segunda-feira, janeiro 25, 2010
economia & economia política
quinta-feira, janeiro 07, 2010
prosa de economista (uma aula)
Conversas com Economistas Brasileiros* - Trechos de entrevista de MARIA DA CONCEIÇÃO TAVARES (1995)
MÉTODO NA PESQUISA ECONÔMICA BRASILEIRA
Qual o papel do método na pesquisa econômica?
Todo mundo sabe que no Brasil todos os grandes formadores de “Escola” não têm método nenhum! São todos ecléticos, todos! Ora, qual é o método?
Com exceção do doutor Furtado e alguns discípulos cepalinos ou marxistas, que ainda podem dizer “método histórico-estrutural”, eu quero saber qual é o método dos outros. “Qual o método em voga nesse país?” A “falsificação de hipóteses” num método econométrico?! A primeira coisa em método é qual a escolha das hipóteses, a qual se prende muito mais à visão histórica e à experiência do pesquisador para demarcar o “território” da pesquisa.
Quem é da tradição histórico-estrutural pode usar elementos teóricos de várias escolas e tentar integrá-las. O Prebisch usou na segunda versão da “teoria da deterioração dos termos de troca” o método neoclássico, quando pretendeu, sob influência de alguns professores do MIT, fazer uma versão mais “acadêmica” para consumo norte-americano. A sua formulação original, baseada numa análise histórica, pode ser utilizada por várias “escolas”. Tanto é assim que se pode ter uma “lei de Walras” aplicada aos resultados de sua pesquisa, bem como uma lei “marxista” do desenvolvimento desigual. Porque ele não tem nada que ver com isso, estava pouco ligando! Ele era um keynesiano de origem, e daí? Foi presidente do Banco Central e olhou o sistema internacional e disse: “A Argentina vai se dar mal!” e a partir daí fez uma coisa herética: lançou as taxas múltiplas de câmbio. Mais tarde escreveu o seu célebre ensaio[1] sobre problemas teóricos e práticos do desenvolvimento latino-americano, que é um clássico para todos os pensadores do “subdesenvolvimento” ou do chamado esquema “centro-periferia” ou ainda do “desenvolvimento desigual do capitalismo”.
O método “histórico-estrutural” no pensamento econômico latino-americano deve-se a ele e a Furtado. E nós todos, seus discípulos, somos históricos estruturais, todos! O Carlos Lessa idem, o João Manuel Cardoso de Mello também. Não importa que o João Manuel critique a teoria da CEPAL, ele a critica usando as relações sociais de produção mas é uma crítica interna. Não importa que ele critique a Teoria da Dependência, ele não a nega, critica-a por dentro, mesmo que os seus fundamentos teóricos sejam schumpeterianos ou marxistas! Portanto ele está no interior da escola latino-americana fazendo uma crítica histórico-estrutural.
Na abordagem histórico-estrutural as instituições acabam aparecendo, mas não se pode chamar de institucionalista a esse pessoal! Não pode. Institucionalista é outra coisa, e, em Economia, não tem nenhum institucionalista de peso neste país! Se viesse a ter um alguma vez seria provavelmente o Delfim. Se escrevesse novamente a fundo, com a sua experiência das instituições capitalistas brasileiras e da sua evolução... Mas ele só escreve artigos curtos para criticar a conjuntura atual. A famosa tese do Delfim sobre o café[2] é histórico-estrutural, embora envolva uma análise de política econômica da época.
Qual é o papel da Matemática e da Econometria na Economia?
Da Matemática, do ponto de vista prático, nenhum! Os últimos ensaios de Matemática aplicada à economia são antiqüíssimos, da década de 50. A Econometria é diferente, porque a Econometria, apesar de estar cheia de furos, de problemas, é uma tentativa de testes empíricos de hipóteses que servem para avaliar a “verossimilhança” de um modelo. Não se trata de confirmar que a validade está bem representada por algum modelo teórico consistente. Agora, a Matemática serve para quê? Para fazer avançar a teoria walrasiana na direção das nuvens, isso não há dúvida nenhuma. E o que eles estão fazendo agora não é nenhuma contribuição maravilhosa, porque já teve uma escola matemática importante: a francesa, que deu lugar àqueles que estão em Harvard e no MIT, não aos que estão em Chicago. [Gerard] Debreu foi representante da grande escola matemática, que foi a francesa. Depois é que ele se passou para os americanos. Os “novos clássicos” de Chicago são uns apologetas.
O que se vê atualmente é uma formalização crescente, de forma abstrata, da “teoria da escolha pura”, não tem nem Economia aplicada, nem interpretação.
