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terça-feira, abril 12, 2011

a natureza e o conceito de técnica hoje

A técnica pode ser um instrumento neutro?

Ainda atuais, as ideias de McLuhan são essenciais para compreender a tecnologia e meios de comunicação, diz o filósofo Celso Cândido
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por Anelise Zanoni
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Nem sempre o desenvolvimento da técnica acompanha a evolução das ideias. Da mesma forma, às vezes, os pensadores do presente não conseguem entender com os próprios referenciais o tempo vivido hoje. No caso de Marshall McLuhan, o mundo do pensamento encontrou a vanguarda, o que fez com que o pesquisador canadense se ocupasse, entre as décadas de 1950 e 1960, com a crítica da cultura do meio, do meio enquanto mensagem, ou seja, da mensagem do meio.
Na entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line, o filósofo Celso Candido de Azambuja analisa a relação de técnica e novas tecnologias com as referências do autor. Para ele, meios e homens estão em simbiose constante e vivem de mútuas e múltiplas interdeterminações.
“A técnica não é apenas um instrumento neutro o qual manipulamos e que, do conforto de nossos posicionamentos éticos e instrumentos conceituais, podemos dirigir para o bem ou para o mal”, afirma. Considerando os grandes pensadores como “pintores do desvelamento do ser”, o entrevistado acredita que o conhecimento necessário hoje para a tomada de decisões é cada vez mais complexo, o que implica métodos transdisciplinares.
Doutor em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e mestre em Filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Celso Cândido é professor adjunto da Unisinos e coordenador do curso de Filosofia da instituição. Confira a entrevista.
IHU On-Line – Com o tempo, a técnica evolui, mas o pensamento de McLuhan continua atual. Como você analisa a natureza e o conceito de técnica hoje? 
Celso Candido de Azambuja - Não há dúvidas de que as técnicas evoluíram muito nas últimas décadas, especialmente, as de comunicação. Computadores, celulares, televisores, rádios – todos interconectados por redes globais de comunicação e informação – formam hoje a grande aldeia global. Mas o modo de evolução das ideias é distinto do modo de evolução das técnicas. Nem sempre os pensadores do presente conseguem entender com suas ideias seu tempo.
De um lado, não parece que grande parte da academia e dos intelectuais tenha compreendido este fenômeno comunicativo monumental, espantoso. E, sinceramente, nem parece que estejam muito interessados nisto. Entretanto, de outro lado e diferentemente da famosa Escola de Frankfurt , a qual concentrou sua crítica à industria da “cultura de massas” e cujos efeitos se mostraram muito visíveis com os fenômenos de massas como o nazismo, as duas guerras mundiais, a padronização do estilo, o consumo de massa, entre outros, McLuhan se ocupou com a crítica da cultura do meio, do meio enquanto tal, do meio enquanto mensagem, ou seja, da mensagem do meio.
A partir dessa perspectiva, McLuhan tornou possível uma reflexão acerca do problema do meio, dos efeitos no âmbito das relações, das percepções e da subjetividade humanas. Entendeu que os meios técnicos não são simples máquinas. Que a técnica não é o outro do homem. Que os meios são extensões do homem. Que meios e homens estão, portanto, em simbiose e que vivem de mútuas e múltiplas interdeterminações. Assim, a análise dele centrou-se na tentativa de entender os efeitos dos meios na vida social e dos indivíduos.
Com a evolução e transformação dos meios – ou seja, das extensões do homem – a abordagem e o problema tornou-se fundamental e complexo, porque hoje estamos literalmente mergulhados nas tecnologias de comunicação. E evoluímos para uma situação de interconexão total e visceral. Mas o problema, o desafio lançado por McLuhan, permanece o mesmo: quais os efeitos dos atuais meios de comunicação cada vez mais molecularizados, sofisticados e colados nos corpos dos indivíduos. As ideias do pensador, portanto, continuam atuais e são essenciais para compreender a tecnologia e meios de comunicação. Elas nos fornecem pistas fundamentais para entender que a técnica não é apenas um instrumento neutro o qual manipulamos e que do conforto de nossos posicionamentos éticos e instrumentos conceituais, podemos dirigir para o bem ou para o mal. McLuhan sorria desta ingenuidade, desta superficialidade, desta cegueira que pretendia entender a técnica como um simples instrumento “neutro”.
