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sábado, agosto 06, 2011

uma minoria que irradia a treva

Colapso do neoliberalismo sob o tacão dos ultra-neoliberais: é a treva!”
“Não, não é um quadro como o de 1929. Aquele teve um ápice, com recidivas, mas ensejou um desdobramento político que inauguraria um outro ciclo, com Roosevelt e o New Deal. O que passamos agora é distinto de tudo isso”, diz a economista Maria da Conceição Tavares, em entrevista à Carta Maior. E adverte: “Todavia não menos grave e talvez mais angustiante. É um colapso enrustido, arrastado, latejante. Sim, você tem a comprovação empírica do fracasso neoliberal; mas e daí? São eles que estão no comando, ou será o quê esse arrocho fiscal nos EUA enfiado pelo Tea Party na goela do Obama? Vivemos um colapso do neoliberalismo sob o tacão dos ultra-neoliberais: isso é a treva!"
As manifestações mórbidas de ortodoxia fiscal nos EUA e, antes, o martírio inútil da Grécia, mas também as rebeliões de indignação que tomam as ruas do mundo, em contraste com o alarme sangrento da intolerância neonazista vindo da Noruega, romperam uma blindagem de opacidade e resignação que revestia a crise mundial.
Depois de anos de abordagem asséptica por parte dos governos, e do tratamento complacente e obsequioso desfrutado na mídia, causas e conseqüências da débâcle mais ruidosa do capitalismo desde 1929 adquirem progressiva transparência.
Arcado sob um vácuo de liderança assustador, os EUA de Obama e do Tea Party, mas também a Europa da rendição socialdemocrata, expõem a dimensão política da crise, que realimenta seu impasse econômico.
Nos confrontos de rua entre uma população desesperada e um poder político de representatividade dissolvente, desnuda-se a brutal incompatibilidade entre os mercados financeiros desregulados e os valores da democracia. Na ascendência do Tea Party, pautando um arrocho ortodoxo que joga o planeta às portas de uma Depressão, desaba a confiabilidade na democracia norte-americana que se transforma em fator de insegurança mundial.
A conversa fiada dos centuriões midiáticos que durante o ciclo neoliberal venderam o peixe podre, segundo o qual, democracia e laissez-faire selvagem são personas indissociáveis do capitalismo desregulado, derreteu. Da poça de desilusão escorre um veio de discernimento que se espalha aos poucos pelas praças do mundo: a crise só será efetivamente superada com uma democracia reinventada pela participação popular. 
O movimento não se completa, todavia, apesar da truculência incomum, porque a explosão carece, ainda, daqueles atores dos quais se espera, historicamente, a expressão organizada e programática do conflito social: os partidos políticos, mais especificamente, as legendas alinhadas ao campo da esquerda.
Tal vazio afirma a natureza verdadeiramente sistêmica da atual crise, cujo atributo não se restringe ao colapso do corpo econômico de uma época. A crise paradoxalmente trouxe a política de volta porque nenhuma solução de mercado resolverá os impasses causados por ele e por seus mitos. 
Essa singularidade não passa desapercebida pelos que se debruçam, como sempre se debruçaram, na análise das crises e impasses do sistema capitalista em busca de respostas progressistas para o presente e o futuro do desenvolvimento brasileiro. Entre as mais importantes contribuições desse indispensável engajamento intelectual está a voz da professora Maria da Conceição Tavares.
Em março deste ano, quando Obama se preparava para aterrissar no Brasil, em meio a confetes e serpentinas de uma mídia obsequiosa, a narrativa dominante saltitava ao som de um novo samba enredo. 
Um esforço coreográfico enorme procurava convencer o distinto público sobre a veracidade de algumas fantasias e adereços. A saber: a viagem era um ponto de ruptura entre a ‘política externa de esquerda’ do Itamaraty – leia-se de Lula , Celso Amorim e Samuel Pinheiro Guimarães – e o suposto empenho da Presidenta Dilma em uma reaproximação ‘estratégica’ com o aliado do Norte; a visita selaria um a nova agenda, ‘uma reconciliação’ entre Brasília e Washington ancorada em concessões e acordos expressivos; Obama seria o paradigma de uma modernidade a ser seguida por Dilma, distinta do ‘populismo’ político e econômico da ‘escumalha’ latinoamericana –ele usa twitter, é cool, não gosta de Lula, nem de Chávez. Em entrevista à Carta Maior algumas horas antes daquela prometida apoteose que, como é sabido, redundou em fiasco, a professora Maria da Conceição Tavares aspergiu certeiras bisnagas de realismo sobre o entrudo inebriado. E avisou: “Obama não tem nada a nos oferecer. Quase nada depende da vontade de Obama, ou dito melhor, a vontade de Obama quase não pesa nas questões cruciais. A sociedade norte-americana encontra-se congelada pelo bloco conservador por cima e por baixo. Os republicanos mandam no Congresso; os bancos tem hegemonia econômica; a tecnocracia do Estado está acuada.”E arrematou: “Obama foi anulado pelo conservadorismo de bordel da direita norte-americana”.
Carta Maior voltou a conversar agora com a economista a quem todos ligam quando o mundo despenca e é preciso saber para que lado ir. E é isso que o mundo está fazendo há dias, metafórica e financeiramente: despencando. 
A extrema direita republicana pautou Obama, como Conceição havia antevisto; asfixiou a política fiscal da maior economia do planeta. O anúncio de cortes de gastos públicos da ordem de US$ 2,4 trilhões de dólares sobre um metabolismo econômico combalido, equivale a ordenar aos mercados que imitem o Barão de Munchausen e se ergam pelos próprios cabelos. O Barão de Munchausen era um contador de lorotas. Só a convicção colegial desastrosa do Tea Party no laissez-faire - cujo equivalente nativo é a mídia e seus consultores - pode inspirar-se nas metáforas capilares do velho Barão para pautar os destinos da economia e da sociedade.
Os mercados sabem que a coisa não funciona assim. Investidores e especuladores urbi et orbi farejaram o desastre e se anteciparam fugindo em massa de ações e títulos, candidatos a perder o valor de face na recessão em curso. 
Antes de atender Carta Maior, a professora Maria da Conceição já havia recebido telefonemas de Brasília, com a mesma inquietação: ‘E agora?’. 
A decana dos economistas brasileiros entende de crise. Ela nasceu em abril de 1930, poucos meses depois da 5º feira negra de outubro de 1929, quando as bolsas reduziram todo um ciclo a riqueza especulativa a pó e pânico. Em questão de horas.
A voz rouca de quem viveu e estudou todas as demais crises do capitalismo no século XXI, vai logo avisando: “Não, não é um quadro com o de 1929. Aquele teve um ápice, com recidivas, mas ensejou um desdobramento político que inauguraria um outro ciclo, com Roosevelt e o New Deal. O que passamos agora é distinto de tudo isso”.
Maria da Conceição faz uma pausa para para advertir em seguida: “Todavia não menos grave e talvez mais angustiante. É um colapso enrustido, arrastado, latejante. Sim, você tem a comprovação empírica do fracasso neoliberal; mas e daí? São eles que estão no comando, ou será o quê esse arrocho fiscal nos EUA enfiado pelo Tea Party na goela do Obama? Vivemos um colapso do neoliberalismo sob o tacão dos ultra-neoliberais: isso é a treva!’ , desabafa a professora que recém passou por uma cirurgia delicada, tenta moderar a voz e a contundência, mas seu nome é Maria da Conceição Tavares. Bem, ela reforça o torque satisfeita com a síntese enunciada e sublinha, inclemente: ‘É a treva!’
