quinta-feira, setembro 17, 2020

 Desconhecer a história ou ignorá-la é repetir os piores erros

Passamos mais de dois séculos com uma convicção sobre a “verdade” e a “ética” do propósito finalístico e teleológico do “compromisso classista”, e o que ficou claro dessa experiência foi o desastre humano magnífico, que isso, essa certeza de princípios e virtudes causaram, não apenas na vida de centenas de pensadores e milhares de militantes embebidos da ideologia da gloriosa revolução libertadora dos homens, do mundo, que parecia inevitável sob a liderança do proletariado com a instauração da sua ditadura, e que de maneira hedionda, foram levadas a cabo com o sacrifício de milhões de seres inocentes.
Hoje se pode confirmar que é mesmo ilimitada a “capacidade do homem para negar contradições flagrantes por meio de racionalizações, desde que lhe convenha, e dificilmente poderia ser melhor demonstrada” quando observamos que no caminho da busca da “emancipação e libertação dos grilhões do determinismo econômico, sua reintegração como ser humano, sua aptidão para encontrar a unidade e harmonia com seus semelhantes e com a natureza” o que nos livraria da pré história da humanidade, isso tudo que se diz do capitalismo; na realidade representa uma ideologia que orquestrou exatamente eliminar a integridade do indivíduo e a liberdade, experiência de milhões de homens, mulheres e crianças, que foram eliminados nos genocídios sustentados por uma elite de políticos e lideranças da esquerda, intelectuais, acadêmicos, empresários e artistas, na eliminação oficial de seus dissidentes e opositores.
Os rótulos fascistas, nazistas, comunistas, socialistas, podem ser considerados parte de uma coleção de estados em trânsito, de exceção, e referências ideológicas; populistas, fascistas, nazistas, "reacionários" por definição de "direita" (que não é apenas um conceito), “revolucionários” de esquerda (que não é apenas uma práxis), todos, indistintamente defensores de regimes, governos autoritários, modelos totalitários, indiferentes às necessidades reais e históricas, condições objetivas definidoras do padrão civilizacional do bem-estar obtido por sociedades que historicamente e de fato, conquistaram para grande parcela de sua população. São sociedades que se estruturaram, foram organizadas econômica, social e politicamente em democracias, com relações sociais garantidoras da liberdade individual e direitos fundamentais explícitos em leis e costumes ao longo dos dois últimos séculos.

 A fraqueza do mau-caráter 

Compreender essa pandemia me parece apropriado andar com o olhar ampliado, para poder enxergar os planos que compõem o quadro geral em suas várias dimensões, tanto pelo lado da saúde, como do seu impacto social e político que se confundem no momento atual com um processo grotesco de choques de intenções, pressões particulares da fria oposição, representada por rapinas burocratas, uma casta judiciária e por um punhado de parlamentares, corruptos com título de impunidade e alcunha, distanciados dos anseios da população agarrados ao galho do Centrão, e ao que resta da coluna do modus operando da política do "toma-lá-dá-cá", moeda de troca, fraturado pela Lava Jato.  


O olho torto intelectual de buteco, o que só revela uma dialética negativa de alma putchista, de pavões intelectuais sem perspectiva de bom propósito para o país, esvoaçantes corvos aliados a parasitas empoleirados em instituições, uma grande mídia extrema e obtusa, infelizes artistas, não-pensantes militantes de inegável referência, bastiões tardios do chato bate panelas, deambulam, incansáveis pés esquerdos do anacronismo, dia a dia numa batalha de caolhos recheada de fake News e narrativas cegas pelo caos da governabilidade e tomada do poder por quem seja do seu agrado. Ignorando e, degenerando a Constituição, levantando como ordem do dia o autoritarismo falsamente combatido pela hipocrisia de democratas.


 Visto isso, me parece apropriado lançar uma ideia que vem, digo pesquei, ao lembrar de um filme que assisti sobre uma pandemia na qual a humanidade se perde, no sentido da sua essência, e disso ocorre uma grande tragédia dizimando a maior parcela de vidas humanas em todos os continentes. 


Pensar que o sentimento de preservação é o primeiro que se apresenta em circunstâncias como a que vivemos, parece ser o óbvio com o começo da busca de ajuda mútua e  convivência racional, porém o mal existe em resistência, através de interesses com discrepâncias de percepção do real e viez ideológicos presente em um cenário que prospera o bizarro, com perdas, dor e com um temor que reduz a esperança, onde se manifestam vozes de histeria, conspiração, ódio e falsa indignação, muitas delas vindo apenas expor os seus representantes em suas verdadeiras aspirações e delírios de podres poderes aflorando autoritarismos.


E às vezes, o que achamos ser o seu aspecto mais brutal, nada mais é que sua vulnerabilidade se mostrando. É que adoram disfarçar fraqueza em força. É muito mau-caráter.


quarta-feira, setembro 16, 2020

Essa, a nossa esquerda!


O plano da oposição: Negar invalidando os seus crimes, impedir a liberdade de expressão calando os outros e tomar o poder mesmo sem eleições


O preconceito positivista marca a pretensão da esquerda em ignorar as evidências de crimes na sua ação política. No Brasil é evidente os erros inerentes à militância partidária numa patente hipocrisia é teimar em considerar uma heresia a observação da relação direta entre crime e política, ideologia e militância, empregando um esforço na negação desse vínculo histórico. 


Podemos constatar como exemplo desse viés a presença do ativismo judicial nas decisões do STF. Também existente no ódio do bem destilado, até publicamente, sem temer represálias, e tantas vezes revelado nos discursos dos famosos da classe artística e de jornalistas da extrema imprensa, visto no claro ranço oposicionista de âncoras da grande mídia, na fala polarizada de intelectuais progressistas, no velho vício da nova esquerda engasgada por jargões da resistência nas redes sociais, e no falso perfume democrático dos coronéis políticos regionais, nas personalidades charmosas e limpinhas da filosofia acadêmica, e nos cardeais do estamento burocrático, aventureiros políticos de alma empoeirada de populismo e autoritarismo copiados por novas raposas do pretensamente novo da nova esquerda. 


