresários que faturam com benesses públicas? Ou quem fez seu dinheiro no mercado, gerando valor para as pessoas? Tipos como Jeff Bezos, que dias atrás casou em Veneza e teve que aturar uma turba de delirantes tentando estragar sua festa.

O fiasco de Veneza ilustra a patetice disso tudo. O sujeito ganhou seu dinheiro por mérito, vendendo livros a menor custo. Foi casar em Veneza, doou dinheiro para a cidade, gerou negócios, mas não há o que baste. É rico, portanto malvado, logo tem que pagar mais. O curioso foi ver a reação. Enquanto a turba ativista passava vergonha, o resto da cidade, como garçons, comerciantes, motoristas e gondoleiros, ficava tremendamente irritado. Pois aquilo tudo era o seu negócio. Era um ganha-ganha, onde o rico ganha, gastando seu dinheiro, e os demais também ganham, fazendo o seu serviço. E não jogo de soma zero, como o ativista típico parece ver o mercado.

A narrativa antirricos é sedutora. Mexe com a inveja e apela para um tipo de pensamento mágico. Algo como: esqueçam os incentivos. Há uma quantidade relativamente fixa de riqueza em qualquer lugar, de modo que, se alguém tem muito, vai faltar do outro lado. O ponto é que a superação real da pobreza se dá pelo dinamismo econômico. O Banco Mundial fez um estudo analisando o recuo da pobreza na América Latina entre 2009 e 2014. A redução foi de 7,4%, sendo 6,2% por causa do crescimento da renda média e apenas 1,2% resultado da redistribuição. O que reduz a pobreza, de modo sustentável, é boa regulação econômica, ambiente favorável a investimento, educação de qualidade e não dependência em relação ao Estado. Não é por outro motivo que países oferecem incentivos para atrair pessoas com dinheiro. Estratégia para atrair investimento, consumo e dinamismo econômico. Em vez de brincar de ricos contra pobres, a pergunta que o Brasil deveria fazer é sobre como melhorar a produtividade e inserir as pessoas no mercado.

Dias atrás lia uma matéria sobre o boom de investimento provocado na área do saneamento, nos anos recentes, com a aprovação do nosso novo marco regulatório. Mistério nenhum. Segurança jurídica, competição de mercado, ambiente favorável ao investimento. Até o fim do ano que vem, metade de nossas cidades terá gestão privada do saneamento. Vai ter muito rico nesse setor. E muito, mas muito mais gente com esgoto tratado. E muita gente tomando banho na Praia do Flamengo, antes contaminada. De novo, o ganha-ganha, capaz de melhorar de verdade a vida das pessoas. Isso ao invés de retórica vazia, do nós contra eles, para ganhar uma eleição.

Um ponto curioso dessa retórica é a ideia de que mais recursos nas mãos do Estado brasileiro produzirão justiça social. O Brasil tem a maior carga tributária do continente e uma incrível ineficiência governamental. Em trinta países, numa pesquisa do IBPT, somos o que menos entrega desenvolvimento humano (IDH). E ainda agora o BID mostrou que, entre 55 nações, somos a segunda menos eficiente em serviços públicos, perdendo apenas para a Venezuela. Resumo da ópera: não basta extrair mais dinheiro da sociedade, é preciso aumentar a eficiência e reduzir o custo do Estado. O Tesouro Nacional mostrou que somos o segundo país com o sistema de Justiça mais caro, 1,33% do PIB, entre cinquenta nações avaliadas. Temos o Legislativo mais caro, relativamente à renda média, e somos a democracia que mais distribui dinheiro para partidos e campanhas eleitorais. Teimamos em sustentar estatais que geram bilhões de prejuízo, pagamos jatinho grátis para dezenas de autoridades, distribuímos coisa de 7% do PIB em incentivos fiscais sem lá muito critério e temos um sistema previdenciário inviável. Os militantes podem até comprar a ideia de que cobrar mais impostos vai resolver o problema. Mas não penso que a sociedade, de um modo geral, vai cair nessa.