A professora de reconhecida bagagem intelectual, respeitada mesmo pelos que divergem de seus pontos de vista, normalmente prefere não avançar na reflexão política e ideológica. Mas neste caso insiste: ‘Não é um fascismo explícito, como se viu na Europa, em 30. Até porque o nazismo, por exemplo - e isso não abona em nada aquela catástrofe genocida, postulava o crescimento com forte indução estatal. O que se tem hoje é o horror de um vazio político de onde emergem as criaturas do Tea Party e coisas assemelhadas na Europa. Não há ruptura na crise, mas sim, permanência e aprofundamento. Será uma crise longa, penosa, desagragdora, mais próxima da Depressão do final do século XIX, do que do crack de 1929”.
A seguir, trechos da conversa de Maria da Conceição Tavares com Carta Maior:
Carta Maior - No caso do Brasil, no que esta crise difere da de 2008 que superamos rapidamente? Dá para usar a mesma receita de então?
Maria da Conceição Tavares— “É muito difícil (suspira). Primeiro, pela natureza arrastada, enrustida desse longo crepúsculo. Você fica a tomar medidas pontuais. Tenta mitigar a questão do câmbio para evitar a concorrência predatória das importações. Mas tem efeito limitado. Voce aperta os controles aqui, mas o dólar está derretendo lá fora. Está derretendo sob o peso da recessão e do imobilismo político de quem deveria tomar as rédeas da situação. O Brasil não tem como impedir que o dólar derreta no sistema financeiro mundial.
CM—Isso foi diferente em 2008...
MCT—Em 2008 nós tivemos um efeito oposto; capitais em fuga migraram de várias partes do mundo, de filiais de bancos e multinacionais, para socorrer a quebra das matrizes na Europa e nos EUA. Então o que houve ali foi uma desvalorização cambial; o Real ficou mais fraco. Isso facilitou as coisas pelo lado das exportações e da contenção de importações, ainda que quase tenha levado à breca aqueles que especulavam contra a moeda brasileira, fazendo hedge fictício para ganhar na desvalorização. Mas do ponto de vista macroeconômico foi um quadro mais favorável. Hoje é o inverso.
CM - As reservas atuais, da ordem de US$ 340 bilhões são um alento?
MCT—Também há diferenças desfavoráveis nas contas externas. As reservas hoje são basicamente formadas pela conta de capitais; não tanto pelo superávit comercial, como era então. Significa que hoje são a contrapartida de algo fluido, capitais que não sabemos exatamente se representam investimento produtivo, de mais longo curso, ou especulação capaz de escapar abruptamente. Sobretudo, tenho receio porque uma parte considerável desse ingresso é dívida privada. Com a anomalia dos juros, os maiores do mundo – a nossa herança maldita - e a oferta barata e abundante de dinheiro lá fora, nossas empresas se endividaram a rodo. Se houver uma reversão do ciclo, se o dólar se valorizar, o descasamento entre um passivo em dólar e receitas em reais, no caso de quem não exporta, ou exporta pouco, será traumático. Essa contabilidade hoje por certo é mais grave do que o passivo em hedge que quase quebrou grandes grupos brasileiros em 2008.
CM - Então a margem de manobra do governo Dilma é menor?
MCT - (suspira) Estávamos melhor antes. E muito do que fizemos então não dá para fazer agora...
CM—Mas o governo pode...
MCT— O governo Dilma poderá agir de forma distinta e contundente se a crise virar o Rubicão; aí tudo é lícito e possível. 
CM - Por exemplo?
MCT - Por exemplo centralizar o câmbio; controlar importações, remessas etc.
CM— E enquanto isso não ocorre?
MCT - Mas enquanto se arrasta assim, uma crise enrustida, que vai minando, desagregando, sem ser confrontada, fica difícil. Você toma medidas pontuais que se dissolvem. 
CM - Há uma superposição de colapso do neoliberalismo com esfarelamento político que realimenta e reproduz o processo?
MCT - Veja, é um colapso empírico da agenda do neoliberalismo. Avulta que a coisa é um desastre e os meus colegas economistas dessa cepa, espero, devem estar conscientes disso. Mas que poder tem os economistas? Nenhum. O poder que conta está nas em outras mãos, a dos responsáveis pela crise. Vivemos um colapso neoliberal sob o tacão dos ultra-neoliberais. Não estamos falando de gente normal, é preciso entender isso. Não são neoliberais comuns. Meu Deus, o que é isso que estão fazendo nos EUA? É a treva! Vivemos um colapso do neoliberalismo sob o tacão dos ultra-neoliberais: isso é a treva! E ela se espalha desagregando, corroendo. 
CM—Devemos nos preparar para uma crise longa?
MCT—Sem dúvida. Por conta dessa dimensão autofágica que não enseja um desdobramento político à altura, que inaugure um novo ciclo, como foi com Roosevelt e o New Deal em 29. 
CM—As bases sociais do New Deal não existem mais nos EUA?
MCT - Não existem mais. Obama é o reflexo disso. É uma liderança intrinsecamente frouxa. Não tem a impulsão trabalhista e progressista que sustentou o New Deal. É frouxo. Seu eleitorado é difuso ah, ótimo, ele se comunica com os eleitores pelo twitter, etc. E aí? É uma força difusa, desorganizada, estruturalmente à margem do poder. Está fora do poder efetivo no Congresso que é da direita, dos ricos, dos grandes bancos e grandes corporações, como vimos agora no desenho do pacote fiscal. Está fora da indústria também que foi para a China. Esse limbo estrutural é o Obama. Ele pode até ser reeleito, tomara que seja. A alternativa é amedrontadora. Mas isso não mudará a sua natureza frouxa.
CM— Se não existe o componente político que assemelhe essa crise a de 1929, então o que é isso, essa’ treva’ que estamos vivendo?
MCT— (ri) Uma treva é uma treva... O que passamos agora é distinto de tudo o que se viu em 29...Todavia não menos grave e talvez mais angustiante. É um colapso enrustido, como eu disse. Arrastado, latejante, sob o tacão de forças como essas dos ultra-neoliberais. Tampouco é um fascismo explícito, porém, como se viu na Europa, em 30. Até porque o nazismo, por exemplo, e isso não abona em nada aquela catástrofe genocida, postulava o crescimento com forte indução estatal. O que se tem hoje é o horror; um vazio político de onde emergem essas criaturas dos EUA, e coisas assemelhadas na Europa. Será uma crise longa, penosa, desagregadora, mais próxima da Depressão do final do século XIX...
CM- O declínio de um império, como foi o declínio do poder da Inglaterra no final século XIX?
MCT—Sim, é um quadro mais próximo daquele. O poder inglês foi sendo contrastado por nações com industrialização mais moderna. Um arranjo com estrutura de integração superior entre a indústria e o capital financeiro e que aos poucos ultrapassaria a hegemonia inglesa. Foi uma quebra, uma inflexão entre o capitalismo concorrencial e o capitalismo monopolista. A Inglaterra que havia sido a ‘fábrica do mundo’ perdeu o posto para o agigantamento fabril americano e alemão. Isso se arrastou por décadas. Foi uma Depressão, a primeira Depressão que tivemos no capitalismo (durou de 1873 a 1918). Levou à Primeira Guerra, que resultou na Segunda... 
CM—Os EUA são a Inglaterra da nossa longa crise... E o novo hegemon?
MCT - As forças que se articularam na sociedade norte-americana, basicamente forças conservadoras, de um reacionarismo profundo, não em condições de produzir uma nova hegemonia propositiva. Claro, eles tem as armas de guerra. Não é pouco, como temos visto. Vão se impor assim por mais tempo. Mas daí não sai um novo hegemon. Vamos caminhar para um poder multilateral, negociado, sujeito a contrapesos que nos livrarão de coisas desse tipo, como a ascendência do Tea Party nos EUA. Uma minoria que irradia a treva para o mundo.
Fonte: Carta Maior | Economia, 05/08/2011

quinta-feira, agosto 04, 2011

baixa sincronia existente entre os elementos político-institucional e econômico-financeiro