O que acontece nos bastidores do poder não é mais nenhum segredo. Tardou e custou desmascarar um "cavalo de tróia", Moro herói de todos, chamado para um cargo relevante no staff, desmoronou, ao retirar a máscara, posou de não alinhado ao programa de governo e bateu contra os fatos comprovaram reforçar os vazamentos de informação e as tramas dos infiltrados nas instituições da justiça e polícia federal.


Na raiz dos grandes problemas que o governo enfrenta, desde a sua posse, está a canalhada do Centrão, a faceta cínica articulada do Botafogo Maia, crápula que tenta incorporar o primeiro-ministro, aliado a farta arrogância do Batoré Alcolumbre, ervas daninhas do mecanismo parlamentar azeitado de aparente boas intenções, agindo  como triturador e como resistência na aprovação dos projetos do Executivo. 


Aliados da pandemia, apoiadores do governo e vírus chinês, aderem à desafinada banda de isentos, democratas de auditório que juntos maquinam golpes de todo tipo, sem trégua, munidos de instrumentos de uma nota só, de quanto pior, melhor, com o aval do ativismo judicial e o berro insuflador do presidiário de nove dedos. Uma resistência irritada que persiste em canibalizar todas as iniciativas voltadas para o bem do país com um único objetivo: tomar o poder. 


Um coral de soneto fúnebre tenta evitar a reeleição do seu maior inimigo, Bolsonaro, representante de uma perspectiva de governo diferente daquela dos que quebraram o país, culturalmente, com a monopolização do pensamento, politicamente, nos aspectos moral e ético, e na destruição da economia.


A crise é organizada tendo o caos como meta, assim praticados no dia a dia, e os que continuam fazendo parte dessa orquestração só buscam provocar situações críticas por meio de falsas narrativas, pregando fake news, mas invertendo papéis ao acusar ou outros de suas ações, para fazermos acreditar estarem ajudando o Brasil em defesa da democracia. 


Fazem com isso, mais que impedir alguma solução e o que for do interesse da população gerando potenciais instabilidades institucionais e o descalabro para o futuro do país. As vantagens que auferem chega através dos prejuízos impostos em impedir o governo de governar, tudo que os urubus querem é se manter se revezando no parlamento e ocupando posições de poder que assegurem sua impunidade.


Quem são os verdadeiros criminosos? São os que ao judicializar a política imputam ilegalidades aos que os criticam, ativistas que negam as prerrogativas do poder executivo e cobram no presente todas as soluções de erros do passado, conspiram  com mãos contaminadas pela "negociação" do toma-lá-dá-cá, pelo aparelhamento por loteamento de cargos, tudo sem qualquer contrapartida nem responsabilidade fiscal, comprometendo o orçamento público e sendo indiferente às recorrentes necessidades da população. Agindo supostamente na forma da lei investem segundo interesses próprios e paroquiais usando da falsa honestidade sabidamente corrupta e eleitoreira. 


O ex-ministro Sérgio Moro ainda que negando-se um "carbonário" foi contraditório na sua saída do governo, dando forma seletiva a sua surpreendente e planejada delação, ignorando a existência de interferência política na Polícia Federal por governos petistas e apontando inexistentes do atual, presumindo e expondo motivos alheios à exigida imparcialidade da liturgia. Preferiu esquecer que fez vista grossa aos pedidos do Presidente referente às ações autoritárias de governadores e prefeitos oportunistas no clima da Pandemia, sobre informações do andamento do caso Adélio, deixando na hora da sua despedida perigosas críticas que só reforçaram o desatino ao criar instabilidades para o governo, dando asas à imaginação do ouvinte popular. 


Para a maioria atenta da sociedade organizada e das redes sociais não passou de uma atitude pensada voltada para a construção de futuros arranjos políticos, ainda nebulosos, com uso de jogo de palavras e fundamentos vagos com propósito de macular as ações do presidente e entregar munição para a organização criminosa, em uma condenação inegável da ideologia inerente às decisões do governo federal, de natureza política, e do projeto do seu superior hierárquico transformado-o em objeto oponente. 


As acusações apresentadas são falsas e mostram algo acima da superfície, que indo um pouco mais fundo logo são desacreditadas em sua origem, porém até consideradas possíveis em sua materialidade devido a forte influência  ideológica de seus militantes, o que desorienta e corrompe a tudo e a todos que toca em sua tenaz busca por sua volta ao poder.


A democracia é um regime de poder frágil, pendular, se relaxar, nos é roubada.


Os interessados assumidamente liberais e democratas deveriam se prender menos aos rastilhos inconsequentes de excessos dos radicais, tanto da direita como da esquerda, os fanáticos, os odiosos reacionários, esses cuspidores de cultura abstrusa, de ironia rasa, toscos no manejo da palavra crítica, os impulsivos na ação atabalhoada, raivosos de pensamento, os que ignoram os anseios da população, eles temerão o povo, e se desgastarão na presunção que os levará ao limbo no longo percurso da prova de capacidade, onde se exige resiliência na rota  imprevisível da política, essas virtudes exigidas pela dinâmica pendular da democracia como regime de governo, eles vão pesar e cair. Esses acabarão esquecidos na vala de egos da história. 


 Os verdadeiros interessados na transformação do país para sair dessa fase  infinda de crise, devem ater-se ao necessário e urgente, às mudanças ansiadas, recorrentes, prioridades de sempre, a pauta essencial, o debate possível e inteligente, objetivo do democrático, elevado nos pilares republicanos, debate sobre propostas viáveis, projetos e políticas efetivas de Estado.


 Investimentos em uma agenda de longo prazo, ou seja, a antiga e ao mesmo tempo nova, alternativa à rançosa percepção da resistência da esquerda, que por incapacidade e dissonância cognitiva, procura antecipar catástrofes, não encontra bússola ou o bom senso em nada, e nunca encontrará, pois não se colocam em termos reais, nem possibilidades de respostas ou solução.


