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domingo, janeiro 30, 2011

euforia pela entrada no serviço público...

O que é público não é de ninguém

por Daniel Simões Coelho

Nunca antes na história deste país houve tantos concursos como nestes últimos anos. A euforia pela entrada no serviço público criou um mercado promissor onde se destacam os cursos preparatórios, lojas de materiais didáticos, profissionais especializados e entre outros. Tanto assim, que hoje se diz que é mais difícil passar em um concurso que em um vestibular.
Os resultados de pesquisas de institutos respeitados mostraram que o desemprego reduziu significativamente nos últimos cinco anos. A renda dos brasileiros também apresentou um salto considerável, o que levou uma parcela da população a ingressar na tão sonhada classe média. Associado a esses fenômenos está o crescimento brasileiro, apesar de ainda tímido, a economia brasileira foi ovacionada pela estabilidade apresentada frente à última crise internacional.
O termo vestibulando está em desuso em favor do conceito de concurseiros. Verbete que meu MSO Word marcou em vermelho por não reconhecer em seu dicionário. A gramática, aliás, é bem vinda neste debate. O sufixo em “vestibulando” refere-se a algo em processo, ou seja, que em algum momento irá se concluir. Afinal, ninguém deseja ser um vestibulando por muito tempo. Por outro lado, o componente “eiro” é descrito nos manuais como formador de palavras que caracterizam carreira, profissões.
De fato, os concursados ao tomarem posse e exercício de seus cargos não pensam em parar e descansar. Prosseguem a vida como servidores públicos e concurseiros simultaneamente. Sempre em busca de um cargo melhor e, de preferência, com mais status.
O que motiva os jovens a desistir de seus sonhos, não prestarem vestibular e partirem para os cursos preparatórios de concursos? Estabilidade, salários médios maiores que da iniciativa privada e o sonho de trabalhar em uma empresa onde seu chefe não é o dono da empresa.
Esta é uma realidade bem diferente de décadas atrás, onde ser servidor público era quase que motivo de vergonha. Mas as coisas bem que mudaram. Algum tempo atrás fui buscar informações sobre financiamento de um apartamento. Inicialmente o consultor não acreditou na possibilidade de eu realmente está interessado, mas quando disse que era servidor público ele mudou totalmente o comportamento, quase me oferecendo um tapete vermelho para passar.
Quando digo que os jovens abrem mão de seus sonhos não estou afirmando que não seja um sonho ser servidor público. Mas eu, como um servidor público, vejo que a grande maioria está neste ramo pelos benefícios e não pela satisfação. Geralmente quem entra no quadro funcional do Estado após a faculdade se frustra ao saber que não exercerá sua profissão, mesmo que tenha feito concurso para tal cargo. Quantos bacharéis em Direito eu já vi trabalhando em serviços puramente administrativos.
Esse entusiasmo com o concurso me fez perguntar uma vez: Seria hipócrita um pensador liberal ser servidor público? Ainda não descobri a resposta, não que eu seja um pensador liberal, não que eu seja um pensador também.
Fonte: Academia Econômica, 29/01/2011