Se os modelos não têm como incorporar nada que tenha a ver com a realidade, não são nem indutivos nem dedutivos. Então, tanto os modelos de “escolha pura”, como os da “teoria dos jogos”, não servem para nada! Servem só para o jogo das contas de vidro, como dizia o velho escritor Hermann Hesse[3]. O papel da Matemática é mistificar, levar você para o jogo das contas de vidro. Porque a matemática, para ser rigorosa, só é passível de desdobramento ou em modelos de equilíbrio geral, ou em modelos dinâmicos mas abstratos.
A pseudomatemática dos modelos que permitem derivações de política econômica, não é Matemática. Para fazer uma IS-LM não se precisa de Matemática nenhuma. Dado que você não deriva nem deduz a política econômica de modelos, a não ser heurísticos ou por simulação com experimentação numérica.
Os modelos matemáticos em Economia em geral só têm hipóteses uma vez fixados objetivos e cenários alternativos. A maioria não passa de uma axiologia da escolha pura. Lembra do Hahn? Não se pode nem incluir moeda. Como é que não se pode incluir moeda, se a economia capitalista é monetária? Seja eu keynesiano ou monetarista tenho de levar em conta a moeda. Mas colocar o papel da moeda num modelo de “escolha pura”? Não é possível! Fica a variável n+1, mais uma mercadoria, num sistema de determinação simultânea, não dá nada. Como tratar o ciclo, se o modelo não tem dinâmica? Os neo-walrasianos estão até hoje procurando o modelo de ciclo. “É, mas dá bolhas”. Claro que dá bolhas, se você tem um modelo walrasiano de equilíbrio geral e introduz expectativas racionais com informação incompleta ou “incerta” e aparece especulação. Mas aquilo explica o quê? Nada! Isso só serve nos modelos de aplicação matemática ao mercado financeiro, que são modelos especulativos puros. Quem está trabalhando nisso, por exemplo, é aquele menino[4]11 que está lá em Chicago, não são os novos teóricos da economia “neoclássica”.
Mas a matemática tem também uma força de retórica...
O que eu digo é que a força da retórica exige uma Matemática elementar. Ninguém trabalha com modelos matemáticos sofisticados apenas para ter força de retórica. Simplesmente porque sequer a maioria dos alunos acompanha.
Então você faz um modelo de dinâmica não-linear, mas ninguém acompanha, porque é complicadíssimo. Na pesquisa econômica, como em qualquer ciência social, você escolhe um conjunto de hipóteses, que tem algo que ver com a realidade que você quer pesquisar, senão não é pesquisa econômica.
Volto a insistir, os modelos de matemática em geral são de “escolha pura”, não são modelos de pesquisa sobre a realidade econômica. Para fazer pesquisa econômica é preciso ter um conjunto de hipóteses que tenham sido, por um processo de redução teórica, inferidas de alguma realidade histórica. Todos os teóricos relevantes fizeram isso. Gary Becker, por exemplo, não o fez, por isso ele diz os equívocos que diz. Ele estava interessado no comportamento do consumidor numa sociedade de massas ao invés de fazer uma sociologia econômica. Fez lá como pode. Não vale nada do meu ponto de vista. Não estou dizendo que ele não tenha tentado usar o “método científico”, mas seguramente não merecia o prêmio Nobel.
A Matemática é um instrumento auxiliar para modelos complexos. A linear não adiantava nada, dado que os fenômenos econômicos não são lineares. Os modelos da simetria não valem nada, dado que a economia não é simétrica, é toda assimétrica. Agora, tem um campo no qual você pode fazer um desenvolvimento eventualmente prático do modelo matemático dinâmico, que é o campo da especulação. Por quê? Porque você supõe um modelo de “caos”, que não tem lei de determinação, que não é dedutivo nem indutivo.
Assim mesmo é um empirismo rasgado. Você examina durante décadas o comportamento de algum mercado financeiro, verifica que há três ou quatro figuras que o descrevem razoavelmente e tenta estudar as suas propriedades matematicamente. Isso você pode fazer. Aí pega-se a teoria dos jogos: ela também não foi feita para estudar estruturas de mercado assimétricas, com grandes empresas e pequenas, foi feita para estudar duopólios ou oligopólios simétricos. Se, em vez disso, houver oligopólios assimétricos e embaixo uma brutal dispersão de empresas, para que serve a teoria dos jogos? No Brasil, onde há uma assimetria de poder muito grande nas empresas aqui existentes, para que serve a teoria dos jogos? Não serve para nada, e você embarca!
