O inseto e a orquídea
Há um inseto específico para cada orquídea, e quando eles se encontram acontece um tipo de amor entre eles, interação, integração perfeita, cópula, ainda que nem a flor e nem o inseto saibam o que signifique ou mesmo entendam o tipo de amor que se desenvolve entre eles. Um inseto certo para cada flor então adaptada para ele. Daí, algo acontece, algo maravilhoso em consequência desse encontro, instante quando muitas coisas se desencadeiam no universo em função do momento primoroso, do vôo em busca e a espera da flor. Plasticidade de corpos e órgãos exatos juntando perfeição, dimensões, cores, conteúdo e formas.
Consiste isso, pode-se dizer, numa adaptação.
As orquídeas, as flores (em geral, as plantas) têm esse poder, de evoluir diante da suprema necessidade natural da criação da vida. O amor é vida, em plenitude e perfeição.
Eis o sentido do acontecimento entre seres aparentemente estranhos: recriar a vida, continuar a gerar o que resulta no esplendor das múltiplas variedades de beleza na Natureza, aqui realizada por insetos e orquídeas.
Se ele, o inseto, encontra a orquídea certa não há nada que impeça dele conquistá-la. Seus componentes delicados, seus elementos vitais permanecerão conectados por poucos segundos, que significarão uma eternidade. A incrível beleza desse encontro é particularmente um privilégio dessas espécies, absolutamente preservado no puro instinto do inseto e na fortuita “entrega” evolutiva da orquídea.
Pois é, a Natureza expõe em tudo sua consigna. Um momento de pura beleza independe das diferenças, dos preconceitos, de medos do desconhecido, das muitas exigências humanas que dificultam que se complete a evolução e a adaptação dos seres para a vida.
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