CRISE EUROPÉIA: A CHANTAGEM DOS BANCOS E O "CALOTE" DA GRANDE IMPRENSA
Dada a dimensão das dificuldades de países europeus, forma-se um consenso de que será necessária a renegociação das dívidas públicas. Ao contrário da qualificação depreciativa de “calote” dada pela grande imprensa, trata-se de repactuação de tais estoques entre Tesouros devedores e credores.
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A profunda crise por que passa a chamada zona do euro pode ser analisada sob diversas perspectivas. Mas chama a atenção um aspecto particular: a baixa sincronia existente entre os elementos político-institucional e econômico-financeiro no processo de construção da União Européia (UE).
O bloco de países mais industrializados que tomaram tal iniciativa, liderados pela França e Alemanha, desde o início perceberam a necessidade de ampliar o espaço geográfico e econômico do mercado comum. E assim foram integrados, na década de 80, a Grécia, a Espanha e Portugal.
Nesse momento, ganha importância o estabelecimento de um conjunto de regras do que se chama genericamente de instrumentos de “política regional”. O objetivo era o promover a redução das diferenças entre os países e entre as regiões. Com isso, buscava-se uma equalização das condições para o crescimento e o desenvolvimento.
Para tanto foram constituídos fundos de natureza financeira, com maior parcela de contribuição proveniente dos países com maior dinamismo econômico. Aproveitando-se de um período de recursos orçamentários abundantes proporcionados pela atividade econômica promissora, os valores puderam ser direcionados para os países recém ingressantes, bem como para as regiões menos desenvolvidas dos países que iniciaram o processo da unificação.
Por outro lado, à medida que avançava a união monetária e econômica, os órgãos centrais europeus passaram a fixar regras de conduta fiscal e econômica para as nações integrantes da zona do euro. Como os países deixavam de operar com suas próprias moedas nacionais e passavam a utilizar o euro como referência monetária, entrava em cena a necessidade de estabelecer controles sobre variáveis importantes em termos macroeconômicos, tais como o nível de endividamento público e as condições do equilíbrio fiscal. Afinal, os gastos eram definidos pelos governos/parlamentos de cada nação soberana, mas as contas poderiam ser todas creditadas à UE, que passou a deter o poder de emissão da moeda supranacional. A situação era inusitada e desafiadora: países sem moeda nacional e uma nova moeda sem que houvesse um país responsável por sua emissão!
Como se vê, trata-se de uma difícil obra de arquitetura político-institucional e de engenharia econômico-financeira. A solução encontrada foi a definição de limites de índices para as variáveis acima mencionadas. Assim, os países que quisessem usufruir dos benefícios da participação na UE não poderiam apresentar uma dívida pública superior a 60% de seu PIB, e seu déficit público não poderia ser mais elevado do que 3% do PIB. Ou seja, era o estabelecimento de condições explícitas de responsabilidade fiscal para os governos da zona euro. Aqui vale um registro importante: apesar de ter constituído seu BCE e emitir a sua moeda, a UE ainda não possui um organismo semelhante a um Tesouro, que possa emitir títulos da dívida pública européia. 
Ocorre que a determinação de tais índices para acompanhamento da situação fiscal continha algum elemento de arbitrariedade e era efetuada olhando para o passado. Assim, à medida que a conjuntura evoluía a partir da década de 90 e da entrada no novo milênio, a realidade econômica acabou por atropelar tais convenções. As dívidas públicas de alguns países da UE se aproximavam do limite e, aos poucos, começavam a ultrapassar os 60%. O mesmo ocorreu com a questão fiscal, onde os déficits dos Estados membros começaram a superar o próprio limite de 3%. A esse quadro deve-se adicionar a tendência de redução do ritmo do crescimento econômico dos países da região e o posterior aprofundamento do quadro recessivo, com as conseqüências negativas como o desemprego e a queda da capacidade arrecadadora dos países em razão da diminuição da atividade econômica geral.
Em situações como essa, normalmente o Estado é chamado a gastar mais na área social e mesmo na infra-estrutura, até como forma de estimular a superação da crise no futuro. E isso implica elevação no endividamento público e maior nível de gastos orçamentários em relação às receitas. Ou seja, maior déficit fiscal.
Ocorre que o financiamento das necessidades dos tesouros nacionais é feito com base no aporte de recursos do setor privado e das instituições financeiras. É o conhecido mecanismo de lançamento de títulos da dívida pública no mercado financeiro. Como, a partir de 2008, o cenário geral da economia internacional passou a ser o da mais completa incerteza e insegurança, ao menor ruído os agentes especulativos se movimentam para elevar seus ganhos e/ou reduzir suas perdas.
É o que tem ocorrido ao longo dos últimos meses com os integrantes da UE. Com base no argumento de que as dívidas assumidas por países como Irlanda, Grécia, Portugal, Espanha e Itália são impagáveis tal como elas foram acordadas no passado, os principais representantes do capital financeiro atuam para exigir dos Estados e dos responsáveis pela UE o cumprimento das regras. E, nesse mecanismo de chantagem, terminam por aprofundar ainda mais o quadro de insegurança econômica. Na verdade, como têm grande poder de fogo, terminam por encostar os governantes na parede e exigem garantias de que eles – bancos – não serão prejudicados, ao contrário do que tem ocorrido com a grande maioria da população de tais países. Caso contrário, ameaçam com a criação do caos e de provocar a quebra das economias nacionais. E, além disso tudo, paira a ameaça de colocar em xeque o próprio processo de construção européia.
Mas o fato é que a UE constituiu-se em um ator de grande relevância no cenário internacional, inclusive do ponto de vista econômico. Em termos populacionais, reúne um total superior a 500 milhões de habitantes, com todas as conseqüências em termos de mercado consumidor. Fica atrás apenas da China e da Índia, e apresenta um quadro de menor desigualdade social e econômica. Por outro lado, do ponto de vista de renda, constitui um Produto Interno Bruto que já superou o PIB norte-americano.
O grande receio é que a demora em solucionar a crise atual, com medidas que sejam consistentes no médio e longo prazos, possa contaminar toda a região do euro, com a continuidade dos ataques especulativos nas praças financeiras. Dada a dimensão das dificuldades dos países na berlinda, começa a se formar um consenso de que será realmente necessária uma renegociação das dívidas públicas atualmente existentes. Ao contrário da qualificação depreciativa de “calote” dada pela grande imprensa, trata-se de repactuação de tais estoques entre os Tesouros devedores e os credores. Estes compõem um mosaico variado, indo desde bancos privados, diversos tipos de fundos públicos e privados, além de bancos centrais de países como França e Alemanha, por exemplo. Aliás, esse foi o sinal oferecido pela reunião de emergência da cúpula européia, quando o acordo entre França e Alemanha apontou para o uso do Fundo Europeu para Estabilidade Financeira na solução da crise grega. E a indicação de que os bancos seriam chamados a participar das eventuais perdas patrimoniais que venham a ocorrer.
De toda maneira, o que ficou demonstrado é que as sugestões de ajustes da ortodoxia não resolveram os problemas dos países que assim procederam nos últimos anos. Pressionar Irlanda e Grécia a seguirem estritamente a já surrada cartilha de privatização de empresas públicas, cortes orçamentários em áreas sociais e infra-estrutura, combinado a demissão de funcionários públicos e endurecimento das regras de previdência, dificilmente vai solucionar os problemas de tais países. A intenção, na verdade, mais uma vez é propiciar a formação de superávits primários para repassar recursos para a esfera financeira, em detrimento do conjunto da sociedade.
Paulo Kliass é Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, carreira do governo federal e doutor em Economia pela Universidade de Paris 10.
Fonte: Carta Maior | Debate Aberto, 04/08/2011