O próprio PT fez uma pesquisa anos atrás, com moradores da periferia de São Paulo, que mostrou que as pessoas, em geral, não acham que “o principal confronto na sociedade é entre ricos e pobres”, mas é “entre Estado e cidadãos”. E que “todos são ‘vítimas’ do governo, que cobra impostos excessivos, impõe entraves burocráticos, gerencia mal o crescimento e acaba por ‘sufocar’ a atividade das empresas”. Está tudo lá, em uma pesquisa com pessoas que vivem no mundo real, e não em uma bolha política. São cidadãos que acreditam no valor do mérito, querem ser “reconhecidos dentro da competitividade capitalista”, desejam colocar os filhos em uma escola particular e ter um convênio de saúde. Por que, “quando você está pagando, você pode exigir”. E boa parte sonha em ser empreendedora, quem sabe com uma “franquia da Cacau Show”. Tudo na contramão da distopia em que os marqueteiros da velha esquerda parecem acreditar.


São essas questões que estarão em jogo nas eleições do ano que vem. No fundo, é um velho debate. A Instituição Fiscal Independente projeta uma dívida pública acima de 100% do PIB, em 2030. Nos tornamos um país em que a minoria, com maior renda, compra serviços no mercado, enquanto apostamos em aumentar mais e mais a dependência que os mais pobres têm do Estado. Podemos fazer de conta que nada disso existe, que não temos um problema de produtividade, que responsabilidade fiscal é discurso da Faria Lima, que tudo ficará bem se aumentarmos os impostos e os ricos pagarem mais IOF. A política, como disse antes, expulsa a complexidade. A retórica artificial criada por bons marqueteiros por vezes funciona. Alegra o ativismo digital e até pode gerar algum ganho eleitoral. Mas não resolve nenhum dos desafios que o Brasil, no mundo real, precisa enfrentar.

quinta-feira, julho 10, 2025

O processo autoritário do governo no Brasil

O processo autoritário do governo no Brasil: uma análise crítica institucional e geopolítica

Nos últimos anos, o Brasil tem atravessado uma fase de profunda instabilidade institucional, em que os pilares democráticos do Estado de Direito vêm sendo progressivamente enfraquecidos. A promiscuidade entre os poderes da República, a censura de opiniões divergentes e o uso seletivo da máquina estatal para perseguir adversários políticos são sintomas de um processo de autoritarismo que avança sob a retórica da defesa da democracia. Este artigo propõe uma análise crítica desse processo, examinando os aspectos institucionais e geopolíticos que o caracterizam, com base em dados, relatórios e análises internacionais.

1. A captura dos poderes e o colapso da separação institucional

A democracia pressupõe a independência entre os Três Poderes. No entanto, o atual governo brasileiro promove uma configuração de simbiose funcional entre o Executivo e o Judiciário, especialmente através do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ambas as cortes têm agido, em diversas situações, como instrumentos de legitimação de interesses governistas, através de decisões polêmicas que criminalizam o dissenso político.

Gráfico 1: Número de decisões monocráticas do STF com impacto sobre o Legislativo e o Executivo (2016–2024)

Fonte: Dados compilados do Diário da Justiça Eletrônico, Instituto Millenium.

Casos emblemáticos incluem o Inquérito das Fake News e as ordens de censura a plataformas de redes sociais, que resultaram em bloqueios de perfis e a desmonetização, remoção de conteúdo e ameaças judiciais a jornalistas e cidadãos. Essas medidas têm sido criticadas por organizações internacionais como a Human Rights Measurement Initiative e a Repórteres sem Fronteiras (RSF), que apontam declínio da liberdade de expressão e ameaças à imprensa livre.

2. O ativismo judicial como instrumento de repressão política

Sob o pretexto de combater a desinformação, o Judiciário brasileiro passou a adotar um ativismo inédito, com poderes amplos e muitas vezes sem contraditório ou devido processo legal. O ministro Alexandre de Moraes é figura central desse processo, sendo simultaneamente vítima, investigador e julgador em diversas ações. Tal concentração de poder viola princípios básicos do Estado de Direito, como imparcialidade e ampla defesa.