Quando chegamos ao ponto de saber o real valor da vida, nos conhecer como somos e estamos, é que descobrimos que o mundo não muda facilmente. Então, é ainda mais complexo, assim, quando muitos que ainda desejam uma mudança, tomam iniciativa, mesmo no vazio, fazem algo decisivo com esse objetivo, enquanto outros, resistem à ela, utilizando-se de armadilhas, traições e falsos pensamentos. Enquanto não se consegue chegar a essa estação de partida para um futuro melhor, nada acontecerá fora do aparente.


 Além de mim


Então não é palavra fácil,

uma construção finita, espiral mental da complexidade, duvidosa, não fala de filosofia, arma midiática, nada de inspiração.

É sobra de um roteiro esquisito, um filme comercial sem cor.


É algo de fazer as coisas, de mover-se com muita gente, põe-se a girar nas cordas, seus sinais cardeais, sem sentido nos versos, retorce os nervos de metal e amor líquido.


Por nada, afasta-se ao mesmo lugar, faz a sua mesma viagem diferente, na memória celular.


Pote de barro, presa e demônio, o mancar tristonho, o achar graça na goteira, a existência da guerra cínica, o ir sem fim da roldana, a praga biológica, o acima e o abaixo dos princípios, o frio seco do subordinado, o ar condicionado das secretarias, o buraco negro na economia.


Uma medida é feita na sombra, o saber sob o assoalho em um mundo assustado.


Podem bater na porta, comer pela borda, respirar fundo por um tubo, até o que não se espera chegar gorado, e quando acordar o canto dos inocentes, a raspa da trama, a mudança na regra no meio do jogo, usar a régua da sociedade do risco, a chama das iniquidades, a beira da impunidade, o tosco no imundo da política.


Quero que seja infernal na cama, o sentar à mesa da alma imoral, e ir ao sol de espirrar e as línguas de veneno. Vou subir até o manto do céu bordado por cometas.


Por notar a corrida do tempo em sua confusa espiral, o espaço espinhoso do ninho familiar se abrir, as marcas da pele, o salto da pulga prenha noiva, o trigo sem as abelhas, o orgulho caído dos novos, o que flutua do naufragar.


Vêem as folhas mortas, as luvas de nuvens, e as cores das escolas com marcas de chumbo e sangue.


Esses demônios tramam contra o novo, levam foices e martelos, tomam a forma do bem mas continuam distante do povo, sobem ricos nos altos muros, tem as armas que nunca enferrujam, crivam a esperança no centro do  corpo dos outros.


Loucos, derramam o magma na carta, a que nunca assinaram, tantos são vazios de risos, instigam as agonias, desprezam coisas da sabedoria, ignoram o choro na alegria. Infectam-se da cólera.


Essa minúscula gente, adicta e elevadas na crítica, reclamam uma revolução infinda e invadem o planalto travestidos de togas. 


Vagam nos labirintos das teorias, bebem nas taças dos golpes, empunham peças de pano tingidas de vermelho e se enrolam em velas flocadas com seus lábios acesos. No gritar da derrota vão visitar o santo emoldurado com hálito de hiena sarnenta.


Querem a dura hora da ditadura, o queimar do óleo do pneu no asfalto, contam os entes no supremo, no projeto de ego, arrotam empinando o nariz orientado para o abismo dos asnos.


O impulso dialético é negativo, a emoção que choca no real, a gravidade no prumo incerto, uma  navegação por estrelas mortas, na escuridão do pensamento deserto.


É imprevisível o que transita na paisagem desse caos, páginas de ilegíveis letras, mil 

cabeças completas de instintos imaturos, sem civilização, uma imaginação jogada pela janela.


Parecem clarinetes quando gritam, repuxam o branco da pele até a noite, frequentam a igreja usando máscaras rachadas, com a sujeira nas unhas trazida de navios, e fica estendida nas praias. Foro de crimes, antro de corruptos, instituto plantado na cidade, jogo baixo, carregam o pesadelo de um século.


Testam criar conceitos, engenharia que quebra arestas de pensamentos, infantaria que avança com seus corpos de inseto, pisando sobre coberturas de acácias.


Espero ler mais livros, ter soluços da vida ao  escrever, fazer um café fresco, beber na caneca que deixo sobre a mesa, deixar na ponta do grafite a tese, ficar leve, ser índio, flexível como bolhas de sabão no banho sem pressa. 


De manhã bate uma esperança, de estar no banco da praça, ter quinze minutos do pôr do sol, esperar o retorno de quem se ama.

Com o espírito que levanta ao paraíso acima da terra. Tem a mira certa na ponta da flecha.


Nela, gestos acompanham o conhecimento. Tem isso tudo, tem começos, os meio e tantos fins. O saber fazer da roda d'água, o freio ruim, o cheiro do pão de centeio, a força da palma da mão, o ir ladeira abaixo sem freio.


 The Gift


Consegue ouvir a voz da Terra?


A Terra tem sua própria memória, um idioma específico. E se você fala esse idioma, ele tem muito a lhe dizer.


A eternidade, não é ter tempo infinito, significa atemporalidade. Nem se fixar no passado, nem se afligir com o futuro, mas viver no presente, isso é eternidade.


 Do inesperado ponto cego (retalhos da ausência de sentido)


Recuso a agonia de achar defeito em tudo e julgar em um ato, de chofre, o que vejo ou leio. Nas atitudes alheias não ignoro observar que ainda há verdade para acreditar. Parte de mim acha graça, outra parte enxerga a armadilha. Em última instância, perceber que se aquecer no amor é não adoecer, independente do tempo de convivência com a companhia.


Tentei e saí da ilha frágil, viajando nos livros, não levando dicas de ideias com sinais trocados, sublinhando frases com grafite e caneta que nunca pode ser de uma cor, navegar nas palavras-chave, ascender nas experiências como pintor de muitas pontes ainda não construídas, em pura ousadia. 


Passaram-se mais de vinte e cinco anos.