IHU On-Line – Como você avalia a ideia de que a tecnologia contemporânea tem como meta fundamental manipular e criar novas formas de vida?
Celso Candido de Azambuja - Há uma mutação essencial na evolução da tecnologia e que se refere não apenas à dos instrumentos, mas também à de sua concepção. Podemos indicar pelo menos três grandes e diferentes concepções de tecnologia situadas esquematicamente na Antiguidade, na Modernidade e na atualidade.
Inicialmente, a técnica é puro instrumento, órgão dos instintos, força, luta contra e domínio sobre as forças da natureza: trata-se principalmente de controlar. Em seguida, trata-se de usar as forças da natureza para benefício próprio. Neste contexto, a natureza permanece inviolada.
Na Modernidade, avançamos para uma relação na qual a natureza começa a ser violada. A sociedade industrial penetra na natureza para extrair das suas entranhas as forças necessárias para a produção de bens e a reprodução humana. O resultado, hoje, mais angustiante são os problemas ambientais que este poderoso processo de violação e extração geral na natureza fazem surgir.
Na atual sociedade do conhecimento, com o avanço da tecnociência, a situação é totalmente nova e inédita, espetacular. Trata-se de manipular a matéria para criar novas formas de vida, para transformar as formas de vida. É nesse sentido que se deveria entender a ideia de pós-humano : o da humanidade autoengendrada, autotransformada por suas próprias invenções; porque a manipulação das formas de vida é feita pela própria humanidade.
Aristóteles propunha uma distinção das formas através das quais nós nos relacionamos com a verdade. Além da sabedoria (sofia), da razão intuitiva (nous), da sabedoria prática (phronesis), existiam a ciência (episteme) e a técnica/arte (techne). A técnica era a arte de bem fazer alguma coisa: uma virtude intelectual técnica. A ciência é teorética-prática, suas verdades são eternas e demonstráveis, objetivas.
Assim, na Antiguidade, a techne operava em uma dimensão relativamente autônoma da episteme e das demais virtudes intelectuais. Seu poder se circunscrevia aos limites da cidade e da natureza. Trata-se de explorar as potencialidades da natureza dentro de seus próprios limites. Na Modernidade expansionista, a natureza aparecerá como objeto a ser explorado e manipulado pela técnica a fim de satisfazer as necessidades e os interesses humanos. O conhecimento da natureza é neste contexto fundamental. Técnica e ciência se associam na mesma tarefa comum: manipular a natureza para melhor explorá-la. Heidegger  afirmará que na Modernidade a técnica e a ciência eram inseparáveis e tinham se transformado em uma única forma de saber. Hoje, tudo depende da pesquisa e do desenvolvimento tecnocientífico. Nova forma de saber que hegemoniza cada vez mais velozmente os poderes diretivos da civilização atual.
A tecnociência, hoje, tem como fundamento não mais penetrar na natureza para lhe esgotar as forças até seu definhamento. Trata-se, antes de tudo, de um trabalho de recuperação e invenção de formas de vida. De melhoramento da qualidade de vida humana. Do aperfeiçoamento humano por meio da tecnociência. Trata-se de um trabalho de manipulação criadora. Se para Kant  o século XVIII era o do esclarecimento, hoje, indiscutivelmente, vivemos no século da tecnociência.
IHU On-Line – Qual a importância das obras de McLuhan para o pensamento filosófico?
Celso Candido de Azambuja - Não podemos entender nossa atualidade sem o aporte intelectual e a arquitetura conceitual legados por autores como McLuhan. Os grandes pensadores resistem ao tempo. Normalmente visionários, estão sempre além de seu próprio tempo. Eles nos ensinam a olhar o mundo de novas formas, de perspectivas inéditas, com novos olhos; apontam a direção e problemas nunca antes pensados. Tornam visível o que antes nos era invisível. São pintores do desvelamento do ser.
Pensadores como McLuhan, conseguem, com seu trabalho crítico e criativo, nos orientar no pensamento no nosso tempo. O tempo é uma sucessão infindável e complexa de tempos os mais diversos possíveis. As ideias de McLhuan continuam sendo essenciais para entender nossa atualidade marcadamente tecnológica e comunicativa.
