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sexta-feira, março 18, 2011

a tragédia no Japão estilhaçou o espelho da ilusão

SEGURANÇA NUCLEAR É ILUSÓRIA

Para o físico nuclear e expert em meio ambiente José Goldemberg, como num conto de Alice, a tragédia no Japão estilhaçou o espelho da ilusão de controle sobre as usinas atômicas no mundo
por Vanessa Barbosa - Exame.com - 17/03/2011
Embalada pela entrada do tema das mudanças climáticas na agenda global, na última década, a indústria nuclear caiu nas graças de muitos países por ser considerada de baixa emissão. Nesse novo processo de expansão, chamado de renascimento nuclear, o setor conseguiu recuperar a imagem de produção energética segura e controlada, que havia sido severamente abalada após as catástrofes de Three Mile Island, em 1957 e Chernobyl, a pior da história, quase trinta anos depois. 
Mas a onda de sorte da energia nuclear pode estar com os dias contados. Diante da iminência de uma catástrofe atômica no Japão, muitos países estão suspendendo seus programas nucleares e revisando protocolos de segurança. Para um dos maiores especialistas em energia, o físico nuclear e professor da USP José Goldemberg, não há dúvidas que de que a imagem de segurança da energia nuclear foi novamente abalada. Uma segurança, segundo ele, que nunca passou de mera fantasia. 
Em entrevista à EXAME.com, o físico eleito pela revista Times um dos Heróis do Meio Ambiente, em 2007, e vencedor do Prêmio Planeta Azul, considerado o 'Nobel' da área, comparou o acidente japonês ao popular conto de Lewis Carrol. "Como em Alice no País das Maravilhas, o espelho da ilusão de segurança das usinas nucleares foi estilhaçado", disse. Goldemberg chamou de 'equivocado' o programa nuclear brasileiro e falou da necessidade de se adotar novas alternativas energéticas. 
EXAME.com - A crise no Japão levanta preocupações com a segurança das usinas nucleares em todo o mundo. Como o senhor avalia essa situação? 
José Goldemberg - É natural que, diante de uma catástrofe como essa, os países recuem em seus programas nucleares. Isso já aconteceu antes. Nas décadas de 70 e 80, a energia nuclear viveu uma grande expansão e ficou competitiva em decorrência da crise do petróleo, que afetou os preço do combustível e do gás, e da necessidade de segurança energética. Na França, por exemplo, que queria se ver livre da importação de gás da Rússia para suas centrais térmicas, a adoção da energia nuclear foi determinante. 
Nesse período, inauguravam-se cerca de 30 usinas por ano em todo o mundo. Assim foi até 1979, quando ocorreu o desastre nuclear de Three Mile Island, nos EUA, que abalou a confiança no setor. A situação piorou em 86, com a explosão do reator de Chernobyl. Daí em diante, o setor nuclear praticamente paralisou, inaugurando apenas três usinas por ano. 
EXAME.com - Mas aí veio o renascimento nuclear... 
José Goldemberg - Sim. Com o desenvolvimento de sistemas de segurança mais apurados, os reatores nucleares ficaram mais caros até 1995. A salvação para o setor veio nos anos seguintes, com as discussões sobre emissão de gases efeito estufa e mudanças climáticas. 
Na ocasião, os países já haviam retomado a confiança nessa forma de geração e o setor viu nessa nova pauta ambiental uma oportunidade para aumentar a participação da energia nuclear na matriz energética mundial. Os Estados Unidos lideraram essa nova expansão com importantes susbsídios para estimular a criação de usinas. Outros países fizeram igual e a indústria se reanimou. Até a semana passada, antes da tragédia no Japão, a ideia do renascimento nuclear vinha ganhando força. 
EXAME.com - Então o acidente na Ásia afetou o ciclo de crescimento da energia nuclear? As usinas deixaram de ser seguras ou a culpa é dos desastres naturais? 
José Goldemberg - Com ou sem desastres naturais, usinas nucleares sempre foram perigosas. Nenhuma tecnologia é 100% segura. O acidente no Japão lembra o conto de Alice no País das Maravilhas. O espelho se estilhaçou, a segurança era ilusória. Quem trabalha com energia nuclear sabe como ela é perigosa, por sua própria natureza. 
Um reator precisa ser refrigerado, tem que ter água circulando dentro dele. Se por uma falha, isso deixa de acontecer, ele derrete e temos então uma catástrofe, como aconteceu em Tree Mile Island, que teve o mesmo grau de gravidade do acidente no Japão. Não foi um desastre natural que atingiu a usina americana, foi uma válvula que encrencou, falha de segurança. 
EXAME.com - Segundo o governo, o programa nuclear brasileiro, que prevê, além de Angra 3, mais quatro ou oito usinas até 2030, não será abalado. O que o senhor acha disso? 
José Goldemberg - No Brasil, a energia nuclear é dispensável. Não precisamos disso. Apesar de atraente, esse tipo de geração deve ser a última das opções, restrita a países que não têm outra opção, como a França. Quando Angra 3 ficar pronta, a energia gerada será menor que o potencial de produção de energia do bagaço de cana, que só em São Paulo é de 2 milhões de kilowatts. Trata-se da energia de dois reatores nucleares. Devemos apostar mais na biomassa e nas hidrelétricas, ainda há muito potencial para ser aproveitado. 
EXAME.com - O momento é propício para as energias alternativas?
José Goldemberg - Sem dúvida, a tragédia nuclear no Japão vai dar um impulso nos investimentos em energia renovável em todo o mundo. A Alemanha, que anunciou o desligamento de suas usinas nucleares, já investe pesado em energia eólica e isso só tende a aumentar. 
Por aqui, temos que dar mais atenção à energia eólica no Norte do país, os ventos bons estão lá no Piauí, no Ceará, no Norte do Maranhão. E não adianta dizer que faltam boas linhas de transmissão ligando o Norte ao Sul. Todas as dificuldades técnicas para longas distâncias já foram resolvidas há trinta anos, com a hidrelétrica de Itaipu, que é muito longe. O que falta é interesse político.
Fonte: Planeta Sustentável, 18/03/2011