Gráfico 2: Escalada de inquéritos e medidas cautelares determinadas pelo STF (2018–2024)

Fonte: Conselho Nacional de Justiça (CNJ), relatórios técnicos compilados.

Glenn Greenwald, jornalista internacionalmente reconhecido, afirmou que "o que se passa no Brasil hoje em nome da defesa da democracia é uma distorção perigosa, em que os fins justificam os meios, mesmo que estes violem os direitos fundamentais".

3. Aparelhamento da mídia e supressão do contraditório

A grande mídia brasileira passou a operar em consonância com a narrativa oficial do governo, reproduzindo sem crítica os discursos do poder e demonizando opositores. Jornalistas e canais independentes têm sido alvos frequentes de retaliações, perdendo espaço e financiamento enquanto conglomerados simpáticos ao governo recebem generosos contratos publicitários.

A narrativa dominante constrói a imagem de que toda crítica é "golpismo" ou "extremismo", reduzindo o espaço do debate público e aprofundando a polarização.

4. O alinhamento internacional com regimes autoritários

No campo geopolítico, o Brasil abandonou o histórico alinhamento com democracias liberais e se aproximou de regimes autocráticos como China, Rússia, Irã e Venezuela. A hostilidade contra os Estados Unidos e Israel, a tentativa de substituir o dólar por moedas alternativas no comércio internacional, e o apoio declarado a movimentos terroristas como o Hamas são posicionamentos que despertam preocupação em capitais e lideranças ocidentais.

Nos EUA, setores republicanos consideram aplicar sanções ao Brasil sob legislação como o International Emergency Economic Powers Act (IEEPA), caso se comprove que há tentativa deliberada de prejudicar interesses econômicos e estratégicos norte-americanos.

5. O papel das narrativas e a deslegitimação da oposição

Todo esse processo é envolto em uma retórica que tenta deslegitimar a crítica política. A oposição é tratada como "antidemocrática" ou "fascista", enquanto medidas autoritárias são justificadas como necessárias para proteger a democracia. O resultado é a construção de um simulacro democrático: uma democracia apenas formal, relativa, mas que opera com lógica de controle e perseguição.

O Brasil de hoje atravessa um momento de grave fragilidade institucional, em que o discurso democrático é instrumentalizado para justificar atos autoritários. A centralização de poder no Judiciário, o uso político da mídia, a repressão ao contraditório e o alinhamento com regimes antidemocráticos traçam um quadro preocupante.

Caso esse processo se consolide, estará em curso uma mudança de regime, silenciosa e disfarçada de legalidade. Resta à sociedade civil, às vozes independentes e à comunidade internacional permanecer vigilantes e atuar pela restauração plena da democracia no país.

Referências

The New Yorker: The Brazilian Judge Taking On the Digital Far Right, 2025.

AP News: With Trump returning to the White House, Brazil displays a judicial path not taken by the US.

Financial Times: Brazil judge who battled Elon Musk says social media poses risk to democracy.

Human Rights Measurement Initiative, 2022.

Reporters Without Borders (RSF), relatórios sobre liberdade de imprensa no Brasil.

Declarações de Glenn Greenwald em redes sociais e entrevistas.

BTI Transformation Index, 2022.

International Emergency Economic Powers Act (IEEPA), legislação norte-americana.

Instituto Millenium: Levantamento de dados sobre decisões do STF.

CNJ: Painel de Dados sobre Ações Judiciais (2018–2024).