Então, um dos problemas do método científico é que você tem que saber para que foi feita a teoria, senão é impossível. Todo o problema da teoria do desenvolvimento está ligado ao método histórico-estrutural. Tanto o que foi escrito sobre desenvolvimento, como o que foi escrito sobre política econômica tem essa base. Ah, dirão vocês, mas houve uma ruptura com os modelos da inflação inercial da PUC. É verdade, dado que os modelos FGV/RJ não têm teoria nenhuma. É uma combinação entre Chicago e Harvard, uma confusão! Coisa que o próprio Mário Henrique reconhece, ou pelo menos disse a mim, não sei se reconhece publicamente.
A realidade econômica é redutível?
Sim, a realidade econômica pode ser teoricamente redutível. O problema é saber até que ponto é possível abstrair de uma realidade econômica complexa, uma hipótese redutora simples. Como é que se constrói teoria? Fazendo abstração de uma porção de coisas e tomando para as hipóteses explicativas determinante aquilo que você considera fundamental. É o vício ricardiano, como diziam Schumpeter e Keynes. Por que Ricardo é considerado o primeiro teórico da Economia? Porque ele fez isso, os outros não. Os outros escreviam grandes histórias institucionais, estruturais. O Adam Smith é um gênio, dá para reler até hoje. Já o Ricardo só dá para reler como pesquisa teórica, só por quem tem paciência para agüentar o espírito teórico dele. Mas ele foi o primeiro a fazer isso.
E qual a importância das instituições?
Não existe economia sem instituições. Mercado é o quê? É um conjunto de instituições. Você tem que ver se tem igual poder, como está estruturado, como opera. Se você não é capaz de estruturá-lo, você não está falando nada! Você até pode não falar que os empresários nacionais são a pata fraca do tripé que tem ainda o Estado e o capital estrangeiro, desde a República Velha, mas tem que levar em conta como é que operou a moeda neste país e como é que operaram as normas jurídicas. Por que a tese do Fiori fala em dinheiro e normas? Quantas reformas monetárias já fizemos? Quantas vezes mudamos as normas nesse país? Por quê? Porque não é uma economia estabilizada, estruturada, com oligopólios simétricos, não é um Japão, não é a Alemanha. Não é os Estados Unidos. Não tem uma moeda conversível, não tem tecnologia própria, então já cai na definição do Prebisch: é uma economia periférica. Tem uma relativa homogeneidade social? Não tem. E esta situação não é apenas injusta. A definição do subdesenvolvimento tem a ver com a desigualdade estrutural. O que quer dizer injusto[5]? Injusto do ponto de vista de quem? De um critério ético? Mas ética nunca foi o critério da Economia. Uma filosofia moral das ciências houve no século XVIII, começo do XIX, depois não. “Ah, mas eu estou interessado na ética” [6]. Então fico interessado na ética, pelo que ela tem a ver com o problema da cidadania, da relação dos agentes sociais com o Estado. Como economista, não estou preocupada com a distribuição de renda apenas por razões éticas. Estou preocupada porque isso não dá um funcionamento regular, o ciclo é curto. Gera consumo depois cai, endivida. Está na minha tese de livre-docência[7]. Aliás, já estava no meu “Auge e Declínio da Substituição de Importações” (1962/64) e no ensaio que escrevi com Serra “Além da Estagnação” (1968/70)[8]. Por que o ciclo é curto? Monta-se tudo a martelo, implanta-se uma indústria de golpe, transfere-se tudo, inclusive as empresas, de golpe! Põe-se uma regra cambial, uma regra fiscal que não dura um ano, uma regra monetária que não dura seis meses. Como é que se pode imaginar que isso vai funcionar? É um disparate.
Não há estabilidade institucional?
Exatamente. Este é o modo institucional de uma economia assimétrica, com uma burguesia predatória, que periodicamente assalta o Estado. Para assaltar o Estado tem que poder mudar as normas, tem que fazer reformas constitucionais o tempo todo, tem que poder emitir moeda da maneira que seja. Quais são as instituições que determinam o poder de uma elite que é muito predatória e muito volátil? Qual é a grande empresa brasileira privada que está aqui há duzentos anos? Nenhuma. Quantas camadas de empresariado e de burguesia já foram feitas desde que eu cheguei no Brasil há quarenta e dois anos? Dos grandes sobrou o Antônio Ermírio [de Moraes] e poucos mais. A Votorantim na década de 50 era uma grande empresa, do tamanho da Samsung àquela altura, que também era pequena em termos internacionais, mas era uma grande empresa para o Terceiro Mundo. Hoje não é nada do ponto de vista “global”.