Antever o que iria acontecer na vida, até que visse o ontem, sentir que os desejos aparecem num trilho e irem da maneira simples mais adiante. Entender o porquê de nossas contas no vermelho serem peças contínuas de um quebra-cabeças, o risco infernal que sobe e desce, as rugas que se mostram no espelho, o sonho deixado ao lado como querendo ser o mesmo, e perder o prumo no desequilíbrio sem os instrumentos necessários para se manter no jogo. Nossos desorganizados desejos que a realidade não corresponde, assim eles beiram as tentações irresistíveis que mais nos traem, inconsequentes, repetitivos, doze mil vezes ao ano.


Como responder ao senão, às queixas e os inadiáveis compromissos, às vezes indesejados, porque capazes ou não, invadem… como pesadelos, nos mudam. Indistintamente à nossa  origem, o sorriso quer ser aberto, latente, o sofrimento recorrente, pesam os esqueletos varridos para baixo do tapete, e a hipocrisia dos que são íntimos quando ouvem o som unânime abaixo do assoalho das redes.

Continente de vícios, epidemia de gêneros com suas paixões virtuais, midiáticos, pautam inexistências que desarmam seus corpos, fodem o social, querem ser eternos, dementes que dançam e seguem um líder imaginário, intocável em seu descanso cósmico que  gargalha dos embaraços de dependentes, dos que recebem benefícios, condescendente aos anseios do investidor, a indiferença da troca, o consumismo inútil e predador, dos que rezam as dores e seus paliativos em doses de alegria e tristeza, crenças, que plantam terapias infinitas, com pílulas douradas, em pó e placebos.


No significado da vida vem o susto do aloprado, os resultados ingratos, a irritação do devir, as revoltas sazonais, a retomada insustentável dos bons de espírito, tudo vai respirar no pífio sucesso, escrever textos rejeitados, na demora do mel gotejado do paraíso. E gasta-se o oxigênio em ser revelado o prêmio da sorte, o inesperado bilhete, os que fogem da iluminação,  os bichos da meia-noite.

Abrem-se as escolas do naufrágio. A política sai do meio para ser estreita por outros fins e o estado fenece, no negócio transnacional, remete ao papel do financista, do plano em teste fracassado. Querem esquecer o fôlego do pensamento, o ciclo acabado, o inevitável reverso do pêndulo histórico, revendo os movimentos tardios do liberal, o escrito e não lido do capital, a prática do mercado líquido, o reino do lucro obtuso, a gana a qualquer custo, concentrados, seguir na resistência do que não é perfeito, o mal do passado tornando-se forçosamente prolongado.

Considerando os problemas daqueles projetos malfadados, do enganoso contrato, as falsas narrativas de todos os dias, as perplexidades e perpétuas contradições que espreguiçam, a gastança que mata a periferia, a esperança tardia dos filhos desenhada a giz, como fractais de vidro jogados ao vento, com prazo de validade nanicos e dedos sedentos de abuso.


 Querem chegar ao futuro recorrendo a um mal menor, escondidos na complexa representação democrática, na contagem de uma maioria, a metade mais um de garantia, sem perdão aos demais que sobraram na disputa infernal. A democracia custa caro, mais ainda ao populista, mesmo saindo como o melhor de todos os modelos na pós modernidade.


O que se faz no século presente é desacreditar de tudo, tudo que foi criado na idade iluminista, 

a consciência fechou os olhos, envelhecemos feito móveis de antiquário, pensando sem entender a questão, olhando o ponto cego da razão.


Nunca entrar no sagrado, separado no espaço da imensidão do trabalho a recriar valor, um valor vazio de humanidade.


E nesse momento fundamental da falta de princípios perde-se a noção do tempo e a sua dimensão sem qualquer finalidade, tentando dar sentido, procurando fabricar espaço para as coisas sem sentido, dar significado ao que não tem mais conserto nem merecer a força de um suspiro.


Sem orientação, perdidos no caminho, faltam a experiência de significado, ocupam sem qualquer compromisso de permanência, há movimentos totalitários e falha de identidade, sem saber fazer as perguntas vagam na ressaca da razão, e em sua mecânica canina vai mordendo o próprio rabo. Não descansam, semi técnicos, praticam no ranso sem parar, sem enxergar vagas estacionam nem refletir, afundam em retóricas, mentem caindo no buraco onde oculta a luz, restam na matéria e nos pensamentos dos maus.


Os maus por si se destroem.


É logo ali que os maus se encontram, nos extremos. Seus pensamentos são movidos em círculos até uma posição de confronto, acesos por uma lucidez infernal, alienados por uma interpretação que lhes chega ininterrupta e tóxica, negativa, e desperta o ódio na fala e com uma organização atabalhoada, torpe,  carregada das armas dos que já foram derrotados.


A última utopia pulou do lado esquerdo para o lado avesso ao direito, à lei, travestiu-se de hipocrisias, antes imaginários dos fins, perdidos nos meios, agora, reacionários que correm vendados sem modos, destilando impulsos insanos até o poço dos pesadelos autoritários. Querem de volta o trono, rastejam para encontrar-se sem paladar em um banquete de venenos.


A última utopia pula do lado esquerdo para o lado direito, corremos vendados, insanos, sem paladar em um banquete de venenos.


Uma resenha primorosa. Leitura imperdível.

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Nelson Rodrigues - Tempos de debates e inocência

por Mércio Gomes


O Óbvio Ululante contém 81 artigos escritos entre novembro de 1967 e agosto de 1968. Foi um período quentíssimo da sociedade brasileira e mundial, tempo da nova ˜Revolução Francesa”, em maio, tempo dos assassinatos de Martin Luther King e Robert Kennedy, tempo dos protestos contra a Guerra do Vietnam, tempo de grandes debates dentro da esquerda mundial, tempo da visita de Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir ao Brasil, tempo enfim da Passeata dos 100.000 no Rio de Janeiro.


Aqui temos Nelson Rodrigues com a sua língua afiadíssima desafiando os dogmas das Esquerdas brasileiras - Stalin, Guerra do Vietnam, imperialismo norte-americano, marxismo, filosofia libertária, juventude, sim, o “complexo do jovem”, e a dominante (não tinha chegado ainda o termo hegemônico) participação aparentemente alienada da chamada Esquerda Festiva no cenário jornalístico e intelectual brasileiro.