Parece-me que a originalidade de sua contribuição ainda não foi esgotada, e os teóricos e pesquisadores da filosofia da comunicação e da tecnologia terão ainda muito trabalho para ser decifrá-la.
IHU On-Line – McLuhan acreditava que algumas mudanças culturais ocorriam devido às mudanças resultantes da tecnologia. Como você relaciona o pensamento dele com a sociedade que valoriza cada vez mais os resultados e o dinheiro?
Celso Candido de Azambuja - O debate ideológico em torno do problema da tecnologia me parece às vezes um pouco simplificador. Em primeiro lugar porque tecnologia é poder. Sendo poder ela não tem uma direção unívoca. Ao mesmo tempo, a noção de tecnologia não pode ser reduzida à sua capacidade de produzir resultados e dinheiro. Não podemos considerar isto como um mal em si. Tudo depende de que resultados e de que dinheiro nós estamos falando. Será que a tecnociência já não está em condições de acabar com a fome no mundo? Não seria este um ótimo resultado?
Não devemos reduzir a complexidade do problema. A tecnologia é condição essencial para a vida humana. Não haveria vida humana sem a técnica, sem estas extensões que tornaram possível aos seres humanos sobreviver às intempéries e aos inimigos naturais.
A tecnologia é poder humano, sim. Quando ela está concentrada, quando se transforma em capital, ela se torna instrumento de poder de uns sobre os outros, de poucos sobre muitos; tal como, por exemplo, as relações de produção em um sistema capitalista clássico. Mas na sociedade do conhecimento, da informação e da comunicação as forças produtivas e tecnológicas estão em contínuo e intensificado processo de desterritorialização e molecularização social. O capital tecnológico e científico encontra-se cada vez mais compartilhado, distribuído e acessível. O que antes era poder de uns poucos, hoje se transformou, está se transformando ainda, em poder de muitos. O computador é um exemplo.
Não podemos fechar os olhos para as mudanças em curso no âmbito das relações de produção e de poder. As forças produtivas estão hoje cada vez mais desterritorializadas, desmaterializadas, tornando mais difícil e complexo seu controle por pequenos ou poucos grupos. O capital tradicional está infiltrado por todos os lados por novas formas e complexas forças produtivas.
Ao mesmo tempo em que a tecnologia moderna de tipo explorador já não é mais tolerada com facilidade, a automação industrial e agrícola liberta o homem de um tipo de trabalho essencialmente reprodutivo e alienante. Cresce atualmente a demanda por serviços, criatividade, inteligência, estratégias. Ao mesmo tempo em que cresce a demanda por qualidade de vida.
Os potenciais culturais, políticos, econômicos e subjetivos da revolução tecnológica das comunicações em pleno curso são extraordinários. Precisamos urgentemente nos alfabetizar nesta nova linguagem emergente hipertextual e intercriativa. Caso contrário, estaremos falando já uma linguagem que ninguém mais entende nem está interessado em entender.
McLuhan, como educador, filósofo, teórico da comunicação e da tecnologia, estava preocupado com os potenciais culturais dos meios, em especial, da televisão, cujo potencial integrador e pedagógico foi por ele desde o princípio ressaltado. Por isso sua preocupação em torno do problema da mensagem dos meios, pois somente com esta compreensão fundamental poderíamos explorar seus verdadeiros potenciais educacionais e culturais.
IHU On-Line – Como a nova interdependência eletrônica recria o mundo à imagem de uma aldeia global?
Celso Candido de Azambuja - A aldeia global que vivemos é a da intercriatividade. Através dos meios eletrônicos de comunicação, tais como os celulares, os computadores, os televisores, a humanidade encontra-se em processo de unificação transcultural.