sexta-feira, novembro 26, 2010

quando a bolha estoura, o refúgio é o Estado

A RAIVA MAL DIRIGIDA NOS EUA
Tomando emprestadas as palavras de Fritz Stern, o famoso estudioso da história alemã: tenho idade suficiente para lembrar-me daqueles dias ameaçadores nos quais os alemães despencaram da decência para a barbárie nazista. Em um artigo de 2005, Stern indica que tem o futuro dos EUA em mente quando repassa um processo histórico no qual o ressentimento contra um mundo secular desencantado encontrará a liberação no êxtase da fuga da razão. O mundo é demasiado complexo para que a história se repita, mas de todo modo há lições que devem ser relembradas.
Nunca havia testemunhado tamanho grau de irritação, desconfiança e desencanto como o que presenciamos nos Estados Unidos por ocasião das eleições de metade de mandato. Desde que os democratas chegaram ao poder, estão tendo que lidar com nosso monumental incômodo pela situação social, econômica e política do país. Em uma pesquisa da empresa Rasmussen Records, realizada em outubro, mais da metade da cidadania americana assegura ver com bons olhos o movimento Tea Party: esse é o espírito do desencanto.
Os motivos de queixa são legítimos. Nos últimos 30 anos, os salários reais da maioria da população estancaram ou diminuíram, enquanto que a insegurança trabalhista e a carga de trabalho seguiram aumentando, do mesmo modo que a dívida. Acumulou-se riqueza, mas só em alguns bolsos, provocando desigualdades sem precedente.
Estas são as consequências derivadas da financeirização da economia, que vem se desenvolvendo desde os anos 70, e do correspondente abandono da produção doméstica. Recordando esse processo: a mania da desregulamentação defendida por Wall Street e apoiada por economistas fascinados pelos mitos da eficiência do mercado.
O público adverte que os banqueiros, responsáveis em boa parte pela crise financeira e que tiveram que ser salvos da bancarrota, estão desfrutando de lucros recordes e suculentas bonificações, enquanto os índices do desemprego continuam em torno de 10%. A indústria encontra-se em níveis similares aos da Grande Depressão: um de cada seis trabalhadores está desempregado, e o cenário indica que os bons empregos não vão voltar.
O povo, com razão, quer respostas e ninguém as dá, com exceção de umas poucas vozes que contam histórias com certa coerência interna: desde que se suspenda a incredulidade e se adentre em seu mundo de disparate e engano.
Mas ridicularizar as travessuras do Tea Party não é o mais acertado. Seria muito mais apropriado tentar compreender o que sustenta o encanto desse movimento popular e nos perguntar por que uma série de pessoas irritadas estão sendo mobilizadas pela extrema direita e não pelo tipo de ativismo construtivo que surgiu nos tempos da Depressão (como, por exemplo, o Congresso das Organizações Industriais, CIO).
Neste momento, o que os simpatizantes do Tea Party ouvem é que todas instituições (governo, corporações e corpos profissionais) estão apodrecidas e que nada funciona. Entre o desemprego e outros inúmeros problemas, os democratas não têm tempo para denunciar as políticas que conduziram ao desastre. Pode ser que o presidente Ronald Reagan e seus sucessores republicanos tenham sido os grandes culpados, mas essas políticas iniciaram já com o presidente Jimmy Carter e se intensificaram com o presidente Bill Clinton. Durante as eleições presidenciais, entre o eleitorado principal de Barack Obama estavam as instituições financeiras, que afiançaram sua primazia sobre nas últimas décadas.
Aquele radical incorrigível do século XVIII, Adam Smith, referindo-se a Inglaterra, diria que os principais arquitetos do poder eram os donos da sociedade (naqueles dias, os mercadores e industriais), e estes se asseguravam que as políticas do governo se ativessem religiosamente a seus interesses, por mais penoso que fosse o impacto sobre a população inglesa, ou pior, sobre as vítimas da “selvagem injustiça dos europeus” em outros países.