Em certo momento Nelson Rodrigues se assume uma reacionário avant la lettre. Quer a volta do Brasil ao aconchego da vida suburbana carioca, dos dramas pessoais dos habitantes do Meier, Cascadura e Tijuca. Quer fugir do reboliço moderninho de Copacabana, então no seu auge de fascínio cultural. Quer a moral tradicional brasileira, ao invés das novas normas trazidas por uma ética pretensamente universal.


Quem já leu Nelson Rodrigues sabe que ele bate sempre no prego, nunca na ferradura. Isto é, não dá colher de chá, não contemporiza com quem é criticável para ele, nem mesmo com os amigos. É até espantoso que Nelson Rodrigues tenha o carinho e o cultivo da amizade pelo tanto que ele ironiza e esculhamba seus diletos amigos. Em O Óbvio Ululante, seus amigos mais citados são: o mineiro e psicanalista Hélio Pellegrino, por quem se desvela em carinhos e apreço/; Otto Lara Rezende, que, em certa crônica diz que é amigo dele, mas não sabe se ele o tem como amigo; Antonio Callado, o “doce radical”, o único inglês que jamais existiu, mesmo na Inglaterra; Cláudio Mello e Souza, que surge como uma espécie de sparring para discutir algum ponto interessante; e Abdias do Nascimento, o único negro brasileiro. Com todos eles Nelson se desvanece, mas também pega nos seus pontos aparentemente fracos e os descasca, sobretudo quando discute política. Desses amigos, exceto pelo Cláudio Mello e Souza e Walter Fontoura (este último se declara um reacionário e ponto), os demais são amigos esquerdistas que estão sempre falando algo sobre o Vietnam, um elogio ao Sartre, um impropério ao imperialismo e coisas assim.


Nelson Rodrigues leva a sério suas amizades e seus debates. Tão a sério que é chamado pelos amigos “flor da obsessão”.  De fato, a toda hora Nelson está achando motivos para criticar os esquerdistas, as passeatas infantilizadas, o falso compromisso com a política (esquerdista vai a praia de manhã para se bronzear e à noite ao bar Antonio’s para discutir aos berros estratégia revolucionária até cair de bêbado.


As crônicas não aparecem sempre numa ordem cronológicas, não sei por quê, pois confesso que se perde um pouco com esse salteado. Em momentos os temas se seguem e se desenvolvem, mas depois mudam para outros temas e em seguida voltam, de modo que o leitor tem que fazer atento ao que foi dito em crônicas anteriores para seguir o raciocínio do autor. Ao final, senti falta de crônicas sobre a Passeata dos 100.000, em junho de 1968. Nelson ironiza a falta de público no 1* de Maio, que fora convocada pelas esquerdas cariocas, mas se exime de falar sobre a grande passeata um mês depois. Ou talvez essa crônica esteja em outro de seus livros.


Nelson sente imenso prazer em descascar a adoração que a esquerda tinha à época por Sartre. Sua obsessão é descrever Sartre comendo jaboticaba numa recepção dada por “grã-finos”, sem qualquer sinal de estar ou não gostando e, em certo momento, perguntar a algum intelectual que o esteja bajulando; “E os negros, onde estão os negros? “Aí Nelson não perdoa e fica a soltar frases como o único negro brasileiro que conheço é Abdias do Nascimento, que reclama que Pelé tinha se casado com uma branca (anos depois, Abdias do Nascimento iria se casar com uma branca americana no seu exílio nos Estados Unidos - não sei se Nelson Rodrigues acompanhou esse feito).


O Óbvio Ululante não é um livro datado. Ao contrário, lê-lo ou relê-lo nesse momento é como trazer Nelson Rodrigues para nossa atualidade. Suas palavras sardônicas, seu raciocínio implacável está ainda na ordem do dia. Nelson certamente acharia a esquerda brasileira a mesma de 51 anos atrás, com seus mesmos mitos (exceto talvez pelo declínio da reverência a Stalin), suas mesmas apologias, seus mesmos impasses. 


Nesses últimos dias, relendo Nelson Rodrigues, conversei com diversos amigos velhos que conheceram Nelson em pessoa. Todos falam dele como um doce de pessoa, cordato, sensível, quase pegajoso - um nordestino manhoso como Gilberto Freyre ou Gilberto Amado. E era por isso queridíssimo, apesar dos venenos que diluía pelos cantos de suas crônicas. 


Conclusão: por tudo que escreveu, por tudo que se opôs, por tudo que foi a favor, por tanto debate, tanta ironia, o tempo de Nelson Rodrigues ainda guardava em si a possibilidade de diálogo entre esquerda e direita, entre posicionamentos políticos distintos, mesmo sob a espada da ditadura. Estranho pensar que havia uma certa inocência em tudo isso.


 O ex-covarde

Nelson Rodrigues


Entro na redação e o Marcelo Soares de Moura me chama. Começa: - "Escuta aqui, Nélson. Explica esse mistério." Como havia um mistério, sentei-me. Ele começa: - "Você, que não escrevia sobre política, por que é que agora só escreve sobre política?" Puxo um cigarro, sem pressa de responder. Insiste: - "Nas suas peças não há uma palavra sobre política. Nos seus romances, nos seus contos, nas suas crônicas, não há uma palavra sobre política. E, de repente, você começa suas "confissões". É um violino de uma corda só. Seu assunto é só política. Explica: - Por quê?"


Antes de falar, procuro cinzeiro. Não tem. Marcelo foi apanhar um duas mesas adiante. Agradeço. Calco a brasa do cigarro no fundo do cinzeiro. Digo: - "É uma longa história." O interessante é que outro amigo, o Francisco Pedro do Couto, e um outro, Permínio Ásfora, me fizeram a mesma pergunta. E, agora, o Marcelo me fustigava: - "Por quê?" Quero saber: - "Você tem tempo ou está com pressa?" Fiz tanto suspense que a curiosidade do Marcelo já estava insuportável.