quinta-feira, março 17, 2011

"a política ecológica é a política do futuro, também para a economia"

A OUTRA ENERGIA POSSÍVEL
Você os vê despontar em todos os lugares quando viaja nas rodovias da capital para Munique e o Sul, ou para Hannover ou para o Oeste: com o seu zumbido humilde, as pás dos grandes moinhos eólicos rompem o silêncio da zona rural alemã. Em todos os lugares, nas pequenas casas dos ricos bávaros ou nos grandes palácios pré-fabricados ao estilo soviético que o oeste de Berlim herdou do comunismo, você vê os painéis fotovoltaicos.
por Andrea Tarquini - La Repubblica
A energia renovável voa na Alemanha. Não só na Bolsa, em que, nas últimas horas, os títulos da Solarworld, Q-Cells, Nordex ou do banco de energias limpas da Siemens registraram um salto de 20% a 40%. Você a vê por trás de todos os cantos, tornou-se um fator constitutivo do cotidiano. A Alemanha conservadora de Angela Merkel, que diz "na dúvida, somos a favor da segurança" e para por pelo menos três meses sete dos seus 16 reatores, é também a potência econômica que, mais do que qualquer outra, se lançou a pensar e projetar estrategicamente o mundo novo da energia.
"A política ecológica é a política do futuro, também para a economia", explicou o ministro do Ambiente Norbert Roettgen, democrata-cristão como a chanceler. Os dados oficiais do seu gabinete, que nem as empresas nem os "verdes" contestam, falam claramente: a eficiência no uso das matérias-primas na economia alemã aumentou 46,8% entre 1994 e 2009, isto é, no mesmo período em que o PIB crescia 18,4%. Os custos do sistema econômico da Alemanha caíram 100 bilhões de euros. Justamente enquanto, paralelamente, o percentual de energia nuclear produzida caía de 27,3% em 1991 para uma cifra em torno dos 20% (até o fechamento dos sete reatores, decidido nesta terça-feira), e o das renováveis voava no mesmo arco de tempo de 3,2 para 17%. E só de 2004 a 2009 duplicou.
"O desligamento das sete centrais, decidido pelo governo, não deveria produzir contragolpes nem para a economia, nem para o consumidor, nem um aumento de tarifa, nem problemas de produção de eletricidade", explica Aribert Peters, da União dos Consumidores de Energia: depois da reviravolta de Merkel sobre a energia nuclear, os mercados, segundo ele, apostam em preços estáveis. Talvez tenham as suas razões: não esperem militantismo para o meio ambiente ou desejo de prados floridos na Bolsa de Frankfurt.
Para o sistema da Alemanha, explicam Dietmar Edler e Marlene O'Sullivan, em um relatório para o instituto econômico DIW, as energias renováveis alternativas tornaram-se um negócio. Assim como com as BMWs e as Mercedes, com os Airbus e os Eurofighters, aqui também o "made in Germany" é o melhor no mercado. De 2007 a 2009, os investimentos nas energias renováveis passaram de 11,4 para 20,4 bilhões de euros. O faturamento do setor, incluindo as exportações, está em 21 bilhões de euros. Portanto, em três anos, cresceu quase 40%. Também durante o 2009 da grande crise econômica e financeira internacional.
Fundos públicos e desagravos fiscais ajudam o crescimento. Uma produção de energia elétrica confiada em 100% nas renováveis é possível até 2050, diz o ministério de Roettgen, e o governo colocou o objetivo de chegar a 80%. "A maioria da centro-direita deveria fazer mais e não só fechar centrais antes de eleições difíceis", nota BaerbelHohn, uma das mais ouvidas líderes dos "verdes". Mas esconde apenas a satisfação sobre como a centro-direita e o establishment estão assumindo os valores constitutivos do movimento ecológico.
Consenso transversal não declarado, em nome dos números: enquanto os reatores nucleares alemães dão trabalho, segundo Gruenen, a cerca de 30 mil pessoas, os ocupados no setor das renováveis aumentou de 277 mil em 2007 aos cerca de 340 mil atuais. E continuarão a crescer longamente, antes que o setor se torne saturado como a siderurgia automobilística. "O adeus à energia nuclear poderá ser um processo longo – discutimos abertamente se serão precisos 10 ou 20 anos ou mais – mas é possível", pensa o líder dos "verdes" europeus, Daniel Cohn-Bendit.
Reportagem publicada no jornal La Reppublica, 16-03-2011.
Tradução: Moisés Sbardelotto
Fonte: IHU, 17/3/2011