Quais são as grandes empresas que sobraram? As três grandes estatais, que foram construídas sob forma de corporações. Mas isso é corporativismo. Ué, e haveria de ser o quê? E as corporations são o quê? É a maneira de fazer corporação atrasada, num país atrasado. Fizeram as corporações fora do tempo, num “capitalismo tardio”. Agora querem que a economia seja concorrencial. Mas o que quer dizer concorrencial? É preciso discutir as instituições que estão por trás, senão inventa-se de passar a Rússia para o mercado e fica aquela confusão que está lá. Se o Vargas tivesse resolvido, no tempo da missão Niemeyer, fazer um Banco Central independente, este país não teria andado para lugar nenhum. Como, aliás, resolveu fazer a Argentina e não andou para lugar nenhum durante 30 anos.
PENSAMENTO ECONÔMICO BRASILEIRO E TEORIA ECONÔMICA
Até que ponto somos colonizados academicamente?
É claro que somos colonizados academicamente, não tem saída, todos os das novas gerações foram muito influenciados pelas escolas americanas. A capacidade de produzir pensamento autóctone à direita e à esquerda está diminuindo.
Eu não posso chamar o Delfim [Netto] de colonizado academicamente, posso? Os mais velhos não são colonizados academicamente, usavam os “modelos” à disposição com a maior tranqüilidade. O pensamento era eclético. Aí vão dizer: “os novos não são ecléticos!” Que não são ecléticos, que nada! Uma das coisas que mais me irrita é a absoluta falta de rigor do chamado pensamento neoclássico brasileiro. Fui professora de Micro e Macroeconomia e explicava os fundamentos do pensamento neoclássico. Meu catedrático era neoclássico, o velho Bulhões, que também não sabia direito quais eram os fundamentos. Como eu era matemática, explicava os fundamentos, o que eram aquelas curvas. A economia não anda em cima de curva, que história é essa de andar em cima de curva?!
Um negócio de maluco! E dizem que isso é Matemática. Não é verdade. Então, não é que a elite universitária é só colonizada academicamente, é também muito superficial e ignorante, eclética, modista, e pelo prestígio faz qualquer sacrilégio.
Se o cara quer ser bem aceito em um país como este, ele segue a moda. Qual é a moda agora? Chicago. Lá vai o cara! Mas não resiste, ninguém é rigoroso. Você acha que tem aqui algum Chicago-boy rigoroso como teve no Chile? Nenhum! O mais Chicago-boy foi o Langoni, o primeiro a ir para lá.
Era rigoroso? Imagina! O livro que ele escreveu sobre desenvolvimento[9] não era de Chicago. Tem algum keynesiano autêntico no Brasil? Name one. Fica difícil teoricamente. Tem em Campinas e aqui na UFRJ. Mas quantos keynesianos temos aqui na nossa escola, que é uma escola keynesiana? Quantos são keynesianos para valer? Não tendo a nova geração framework estrutural, não sendo da escola histórico-estrutural, fica difícil. Evidente que todos lêem o Furtado, a mim, o João Manuel Cardoso de Mello, mas não basta ler. Tem que ser ensinado.
O pessoal da PUC-Rio é “neo-estruturalista”, fez um modelo, que embora fechado era “rigoroso”. Depois agregaram a taxa de câmbio, mas não sabiam o que fazer com ela. Assim a taxa de câmbio aparece ora como objetivo ora como variável expectacional. Já é um chute em cima do modelo, porque umas variáveis são estruturais, as outras são expectacionais. Isso é um ecletismo que de algum modo a situação brasileira requer. Dado que é um país muito atrapalhado, não dá para pegar uma teoria que foi feita em outras condições e aplicar aqui. Um neoclássico da FGV pode se apaixonar por um problema — a dívida externa — e levá-lo às suas últimas conseqüências. En passant, a influência do pensamento econômico não determina se o sujeito é de esquerda ou de direita, é a sua prática (até o fim da vida, de preferência). Pode-se ser um “marxista” de salão ou um “marxiano” acadêmico e não dar a mínima importância à questão das desigualdades sociais. O que é interessante, para não dar tanta ênfase à formação das escolas na opção ideológica do sujeito.
Se vocês fizerem uma pesquisa nas teses, concluirão que todas as escolas começaram por teses centrais sobre economia brasileira. Roberto Campos, o Delfim Netto, o Mário Henrique Simonsen, eu, todos trabalhávamos sobre economia brasileira. Todos tínhamos uma preocupação com a realidade, com o entendimento do nosso país. E não tem certos ou errados nessa brincadeira, fosse da esquerda ou fosse da direita, todos tinham um mínimo de espírito público, enquanto professores todos estavam preocupados em entender este país e transformá-lo de alguma maneira.