Começo assim a "longa história": - "Eu sou um ex-covarde." O Marcelo ouvia só e eu não parei mais de falar. Disse-lhe que, hoje, é muito difícil não ser canalha. Por toda a parte, só vemos pulhas. E nem se diga que são pobres seres anônimos, obscuros, perdidos na massa. Não. Reitores, professores, sociólogos, intelectuais de todos os tipos, jovens e velhos, mocinhas e senhoras. E também os jornais e as revistas, o rádio e a tv. Quase tudo e quase todos exalam abjeção.


Marcelo interrompe: - "Somos todos abjetos?" Acendo outro cigarro: - "Nem todos, claro." Expliquei-lhe o óbvio, isto é, que sempre há uma meia dúzia que se salve e só Deus sabe como. "Todas as pressões trabalham para o nosso aviltamento pessoal e coletivo." E por que essa massa de pulhas invade a vida brasileira? Claro que não é de graça nem por acaso.


O que existe, por trás de tamanha degradação, é o medo. Por medo, os reitores, os professores, os intelectuais são montados, fisicamente montados, pelos jovens. Diria Marcelo que estou fazendo uma caricatura até grosseira. Nem tanto, nem tanto. Mas o medo começa nos lares, e dos lares passa para a igreja, e da igreja passa para as universidades, e destas para as redações, e daí para o romance, para o teatro, para o cinema. Fomos nós que fabricamos a "Razão da Idade". Somos autores da impostura e, por medo adquirido, aceitamos a impostura como a verdade total.


Sim, os pais têm medo dos filhos, os mestres dos alunos. o medo é tão criminoso que, outro dia, seis ou sete universitários curraram uma colega. A menina saiu de lá de maca, quase de rabecão. No hospital, sofreu um tratamento que foi quase outro estupro. Sobreviveu por milagre. E ninguém disse nada. Nem reitores, nem professores, nem jornalistas, nem sacerdotes, ninguém exalou um modestíssimo pio. Caiu sobre o jovem estupro todo o silêncio da nossa pusilanimidade.


Mas preciso pluralizar. Não há um medo só. São vários medos, alguns pueris, idiotas. O medo de ser reacionário ou de parecer reacionário. Por medo das esquerdas, grã-finas e milionários fazem poses socialistas. Hoje, o sujeito prefere que lhe xinguem a mãe e não o chamem de reacionário. É o medo que faz o Dr. Alceu renegar os dois mil anos da Igreja e pôr nas nuvens a "Grande Revolução" russa. Cuba é uma Paquetá. Pois essa Paquetá dá ordens a milhares de jovens brasileiros. E, de repente, somos ocupados por vietcongs, cubanos, chineses. Ninguém acusa os jovens e ninguém os julga, por medo. Ninguém quer fazer a "Revolução Brasileira". Não se trata de Brasil. Numa das passeatas, propunha-se que se fizesse do Brasil o Vietnã. Por que não fazer do Brasil o próprio Brasil? Ah, o Brasil não é uma pátria, não é uma nação, não é um povo, mas uma paisagem. Há também os que o negam até como valor plástico.


Eu falava e o Marcelo não dizia nada. Súbito, ele interrompe: - "E você? Por que, de repente, você mergulhou na política?" Eu já fumara, nesse meio-tempo, quatro cigarros. Apanhei mais um: - "Eu fui, por muito tempo, um pusilânime como os reitores, os professores, os intelectuais, os grã-finos etc, etc. Na guerra, ouvi um comunista dizer, antes da invasão da Rússia: - "Hitler é muito mais revolucionário do que a Inglaterra." E eu, por covardia, não disse nada. Sempre achei que a história da "Grande Revolução", que o Dr. Alceu chama de "o maior acontecimento do século XX", sempre achei que essa história era um gigantesco mural de sangue e excremento. Em vida de Stálin, jamais ousei um suspiro contra ele. Por medo, aceitei o pacto germano-soviético. Eu sabia que a Rússia era a antipessoa, o anti-homem. Achava que o Capitalismo, com todos os seus crimes, ainda é melhor do que o Socialismo e sublinho: - do que a experiência concreta do Socialismo,


Tive medo, ou vários medos, e já não os tenho. Sofri muito na carne e na alma. Primeiro, foi em 1929, no dia seguinte ao Natal. Às duas horas da tarde, ou menos um pouco, vi meu irmão Roberto ser assassinado. Era um pintor de gênio, espécie de Rimbaud plástico, e de uma qualidade humana sem igual. Morreu errado ou, por outra, morreu porque era "filho de Mário Rodrigues". E, no velório, sempre que alguém vinha abraçar meu pai, meu pai soluçava: - "Essa bala era para mim." Um mês depois, meu pai morria de pura paixão. Mais alguns anos e meu irmão Joffre morre. Éramos unidos como dois gêmeos. Durante 15 dias, no Sanatório de Correias, ouvi a sua dispneia. E minha irmã Dorinha. Sua agonia foi leve como a euforia de um anjo. E, depois, foi meu irmão Mário Filho. Eu dizia sempre: - "Ninguém no Brasil escreve como meu irmão Mário." Teve um enfarte fulminante. Bem sei que, hoje, o morto começa a ser esquecido no velório. Por desgraça minha, não sou assim. E, por fim, houve o desabamento de Laranjeiras. Morreu meu irmão Paulinho e, com ele, sua esposa Maria Natália, seus dois filhos, Ana Maria e Paulo Roberto, a sua sogra, D. Marina. Todos morreram, todos, até o último vestígio.


Falei do meu pai, dos meus irmãos e vou falar também de mim. Aos 51 anos, tive uma filhinha que, por vontade materna, chama-se Daniela. Nasceu linda. Dois meses depois, a avó teve uma intuição. Chamou o Dr. Sílvio Abreu Fialho. Este veio, fez todos os exames. Depois, desceu comigo. Conversamos na calçada do meu edifício. Ele foi muito delicado, teve muito tato. Mas disse tudo. Minha filha era cega.