sábado, julho 30, 2011

a Europa das grandes empresas e do capital financeiro

A política e a economia na (des)construção europeia

Para quem assiste nos dias de hoje a tudo o que se passa na zona do euro, parece haver uma enorme distância entre os sonhos utópicos da construção da então chamada “Europa dos povos e das nações” e a crise atual de natureza econômica e financeira que parece colocar em xeque tantas décadas de uma difícil trilha em busca de algum tipo de unificação.
É claro que, desde o início de tal movimento no velho continente, havia uma tentativa de se contrapor, do ponto de vista geopolítico e ideológico, ao avanço dos países que experimentavam o caminho do socialismo pelo lado da Europa oriental. Porém, não há como negar tampouco que do lado dos sonhadores de uma unificação europeia estavam também os que lutavam por um espaço de maior solidariedade e de afirmação da paz em um continente tão marcado pelos horrores das guerras sucessivas.
Não por acaso, os primeiros passos mais concretos para essa iniciativa foram dados logo depois do final da Segunda Guerra Mundial, quando 6 países resolveram estabelecer a Comunidade Econômica do Carvão e do Aço (CECA). Assim, em 1951 Bélgica, Holanda, Luxemburgo, França, Alemanha e Itália constituem essa primeira tentativa de união aduaneira em torno dessas duas mercadorias essenciais ao processo de industrialização que se avizinhava para a reconstrução pós 1945. A base para tal acordo foi justamente uma tentativa anterior dada pelos 3 primeiros países, numa união que ficou conhecida como Benelux.
O processo diplomático e econômico evolui aos poucos e em 1957 esse mesmo grupo de países firma o importante Tratado de Roma, instituindo oficialmente a Comunidade Econômica Européia (CEE). Para além de simples união aduaneira, os signatários avançam mais do que a mera circulação de mercadorias sem pagamento de impostos. O tratado já apontava na direção da livre circulação de pessoas e de serviços. Os aspectos positivos da construção atraem, mais tarde, a Grã Bretanha, a Dinamarca e a Irlanda, que se associam ao bloco em 1973. No jargão da diplomacia, encerrava-se a fase da “Europa dos 6” e tinha início a etapa da “Europa dos 9”.
Apesar das dificuldades intrínsecas à construção da unidade interna em conjunto tão diverso de identidades nacionais, os dirigentes políticos europeus percebiam a necessidade de ampliarem também o espaço para novos países, tanto em termos de novos mercados como de expansão territorial da união. O período de crescimento econômico dos anos 60/70 parecia favorecer tal tentativa e na década de 80 foram aceitos Grécia (1981) e depois Portugal e Espanha (1982). Era a início da fase da “Europa dos 12”.
A década de 90 é marcada por importantes saltos no caminho da construção do mercado monetário. Em 1991, o Tratado de Maastricht formaliza a transformação da “simples” CEE (comunidade) em um organismo mais complexo, a União Européia (UE). Com isso, começa a ganhar corpo a estratégia de constituição orgânica de uma Europa de natureza quase confederativa e que estaria mais consolidada, tanto do ponto de vista político-institucional quanto da perspectiva econômica e monetária.
Na esteira de tal movimento, em 1993 é aprovada a criação de uma moeda única para esse espaço europeu – o euro. A previsão era de que a entrada em vigor desse novo padrão monetário fosse para o início da década seguinte. Por outro lado, ainda em 1995, a UE ganha três novos membros: Áustria, Finlândia e Suécia. A partir de então, fala-se da “Europa dos 15”.
Na sequência, 2002 vem a ser um ano especial. É quando tem início a vigência, de forma efetiva, do novo padrão monetário no interior da UE. Em uma experiência absolutamente inédita na história, os países abandonavam suas respectivas moedas nacionais e as substituíam pelo novo euro – uma moeda supranacional. Porém, como estava previsto nos acordos, 3 membros decidem não avançar tão profundamente na unificação. Grã Bretanha, Dinamarca e Suécia optam por uma postura de maior cautela e constituem uma exceção: continuam a ser membros da UE, mas lançam mão do argumento da soberania para não compartilhar a união monetária. Continuam operando em seus próprios espaços nacionais com a libra esterlina e as coroas dinamarquesa e sueca.
Os processos de pedidos de adesão continuam a chegar e o espaço da UE vai sofrer ainda mais dois momentos de ampliação. Em 2005 entram 10 novos países de uma só vez: Chipre, Malta, Polônia, Estônia, Letônia, Lituânia, Hungria, República Tcheca, Eslováquia e Eslovênia. Esse conjunto dura pouco tempo, pois em 2007 entram Bulgária e Romênia, constituindo o quadro atual da “Europa dos 27”.
Uma das singularidades que mais chamam a atenção no caso da unificação européia é a combinação do elemento político-institucional com o econômico. Isso porque, ao contrário do pouco espaço oferecido pela grande imprensa ao movimento, trata-se de um longo processo, em que os países abrem voluntariamente mão de aspectos de soberania nacional para construção de um espaço e de uma institucionalidade supranacionais. 
A UE conta hoje com um poder legislativo (Parlamento Europeu), cujos integrantes são eleitos diretamente pelos cidadãos de cada um dos 27 membros, com algum grau de proporcionalidade ao tamanho de suas respectivas populações. Os países mais populosos elegem um máximo de 96 deputados cada um e os menores ficam com um mínimo de 6 representantes cada. A União é dirigida pelo Conselho Europeu que reúne os Chefes de Estado de todos os países membros, com reuniões trimestrais ordinárias.
O Conselho da União Européia representa algo mais próximo do organismo responsável pelo estabelecimento de políticas públicas e de implementação de matérias aprovadas pelo parlamento. Ele é composto por um representante ministerial de cada governo. O peso de cada país nessa instância é proporcional à sua economia e à sua população. Assim, por exemplo, Alemanha, França, Itália e Grã Bretanha detêm 29 votos cada, enquanto Chipre, Estônia, Letônia, Luxemburgo e Eslovênia têm direito a 4 votos cada um. Dentre as atribuições do Conselho, estão a aprovação do Orçamento da UE, a aprovação da política externa, a definição de uma política econômica comum, entre outros aspectos. Finalmente, temos a famosa Comissão Européia, que é responsável pela condução da UE em seu cotidiano. São 27 “comissários” indicados por seus países e referendados pelo Parlamento Europeu. Cada membro tem um mandato de 5 anos. O poder da Comissão é enorme, pois ela é encarregada de tocar aquilo que se poderia chamar de “governo europeu” em termos de política governamental e administrativa.
Além disso, a UE constituiu organicidade também na área judiciária, com a criação do Tribunal de Justiça. Para sua composição, cada Estado membro indica um Juiz, com mandato de seis anos, renovável. Por outro lado, foi criado um Tribunal de Contas, sem poder de decisão definitivo, mas que se encarrega de acompanhar os processos relativos à lisura na condução da administração pública da UE e também as suspeitas de corrupção.
Um outro órgão que tem chamado bastante a atenção no período recente é o Banco Central Europeu (BCE). Ele foi oficialmente criado já em 1998, como sucessor do então Instituto Monetário Europeu, antes mesmo da entrada oficial em curso do euro nos países da região. O banco é dirigido por uma Diretoria composta por 6 membros indicados pelos governos dos 16 países que adotam o euro como moeda. Cada diretor tem um mandato de 8 anos. Acima da diretoria está o Conselho de Governadores, que reúne os 6 membros da diretoria e mais os representantes dos Bancos Centrais dos países da zona euro. Ao Conselho cabe a definição dos elementos gerais da política monetária e a taxa de juros do BCE.
Como se pode perceber, o processo de construção da UE guarda uma complexidade político-institucional, elemento necessário para assegurar justamente a convivência da pluralidade e da diversidade dos países membros. Com isso, o ritmo da construção européia é o ritmo da política e da diplomacia, a busca do consenso e do convencimento. Porém, correndo paralelamente, foi sendo desenhada também a arquitetura da união econômica e monetária da Europa. E esse processo tem início justamente durante os anos 80 e 90 do século passado, quando imperava absoluto o paradigma neoliberal pelo mundo afora – inclusive no interior de governos socialistas à frente do processo de unificação européia, cujo maior simbolismo ficou por conta de François Mitterand, presidente da França por 14 anos – de 1981 a 1995.
E o ritmo da economia acabou por ser muito mais acelerado do que o da política e do institucional. A construção da ordem econômica e financeira da UE, dessa forma, terminou por ser o elemento determinante na configuração final do modelo de união adotado. Ao invés da Europa dos povos e das nações, o que se via cada vez mais claramente era a construção da Europa das grandes empresas e do capital financeiro.
A distância física e a falta de sintonia dos órgãos centrais europeus reforçam o sentimento com que passam a ser tratados “aqueles de Bruxelas”, como se aos poucos o sonho da Europa unida fosse desconstruído pelos pesadelos provocados pelas decisões de uma tecnocracia desvinculada das preocupações da maioria da população e mesmo de seus governos nacionais. A independência do BCE é a perfeita concretização de tal tendência.
Tal descompasso entre a política e a economia vai desembocar num certo desencanto de parcelas crescentes da população de diversos países da região, provocando mesmo um conjunto de manifestações contrárias em plebiscitos convocados para referendar os acordos assinados pelos governos. Mais do que um “não” à Europa em geral, tratava-se de uma posição contrária à forma como aquela união estava sendo constituída, com o eterno chamado ao sacrifício da maioria e os também conhecidos benefícios para poucos. A negativa nas consultas efetuadas na França, Holanda e Irlanda na primeira década do milênio foram os primeiros alertas a respeito das dificuldades colocadas pelo modelo europeu em andamento.
Paulo Kliass é Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, carreira do governo federal e doutor em Economia pela Universidade de Paris 10.
Fonte: Carta Maior | Debate Aberto, 28/07/2011