Como é que isso mudou? Mudou para o “rigor”. O que quer dizer “rigor”? Não quer dizer nada. O pseudo-rigor quer dizer apenas usar um instrumental de quinta categoria, fazer IS-LM ou mark-up sobre salários, que não equaciona nenhum dos problemas da economia brasileira. Tem uma ala técnica, uma teórica, a ala de Economia aplicada, tem uma ala que faz uma espécie de antropologia econômica, o pessoal do Museu Nacional. Aí você vê como é que abre o espectro de preocupações frente à complexidade do Brasil. Isto é conhecido, desde os clássicos brasileiros, como antropofagia cultural: você engole e digere uma série de teorias e informações espalhadas pelo mundo. Antes era só pelo círculo das elites e agora é pelo círculo das elites mais a mídia.
Construções como curvas de indiferença, mercado e isoquantas de produção são válidas?
Curvas de indiferença e isoquantas da produção como instrumentos de uma teoria da escolha estática foram válidas. Mercado, já dissemos, é uma estrutura composta de instituições e de relações dinâmicas, não é redutível a nada disso. O “mercado” visto pelo Pareto assumia que, com o conjunto de curvas de indiferença, que dava as preferências dos consumidores, e com o conjunto de isoquantas, que dava as possibilidades de produção, era possível exprimir as duas forças do mercado, que são a demanda e a oferta. Como demanda e oferta marshaliana para ele não significavam nada, ele foi por trás das curvas e tentou explicá-las. Portanto ele estava tentando fazer uma “teoria” que explicasse quais são os fundamentos por trás da demanda e oferta. Não é o problema de ser válido, é claro que é válido do ponto de vista teórico-abstrato. Você pode ter uma teoria que está limitada a ver o ponto de encontro entre demanda e oferta e achar o preço. Ou então uma outra, que é a do Walras, que fala: não é nada disso. Tem um conjunto de n variáveis e tem um equilíbrio geral, que, para se encontrar, deve-se resolver n equações com n incógnitas.
O Pareto vem na direção neoclássica, na descendência de pontos de demanda e oferta e não do equilíbrio geral. Alguém perguntará, “isto exprime a realidade ou é uma aproximação válida à noção de mercado contemporâneo?” Definitivamente não.
Essas teorias têm utilidade?
Hoje, não. Na altura tiveram, pois estávamos na idade das trevas, quando não se conseguia fazer teoria nenhuma! Não se sabia mais nem o que era mercado, então tinha-se o direito de teorizar dessa maneira. Já o velho Schumpeter não teoriza assim. E Karl Polanyi, que escreveu na década de 40 [1944] A Grande Transformação, é outra maneira de ver, a correta do meu ponto de vista, histórico-estrutural. Ali você tem que fazer uma sociologia, ou uma história, ou uma análise estrutural. Se é questão de preferência, eu prefiro aquela. Mas houve um avanço “teórico” sobre Marshall, com Pareto. Um avanço que ao mesmo tempo esteriliza os insights que Marshall teve. Em geral, quando você faz um desdobramento teórico mais rigoroso do que o mestre, desorganiza tudo o que ele disse de importante. Os discípulos do Keynes fizeram a mesma coisa.
Os grandes mestres têm capacidade descritiva e intuitiva do que está ocorrendo, estão localizados historicamente, sabem do que estão tratando. Mas é rigoroso fazer aquela curva de demanda e oferta e andar em cima da curva? Não é rigoroso. Não é para andar em cima das curvas, vamos ver o que está por trás delas e deduzamos a curva conforme o mapa dos pontos de preferência em que o consumidor está localizado. E o que foi que o Hicks fez? Pegou essa idéia. E como eram mercadorias trocadas por mercadorias, e ele sabia que isto não era o mercado, botou uma outra: o dinheiro. É outra contribuição teórica. Na linha neoclássica, é evidente que temos o Marshall, o Pareto e o Hicks, que aperfeiçoam o instrumental precário, que até hoje é dado nas universidades! E até hoje tem maluco andando em cima da curva da oferta e em cima da curva da demanda! (risos)
É uma atrofia da teoria. E isso não tem nada a ver com ser neoclássico, tem a ver com o pensamento teórico científico deste país que está indo de mal a pior. Não há nenhuma possibilidade de os consumidores se moverem sobre curvas de indiferenças como eles dizem. Nem por preferências reveladas.
A teoria muitas vezes é redutora. Você pegou o primeiro, que é o Marshall, todo mundo desdobra. Em geral a teoria não segue, a não ser para os grandes pensadores, uma interpretação nova da realidade. A teoria é um desdobramento didático de pensadores mortos há cem anos, como dizia o velho Keynes. O Marshall já morreu faz quinhentos mil anos e os alunos e professores continuam disparatando e andando em cima das curvas, coisa que o velho não mandou fazer!