Eis o que eu queria explicar a Marcelo: - depois de tudo que contei, o meu medo deixou de ter sentido. Posso subir numa mesa e anunciar de fronte alta: - "Sou um ex-covarde." É maravilhoso dizer tudo. Para mim, é de um ridículo abjeto ter medo das Esquerdas, ou do Poder Jovem, ou do Poder Velho ou de Mao Tsé-tung, ou de Guevara. Não trapaceio comigo, nem com os outros. Para ter coragem, precisei sofrer muito. Mas a tenho. E se há rapazes que, nas passeatas, carregam cartazes com a palavra "Muerte", já traindo a própria língua; e se outros seguem as instruções de Cuba; e se outros mais querem odiar, matar ou morrer em espanhol - posso chamá-los, sem nenhum medo, de "jovens canalhas".


RODRIGUES, Nélson. In A cabra vadia (novas confissões), Livraria Eldorado Editora S.A., Rio de Janeiro, s/data, págs. 7-10.


 O analfabetismo funcional e a negação da prisão em 2ª instância

Tocar nesse assunto tão presente nesse momento no qual a oposição anda fazendo dele um cavalo batalha para justificar a soltura de bandidos condenados, particularmente do seu bandido de estimação, além de cometer um erro de cognição, também se faz de exemplo do analfabeto funcional inerente aos defensores do populismo lulopetista, o que também pode ser decorrente de uma enorme má vontade em compreender a decisão casuística do STF em sua origem e ativismo judiciário. 


. Primeiro, pode não parecer, mas tornou-se irrelevante discutir a constitucionalidade, e não entrar no mérito das ADCs (Ação Declaratória de Constitucionalidade), que é justamente para não tratar dos possíveis interesses escusos que nortearam os votos ali oportunamente expostos. O que só nos faria patinar sobre questões conceituais, subjetivas, não relativas ao processo em si, mas restrito ao âmbito teórico e puramente acadêmico.

Ao se fazer essa leitura desgarrada, quer dizer, e deixando claro, que, não vamos discutir sobre o preceitos constitucionais que embasaram os votos.


Segundo, todo comentário referente ao vínculo do artigo 5º do inciso LVII da CF-1988, "ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória", com a "presunção de inocência", essa interpretação que nega a constitucionalidade da prisão em 2ª instância, parte de um entendimento totalmente equivocado, visto que o "transitado em julgado é aquilo que o colegiado da 2ª instância diz", encerra concertação, com julgamento, condenação e prisão do réu. A bem da verdade, a falácia daquele entendimento chega na significação de uma óbvia declaração ideológica travestida de legalidade. O que só reforça a polêmica viesada sobre a aplicação da lei, nesse caso, o que corrompe os princípios de legalidade constitucional.


 O enigma chileno

Diferente das outras revoluções ao redor do mundo, no Chile, a falha está na falta de igualdade de oportunidades e mobilidade social


Mario Vargas Llosa, Estadão, 03/11/2019.


Em meio a esta catastrófica quinzena para a América Latina – derrota de Mauricio Macri e retorno do peronismo com Cristina Kirchner, na Argentina, fraude escandalosa nas eleições bolivianas que permitirá ao demagogo Evo Morales eternizar-se no poder e agitações revolucionárias dos indígenas no Equador – há um fato misterioso e surpreendente que me recuso a relacionar aos antes mencionados: a violenta explosão social no Chile contra o aumento das passagens de metrô, com saques e depredações, 20 mortos, milhares de presos e, por fim, manifestação de um milhão de pessoas nas ruas contra o governo de Sebastián Piñera.


Por que misterioso e surpreendente? Por uma razão muito objetiva: o Chile é o único país latino-americano que travou uma batalha eficaz contra o subdesenvolvimento e cresceu de maneira admirável nos últimos anos. Embora eu saiba que os relatórios internacionais não comovem ninguém, lembremos que a renda per capita chilena é de US$ 15 mil anuais (e o poder de compra é de US$ 23 mil, de acordo com organizações como o Banco Mundial). 


O Chile acabou com a pobreza extrema, e em nenhuma outra nação latino-americana tantos setores populares passaram a fazer parte da classe média. O país desfruta de pleno emprego e de investimentos estrangeiros e o notável desenvolvimento de seu empresariado fez com que seu padrão de vida aumentasse rapidamente, deixando o restante do continente para trás. 


No ano passado, viajei pelo interior chileno e fiquei impressionado ao ver o progresso que se manifestava por toda parte: os povoados esquecidos de 30 anos atrás são hoje cidades prósperas e modernas, com qualidade de vida muito alta, frente aos padrões do terceiro mundo.


É por isso que o Chile quase deixou de ser um país subdesenvolvido: está muito mais próximo do primeiro mundo que do terceiro. Isso não se deve à feroz ditadura do general Augusto Pinochet. Deve-se ao resultado do referendo de 31 anos atrás, com o qual o povo chileno pôs fim à ditadura (e no qual, aliás, Piñera fez campanha contra Pinochet), e ao consenso entre esquerda e direita em manter a política econômica que trouxe um progresso gigantesco para o país. 


Em 29 anos de democracia, a direita governou apenas cinco e a esquerda – quer dizer, a Concertación – 24 anos. Não seria impróprio afirmar, portanto, que a esquerda contribuiu mais do que ninguém para essa política – de defesa da propriedade e das empresas privadas, de incentivo aos investimentos estrangeiros, de integração do país aos mercados mundiais e, é claro, de eleições livres e liberdade de expressão – que propiciou o extraordinário desenvolvimento do país. Um progresso de verdade, não apenas econômico, mas também político e social.


Como explicar o que aconteceu? Para tanto, precisamos dissociar os últimos acontecimentos chilenos da revolta camponesa equatoriana e dos distúrbios bolivianos ocasionados pela fraude eleitoral. A que comparar a explosão chilena, então? Ao movimento dos coletes amarelos na França e ao mal-estar generalizado na Europa, os quais denunciam que a globalização aumentou as diferenças entre pobres e ricos de maneira vertiginosa e exigem uma ação estatal para detê-la. 