terça-feira, julho 26, 2011

o que está ocorrendo agora é muito familiar

"Podemos estar perto de reviver a crise de 1930"
Para aqueles que conhecem a história da década de 1930, o que está ocorrendo agora é muito familiar. Se alguma das atuais negociações sobre a dívida fracassar, poderemos estar perto de reviver 1931, a bancarrota bancária mundial que alimentou a Grande Depressão. Mas se as negociações tiverem êxito, estaremos prontos para repetir o grande erro de 1937: a volta prematura à contração fiscal que terminou com a recuperação econômica e garantiu que a depressão se prolongasse até que a II Guerra Mundial finalmente proporcionasse o "impulso" que a economia precisava. O artigo é de Paul Krugman.
Esta é uma época interessante, e digo isso no pior sentido da palavra. Agora mesmo estamos vivendo, não uma, mas duas crises iminentes, cada uma delas capaz de provocar um desastre mundial. Nos EUA, os fanáticos de direita do Congresso podem bloquear um necessário aumento do teto da dívida, o que possivelmente provocaria estragos nos mercados financeiros mundiais. Enquanto isso, se o plano que os chefes de Estado europeus acabam de pactuar não conseguir acalmar os mercados, poderemos ter um efeito dominó por todo o sul da Europa, o que também provocaria estragos nos mercados financeiros mundiais.
Somente podemos esperar que os políticos em Washington e Bruxelas consigam driblar essas ameaças. Mas há um problema: ainda que consigamos evitar uma catástrofe imediata, os acordos que vêm sendo firmados dos dois lados do Atlântico vão piorar a crise econômica com quase toda certeza.
De fato, os responsáveis políticos parecem decididos a perpetuar o que está sendo chamado de Depressão Menor, o prolongado período de desemprego elevado que começou com a Grande Recessão de 2007-2009 e que continua até o dia de hoje, mais de dois anos depois de que a recessão, supostamente, chegou ao fim. 
Falemos um momento sobre por que nossas economias estão (ainda) tão deprimidas. A grande bolha imobiliária da década passada, que foi um fenômeno tanto estadunidense quanto europeu, esteve acompanhada por um enorme aumento da dívida familiar. Quando a bolha estourou, a construção de residências desabou, assim como o gasto dos consumidores na medida em que as famílias sobrecarregadas de dívidas faziam cortes.
Ainda assim, tudo poderia ter ido bem se outros importantes atores econômicos tivessem aumentado seu gasto e preenchido o buraco deixado pela crise imobiliária e pelo retrocesso no consumo. Mas ninguém fez isso. As empresas que dispõem de capital não viram motivos para investi-lo em um momento no qual a demanda dos consumidores estava em queda.
Os governos tampouco fizeram muito para ajudar. Alguns deles – os dos países mais débeis da Europa e os governos estaduais e locais dos EUA – viram-se obrigados a cortar drasticamente os gastos diante da queda da receita. E os comedidos esforços dos governos mais fortes – incluindo aí o plano de estímulo de Obama – apenas conseguiram, no melhor dos casos, compensar essa austeridade forçada.
De modo que temos hoje economias deprimidas. O que propõem fazer a respeito os responsáveis políticos? Menos que nada. A desaparição do desemprego da retórica política da elite e sua substituição pelo pânico do déficit tem verdadeiramente chamado a atenção. Não é uma resposta à opinião pública. Em uma sondagem recente da CBS News/The New York Times, 53% dos cidadãos mencionava a economia e o emprego como os problemas mais importantes que enfrentamos, enquanto que somente 7% mencionava o déficit. Tampouco é uma resposta à pressão do mercado. As taxas de juro da dívida dos EUA seguem perto de seus mínimos históricos.
Mas as conversações em Washington e Bruxelas só tratam de corte de gastos públicos (e talvez de alta de impostos, ou seja, revisões). Isso é claramente certo no caso das diversas propostas que estão sendo cogitadas para resolver a crise do teto da dívida nos EUA. Mas é basicamente igual ao que ocorre na Europa.
Na quinta-feira, os “chefes de Estado e de Governo da zona euro e as instituições da UE” – esta expressão, por si só, dá uma ideia da confusão que se tornou o sistema de governo europeu – publicaram sua grande declaração. Não era tranquilizadora. Para começar, é difícil acreditar que a complexa engenharia financeira que a declaração propõe possa realmente resolver a crise grega, para não falar da crise europeia em geral. 
Mas mesmo que pudesse, o que ocorreria depois? A declaração pede drásticas reduções do déficit “em todos os países salvo naqueles com um programa” que deve entrar em vigor “antes de 2013 o mais tardar”. Dado que esses países “com um programa” se veem obrigados a observar uma estrita austeridade fiscal, isso equivale a um plano para que toda a Europa reduza drasticamente o gasto ao mesmo tempo. E não há nada nos dados europeus que indique que o setor privado esteja disposto a carregar o piano em menos de dois anos.
Para aqueles que conhecem a história da década de 1930, isso é muito familiar. Se alguma das atuais negociações sobre a dívida fracassar, poderemos estar perto de reviver 1931, a bancarrota bancária mundial que tornou grande a Grande Depressão. Mas se as negociações tiverem êxito, estaremos prontos para repetir o grande erro de 1937: a volta prematura à contração fiscal que terminou com a recuperação econômica e garantiu que a depressão se prolongasse até que a II Guerra Mundial finalmente proporcionasse o impulso que a economia precisava.
Mencionei que o Banco Central Europeu – ainda que, felizmente, não a Federal Reserve – parece decidido a piorar ainda mais as coisas aumentando as taxas de juros?
Há uma antiga expressão, atribuída a diferentes pessoas, que sempre me vem à mente quando observo a política pública: “Você não sabe, meu filho, com que pouca sabedoria se governa o mundo”. Agora, essa falta de sabedoria se apresenta plenamente, quando as elites políticas de ambos os lados do Atlântico arruínam a resposta ao trauma econômico fechando os olhos para as lições da história. E a Depressão Menor continua.
(*) Paul Krugman é professor de Economía em Princeton e Prêmio Nobel 2008.
Tradução: Katarina Peixoto 
Fonte: Carta Maior | Economia, 25/07/2011