Diferentemente de uma aldeia global massificada, tal como aquela condicionada pela indústria da cultura de massas durante grande parte do século passado, a aldeia global eletrônica atual é intercriativa, pois convoca seus internautas a uma navegação criativa, autoprodutiva. Ela convoca à produção de uma subjetividade singular, à produção de inventivas narrativas de si e do mundo a respeito das quais os meios precedentes sequer um dia podiam sonhar. Basta olhar a experiência do Google, da Wikipédia, do YouTube, do Twitter, do Facebook  para perceber o que estou querendo dizer. Nestes ambientes, nestas interfaces de comunicação, não é possível mais manter a postura de um espectador que ouve e assiste a sua história ser contada desde fora. Ao contrário, nestes ambientes comunicativos os indivíduos apropriam-se da narrativa de suas vidas, de seus sentimentos, valores, projetos.
Avalio que estamos entrando em uma era em que os modelos de governança de tipo republicanos serão os mais adequados não apenas técnica, mas também subjetivamente para dar conta dos nossos problemas cada vez mais complexos. Os meios tecnológicos em expansão atualmente tornaram possível – e eu diria mesmo necessária – a participação cada vez mais direta dos cidadãos nesta aldeia, através de uma forma de comunicação ativa, da informação processada em alta escala, do conhecimento compartilhado, das redes de integração social e política.
O conhecimento hoje necessário para a tomada de decisões é cada vez mais complexo, implicando necessariamente um método transdisciplinar. É preciso assim saber articular redes de saberes decisórias, propositivas, múltiplas, em escala mundial. Na medida em que a tecnologia e conhecimento se tornam compartilhados, também o poder é compartilhado.
IHU On-Line – Para McLuhan, o livro individualiza e o rádio unifica. Com a chegada de meios como Facebook e Twitter estamos valorizando o pensamento escrito, mas não a individualização. Como você avalia esse comportamento?
Celso Candido de Azambuja - O livro individualiza não somente porque reproduz um pensamento escrito. É porque convoca à introspecção, à imaginação e à reflexão. O livro tende ao isolamento e isto tão mais acentuadamente nas culturas quentes.
O pensamento escrito esteve circunscrito ao território do papel e do livro impresso durante muito tempo. De tal modo que acabamos por identificar o escrito impresso com o próprio pensamento escrito. Mas este já esteve inscrito em outros suportes, tais como em pedras, tábuas, metais. Platão  chegou a elaborar uma séria crítica aos pensamentos escritos com letras. Denunciou tal atividade como inapropriada e como forma de falsificar a verdadeira sabedoria que só o embate dialético oral seria capaz de produzir.
Acontece que o pensamento escrito tem atualmente uma nova interface através da qual pode presentificar-se. Trata-se de um suporte em si mesmo dinâmico que, por sua natureza, dá novo dinamismo à palavra escrita. Antes da internet, o tempo de processamento da palavra escrita era complemente diferente. A escrita digital é fluída, móvel. A palavra se movimenta na tela e viaja à velocidade da luz no espaço. É uma situação diferente. O pensamento escrito libertou-se das amarras do texto impresso. Ele movimenta-se livre nas telas e redes intercontinentais de comunicação.
Deste modo, o pensamento escrito tornou-se instrumento ágil de comunicação, ao mesmo tempo em que seu poder cresceu em toda parte. Hoje, se você não souber ler e escrever um e-mail, você estará completamente por fora. A escrita, na rede, é intercriativa, fragmentada, veloz. Ela convida ao diálogo. Se você não teclar, não irá se comunicar.
Esta nova plasticidade do texto está muito mais próxima da velocidade de renovação dos saberes e do modo como se pode aproximar da verdade em nossos dias. E não há dúvidas que já supera em muito o potencial civilizacional do livro e do pensamento escrito impresso.
IHU On-Line – Para McLuhan, a cultura do alfabeto predispõe o homem a dessacralizar seu modo de ser. Como fica a relação do ser nos dias atuais?
Celso Candido de Azambuja - As sociedades orais são naturalmente mais coesas, mais coletivas, mais afetivas – mais frias no sentido mcluhniano – comparadas com as sociedades da escrita alfabética. Nas culturas onde predomina a oralidade as crenças, os mitos, as lendas, jogam peso também maior na articulação dos sentidos e significações sociais. O alfabeto dota o homem de uma potência de esclarecimento que o projeta para além das suas crenças, mitos, verdades da sua comunidade.