Uma versão mais moderna e sofisticada da máxima de Smith é a teoria do investimento em partidos políticos, do economista político Thomas Ferguson, que considera as eleições como eventos nos quais grupos de investidores se unem para poder controlar o Estado, selecionando para isso os arquitetos daquelas políticas que atendem aos seus interesses.
A teoria de Ferguson é útil para antecipar as estratégias políticas para longos períodos de tempo. Isso não é nenhuma surpresa. As concentrações de poder econômico procurarão de maneira natural estender sua influência sobre qualquer processo político. O que ocorre é que, nos Estados Unidos, essa dinâmica é extrema.
E ainda assim pode-se argumentar que os desperdícios empresariais têm uma defesa válida frente às acusações de avareza e desprezo pelo bem comum. Sua tarefa é maximizar os lucros e o “bem-estar” do mercado. De fato, esse é seu dever legal. Se não cumprissem essa obrigação, seriam substituídos por alguém que o fizesse. Também ignoram o risco sistemático: a possibilidade que suas transações prejudiquem a economia em seu conjunto. Esse tipo de externalidade não é de sua incumbência, e não é por que sejam más pessoas, mas sim por razões de tipo institucional.
Quando a bolha estoura, os que correram os riscos correm para o refúgio do Estado. As operações de resgate, uma espécie de apólice de seguro governamental, constituem um dos perversos incentivos que magnificam as ineficiências do mercado. 
Cada vez está mais ampliada a ideia de que nosso sistema financeiro percorre um ciclo catastrófico, escreveram, em janeiro deste ano, os economistas Peter Boone e Simon Johnson, no Financial Times. Toda vez que ele sucumbe, confiamos que seja resgatado por políticas fiscais e dinheiro fácil. Esse tipo de reação mostra ao setor financeiro que ele pode fazer grandes apostas, pelas quais será generosamente recompensado, sem ter que se preocupar com os custos que possa vir a ocasionar, porque será o contribuinte quem acabará pagando por meio de resgates e outros mecanismos. E, como consequência, o sistema financeiro ressuscita outra vez, para apostar de novo e voltar a cair.
O dia do juízo final é uma metáfora que também se aplica fora do mundo financeiro. O Instituto do Petróleo Americano, respaldado pela Câmara de Comércio e outros grupos de pressão, intensificou seus esforços para persuadir o público a abandonar sua preocupação com o aquecimento global provocado pelo homem e, segundo mostram as pesquisas, obteve bastante êxito nesta tarefa. Entre os candidatos republicanos ao Congresso nas eleições de 2010, praticamente todo mundo rechaça a ideia de aquecimento global.
Os executivos responsáveis pela propaganda sabem de sobra que o aquecimento global é verídico e nosso futuro incerto. Mas o destino das espécies é uma externalidade que os executivos têm que ignorar, pois o que se impõe é o sistema de mercado. E o público não poderá sair em operação de resgate quando finalmente se confirme o pior dos cenários possíveis.
Tomando emprestadas as palavras de Fritz Stern, o famoso estudioso da história alemã: tenho idade suficiente para lembrar-me daqueles dias ameaçadores nos quais os alemães despencaram da decência para a barbárie nazista. Em um artigo de 2005, Stern indica que tem o futuro dos EUA em mente quando repassa um processo histórico no qual o ressentimento contra um mundo secular desencantado encontrará a liberação no êxtase da fuga da razão.
O mundo é demasiado complexo para que a história se repita, mas de todo modo há lições que devem ser relembradas quando verificamos as consequências de outro ciclo eleitoral. Não é pequena a tarefa diante de quem deseje apresentar-se como uma alternativa à indignação e à fúria enlouquecida, ajudando a organizar os não poucos descontentes e sabendo liderar o caminho para um futuro mais próspero.
Tradução: Marco Aurélio Weissheimer
Fonte: Carta Maior, 25/11/2010