la creencia en los mercados libres y sin restricciones

La crisis ideológica del capitalismo occidental
por Joseph Stiglitz
Tan sólo unos años atrás, una poderosa ideología –la creencia en los mercados libres y sin restricciones– llevó al mundo al borde de la ruina. Incluso en sus días de apogeo, desde principios de los años ochenta hasta el año 2007, el capitalismo desregulado al estilo estadounidense trajo mayor bienestar material sólo para los más ricos en el país más rico del mundo. De hecho, a lo largo de los 30 años de ascenso de esta ideología, la mayoría de los estadounidenses vieron que sus ingresos declinaban o se estancaban año tras año.
Es más, el crecimiento de la producción en los Estados Unidos no fue económicamente sostenible. Con tanto del ingreso nacional de los EE.UU. yendo destinado para tan pocos, el crecimiento sólo podía continuar a través del consumo financiado por una creciente acumulación de la deuda.
Yo estaba entre aquellos que esperaban que, de alguna manera, la crisis financiera pudiera enseñar a los estadounidenses (y a otros) una lección acerca de la necesidad de mayor igualdad, una regulación más fuerte y mejor equilibrio entre el mercado y el gobierno. Desgraciadamente, ese no ha sido el caso. Al contrario, un resurgimiento de la economía de la derecha, impulsado, como siempre, por ideología e intereses especiales, una vez más amenaza a la economía mundial – o al menos a las economías de Europa y América, donde estas ideas continúan floreciendo.
En los EE.UU., este resurgimiento de la derecha, cuyos partidarios, evidentemente, pretenden derogar las leyes básicas de las matemáticas y la economía, amenaza con obligar a una moratoria de la deuda nacional. Si el Congreso ordena gastos que superan a los ingresos, habrá un déficit, y ese déficit debe ser financiado. En vez de equilibrar cuidadosamente los beneficios de cada programa de gasto público con los costos de aumentar los impuestos para financiar dichos beneficios, la derecha busca utilizar un pesado martillo – no permitir que la deuda nacional se incremente, lo que fuerza a los gastos a limitarse a los impuestos.
Esto deja abierta la interrogante sobre qué gastos obtienen prioridad – y si los gastos para pagar intereses sobre la deuda nacional no la obtienen, una moratoria es inevitable. Además, recortar los gastos ahora, en medio de una crisis en curso provocada por la ideología de libre mercado, simple e inevitablemente solo prolongaría la recesión.
Hace una década, en medio de un auge económico, los EE.UU. enfrentaba un superávit tan grande que amenazó con eliminar la deuda nacional. Incosteables reducciones de impuestos y guerras, una recesión importante y crecientes costos de atención de salud –impulsados en parte por el compromiso de la administración de George W. Bush de otorgar a las compañías farmacéuticas rienda suelta en la fijación de precios, incluso con dinero del gobierno en juego– rápidamente transformaron un enorme superávit en déficits récord en tiempos de paz.
Los remedios para el déficit de EE.UU. surgen inmediatamente de este diagnóstico: se debe poner a los Estados Unidos a trabajar mediante el estímulo de la economía; se debe poner fin a las guerras sin sentido; controlar los costos militares y de drogas; y aumentar impuestos, al menos a los más ricos. Pero, la derecha no quiere saber nada de esto, y en su lugar de ello, está presionando para obtener aún más reducciones de impuestos para las corporaciones y los ricos, junto con los recortes de gastos en inversiones y protección social que ponen el futuro de la economía de los EE.UU. en peligro y que destruyen lo que queda del contrato social. Mientras tanto, el sector financiero de EE.UU. ha estado presionando fuertemente para liberarse de las regulaciones, de modo que pueda volver a sus anteriores formas desastrosas y despreocupadas de proceder.
Pero las cosas están un poco mejor en Europa. Mientras Grecia y otros países enfrentan crisis, la medicina en boga consiste simplemente en paquetes de austeridad y privatización desgastados por el tiempo, los cuales meramente dejarán a los países que los adoptan más pobres y vulnerables. Esta medicina fracasó en el Este de Asia, América Latina, y en otros lugares, y fracasará también en Europa en esta ronda. De hecho, ya ha fracasado en Irlanda, Letonia y Grecia.
Hay una alternativa: una estrategia de crecimiento económico apoyada por la Unión Europea y el Fondo Monetario Internacional. El crecimiento restauraría la confianza de que Grecia podría reembolsar sus deudas, haciendo que las tasas de interés bajen y dejando más espacio fiscal para más inversiones que propicien el crecimiento. El crecimiento por sí mismo aumenta los ingresos por impuestos y reduce la necesidad de gastos sociales, como ser las prestaciones de desempleo. Además, la confianza que esto engendra conduce aún a más crecimiento.
Lamentablemente, los mercados financieros y los economistas de derecha han entendido el problema exactamente al revés: ellos creen que la austeridad produce confianza, y que la confianza produce crecimiento. Pero la austeridad socava el crecimiento, empeorando la situación fiscal del gobierno, o al menos produciendo menos mejoras que las prometidas por los promotores de la austeridad. En ambos casos, se socava la confianza y una espiral descendente se pone en marcha.
¿Realmente necesitamos otro experimento costoso con ideas que han fracasado repetidamente? No deberíamos, y sin embargo, parece cada vez más que vamos a tener que soportar otro. Un fracaso en Europa o en Estados Unidos para volver al crecimiento sólido sería malo para la economía mundial. Un fracaso en ambos lugares sería desastroso – incluso si los principales países emergentes hubieran logrado un crecimiento auto-sostenible. Lamentablemente, a menos que prevalezcan las mentes sabias, este es el camino al cual el mundo se dirige.
Joseph Stiglitz fue Premio Nobel de Economía en 2001
Fonte: Sin Permiso Nº8, 24/07/11

