domingo, dezembro 18, 2011

"É um nunca acabar dos rotos a explorarem os rasgados..."

O povo está nas ruas e não é por causa do carnaval

por Enio Squeff
Para o norte-americano Francis Fukuyama, a queda do Muro de Berlim decretava o fim da história. Seria por isso que o mero registro das manifestações não se alça para além dos conflitos dos populares com os policiais? E que haja tão pouco a se dizer do povo, e muito mais a se comentar dos governantes?
“Penso que as instituições bancárias são mais perigosas para as nossas liberdades do que exércitos inteiros, prontos para o combate. Se o povo americano permitir, um dia, que controlem a sua moeda, os bancos e todas as instituições bancárias que gravitam em torno dos bancos, privarão as pessoas de todas as suas posses, primeiro por meio da inflação, em seguida, pela recessão, até o dia em que seus filhos acordarão sem casa e sem teto, sobre a terra que seus pais conquistaram,”. Thomas Jefferson, ex-presidente norte-americano, numa carta ao Secretário do Tesouro americano, Albert Gallatin, em 1802.
Deve ser por razões bem ponderáveis que a mídia não só do Brasil, prefira dar mais destaque às reuniões dos líderes europeus do que às manifestações populares que congestionam as ruas das cidades dos EUA e da Europa. Para o norte-americano Francis Fukuyama, a queda do Muro de Berlim decretava o fim da história. Seria por isso que o mero registro das manifestações não se alça para além dos conflitos dos populares com os policiais? E que haja tão pouco a se dizer do povo, e muito mais a se comentar dos governantes? Brecht ironizava que, no atual sistema, quando um povo se punha contra um governo, o melhor era por abaixo o povo.
Talvez seja essa a grande ironia da crise. Entre o que menos importa, ou seja, o clamor das ruas e as decisões que, afinal, não decidem nada – o melhor é continuar a ignorar os protestos populares. Eles se tornarão, irremediavelmente inúteis perante a lógica das decisões econômicas. Se o filme ainda não foi visto, a cena final será o inevitável “happy end”, com o povo voltando para casa, ordeiramente, muito antes que as decisões, por enquanto cogitadas, entrem, por fim, em prática. É um final de folhetim de má qualidade, quase impossível de ser considerado. Hajam Balzacs e Dickens, porém, para avisarem ao povo de que a imprensa desconsidera o seu protagonismo. Ou de que a cena dispensa a platéia.
Parece o mais complicado da crise mundial: se a economia não atende à democracia – que fazer com a população que gostaria de ser ouvida?
Existem paradigmas contraditórios no horizonte. À Grécia – a mesma a que está sendo negada um possível referendo para as políticas de contenção prometidas, mas não ainda implementadas – a prerrogativa da sua gênese, de ter sido o berço da democracia, pouco lhe está valendo. No século XIX, o assunto Grécia e democracia, movimentou o mundo intelectual europeu.
Até o pintor Eugène Delacroix, que era um conservador, inflamou-se em favor da Grécia. Na rasteira da morte de Lord Byron, que faleceu em meio à luta pela independência grega contra o domínio turco – ele encontrou tempo e ânimo para pintar um de seus melhores quadros (“O Massacre de Quios”). Nele, de forma nua e crua, apareciam os turcos a reprimirem a população grega. Guardadas as proporções, a situação se repete. Já, agora, não é a Turquia que oprime a Grécia – mas a lógica do mercado, de que não escapam nem os países mais ricos do mundo. O aforismo atribuído a Voltaire, de que o verdadeiro democrata lutaria até a morte, para que seu adversário defendesse publicamente o seu ponto de vista, parece estar sendo posto abaixo a cada novo passo da razão econômica oficial.
Para ela, não há, realmente, compatibilidade possível entre as exigências do mercado e os defensores de referendos democráticos. Foi – parece oportuno lembrar – o que demonstrou, na prática, o governo militar brasileiro em 1968: Dado que a população tendia a inflectir perigosamente para a democracia, o melhor a ser feito foi acabar com ela. Nada de novo no “front”. Mas basta ignorar os protestos; ou o poder repressivo será maior que tudo?
É a grande pergunta que sequer vem sendo inutilmente formulada na dita “maior democracia do mundo”, que seria os Estados Unidos.
Impossível esquecer que, no também propalado “maior país capitalista do mundo”, a grita e a mobilização popular se dão – quem diria? – contra “os muito ricos”. Ao que parece, boa parte da população não aceita que o “sonho americano” , cunhado por John Truslow Adams, em 1931, só se faça tal, para um por cento da população. Pelo que fica dos protestos dos iniciadores do movimento que pretende tomar a Wall Street, essa fase do capitalismo agora é inadmissível.