a eletricidade do futuro será mais verde

O QUE ACONTECE SEM A ENERGIA NUCLEAR?
O mundo aposta nos possíveis substitutos do átomo. As fontes renováveis competem com as centrais em termos de custo. A eletricidade do futuro será mais verde, mas não mais barata.
por Maurizio Ricci - La Reppublica
E agora? Se o pós-Fukushima, assim como o pós-Chernobyl, inaugurasse uma segunda era pós-nuclear, o mundo estaria destinado a uma paralisia, além disso escura, fria e intoxicada por petróleo e carvão?
Na realidade, embora muitos defendam que o átomo é uma escolha conveniente, ninguém jamais disse que se trata de um caminho obrigatório. A cota da energia nuclear na oferta de energia mundial está relativamente contida. Hoje está em 16%. Na Itália, se a Enel[maior operadora de eletricidade do país] realizasse as quatro centrais que tem programada, passaríamos de zero para 12-13%. Mas, no mundo, de acordo com a maior parte das previsões, antes de Fukushima, a cota do átomo devia permanecer mais ou menos em 16%, a não ser que houvesse uma drástica reviravolta na luta contra o efeito estufa.
Outras energias
E o "renascimento nuclear" do qual se fala já há tanto tempo? Em grande medida, consiste, mais do que no alargamento do número total das centrais, na substituição das velhas instalações, construídos nos anos 60 e 70. A história da energia dos próximos anos, dizem também as companhias petrolíferas, será o boom das fontes renováveis. Painéis e turbinas já não são mais brinquedos, mas constituem megainstalações, capazes de rivalizar, em termos de eletricidade fornecida, com as centrais tradicionais.
Um gigante do petróleo como a BP prevê que, em 2030, a cota das renováveis, na oferta de energia, será igual à da nuclear. Porém, esse montante da energia mundial, hoje fornecido pelo átomo, é uma massa conspícua, e substituí-lo não parece ser simples. Ao contrário, nos últimos meses, acumularam-se estudos e relatórios que indicam o objetivo de uma energia, toda (ou quase toda) renovável, excluindo também a nuclear, como perfeitamente possível, sem interferir no nosso modo de vida. A afirmação é de ambientalistas como WWF e Greenpeace, mas também de sérios e reconhecidos institutos como o McKinsey, uma das maiores sociedades de consultoria do mundo.
O defeito desses relatórios é que colocam o objetivo para 2050, um pouco longe demais dos problemas de hoje. O problema, porém, não é técnico. Embora saltos tecnológicos (como a introdução das películas no lugar dos custosos painéis fotovoltaicos, ou de espelhos planos, ao invés de côncavos, nas centrais termossolares) dariam um novo estímulo às energias alternativas, esses relatórios fazem as suas contas com base na técnica atual. As escolhas decisivas são, principalmente, políticas e, portanto, poderiam ser aceleradas. Além disso, para ter eletricidade nuclear na Itália também teríamos que esperar até 2025-2030.
De quais renováveis estamos falando? Os experimentos em curso são múltiplos: ondas, marés, correntes, calor da terra, salinidade do mar. De fato, as tecnologias consolidadas são três: a solar (nas duas formas dos painéis fotovoltaicos e das centrais de concentração, que produzem vapor com o calor do sol) e a eólica.