A oralidade convoca à participação, é um meio frio, aproxima. A escrita isola. O alfabeto projeta o homem para além de seu próprio universo imaginário, unificando os homens culturalmente, ainda que não politicamente. Isto força o homem a sair de si mesmo, quer dizer, sair de seu próprio universo fechado de significações.
O mundo da escrita alfabética é cada vez mais humano no sentido de que o horizonte dos problemas humanos se coloca para ser respondido no âmbito da própria palavra humana. Os enigmas, os problemas, as questões passam a ser definidas no embate puramente humano.
Grande parte da cultura oral é marcada pelo recurso ao mito, aos cultos de adivinhação. Platão, como disse antes, fará a denúncia do empobrecimento do discurso através do recurso ao texto escrito com letras. Com os sofistas que escrevem seus discursos, portanto, a sabedoria teria chegado ao seu fim, lamenta Platão. Entretanto, a força do meio literário, o obriga a fazer sua luta contra o movimento sofista através do recurso da palavra escrita. Os diálogos escritos foram sem dúvida uma tentativa de resgatar o que o texto escrito anunciava: a morte da dialética. A escrita alfabética arrastou Platão e todos os que vieram depois. Reinou praticamente absoluta até o advento dos meios eletrônicos no século XX. Hoje, como já dissemos, encontra-se em pleno processo de reinvenção e ressignificação.
É neste contexto de reinvenção e ressignificação não apenas da escrita, mas também e talvez principalmente da linguagem hipertextual, que os indivíduos estão construindo suas narrativas autoprojetadas. Nessa autoconstrução generalizada de nossos dias, penso que o problema do sentido do ser pode ser colocado para além da massificação e da impessoalidade que predominaram na era dos mass media.
Se, como pretendia Parmênides,  o ser que é possível ser é o ser que é pensado, o ser que é possível ser pensado hoje, na era eletrônica, é aquele que somente pode se compreender através de uma nova perspectiva: transdisciplinar, transcultural, transmidiática, polifônica. É o ser de uma enorme complexidade cujas potencialidades e modos de aparecer são de uma riqueza extraordinária. É nesta irreversível – e desejável – pluralidade de formas de vida, moral, religiosa, política e estética através da qual o ser do humano em nossa época se revela e se transforma que reencontraremos a pergunta pelo sentido de nossa existência.
Fonte: IHU On-line

segunda-feira, dezembro 20, 2010

maneiras de se conceber e mudar o mundo

Embrapa, o acordo com a Monsanto e a privatização da "neutralidade científica"
A onda neoliberal que vem dando sentido hegemônico às maneiras de se conceber e mudar o mundo a partir da perspectiva capitalista, mais fortemente desde a década de 1990, envolveu a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) de forma incontestável, acentuando a sua estratégica de geração de tecnologias no sentido da artificialização da agricultura.
Essa empresa estatal de pesquisa agropecuária tem contribuído desde a sua constituição, em abril de 1973, para a expansão e melhoria técnica relativa da agricultura no Brasil.
O volume e qualidade da maioria dos resultados obtidos, a formação de pessoal técnico-científico, a difusão técnica no nível dos produtores rurais e a sua expansão institucional no âmbito da cooperação internacional a colocam como uma das instituições mais eficientes do país e com presença respeitável nos meios técnico-científicos mundiais.
Essa qualificação anterior, no entanto, não a exime de responsabilidades nem de desvios político-ideológicos que a tem induzido para resultados que são - seria ingenuidade sugerir como involuntários - afirmadores das desigualdades sociais no campo.
A opção política estratégica de apoio técnico-científico ao agronegócio, de efetivação de acordos de cooperação com empresas transnacionais de caráter monopolista - como emblematicamente se concretizou com a Monsanto - e a aceitação e geração de produtos da sua própria pesquisa a partir dos organismos geneticamente modificados (OGMs), ainda que no âmbito de uma ampla diversificação de produção tecnológica, não deixa de marcar o sentido hegemônico da direção técnico-científica que vem adotando.
A Embrapa segue esse caminho ao enveredar pelos caminhos da artificialização da agricultura, em consonância com os interesses das grandes empresas capitalistas transnacionais, sejam elas as produtoras de insumos para a agricultura sejam aquelas que comercializam os produtos dela obtidos.