quarta-feira, novembro 24, 2010

a verdadeira base da “reconstrução”

NEOLIBERALISMO GERA DESEMPREGO E PUNE OS DESEMPREGADOS

por Andre Damon
   A taxa oficial de desemprego nos EUA atingiu 10,2% em outubro, de acordo com o relatório apresentado na sexta-feira, dia 6, pelo Departamento do Trabalho do país. Trata-se da segunda vez apenas, desde a II Guerra Mundial, em que a taxa atinge dois dígitos. Trata-se, assim, do mais alto índice desde 1983.
    Os últimos relatórios evidenciam a verdadeira base da “reconstrução” clamada pelo governo Obama: aumento do desemprego, aliado ao aumento da intensidade de trabalho e ao corte nos salários. O relatório sobre o desemprego foi divulgado apenas um dia após aquele que relatava um aumento na intensidade de trabalho, numa jornada representada em menos dinheiro.
    A taxa de desemprego, medida com base numa pesquisa familiar, aumentou 0,4% em outubro, muito mais do que esperavam os economistas.
Como um todo, foram perdidos 190.000 empregos, acima dos 175.000 previstos pelos economistas. Como um todo, a pesquisa familiar realizada — incluindo aqueles que trabalham para si próprios e pequenos comerciantes — obteve um número muito maior de empregos cortados: 558.000.
    Cerca de 61.000 empregos na manufatura foram perdidos no mês, elevando o número total perdido no setor desde dezembro de 2007 para 2,1 milhões. Já no varejo o número de empregos cortados no mês foi de 40.000. O setor de serviço, como um todo, cortou 61.000 empregos.
    A taxa de desemprego no Canadá aumentou 0,2% em outubro, para 8,6%. O país perdeu 43.000 empregos no último mês, em contraste com a adição de 10.000 empregos prevista pelos economistas. Cerca de 400.000 empregos foram eliminados no país desde outubro de 2008.
    Desde o início da recessão, 8,2 milhões de empregos foram destruídos nos EUA, elevando o número de pessoas desempregadas no país para 15,7 milhões, significativamente maior que a população de Cuba, da Grécia ou da Suécia. Dentro desse quadro, cerca de 5,6 milhões, ou 35,6%, estão desempregados há 27 semanas ou mais.
    A taxa de desemprego mais ampla, que inclui aqueles que já deixaram de procurar emprego e aqueles que trabalham apenas meio-período involuntariamente, atinge números ainda mais alarmantes: 17,5% da população. Trata-se do maior número já registrado na história e cerca de 0,5% a mais que o de setembro. O número de pessoas que gostaria de ter um emprego de período integral, mas não pode, somados àqueles que tiveram as horas cortadas pela metade, atinge 9,3 milhões.
    Diante disso, os economistas revisaram para cima sua estimativa da taxa de desemprego para o próximo ano, com muitos deles prevendo algo além dos 11%. Tal número representaria a mais alta taxa desde a II Guerra Mundial.
    A última vez que a taxa ultrapassou os 10% foi durante a recessão de 1982-83, quando atingiu 10,8%. As condições para os trabalhadores, hoje, entretanto, estão muito piores que aquelas da década de 80. Nas três décadas que se passaram, avançou uma consciente campanha pela flexibilização dos direitos trabalhistas, que representou-se não apenas em cortes de empregos, como também em corte de tempo de trabalho e imposição de trabalhos mais intensos.
    Tudo isso se expressou no relatório divulgado na quinta-feira pelo Departamento do Trabalho dos EUA, que divulgou um aumento de 9,5% na produtividade do trabalho, em comparação com o último semestre do ano passado. A produtividade é calculada de acordo com o produzido durante determinado período trabalhado. Nos últimos seis meses, a produtividade aumentou no maior nível desde 1961.
     O aumento da produtividade choca-se com o fato de que os trabalhadores têm de fazer mais por menos. Muitas empresas cortam parte de sua força de trabalho e forçam aqueles trabalhadores que ficaram a trabalhar por seus companheiros demitidos.