É uma mobilização de classe média, como a que agita grande parte da Europa e tem pouco ou nada a ver com as explosões latino-americanas daqueles que se sentem excluídos do sistema. No Chile, ninguém está excluído do sistema, embora a disparidade entre quem já tem e quem está começando a ter alguma coisa seja grande, é claro. Mas essa distância se reduziu bastante nos últimos anos.


Falhas

O que falhou, então? Creio que foi um aspecto fundamental do desenvolvimento democrático liberal: a igualdade de oportunidades, a mobilidade social. Estas últimas existem no Chile, mas não de maneira tão eficaz a ponto de reduzir a impaciência, perfeitamente compreensível, daqueles que se tornaram parte da classe média e aspiram progredir cada vez mais graças a seus esforços. 


Ainda não existe uma educação pública de primeiro nível, nem uma saúde que consiga competir com a privada, nem aposentadorias que cresçam no ritmo dos padrões de vida. Não é um problema chileno, é algo que o Chile compartilha com os países mais avançados do mundo livre.


A sociedade aceita diferenças econômicas, diferentes níveis de vida, somente quando todos têm a sensação de que o sistema, justamente por ser aberto, permite que cada geração tenha um notável progresso individual e familiar, ou seja, que o sucesso – ou o fracasso – esteja no destino de todos. E que isso se deva ao esforço e à contribuição da sociedade como um todo, não ao privilégio de uma pequena minoria. 


Esta é, provavelmente, a questão não resolvida do progresso chileno, como argumentou, em um ensaio muito inteligente, o colombiano Carlos Granés, de cujas opiniões compartilho, em grande medida.


Nesta crise, a obrigação do governo chileno não é, portanto, recuar em suas políticas econômicas, como pedem alguns loucos que querem que o Chile retroceda até se tornar uma segunda Venezuela, mas completá-las e fortalecê-las com reformas na educação pública, na saúde e nas aposentadorias, para dar à maior parte da população chilena – que nunca esteve melhor do que agora ao longo de toda a sua história – a sensação de que o desenvolvimento abrange também a igualdade de oportunidades, indispensável a um país que rejeitou o autoritarismo e escolheu a legalidade e a liberdade. A justiça deve estar no coração da democracia e todos devem sentir que a sociedade livre premia o esforço, e não as conexões e os apadrinhamentos.


O segundo homem da “revolução venezuelana”, o tenente Diosdado Cabello, teve a desfaçatez de dizer que todas as mobilizações e protestos latino-americanos se devem a um “terremoto chavista” que está abalando o continente. Parece não ter conhecimento do fato de que 4,5 milhões de venezuelanos fugiram de seu país para não morrer de fome, porque, na Venezuela socialista dos dias de hoje, só comem aqueles que estão no poder e seus companheiros, ou seja, aqueles que roubam, traficam e gozam dos privilégios típicos que as ditaduras da extrema esquerda (e, muitas vezes, da direita) concedem a seus súditos submissos. 


Não é impossível que agitadores venezuelanos, enviados por Maduro, tenham turvado e agravado as reivindicações dos indígenas equatorianos e até ajudado Cristina Kirchner a retornar ao poder, meio oculta sob o guarda-chuva do presidente Fernández. Mas, no Chile, está claro que não. É de se imaginar que a cúpula venezuelana esteja comemorando com champanhe francês as dores de cabeça do governo de Piñera. 


Mas é inconcebível que a Venezuela seja o motor da revolta, pois foram os garotos que queimaram 29 estações do metrô de Santiago e defenderam o socialismo no século 21. O paradoxo é que essas crianças nem pagam a passagem do metrô: a carteira de estudante os isenta desse trâmite. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU 


*É PRÊMIO NOBEL DE LITERATURA © 2019 EDICIONES EL PAÍS, SL. DIREITOS RESERVADOS. PUBLICADO SOB LICENÇA.


Aprendi 

Desde cedo aprendi

A andar na corda bamba

Nadar no mar com ondas

Atravessar o rio 

Montar um cavalo

Cair da bicicleta

O trapézio sem rede de proteção

A respirar fundo no pulsar do coração

Lamber as feridas

Limpar a casa 

Criar galinhas

Ir ao teatro

Entrar no cinema

Pintar uma tela

Tocar violão e guitarra

Tentar o piano

Ver os filhos crescerem

Comer frutas no pé

Roer a corda e sair do novelo

Sentir a dor daquele medo

Pensar sem mas

Tecer comentários

Ser rebelde antes de ficar vermelho

Saber as cores do prazer

Que se faz sexo sobre caixas de papelão

Que abraço é forte e a língua no beijo

Riscar com giz e carvão

Ser tudo ou nada por inteiro

Morrer se não for verdadeiro

Mentir em autodefesa

Fazer e ter de saber perder

Descobrir desejos em segredo

Que descer é mais rápido pelo corrimão

Bater uma não tem preço

Suportar uma dor de dente

Chorar por besteira

Ver a papeira

Deixar a saudade na gente

Comer apenas o pão

Rezar na emoção

Amar entre tantos nãos

Seguir as estrelas na escuridão

Fugir no senão

Pedir ajuda mesmo que não venha

Acreditar na revolução

Fazer as pazes só que não

Remar em canoa

Cuidar da dor de cotovelo

Do frio na nuca

Medir a pressão

Beber bem pouco da cicuta

Esclarecer dúvidas

Perder a razão

Aceitar a inevitável morte da razão

Os princípios que sobem e descem

Ver um amigo na televisão

O valor do frete

Do trabalho

Como crescer sem mãe

Me conhecer sem roupa

Reconhecer você 

Ser pai de novo

Ter irmãos distante

Obrigações irritantes

Alimentar a imaginação

Dormir e sonhar acordado

A ler e escrever com cinco anos

Que qualquer presente envelhece

E o tempo passa rápido

Nos meus sessenta anos

Que a história é outra

quando se conta de verdade


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