Isso, supostamente, se verifica no âmbito de contradições técnico-científicas internas ao corpo técnico e administrativo da Embrapa. Mesmo assim, a concepção reinante sobre a agricultura familiar e camponesa, iniciativas de produção que representam a maioria dos estabelecimentos rurais no país, se mantém como de atrelamento subalterno ao agronegócio, como se afirma no site de sua Missão e Atuação1:
“(...) programas de pesquisa específicos conseguiram organizar tecnologias e sistemas de produção para aumentar a eficiência da agricultura familiar e incorporar pequenos produtores no agronegócio, garantindo melhoria na sua renda e bem-estar.”
Público x privado
Embrapa foi constituída e se mantém suportada por recursos públicos. Isso significa implicitamente que a sua prática de geração de tecnologias deve (deveria), antes de tudo, estar a serviço da maioria da população brasileira que produz no campo.
Todavia, quando a direção hegemônica da empresa abre espaço para a consolidação de acordos como o realizado com a Monsanto desde 2005/2006, e o reafirmando em 29 de novembro p.p. com o aporte de recursos dessa empresa transnacional ao Fundo de Pesquisa Embrapa-Monsanto2, fica mais explícito o caráter real do sentido da produção tecnológica dessa empresa, ainda que estatal.
Ela se insere no processo governamental mais amplo de sustentação do capital privado nacional e multinacional do agronegócio, mais recentemente através das parcerias público-privado.
Não há dúvida de que os acordos com empresas multinacionais como a Monsanto apequenam a Embrapa e comprometem a relativa autonomia técnico-científica que deveriam ter seus técnicos e administradores perante o grande capital nacional e transnacional.
Essa parceria do tipo público-privado, como a efetuada há tempos com a Monsanto, joga o que poderia se considerar como o melhor da história institucional da Embrapa na vala comum da mercantilização do saber. Além disso, coloca sérias interrogações sobre o caráter que se reveste a área de cooperação técnico-científica internacional quando esta afirma ser ‘principalmente a pesquisa em parceria e a transferência de tecnologia’ (sic).
Supostamente o que se espera de uma empresa estatal, mesmo submetida a diferentes pressões políticas, é que seus resultados técnicos se enquadrem como serviços públicos.
“O conceito de técnica mostra que deve ser, por necessidade, patrimônio da espécie. Sua função consiste em ligar os homens na realização das ações construtivas comuns. Constitui um bem humano que, por definição, não conhece barreiras ou direitos de propriedade, porque o único proprietário dele é a humanidade inteira. A técnica, identificada à ação do homem sobre o mundo, não discrimina quais indivíduos dela devem se apossar, com exclusão dos outros. Sendo o modo pelo qual se realiza e se mede o avanço do processo de humanização, diz respeito à totalidade da espécie.”3
Mercantilização
Não se supõe que reine na Embrapa o mito da neutralidade científica. Todavia, não se espera por outro lado que a direção hegemônica da empresa esteja identificada com os interesses produtivistas das empresas privadas nacionais e transnacionais e da mercantilização da produção tecnológica como disso é exemplo a sua parceria com a Monsanto.
Ora, essa hegemonia dos interesses do agronegócio e das empresas transnacionais no seio da Embrapa se torna politicamente mais comprometedora quando se expande a sua capacidade de transferência de tecnologia para paises considerados em desenvolvimento no âmbito de uma cooperação Sul-Sul, como o que se está implantando na cooperação com paises da África, América Latina e Caribe.
Será que já não é demais a pressão que Banco Mundial, OMC, FMI e FAO exercem sobre esses paises em desenvolvimento para incorporarem no seu que-fazer da produção no campo as mercadorias e serviços denominados de ‘tecnologias para o desenvolvimento da agricultura’, pacotes tecnológicos esses produzidos (em parcerias) pelas empresas transnacionais de insumos?
Vai então a Embrapa, uma empresa estatal brasileira, se somar ao esforço anti-social e anti-ecológico de artificialização da agricultura e da dependência (neocolonial) dessas economias rurais aos interesses dos grandes conglomerados da indústria química como Monsanto, Bayer, Basf, Syngenta, Dow e DuPont? Sem duvida alguma que isso seria, ou já é, desolador.