    A resposta de Obama aos dados divulgados na sexta-feira era uma mistura de indiferença e ideias paliativas. Numa declaração na Casa Branca, afirmou: “Mesmo que isso nos tome tempo e paciência, sou confiante na recuperação da economia. Tenho confiança de que estamos no caminho certo”.
    Em seguida, Obama defendeu que as medidas de “estímulo” injetadas por seu governo “salvaram e criaram” milhões de empregos. Tal idéia baseou-se em dados altamente inflados a respeito dos empregos que seriam cortados caso não tivessem agido. Na verdade, o número de pessoas diretamente empregadas graças às medidas de Obama é insignificante.
    Em seguida, Obama anunciou a extensão do plano de benefícios aos desempregados em 20 semanas para alguns estados do país. O presidente norte-americano informou que a lei assinada por ele aumentará os benefícios existentes para mais de 700.000 pessoas. O salário-desemprego chegará a US$ 300, podendo ser estendido para até 33 semanas.
A lei também inclui um aumento da taxa de crédito para aqueles que comprarem casas. Tais programas buscam aliviar o processo, mas de forma alguma, apontam um caminho para superação da crise.
      Buscando diminuir os comentários de que seu governos está ampliando demais os gastos federais, Obama declarou que as lei que estende os benefícios aos desempregados era “neutra” do ponto de vista dos gastos do Estado. “A lei que assinei não acarretará em nossos gastos. Trata-se de algo muito pequeno e, nesse sentido, responsável do ponto de vista fiscal”, afirmou.
    O foco no corte dos gastos federais, tema repetido por muitos representantes do governo nas últimas duas semanas, surgiu após os cofres do governo serem abertos ao setor financeiro. O aumento dos lucros e dos bônus aos maiores bancos serão pagos via corte nos gastos sociais.
    Obama indicou que seu governo busca medidas adicionais, focadas em cortes fiscais para corporações, supostamente para gerar empregos. Com isso, o governo rejeitaria novos pacotes de estímulo.
    Alan Krueger, economista-chefe do Departamento do Tesouro, disse a jornalistas que não existem planos seguros sendo planejados. “Não posso falar sobre o que está sendo considerado, nem mesmo se o que está sendo considerado acontecerá”, afirmou ele.
    A esse respeito, Obama ainda defendeu “uma agenda agressiva para promover as exportações e ajudar os negócios americanos no resto do mundo”. Tal declaração refere-se a um componente chave da estratégia americana para diminuir seus gastos fiscais: a desvalorização do dólar para aumentar as exportações e diminuir importações.
    A realidade por trás de tal proposta, no entanto, é o ataque aos salários, base da competição em todo o mundo por mão-de-obra. Os salários nos EUA caíram neste ano para um nível recorde e continuará caindo.
    O próprio governo desferiu esse ataque com o processo de bancarrota da General Motors e da Chrysler no começo deste ano, vinculado ao rebaixamento dos padrões de vida da classe operária.
    No começo desta semana, Obama declarou, num encontro do Conselho de Recuperação Econômica, que gostaria de “criar algo para que os investimentos fossem alavancados”. A única forma de fazer isso, para ele, no entanto, se dá através da permanente redução dos salários e pelo aumento da produtividade dos trabalhadores americanos.
    Para Obama e o setor da burguesia que representa, altos índices de desempregos não são indesejáveis — pelo contrário, são absolutamente necessários.
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(*) Artigo originalmente publicado no World Socialist Web Site, 10-11
Fonte: Carta Maior, 18/11/2010