(*)BIDERMAN, Ciro; COZAC, Luis Felipe L.; REGO, José Marcio. CONVERSAS COM ECONOMISTAS BRASILEIROS. 1ed. São Paulo: EDITORA 34, 1996.[1] Prebisch (1949) “Desenvolvimento econômico da América Latina e seus principais problemas”.
[2] Delfim Netto (1959) O Problema do Café no Brasil.
[3] Hesse (1943) O Jogo das Contas de Vidro.
[4] Refere-se a José Alexandre Scheinkman, nascido no RJ, atual chefe do Departamento de Economia da Universidade de Chicago.
[5] Refere-se à afirmação de Fernando Henrique Cardoso: “O Brasil não é mais um país subdesenvolvido, é um país injusto”.
[6] Alusão a Giannetti da Fonseca (1993) Vícios Privados, Benefícios Públicos? A Ética na Riqueza das Nações.
[7] Tavares (1978b) Ciclo e Crise na Economia Brasileira.
[8] Capítulos Tavares (1972) Da Substituição de importações ao Capitalismo Financeiro: Ensaios sobre a Economia Brasileira.
[9] Delfim e Langoni (1973) Distribuição de Renda e Desenvolvimento Econômico do Brasil.
segunda-feira, dezembro 14, 2009
contando estórias (7)
Once the spell is broken
“Todo homem possui duas biografias eróticas. Em geral só se fala da primeira, que se compõe de uma lista de casos e de encontros amorosos.
A mais interessante é, sem dúvida alguma, a outra biografia o bando de mulheres que queríamos ter e que nos escaparam, a história dolorosa das possibilidades irrealizadas.
Mas existe ainda uma terceira, uma misteriosa e inquietante categoria de mulheres. Elas nos agradam, nós lhes agradamos, mas ao mesmo tempo compreendemos logo que não podíamos tê-las porque, na nossa relação com elas, nos encontrávamos do outro lado da fronteira”.
Ao reparar nas entrelinhas dessa passagem do “o livro do riso e do esquecimento” Horácio dormiu bem melhor, muito tarde, como sempre, largando-se pesadamente sobre a cama. Mas, foi sacudido desde as primeiras horas de luz matutina que, batendo no alumínio e vidros da janela de seu quarto, levantou o dia que veio estender uma lona de calor em ondas sobre o colchão do aturdido amante. Abria-se uma manhã entorpecente, fazendo-o suar e levantar-se incomodado com a quentura martelada pelo mormaço. O sol vinha acompanhado de memórias que passeava por cantos descascados de tintas, e quinas de encantos quebrados, assentando-se sobre seu peito de pelos grisalhos.
Inquieto, Horácio, acordara de olhos debruçados numa ressaca de experiências recentes, quando teve um sonho desmanchado – acontece às vezes, isso arranhava ainda mais o desejo de escrever, e fosse o que fosse, importava, não como o começo, era o final que tinha significado, o que lhe motivava a apoiar-se nas idéias e por as mãos sobre o rosto estampando um olhar reflexivo que o estimulava seguir o impulso, o silencioso desespero por entender o que tinha restado de bom, em decifrar a parte do que ele considerava especial e positivo na experiência com a “pequena” gaúcha Ludmila, mulher com dificuldade em reconhecer sua sensualidade, contudo mostrava-se com pele doce e cadeiras cheia de fogo no intento da conquista fortuita, tinha um jogo de sensualidade inconsequente por ignorar o imprevisto de suas respostas gostosas. Não era sua intenção chegar as vias de fato, o ato em si, mesmo porque, como já se sabia, tinha uma história... sua fronteira, e o objetivo, talvez inconsciente, era o controle da situação, o domínio da emoção, a afirmação de seu poder de sedução. Um exercício do charme feminino.
