A inventividade da teoria científica e seus pulos
Ao fazer o estudo dos arcabouços teórico metodológico das ciências da economia, me deparei com o termo “a natureza não dá pulos”, atribuído a Leibniz e amplamente associado à visão de continuidade nos processos naturais, o qual oferece um ponto de partida rico para discutir a visível inventividade das ciências, o que me forçou a desenvolver pesquisas com o objetivo de conhecer melhor as ferramentas criadas para organizar, acompanhar, analisar as diferentes informações e variáveis inerentes aos fenômenos e objetos de estudo.
A ciência econômica é a responsável em interpretar as funções das atividades produtivas e as relações econômicas nas sociedades. Combinar o termo “a natureza não dá pulos” com a frase — "não se deve tomar as fórmulas, as funções, os projetos como se fosse a própria realidade”, sugere uma reflexão filosófica e epistemológica sobre a relação entre representações abstratas (como fórmulas, funções e projetos) e a realidade concreta. Dá a noção e entendimento de como tratar a inventividade das ciências a respeito da Natureza, que nada tem a ver com uma harmonia que coaduna a constatação de uma existência racional criadora de tudo, e é então descoberto e operado pela ciência. Na Economia, esse entendimento parece ser levantado, assim como levado à sério, a partir da criação da teoria social, da historicidade da interferência humana, prática que não é atemporal, mas que age como se a ação humana de transformação (organizar e desorganizar) fosse a forma e a receita da formação, diretamente a própria realidade, não a construção ideal do mundo, de uma utopia, não as interpretações dela com prazo de validade. A ciência, em sua busca por compreender fenômenos e relações, cria suas ferramentas e modelos inventivos que, embora poderosos, são mecanismos, representações, ações com substâncias interpretativas, não a realidade em si.
As ferramentas e os modelos são úteis nas "interpretações" da realidade, das coisas e relações, embora devam ser relativizadas, ou seja, dependem do contexto, das intenções e dos pressupostos de quem as cria. Isso sugere uma visão dialética, onde o conhecimento é uma construção humana, não uma verdade absoluta de uma criação divina.
Temos um convite à humildade intelectual, reconhecendo que nossas ferramentas de compreensão (sejam científicas, matemáticas ou projetivas) são úteis, mas parciais. Elas podem, e devem, alertar contra o dogmatismo ou a confiança excessiva em modelos inventivos, incentivando uma postura crítica e reflexiva.
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