domingo, outubro 17, 2010

ordem das idéias políticas

A santíssima trindade dos homens de bem

Na disputa política, o “iluminismo tucano" tem levado o candidato do PSDB a ficar muito parecido com tudo que ele, em seu passado como homem de esquerda, rejeitava como lixo. É assim que a oposição fabrica um ”homem de bem".
A canalhice eleitoral também pode ser cruel e humilhante, quando adiciona à degradação do corpo político a desordem das idéias. Às vezes, para sorte dos náufragos, o processo é lento, de se medir em anos. Outras vezes, tem a perversão da rapidez e produz em suas vítimas súbita metamorfose. Esta velhice, a mais sofrida para quem dela padece e a mais chocante para quem a vê, abateu-se sobre a candidatura Serra.
A versão global-carismática da desmodernização brasileira parece não conhecer limites. Na disputa política, o “iluminismo tucano" tem levado o candidato do PSDB a ficar muito parecido com tudo que ele, em seu passado como homem de esquerda, rejeitava como lixo. Os dois fenômenos, o da fé mercantilizada e o da política dessecularizada, tornaram-se imbricados, um aprendendo a usar os recursos do outro para alavancar os seus projetos que guardam inequívoca afinidade eletiva. É assim que a oposição fabrica um ”homem de bem".
Se acrescentarmos ao quadro dantesco a Justiça Eleitoral usada como instrumento de poder, veremos o quanto está ameaçada a legitimidade da representação popular, sem a qual não existe democracia. Estaríamos assistindo à implantação no país de uma justiça de gabinete, considerada pelo pensamento jurídico mundial a forma mais infame de prepotência principesca? Este é o projeto demotucano? Oremos todos.
A temperatura da campanha, agitada com os debates entre os candidatos e a demonização do Programa Nacional dos Direitos Humanos (PNDH), nos obriga a retroceder no tempo para lembrar ao eleitor de classe média a tessitura do retrocesso em andamento. É interessante retornar a 2001, para aquilatarmos alguns dados e falas esquecidas.
Há nove anos, Márcio Pochmann[1], fazia uma precisa radiografia do desemprego e da precarização do trabalho, que assolava a economia brasileira. O autor apresentava quais os principais elementos que asseguravam a (triste) presença do Brasil no pódio, como um dos campeões do desemprego em escala mundial. Em suas palavras: “Em 1999, por exemplo, o Brasil ocupou o terceiro lugar no mundo em desemprego aberto, representando 5,61% do total do desemprego mundial, apesar de contribuir com 3,12% na PEA global. Em contrapartida, no ano de 1986, a colocação do Brasil no ranking mundial foi a décima terceira, com participação de 2,75% e representação de 1,68% do desempenho mundial".
O economista alertava que o perfil ocupacional do trabalhador brasileiro o deixava exposto aos efeitos deletérios da globalização, decorrentes da liberalização comercial e da desregulamentação do mercado de trabalho, sem constrangimento por parte das políticas macroeconômicas e sociais nacionais. Para quem acredita que Lula nada mais fez senão dar continuidade ao governo FHC, é legítimo indagar sobre as bases em que está assentada esta crença.
O descontentamento com a crise energética influía negativamente na avaliação do governo FHC, de acordo com pesquisa do Instituto Vox Populi, feita em junho de 2001. O percentual de ruim e péssimo saltava de 34 para 42%. A taxa de ótimo/bom refluía de 22% para 17%. Os entrevistados apontavam como piores áreas do governo: a saúde (29%), a energia elétrica (23%) e a segurança (17%). Ou seja, a gestão do “melhor ministro da Saúde que o país já teve", como alardeia a propaganda tucana, era a que apresentava a pior avaliação. Os tempos eram duros para o “homem de bem" dos púlpitos do Opus Dei.
Em 2002, aliados e estrategistas dos principais candidatos à Presidência acreditavam que o fechamento de um acordo com o FMI aliviaria o clima da campanha eleitoral por trazer mais estabilidade à economia e afastar a "argentinização" do Brasil. 
O candidato do PSDB, José Serra, pretendia faturar o momento, apresentando-se como o único capaz de repetir o feito de fechar, se necessário, um novo acordo. Seu raciocínio era contestado por outro ”homem de bem". O presidente do PPS, senador Roberto Freire, conhecido como “líder do governo na oposição", reagia com ironia aos prognósticos do tucano. “Isso é uma besteira, algo risível. Esse acordo está sendo fechado para corrigir os equívocos da equipe econômica, totalmente subordinada ao FMI. Porque reduziram o estrago, agora querem virar os salvadores da pátria".
Freire, como se sabe, viria a apoiar Alckmin em 2006 e está na coligação tucana em 2010. Sua trajetória, como político de esquerda, é conhecida. Desde os tempos do velho PCB, o oportunismo açoita-o em direção da direita, em nome de evitar a vitória da direita pior. Sempre aderiu ao blablablá de combater o "inimigo de dentro"- o que, na linguagem cristalina da política, significa descolar uns empreguinhos no governo. E, quem sabe, um dinheirinho para a campanha. Esta sempre foi sua interpretação sobre o conceito gramsciano de "guerra de posição".
O DEM completa a tríade da santidade oposicionista. Nunca foi capaz de matricular-se num curso intensivo sobre como fazer campanhas eleitorais sem recursos do Orçamento da União, que fosse só na base do palanque, aqui entendido como discurso de identificação com a sociedade. Para tal, precisaria arrumar um projeto de país, coisa que jamais passou pela cabeça do seu ex-presidente, Jorge Bornhausen, conhecido pelo apelido de “Alemão", por conta do temperamento gélido e da ascendência genética.
Serra, Freire, Borhausen. Eis a santíssima trindade. Por ela, as redações rezam em editoriais e colunas: “dai-me sempre guarida, tende de mim piedade" O Estado laico não pode dizer amém.
(*) Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Jornal do Brasil.

[1] POCHMAN, Márcio. O Emprego na Globalização. SP: Boitempo, 2001.