Riso e esquecimento era o que o fazia perceber, e tocar a fronteira. E assim, o solitário poeta reconsiderou suas limitações, idiossincrasias de um delinquente de meia idade diante de uma oportunidade única apresentada pela vida, esqueceria as “coisas do coração” e a palpável barreira da decepção. Sua decisão era consciente, então foi direto ao Paraíso. Passara a noite em companhia de Marie Etiene, quando aprendera num dedinho de prosa bilingue uma receita nova de sobremesa, juntos apetitosamente dedaram, lamberam e deliciaram sabores. Apenas não fizeram amor. No melhor sentido, esse era um conceito desconstruido por Horácio, e sobre isso revelava que no sexo com amor havia uma realização de integração entre sentimento e corpo. No puro sexo, o essencial está no erotismo e no prazer obtido individualmente, independente de se gostar. Aqui, o animal é resgatado às pressas, arrancando a camisa de força e os adereços civilizatórios, o que eles experimentaram nada tem de estranho, é como o canto das cigarras em qualquer casa noturna, do impulso animal em uma selva de epiléticos da metrópole, das Bocarras e sites pornôs, exercitado por gente de melhor know-how que a francesinha, mas, Horácio sentia uma real empatia por ela e se entregou a fantasias nem sempre permitidas e brincadeiras prazerosas alcançando orgasmos femininos vulcânicos, gozos de criações apimentadas com a orientação oferecida na farta literatura sexual oriental bem a mão, centelhas da arte num leito cultural sem cobertura de tempo limitante onde rolavam todas as vontades sem modos ou mentiras.
quinta-feira, dezembro 10, 2009
economia & meio ambiente
por Najar Tubino en Vía Política
O ecologismo dos pobres é o título de um livro do economista espanhol Joan Martínez Alier, professor da Universidade Autônoma de Barcelona e presidente da Sociedade Internacional de Economia Ecológica, editado no Brasil pela Contexto, no ano passado. Trata da sobrevivência de dezenas de povos tradicionais e tribais, espalhados pelo mundo, em face do crescimento econômico globalizado. Um movimento que começou com camponeses e suas famílias na região do Vale do rio Ganges, no Himalaia, na década de 1970, lutando contra a derrubada das florestas, que garantiam o seu sustento – comida e lenha. Homens e mulheres abraçavam as árvores, que seriam derrubadas por lenhadores profissionais, autorizados pelo governo indiano. Era o movimento Chipko, que depois teve uma iniciativa similar no Brasil, com Chico Mendes, e o “empate”, na Amazônia – quando grupos de seringueiros e suas famílias impediam a derrubada da mata para implantação de pastagens, no Acre, na década de 1980.
A questão continua atingindo milhões de pessoas mundo afora. Uma hora é a exploração de petróleo no Delta do Níger, na África, ou a mineração na América Latina, ou a destruição dos mangues no sudeste asiático, para criação do camarão em cativeiro. Na Tailândia, grupos de agricultores lutam contra a plantação de eucalipto, das indústrias de celulose japonesas, usando como argumento a ideologia do sagrado, o protetor das matas dos povos do interior – as aldeias. Eles envolviam mantos dos monges budistas nas árvores tentando protegê-las.
Preço de bananas
Nos Estados Unidos e na África do Sul, Alier enfoca o tema dos resíduos tóxicos, destinados às áreas onde, predominantemente, residiam afroamericanos ou descendentes indígenas, uma história que resultou na criação de um movimento pela “justiça ambiental”. O Brasil é citado em vários capítulos: “No Brasil a exportação de recursos naturais a ‘preço de bananas’, ou mesmo a um preço inferior ao das bananas, aumenta a cada ano” (...) “a nova fronteira não está mais configurada apenas no ferro de Carajás e no alumínio do norte do Pará, mas também na exportação de soja, em breve, numa maciça exportação de biodiesel”.
O Rio Grande do Sul também é citado, em um capítulo chamado “O breve sonho de uma zona livre de transgênicos”, onde é analisada a tentativa do governo estadual da época de proibir o uso da soja da Monsanto, enquanto o contrabando corria solto da Argentina, estendendo-se às lavouras gaúchas. O resto da história é popularmente conhecida.
Mas o eixo do livro de Joan Martínez Alier é o intercâmbio desigual, do ponto de vista ecológico, entre os hemisférios Norte – onde estão os países industrializados – e Sul, onde ainda se conservam o pouco da biodiversidade do planeta. Historicamente, a função continua a mesma: os pobres exportam matérias-primas, pagas com baixos valores. Ao mesmo tempo, precisam quitar suas dívidas externas e os juros embutidos. Na argumentação do economista espanhol, os países do Sul ainda não abordaram a questão da dívida ecológica, que os países industrializados mantêm com o Sul. Por várias razões, principalmente porque nunca pagam os custos ambientais, que estão presentes nas exportações. Valores, porém, que não são identificados, muito menos quantificados. No caso da mineração: no preço do ferro não está incluído o desmatamento, o assoreamento dos rios, sem contar o carvão, que virou energético preferido das siderúrgicas.