quarta-feira, março 02, 2011

os preços do petróleo estão 64% acima do que estavam em maio de 2010

A liberdade árabe vale um choque

por Martin Wolf
O que o levante árabe pode significar para o mundo? Ninguém sabe a resposta para a questão. Isso, no entanto, não impede que se dê um palpite, dentro da margem de incertezas.
Como economista, vejo um aspecto desses eventos peculiarmente encorajador: eles demonstram que a capacidade de previsão dos especialistas em política é, no mínimo, tão limitada quanto a dos economistas. Todos esses eventos são, de forma inerente, imprevisíveis. Não porque sejam "desconhecimentos que desconhecemos". Na verdade, são "desconhecimentos que conhecemos": sabemos que muitos países são vulneráveis a tais levantes, mas ninguém sabe se e quando tais eventos podem acontecer. Não sabemos nem a probabilidade de tais eventos. Como diz Hamlet, "estar pronto é tudo".
O que, então, podemos dizer sobre as consequências políticas? Uma conclusão é que a noção de uma "exceção árabe" ao apelo da liberdade de expressão e participação política está morta. Também sabemos, no entanto, que o caminho que vai das repressões para democracias estáveis em países pobres com instituições fracas e histórias de repressão é longo e difícil. As dificuldades da Romênia pós-Ceausescu, apesar do engajamento com a União Europeia, mostram o tamanho da tarefa.
Um pouco mais além, a grande questão é até que ponto as manifestações podem se disseminar, não apenas no mundo árabe, mas também fora dele. A suposição vinha sendo que a capacidade dos exportadores de repartir a riqueza internamente os protegeria. Depois do Bahrein e, ainda mais, da Líbia, isso não é mais convincente. A distância cultural e geográfica do epicentro deveria proporcionar alguma proteção, assim como o dinamismo econômico e a governança competente. Mas os eventos mostram quão universal é o desejo por uma voz política. A ideia de imunidade cultural a esses ideais supostamente ocidentais parece menos crível. A atual onda pode dissipar-se; outras podem segui-la.
As implicações políticas de longo prazo parecem ser bem mais significativas que as econômicas. Tudo depende de se manter o antigo mau negócio: a repressão como preço pela estabilidade no fornecimento de petróleo. Mas será que é moralmente desejável?
Agora, vejamos as consequências econômicas. Desde que os produtores de petróleo ficassem imunes, poderiam ser consideradas mínimas no curto prazo e modestas no longo. Mesmo a economia do Egito, pelos preços de mercado, é menor que a da República Tcheca. Parece, contudo, que os produtores de petróleo não são imunes no fim das contas. Como resultado, os preços do petróleo subiram para mais de US$ 114 por barril ontem, 64% acima do que estavam em maio de 2010. Para os que se lembram de choques passados, é um presságio preocupante. A questão é: até que ponto devemos preocupar-nos?
Como ressaltou Gavyn Davies, em excelente comentário no "FT.com" na semana passada: "Cada uma das cinco últimas principais crises na atividade econômica mundial foi imediatamente precedida por aumentos importantes nos preços do petróleo". Em algumas das ocasiões, esses aumentos foram desencadeados por choques de oferta, como nos anos 70. Em outras, por aumentos na demanda, como em 2008. O resultado foi sempre amargo. Stephen King, do HBSC, também se mostrou pessimista: "Com a precisão de um relógio, aumentos no petróleo de mais de 100% levam ao declínio do PIB."
Um choque petrolífero tem efeitos econômicos complexos: transfere renda dos consumidores para os produtores; reduz os gastos totais, já que os consumidores normalmente cortam seus gastos com mais rapidez do que os produtores aumentam os seus; reduz gastos em outros bens e serviços; torna os países exportadores líquidos de petróleo mais ricos e os importadores líquidos mais pobres; eleva o nível dos preços; reduz os salários reais e a rentabilidade das indústrias que dependem muito das fontes de energia; e reduzem a oferta, já que a capacidade se torna não econômica.
Alguns efeitos são bem imediatos - o impacto no nível dos preços, por exemplo. Alguns são, de forma inerente, de longo prazo e, portanto, dependem da duração do choque - o impacto na capacidade é um desses casos. Além disso, alguns efeitos são diretos e outros dependem de reação da política econômica.
O que podemos dizer sobre tais impactos, nesta conjuntura inicial? Davies destaca que, pelos preços atuais, uma alta de US$ 20 por barril aumentaria os gastos em petróleo em cerca de 1% dos gastos mundiais em todos os produtos. Nos últimos dez meses, contudo, os preços subiram US$ 40. Isso significa um impacto próximo a 2% da produção mundial - o suficiente para desencadear uma desaceleração mundial considerável, pelo menos no curto prazo.
Se a recente elevação tiver vida curta, o impacto econômico será revertido. Por enquanto, o país pode substituir a produção perdida da Líbia: a produção líbia, cerca de 2% do total mundial, é menor que a capacidade ociosa saudita. Além disso, qualquer redução na produção, mesmo nos países afetados diretamente, deverá ser breve, desde que a capacidade não seja danificada: os governos dos países exportadores de petróleo querem receitas. Governos democráticos podem precisar mais do que os déspotas das receitas.
Quanto mais os gastadores acreditem que o choque será de curto prazo, mais inclinados estarão a recorrer a suas economias. Anteriormente, as economias emergentes importadoras de fontes de energia sofreram com a capacidade limitada de captar empréstimos, reservas cambiais inadequadas e posições externas enfraquecidas. Quando as economias emergentes captaram no fim da década de 70, para financiar as importações de petróleo, acabaram caindo em crises maciças de dívidas nos anos 80. Isso não deverá voltar a ocorrer. Elas, também, podem gastar se o choque for breve.
Além disso, desde que as expectativas inflacionárias continuem sob controle, os bancos centrais não precisarão entrar em um aperto preventivo. Nesse aspecto, os países de alta renda estão em forma bem melhor que os países emergentes, onde a inflação é um perigo maior e as expectativas inflacionárias estão menos ancoradas.
Acabamos, então, no ponto em que começamos, com um grande nível de incerteza. Sabemos que os levantes políticos são altamente significativos, provavelmente, um marco histórico. Sabemos também, que o choque petrolífero pode ser bastante importante, embora esteja longe de ser catastrófico e possivelmente seja bastante breve. No geral, portanto, as implicações políticas de longo prazo parecem ser bem mais significativas que as econômicas. Tal otimismo quanto aos efeitos econômicos de curto prazo, porém, depende em parte da suposição de que a disseminação dos protestos agora esteja contida. Isso também dependerá da continuação do antigo mau negócio: a repressão como preço pela estabilidade no fornecimento de petróleo. É um negócio atraente para os consumidores. Mas será que é moralmente desejável ou politicamente sustentável no longo prazo?
Martin Wolf é editor e principal comentarista econômico do FT
Fonte: Valor online, 02/03/2011