Os que abrem a boca por que tem boca

Os que abrem a boca por que tem boca

Como tudo tem que virar narrativa nesse momento, para o desgoverno qualquer um que interprete o pior aspecto das tratativas do Trump contra o regime de exceção no Brasil, tomando seu início pela tarifação de 50%, será mais uma brazinha para a sardinha da ditadura PT/STF. Por enquanto é só uma prova, vem mais! Os especialistas que por preguiça mental ou mesmo falta de cabedal analítico vem dizendo que é burrice, que será pior pra os EUA, essa tal falação é enganosa para si e para os demais que acha pouco e desdenham; o fato terá o impacto de um coice nos fundilhos de um desavisado, e não será contra uma ditadura aberta à seus comparsas de decadência, mas em toda teimosia de ilegalidades praticadas por togados sem votos, nos aliados da oportunidade da boquinha Rouanet, em todos os aventureiros pelo poder sem consequência. 

Qualquer replica oficial do desgoverno às ações do Trump será a prova cabal da sua posição de fraqueza em defesa do indefensável: o terrorismo, a violência endêmica, a corrupção normalizada, a imposição da censura, a incapacidade de governar sem o descontrole de gastos, ávido por mais impostos, a repressão do pensamento contraditório e plural em benefício dos aliados da manutenção desse regime. Tudo com o objetivo de se livrar dos incômodos da existência de opositores legais e de lideranças que ofereça o perigo de serem eleitas através de eleições transparentes com voto impresso e contagem pública.



Debandada

É cada vez mais claro o desespero da esquerda que ainda quer ser a elite intelectual, pensadores de boutique com privilégios, e muitos encarnam com obviedade um esforço em descolar da gravidade de suas escolhas, embora a história os tenha, por infelicidade, reservado um lugar público de memória sem perdão. No discurso de posse do descondenado temos o registro, não por inocência, da desonestidade intelectual da esquerda, e que após todos esses anos querem vir com pose moral fazer a crítica do caos instalado. Portanto, nunca irão assumir de verdade seus erros no propósito de ter o poder, toda ação que causou o mal maior, o totalitarismo existente no país.



na tela ou dvd

  • 12 Horas até o Amanhecer
  • 1408
  • 1922
  • 21 Gramas
  • 30 Minutos ou Menos
  • 8 Minutos
  • A Árvore da Vida
  • A Bússola de Ouro
  • A Chave Mestra
  • A Cura
  • A Endemoniada
  • A Espada e o Dragão
  • A Fita Branca
  • A Força de Um Sorriso
  • A Grande Ilusão
  • A Idade da Reflexão
  • A Ilha do Medo
  • A Intérprete
  • A Invenção de Hugo Cabret
  • A Janela Secreta
  • A Lista
  • A Lista de Schindler
  • A Livraria
  • A Loucura do Rei George
  • A Partida
  • A Pele
  • A Pele do Desejo
  • A Poeira do Tempo
  • A Praia
  • A Prostituta e a Baleia
  • A Prova
  • A Rainha
  • A Razão de Meu Afeto
  • A Ressaca
  • A Revelação
  • A Sombra e a Escuridão
  • A Suprema Felicidade
  • A Tempestade
  • A Trilha
  • A Troca
  • A Última Ceia
  • A Vantagem de Ser Invisível
  • A Vida de Gale
  • A Vida dos Outros
  • A Vida em uma Noite
  • A Vida Que Segue
  • Adaptation
  • Africa dos Meus Sonhos
  • Ágora
  • Alice Não Mora Mais Aqui
  • Amarcord
  • Amargo Pesadelo
  • Amigas com Dinheiro
  • Amor e outras drogas
  • Amores Possíveis
  • Ano Bissexto
  • Antes do Anoitecer
  • Antes que o Diabo Saiba que Voce está Morto
  • Apenas uma vez
  • Apocalipto
  • Arkansas
  • As Horas
  • As Idades de Lulu
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  • Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas
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  • Terapia do Amor
  • Terra em Transe
  • Território Restrito
  • The Bourne Supremacy
  • The Bourne Ultimatum
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  • Todo Poderoso
  • Toi Moi Les Autres
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  • Tootsie
  • Torrente, o Braço Errado da Lei
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  • Tudo Sobre Minha Mãe
  • Últimas Ordens
  • Um Bom Ano
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