“(...) Mesmo que explicitamente não pretenda se impor como um empreendimento totalitário, a ciência já comporta em si mesma, implicitamente, a possibilidade de tal projeto (o sentido que ela projeta sobre o homem e o mundo só pode ser o único possível). Seus êxitos retumbantes levam-na, talvez inconscientemente, a impor-se como única dimensão possível do sentido. Sua atitude fundamental diante do mundo neutraliza todas as outras atitudes. Donde o risco de tornar-se totalizante e autoritária.”4
1 Site da EMBRAPA. ver aquí (acesso 15/12/2010, 08:00 horas)
2 Ver aquí (consulta 14 dez 2010; 09:40 horas)
3 Pinto, Álvaro Vieira (2005). O conceito de tecnologia, vol. I. Rio de Janeiro, Contraponto, 2v. , p. 269.
4 Japiassu, Hilton (1975). O mito da neutralidade científica. Rio de Janeiro, Imago Editora Ltda, p. 169.
Fuente: MST - Brasil
Fonte: Biodiversidad en América Latina y El Caribe, 17/12/2010

sexta-feira, dezembro 26, 2008

recriando

Ferramenta para mosquito

Mexo as pernas me afastando de um inconveniente mosquito zombeteiro. A tarde se estende cortada pelos meus deveres e passo o tempo recriando coisas nos pensamentos, o dia vai dando lugar às trocas de luzes do entardecer. Me acompanha um calor forte, clima estranho, que faz transpirar mais, dando a pele uma sensação de umidade viscosa, colante, anfíbia. Toda água do banho se evapora num minuto de mormaço, fico nu, o ar é quente, nem preciso usar a toalha para me enxugar. Arre égua!

O silêncio bordeja como uma companhia, inerente, contribuindo na dinâmica criativa, ele está comigo sem ser convidado. Só o que impressiona meus martelos e bigornas é o tal mosquito, me sinto quase um surdo no espaço que compartilho com o chatonildo, faço gestos indecifráveis sobre o teclado do desktop e num impulso começo a dançar no meio da sala. Um vôo sopitado, dá até para ouvir o zim zim do maldito mosquito que perturba em tréguas meu silencio interior. Reticente, ando devagar até o banheiro, molho as mãos numa sabida técnica infalível aprendida há poucos dias, não por acaso, retorno com as mãos cobertas de água, permitindo superfícies adequadas, aderentes, assim colidindo no extermínio, tornando mais rápida a ação de espremer o irritante inseto sugador de meu sangue, logo, lá está, então, ele entre os dedos, num rápido bote manual, o sucesso da captura, visivelmente eficaz, sem qualquer chance para o escape, nem pela usual mimetização com as variadas entranhas do ambiente, ou pelos vôos no invisível, nas entrelinhas das sombras, rasgos dos objetos ou passagens de cantos, escurinhos camuflantes. Essa foi uma descoberta de uma ferramenta para exterminar os meus mosquitos, só os que convivem no meu espaço. Agora continuo meu olhar na leitura e escrevendo escuto algo.

Estancada a caça ao pernilongo um lindo canto desperta a minha atenção, é clássico, acompanhado por uma música ao piano. Faz parte de um fundo musical de um documentário sobre o século XX. Que século! Diz-se que aconteceu por importância nos últimos 20 anos de uma só vez... Uma bomba tecnológica, incrível transformação do mundo, e ainda em expansão, com efeitos colaterais duradouros sem horizonte palpável de conclusão, pelas profundas alterações no meio ambiente e as incoerentes razões de continuidade dos padrões e contradições que mantém em seu movimento criador-destrutivo. Exegese, busca de paradigmas diferentes, descoberta de outro padrão de transformação da natureza, reaprendizado do viver entre si e para si, de novas formas de relações sociais essenciais a existência, de preservação da natureza vital? Ora, esqueci a água do café no fogo, espere que eu volto. Continue lendo...