quarta-feira, novembro 24, 2010

maior pacote de cortes de gastos públicos

VEJA COMO EUROPA E JAPÃO ESTÃO ENFRENTANDO SEUS DÉFICITS
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George Osborne, ministro britânico das FinançasGoverno britânico promoverá cortes para conter déficit
O governo britânico anunciou nesta terça-feira o maior pacote de cortes de gastos públicos desde a Segunda Guerra Mundial, na tentativa de economizar 81 bilhões de libras (cerca de R$ 214 bilhões) em quatro anos.
O objetivo é conter o déficit público do país, calculado em 11,5% do PIB. O ministro das Finanças, George Osborne, disse que o déficit estrutural (que se mantém mesmo quando a economia está em seu máximo potencial e que deriva de problemas de longo prazo) britânico é o maior entre os países europeus.
A BBC Brasil preparou um guia com as medidas que países da Europa e o Japão vem adotando para, como o Reino Unido, combater déficits públicos crescentes e recuperar suas economias, duramente afetadas pela crise financeira global.
Grã-Bretanha
O governo de coalizão entre conservadores e liberais-democratas vem anunciando cortes que devem incluir reduções médias de 25% em cada departamento e o fechamento de 490 mil postos de trabalho no funcionalismo até o ano fiscal de 2014/15. O motivo, diz Osborne, é que “acabou o dinheiro do país”.
A defesa perderá 8% de seu orçamento, 17 mil postos militares e 25 mil civis, segundo anúncio do premiê David Cameron nesta terça-feira.
Não houve manifestações populares antes dos anúncios de cortes, mas o secretário-geral do sindicato Unison, Dave Prentis, acusou o governo de “usar uma serra elétrica” contra os serviços públicos com motivações ideológicas.
França
O governo de Nicolas Sarkozy anunciou planos de cortes de gastos de 45 bilhões de euros (R$ 104 bilhões) pelos próximos três anos, para alcançar a meta de redução do déficit.
Parte desse dinheiro deve ser economizada por meio de correção de vácuos no sistema tributário e pela suspensão temporária de estímulos fiscais.
Protesto em Paris contra reforma previdenciáriaMas a proposta que tem causado mais polêmica é a reforma da previdência, que almeja aumentar a idade mínima de aposentadoria de 60 para 62 anos. Os contribuintes donos das maiores rendas devem ser forçados a pagar 1% a mais em impostos.
Manifestantes rejeitam aumento na idade para se aposentar na França
Em reação à reforma, a França está vivendo uma onda de protestos e greves.
Irlanda
O país orçou em 45 bilhões de euros (R$ 104 bilhões) o pacote de ajuda financeira a bancos endividados, o que aumentou o buraco nas finanças irlandesas.
Com isso, o déficit orçamentário, calculado atualmente em 14,3%, deve aumentar temporariamente para 32%.
A meta original era reduzi-lo para 3% até 2014, seguindo orientações da União Europeia, por meio de economias de 7,5 bilhões de euros (R$ 17,3 bi) no período. Parlamentares da oposição dizem que um corte de 10 bilhões de euros seria mais realista.
O salário dos funcionários públicos sofreu um corte de ao menos 5%, e seus benefícios sociais foram reduzidos.
O auxílio estatal a casais com filhos também sofreu reduções.
Holanda
O governo de coalizão de centro-direita formado em 8 de outubro afirmou que deseja cortar o custos orçamentários em 18 bilhões de euros (R$ 41,6 bi) até 2015, mas não está claro se terá apoio para aprovar a medida.
Espanha
O governo aprovou um plano de austeridade para 2011 que inclui um aumento nos impostos para os mais ricos e cortes de gastos de 8%.
Madri prometeu a seus pares europeus que cortará seu déficit de 11,2% do PIB para 6% no próximo ano.
O funcionalismo sofrerá um corte salarial de 5%, e os salários serão congelados em 2011.
Um auxílio estatal de 2,5 mil euros a novas mães foi eliminado.
A Espanha viu sua taxa de desemprego dobrar para cerca de 20% desde 2007.
Grécia
Atenas prometeu um corte drástico de custos em troca de um pacote de resgate de 110 bilhões de euros (R$ 254 bilhões) que recebeu da União Europeia e do FMI.
O país começou a atacar a evasão fiscal, a corrupção nos setores públicos e os esquemas de aposentadoria antecipada. A média de idade para se aposentar deve ser elevada de 61,4 anos para 63,5.
Endividada, Grécia tomou medidas de austeridade
Protestos em Atenas contra medidas de austeridadeOutras medidas incluem o fim de bônus para funcionários estatais, o congelamento de salários e pensões no setor público por ao menos três anos, o aumento em impostos sobre vendas de 19% para 23% e o aumento em taxas sobre combustível, bebidas e fumo.
As medidas mais drásticas resultaram em greves no setor público e em violência nas ruas de Atenas.
O país tem um déficit de 13,6% em relação ao PIB.
Romênia
O governo propôs cortes de 25% em salários e de 15% em pagamentos de aposentadorias para reduzir seu déficit orçamentário.
A economia romena encolheu mais de 7% em 2009, e o país necessitou auxílio do FMI.
São esperadas novas medidas de austeridade para cumprir com as demandas do Fundo ao receber uma nova parcela do empréstimo de 20 bilhões de euros (R$ 46 bilhões).
Itália
O governo aprovou medidas de austeridade que visam economizar 24 bilhões de euros (R$ 55,5 bilhões, ou 1,6% do PIB italiano) em 2001 e 2012.
O país também deve cortar salários públicos e congelar novas contratações. Aposentadorias do funcionalismo e gastos de governos locais também podem ser afetados.
Quem alcançar a idade para se aposentar em 2011 terá sua aposentadoria adiada em seis meses.
A chanceler Angela MerkelAlemanha
Berlim propôs cortes de 80 bilhões de euros (R$ 185 bilhões) pelos próximos quatro anos, a maior medida de austeridade adotada pelo país desde a Segunda Guerra. A chanceler (premiê) Angela Merkel disse que os alemães têm a chance de “dar o bom exemplo”.
Merkel disse que Alemanha tem de dar o exemplo
O plano inclui reduções em subsídios para famílias com filhos, o fechamento de 10 mil cargos públicos e impostos mais altos em energia nuclear.
O déficit do país foi de cerca de 3% em 2009, mas projeções indicam que ele vai passar de 5% neste ano.
Portugal
O governo socialista anunciou medidas para reduzir seu déficit de 9,4% para 7,3% neste ano e 4,6% em 2011.
Salários dos funcionários públicos mais bem pagos, inclusive políticos, serão reduzidos em 5%.
Haverá aumentos de impostos, principalmente para os contribuintes de maior renda. Até 2013, os gastos militares terão de ser cortados a 40%, e o governo deve adiar investimentos em duas linhas de trem de alta velocidade.
Japão
O premiê Naoto Kan propôs aumento drástico no imposto sobre consumo nos próximos dez anos, com o objetivo de alcançar a meta de superávit primário. Mas a derrota do partido do premiê nas eleições legislativas, em julho passado, dificultará a aprovação da medida, de baixa aceitação popular.
O déficit do país gira em torno de 200%, muito superior às cifras europeias.
Neste mês, o Japão interveio em seu câmbio para conter a alta do iene, atitude inédita em quase sete anos, na tentativa de evitar a perda de competitividade de sua indústria.
Fonte: BBC | Brasil – Economia, 20 de outubro, 2010 - 19:01 (Brasília) 21:01 GM

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