Difícil dizer a quem aproveita esse quadro de incertezas e, pior, de contradições. Para os artistas alemães dos primeiros anos do século XX, os ditos “expressionistas” – Kirchner, Nolde, Pechstein, Kokoshka – ou mesmo para os escritores, como Brecht e Kafka – o clima de incertezas que se seguiu à crise do período de entre guerras e a derrocada das bolsas de 1929 – propiciou uma arte despojada, sem qualquer charme ou certezas. Já, há muito, o clima de dúvidas das artes, parece indicar o que hoje se tem, a começar pelo fim do conceito de arte. O belo, ou a “expressão” como se queira, seria, irremediavelmente, coisa do passado. Ao futuro interessaria apenas a realidade que a “Wal Street” sempre foi a primeira a escancarar: nada de qualquer interferência ou manifestação que preveja a solidariedade, inclusive como salvaguarda.
O narcisismo das manifestações artísticas mais à vanguarda – invariavelmente incensadas pelo dominante reduzido “grand monde”(?) – expressa, sem meias palavras, o sentido unívoco da economia. Somos um mundo guiado pelos interesses do capital – ele está presente no Estado, nas relações interpessoais, e até no “bom dia” que dirigimos ao vizinho: talvez ele mereça ou não o nosso cumprimento por estar mais ou menos próximo do “beautifull people”, que as revistas e os jornais nos vendem como o máximo a ser conquistado em vida. Não surpreende, enfim, e para todos os efeitos, que a crise passe sempre pelas cenas das reuniões incontáveis entre os grandes do mundo – vale dizer os banqueiros, os estadistas, os economistas da hora e os membros da “inteligentsia” do mercado: eles sabem de tudo o que se passa nos cálculos e nos gabinetes das corporações, e ignoraram solene e peremptoriamente, o que acontece nas ruas.
Talvez o niilismo da arte contemporânea tenha a ver com o que ocorre nas bolsas, na economia, na política e na imprensa. À ausência de maiores valores, além do repertório que adeja em seu entorno – seguem-se as bienais vazias, tanto de idéias e quanto de público, e tudo a se contrapor à possibilidade de uma nova sociedade. Dizia um filósofo, há anos, que o fim do Muro de Berlim significava, a seu turno, a não muito longo prazo, o “fim do capitalismo”. É uma idéia indiscutivelmente arrojada e muito certamente destituída de qualquer sentido a curto prazo ( não seria agora que as coisas se precipitariam): a inventiva dos homens tende ao infinito da sua existência na terra, enquanto ela existir. Alguém advertiu que já alcançamos o “status” das estrelas, com suas explosões nucleares constantes num universo em mutação. O que levou alguns inteletuais, depois da Segunda Guerra, a formularem hipóteses pessimistas sobre o futuro, após Hiroshima e Nagasaki, não deve ter levado em conta que as explosões nucleares – os horrorosamente belos cogumelos atômicos – talvez fossem apenas o simulacro dos absurdos a que o sistema nos jogaria com a imposição, como dogma, do primado do mercado sobre tudo e sobre todos.
Ao ignorar, em síntese, os protestos de rua, a grande imprensa estaria a alimentar a idéia de que as bombas atômicas da economia e da política não têm nada a ver com as ogivas nucleares verdadeiras – aquelas que o mundo evita usar por serem, a essas alturas, “segredos de Polichinelo”, disponíveis a todo o mundo. É risível, aliás, que a Agência Atômica” da ONU previna o mundo que o Irã possa estar desenvolvendo uma boma atômica; ela já não existe e à disposição de governos tão mais instáveis do que quaisquer outros, como o do Paquistão?
Há muitas perspectivas pessimistas no ar. O pouco caso dado à esterilidade da arte vanguardista “oficial” talvez seja, surpreendentemente, o “non sense” de um mundo também pouco disposto a atentar para a realidade.
Alguns artistas contemporâneos, já desaparecidos, foram bem mais pertinentes em suas reflexões. Na época, vários aspectos de suas críticas ressoavam na grande imprensa. Mas quando a própria mídia hegemônica pensa estar a fazer críticas profundas, por desdizer um ou outro figurão, a desprezar, porém, os milhões que protestam nas ruas, o pior não é o que ninguém sabe – mas a certeza de que a nossa cegueira cobrará do futuro o que, de fato, parece que ninguém vê.
No livro de José Saramago – “Discurso sobre a Cegueira” há um momento em que todos sabem que não estão a ver nada. O mundo é um caos em que acontecem coisas que se esboroam perante os fatos. No entanto, logo surgem os espertos – também cegos. É um nunca acabar dos rotos a explorarem os rasgados, o que denota a lógica de um sistema, mas que nos remete a uma pergunta: que fazer com os fatos que se esboroam dia a dia? Desprezar as ruas, é esquecer que a história só se faz nos gabinetes, quando o trânsito funciona normalmente. Não parece ser o caso.
(*) Enio Squeff é artista plástico e jornalista.
Colaboração do Cepec- Centro de Estudos Politicos Econômicos e Culturais para oEcoDebate, 16/12/2011

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