Os homens criam as ferramentas as ferramentas recriam os homens. [McLuhan]
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na tela ou dvd

  • 12 Horas até o Amanhecer
  • 1408
  • 1922
  • 21 Gramas
  • 30 Minutos ou Menos
  • 8 Minutos
  • A Árvore da Vida
  • A Bússola de Ouro
  • A Chave Mestra
  • A Cura
  • A Endemoniada
  • A Espada e o Dragão
  • A Fita Branca
  • A Força de Um Sorriso
  • A Grande Ilusão
  • A Idade da Reflexão
  • A Ilha do Medo
  • A Intérprete
  • A Invenção de Hugo Cabret
  • A Janela Secreta
  • A Lista
  • A Lista de Schindler
  • A Livraria
  • A Loucura do Rei George
  • A Partida
  • A Pele
  • A Pele do Desejo
  • A Poeira do Tempo
  • A Praia
  • A Prostituta e a Baleia
  • A Prova
  • A Rainha
  • A Razão de Meu Afeto
  • A Ressaca
  • A Revelação
  • A Sombra e a Escuridão
  • A Suprema Felicidade
  • A Tempestade
  • A Trilha
  • A Troca
  • A Última Ceia
  • A Vantagem de Ser Invisível
  • A Vida de Gale
  • A Vida dos Outros
  • A Vida em uma Noite
  • A Vida Que Segue
  • Adaptation
  • Africa dos Meus Sonhos
  • Ágora
  • Alice Não Mora Mais Aqui
  • Amarcord
  • Amargo Pesadelo
  • Amigas com Dinheiro
  • Amor e outras drogas
  • Amores Possíveis
  • Ano Bissexto
  • Antes do Anoitecer
  • Antes que o Diabo Saiba que Voce está Morto
  • Apenas uma vez
  • Apocalipto
  • Arkansas
  • As Horas
  • As Idades de Lulu
  • As Invasões Bárbaras
  • Às Segundas ao Sol
  • Assassinato em Gosford Park
  • Ausência de Malícia
  • Australia
  • Avatar
  • Babel
  • Bastardos Inglórios
  • Battlestar Galactica
  • Bird Box
  • Biutiful
  • Bom Dia Vietnan
  • Boneco de Neve
  • Brasil Despedaçado
  • Budapeste
  • Butch Cassidy and the Sundance Kid
  • Caçada Final
  • Caçador de Recompensa
  • Cão de Briga
  • Carne Trêmula
  • Casablanca
  • Chamas da vingança
  • Chocolate
  • Circle
  • Cirkus Columbia
  • Close
  • Closer
  • Código 46
  • Coincidências do Amor
  • Coisas Belas e Sujas
  • Colateral
  • Com os Olhos Bem Fechados
  • Comer, Rezar, Amar
  • Como Enlouquecer Seu Chefe
  • Condessa de Sangue
  • Conduta de Risco
  • Contragolpe
  • Cópias De Volta À Vida
  • Coração Selvagem
  • Corre Lola Corre
  • Crash - no Limite
  • Crime de Amor
  • Dança com Lobos
  • Déjà Vu
  • Desert Flower
  • Destacamento Blood
  • Deus e o Diabo na Terra do Sol
  • Dia de Treinamento
  • Diamante 13
  • Diamante de Sangue
  • Diário de Motocicleta
  • Diário de uma Paixão
  • Disputa em Família
  • Dizem por Aí...
  • Django
  • Dois Papas
  • Dois Vendedores Numa Fria
  • Dr. Jivago
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  • Durante a Tormenta
  • Eduardo Mãos de Tesoura
  • Ele não está tão a fim de você
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  • Entre Dois Amores
  • Entre o Céu e o Inferno
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  • Esperando um Milagre
  • Estrada para a Perdição
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  • Filhos da Liberdade
  • Flores de Aço
  • Flores do Outro Mundo
  • Fogo Contra Fogo
  • Fora de Rumo
  • Fuso Horário do Amor
  • Game of Thrones
  • Garota da Vitrine
  • Gata em Teto de Zinco Quente
  • Gigolo Americano
  • Goethe
  • Gran Torino
  • Guerra ao Terror
  • Guerrilha Sem Face
  • Hair
  • Hannah And Her Sisters
  • Henry's Crime
  • Hidden Life
  • História de Um Casamento
  • Horizonte Profundo
  • Hors de Prix (Amar não tem preço)
  • I Am Mother
  • Inferno na Torre
  • Invasores
  • Irmão Sol Irmã Lua
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