quinta-feira, agosto 12, 2010

juventude e mercado de trabalho

Taxa mundial de desemprego jovem atinge nível histórico 
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Os números foram divulgados nas conclusões do relatório "Tendências Mundiais do Emprego Jovem 2010". 
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A atual crise econômica é uma oportunidade para lançar novas estratégias ao nível educativo e laboral de combate ao desemprego entre os jovens, que são “o motor do desenvolvimento econômico”, defende o diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), citado pela Lusa.
Sustentando que “os jovens são o motor do desenvolvimento econômico”, o diretor geral da OIT, Juan Somavia, alerta que “não aproveitar este potencial é um desperdício econômico que pode prejudicar a estabilidade social. A crise é uma oportunidade para reavaliar as estratégias para fazer frente às sérias desvantagens que enfrentam os jovens ao ingressar no mercado de trabalho. É importante que nos foquemos em estratégias integradas e exaustivas que combinem políticas educativas e de formação com políticas laborais destinadas aos jovens”, acrescentou. 
Segundo as projeções da OIT, a taxa mundial de desemprego juvenil deverá continuar a aumentar em 2010, até aos 13,1 por cento, para então recuar até aos 12,7 por cento em 2011. As taxas de desemprego juvenil demonstraram ser mais sensíveis à crise do que as de adultos, provavelmente porque a recuperação do mercado de trabalho dos jovens tarda mais em acontecer. 
Nos termos do relatório, o crescente desemprego juvenil terá “importantes consequências para os jovens à medida que os novos candidatos ingressam no mercado de trabalho se juntam às filas dos já desempregados”. 
O estudo alerta, por isso, para o “risco de que um dos legados desta crise seja uma ‘geração perdida’ de jovens que abandonou o mercado de trabalho após ter ficado sem esperança de encontrar emprego e ter uma vida decente”. 
Se nas economias desenvolvidas e em algumas economias emergentes o impacto da crise sobre os jovens sente-se, sobretudo, no aumento do desemprego e dos riscos sociais associados à falta de motivação e à inatividade prolongada, nos países menos desenvolvidos traduz-se numa menor quantidade de horas trabalhadas e na redução de salários para os poucos que conseguem manter um emprego fixo e num aumento do emprego precário na cada vez mais abrangente economia informal. 
De acordo com as conclusões da OIT, 152 milhões de jovens – cerca de 28 por cento de todos os jovens trabalhadores no mundo – trabalharam em 2008, mas continuaram num estado de pobreza extrema em lares onde vivem com menos de 1,25 dólares por pessoa ao dia. 
“Nos países em desenvolvimento, a crise domina a vida diária dos pobres”, refere o diretor-geral da OIT. 
Lançado o Ano Internacional da Juventude
Numa mensagem a propósito do Dia Internacional da Juventude, que se assinala esta quinta-feira, Ban Ki-moon defende que "deve ser dada uma importância primordial às necessidades dos mais jovens", exortando mesmo os estados-membros a "aumentarem os seus investimentos nos jovens".
Na sala da Assembleia Geral das Nações Unidas, é lançado o Ano Internacional da Juventude, que terminará a 11 de Agosto de 2011, dedicado ao tema "diálogo e compreensão mútua" e com o objetivo de promover ideais de paz, respeito pelos direitos humanos e solidariedade entre gerações, culturas, religiões e civilizações.
Atualmente existem em todo o Mundo mais de 1,2 bilhões de jovens, com idades entre os 15 e os 24 anos e que representam cerca de 18 por cento da população mundial.
Oitenta e sete por cento dos jovens que enfrentam problemas de acesso limitado a recursos, cuidados de saúde, educação, formação, emprego e oportunidades econômicas vivem em países em desenvolvimento.
Fonte: esquerda.net - Artigo - 12 agosto, 2010.

na tela ou dvd

  • 12 Horas até o Amanhecer
  • 1408
  • 1922
  • 21 Gramas
  • 30 Minutos ou Menos
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  • A Árvore da Vida
  • A Bússola de Ouro
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  • A Endemoniada
  • A Espada e o Dragão
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  • A Força de Um Sorriso
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  • A Idade da Reflexão
  • A Ilha do Medo
  • A Intérprete
  • A Invenção de Hugo Cabret
  • A Janela Secreta
  • A Lista
  • A Lista de Schindler
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  • A Razão de Meu Afeto
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  • A Revelação
  • A Sombra e a Escuridão
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  • A Vantagem de Ser Invisível
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  • Amor e outras drogas
  • Amores Possíveis
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  • Antes do Anoitecer
  • Antes que o Diabo Saiba que Voce está Morto
  • Apenas uma vez
  • Apocalipto
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  • As Idades de Lulu
  • As Invasões Bárbaras
  • Às Segundas ao Sol
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  • Ausência de Malícia
  • Australia
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  • Caçador de Recompensa
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  • Coincidências do Amor
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  • Colateral
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  • Comer, Rezar, Amar
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