Não pagam
Na agricultura industrial, ninguém coloca no preço da soja o envenenamento dos rios, dos trabalhadores e mesmo agricultores atingidos, nem as inundações por enchentes, das matas que deveriam proteger o solo e as populações. “Os países ricos utilizam desproporcionalmente o espaço e os serviços ambientais, sem pagar por eles, inclusive ignorando os direitos dos demais a tais serviços, como os reservatórios naturais e os depósitos temporários de dióxido de carbono – os oceanos, vegetação em crescimento e os solos”, indaga Joan Alier.
Aí chegamos no x do problema. Os países industrializados sempre compraram matéria-prima barata, apropriaram-se dos recursos naturais de outros países, na forma de impérios coloniais, e assim, tornaram-se os maiores poluidores do planeta. Como exemplifica o economista: ¼ da humanidade (os ricos) emite ¾ da poluição. Ocorre que os reservatórios do CO2 (dióxido de carbono), principal gás estufa, são os oceanos, a vegetação em crescimento e os solos. Estes reservatórios, na sua maioria, estão localizados nos países pobres, ou no caso dos oceanos, são usufruídos por todas as nações. Na teoria, por exemplo, a taxa de poluição per capita seria de quase uma tonelada de CO2 por ano, contabilizando uma emissão superior a seis bilhões de toneladas. Seria muito equilibrado, se a maior parte dessa emissão não fosse de responsabilidade dos países industrializados, com os Estados Unidos, a Europa e o Japão liderando o ranking.
Quem deve?
Se eles implantaram o sistema desigual, usaram os recursos de uma maneira suicida, por que os países do Sul ainda devem ao Norte? Esta é a pergunta que o economista registra no livro. Não têm que pagar nada. O cálculo é simples: a redução das emissões, para livrar o planeta do problema do aquecimento e das mudanças climáticas, está na ordem de 50%. Ou seja, três bilhões de toneladas de CO2 por ano. Uma redução que os países ricos anunciaram, mas não praticaram, mesmo com a implantação do protocolo de Quioto, que prevê a redução de 5, 2% das emissões. Contando cada tonelada reduzida a US$ 20 dólares, multiplicando pelos três bilhões, teríamos US$ 60 bilhões anuais.
A redução e os valores de mercado, previstos no chamado Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), foram definidos pelos países do Norte. Além disso, transformaram-se nos intermediários na questão da venda de certificados de emissões, já negociados em Bolsas – Chicago e Londres. Alier define: os pobres são baratos e vendem barato.
Lixo para os pobres
Em 1991, um outro economista, Lawrence Summers, PhD em Harvard, alto dirigente do Banco Mundial, fez uma sugestão “estritamente econômica” em um documento interno da instituição: estimular a transferência das indústrias contaminantes e o envio de lixo tóxico aos países pobres. Para lembrar, foi a Union Carbide que provocou o desastre em Bhopal, na Índia, em 1984, quando morreram mais de três mil pessoas e 200 mil ficaram feridas, ao explodir a fábrica de inseticidas. E até agora não pagou as indenizações. Em 2001, a Dow Chemical comprou a empresa e recusa-se a assumir a responsabilidade pelas conseqüências do desastre. Nem mesmo o local foi descontaminado – do isocianato de metila e outros venenos. Nos Estados Unidos, uma vítima da contaminação do plutônio receberia US$ 500 mil de indenização.
Para encerrar, uma última citação: “O Sul tem permitido que o Norte assuma uma posição eticamente superior no campo ambiental, credenciando países cujo estilo de vida não pode ser imitado pelo resto do mundo, visto serem esbanjadores e antiecológicos.”
O ecologismo dos pobres foi publicado em 2002 pela Editora Edward Elgar, do Reino Unido, sendo reeditado em 2005, em Delhi, pela Oxford University Press, acompanhado de uma introdução dirigida aos leitores indianos. Também foi editado em castelhano pela Editora Icaria, de Barcelona. No Brasil, a edição da Contexto pode ser adquirida pelo site http://www.editoracontexto.com.br/index.php.
* Najar Tubino é jornalista, colaborador de ViaPolítica e autor do livro "O Equilíbrio".
Nos últimos anos tem se especializado em questões relativas ao meio ambiente, e atualmente divulga seu trabalho na palestra "Uma visão holística e atual sobre a integração do planeta".
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segunda-feira, dezembro 07, 2009
consciência ambiental
DEBATE ABERTO
De Copenhague a Yasuní
A reunião de Copenhague não será totalmente em vão porque a sua preparação permitiu que se conhecessem melhor iniciativas reveladoras de uma nova consciência ambiental global e de outras possibilidades de inovação política. Uma das propostas mais ousadas é a Iniciativa ITT do Equador.
Boaventura de Sousa Santos*
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- 12 Horas até o Amanhecer
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