Se a decisão é nada decidir, então chega de COPs
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A tão esperada COP17 chegou a duas decisões marcantes: 1) decidiu que a COP18 será no Qatar, de 26 de novembro e 7 de dezembro de 2012 e 2) que iniciaria as discussões sobre um acordo global vinculante, a ser definido até 2015, com metas obrigatórias de corte de emissão de gases de efeito estufa, para entrar em vigor logo após 2020.
A tão esperada COP17 chegou a duas decisões marcantes: 1) decidiu que a COP18 será no Qatar, de 26 de novembro e 7 de dezembro de 2012 e 2) que iniciaria as discussões sobre um acordo global vinculante, a ser definido até 2015, com metas obrigatórias de corte de emissão de gases de efeito estufa, para entrar em vigor logo após 2020.
O Protocolo de Kyoto foi ‘prorrogado’, pelo menos, até 2017,
considerando o novo acordo global vinculante pós-2020. Segundo a Agência
Reuters, a chefe de assuntos para o clima da ONU, Christiana Figueres,
reconheceu que a redação final do texto legal sobre um futuro acordo, era
ambígua: “O que isso significa
ainda não foi decidido.”
O Fundo Verde, a ser constituído com até 100 bilhões de dólares
ao ano até 2020 para combater as mudanças climáticas em países pobres em tese
saiu do papel, mas não foi definido qual será, efetivamente, a forma de
constituição e como e com quanto os países irão contribuir para o fundo. Ou
seja, por agora, continua um consenso oco.
Este conjunto de (in)decisões foi denominado “Plataforma de
Durban para Ação Aumentada”.
Na realidade, como em COPs anteriores, a COP17 decidiu nada
decidir de importante e ‘empurrou’ a decisão de redução das emissões para o
futuro. Fracassou, como era esperado e nós, ambientalistas, temos uma boa parte
da responsabilidade nos continuados fracassos porque insistimos em acreditar
que estes convescotes climáticos tem alguma razão de ser.
Na COP17, em Durban, reuniram-se mais de 20 mil pessoas, de
quase 200 países, para quase nada. Salvo, talvez, as belas praias (apesar do
tempo chuvoso), o excelente surf e os ótimos parques naturais da África do Sul.
E só.
O caos climático é um fato e suas consequências são crescentes e
para isto não precisamos de tantas COPs que nada significam e nada resolvem.
Chega de turismo climático.
Ora, 5 países são responsáveis por 50% das emissões e os 20
maiores emissores respondem por 77,4% das emissões globais.
As COPs, portanto, são apenas turísticas porque o essencial, a
ser decidido por apenas 10 países, pode ser perfeitamente discutido e resolvido
por videoconferência.
O jornalista e militante ambientalista, George Monbiot,
acertadamente, define que a luta contra o aquecimento global é uma luta contra
nós mesmos. É exatamente esta batalha que estamos perdendo.
Sofreremos as terríveis consequências do aquecimento global,
porque não somos capazes de reconhecer que nosso padrão de consumo é
insustentável e não temos coragem de assumir que nosso modelo de
desenvolvimento é predatório e injusto. Quanto mais protelamos as decisões,
mais agravamos o desastre que se anuncia.
Se nossa irresponsabilidade continuar, acabaremos com a natureza
tal como ainda conhecemos. Mas a história do planeta demonstra que a natureza
encontrará uma alternativa, porque, mesmo com vários episódios de extinções
maciças, a natureza sempre recomeçou.
Ainda não é um cenário apocalíptico, mas quase.
Mas, acima de tudo, acreditem que perdemos a batalha contra o
aquecimento, mas que ainda podemos vencer a guerra contra as suas piores
consequências.
Precisamos vencer a luta contra nós mesmos ou muito perderemos.
Muito mais do que apenas o nosso perdulário e irresponsável padrão de consumo.
Henrique Cortez, jornalista, coordenador editorial do Portal
EcoDebate
Fonte: EcoDebate, 12/12/2011
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