Todas as três devem o seu desenvolvimento aos incentivos públicos. Mas também a energia nuclear (sob a forma de garantias nos empréstimos ou de preços garantidos), e, em muitos países, os próprios combustíveis fósseis gozam de facilidades de vários títulos: as polêmicas entre os dois alinhamentos com relação às respectivas ajudas públicas alcançam periodicamente graus elevadíssimos. Em todo o caso, uma gigantesca conversão de gás, carvão, petróleo e energia nuclear ao sol e ao vento não seria nada gratuita. O Energy Report da WWF calcula um gasto de um trilhão de euros por ano. Parecem ser mais do que são na realidade. Uma boa parte desse dinheiro deveria ir para a melhoria da eficiência no uso da energia. Particularmente, para realizar o isolamento térmico dos edifícios que, provavelmente, deveriam ser construídos. E a maior parte do restante para construir centrais que, também elas, deveriam ser construídas, tradicionais ou não.
Grande parte do parque de instalações, pelo menos no Ocidente, é constituído pelas centrais, de carvão ou nucleares, construídas nas primeiras décadas do pós-guerra, que estão alcançando o fim da vida ativa. Desse ponto de vista, as decisões que forem tomadas nos próximos três a cinco anos sobre o tipo de centrais a serem construídas (tradicionais, nucleares, alternativas) serão determinantes para o estabelecimento do futuro da energia mundial.
Custos
No debate, será determinante o problema dos custos. A gigantesca extensão de turbinas a vento, que o governo de Londres conta instalar ao longo das costas inglesas, tem um custo mais ou menos igual ao de centrais nucleares de potência semelhante. O motivo não é que as turbinas custam tanto quanto os reatores. Mas sim que uma central atômica produz energia 24 horas por dia, sete dias por semana, enquanto uma central eólica fornece energia, em média, durante um terço do tempo possível: depende do vento que há.
A volatilidade das provisões é, hoje, o maior obstáculo ao desenvolvimento das energias alternativas. As companhias elétricas têm dificuldade para abrir suas próprias redes a uma cota superior a 20-30% de renováveis, porque não têm certeza que teriam essa energia se dela precisassem. A taxa de incerteza está se reduzindo, na realidade. Hoje, as previsões meteorológicas permitem acertar, com 1.836 horas de antecipação, a situação do sol e do vento. Os desenvolvimentos técnicos, no caso das centrais solares de concentração, permitem, além disso, armazenar energia por sempre mais tempo, mesmo depois do pôr do sol. Mas, enquanto houver baterias a serem carregadas, quando houver muita energia de vento ou de sol, quando houver pouca, as fontes alternativas pareceriam destinadas a acrescentar sua própria eletricidade às fontes tradicionais ao invés de a substituí-las.
A menos que, como nos relatórios que circularam nestes meses, pense-se ainda maior. No fundo, se não há vento ou sol aqui, há provavelmente duas baías mais além. Ou na África ou na Escandinávia. O Desertec é um gigantesco projeto que prevê a união da eletricidade produzida por centrais solares na África e eólicas no Norte da Europa e distribuí-la, depois, em todo o continente. E também a ideia da Super-Rede, um pool europeu de energia para intercambiar as provisões das diversas energias alternativas. Mas é possível pensar também em um nível menor, contanto que se aceite algum compromisso. Quem fez isso foram ambientalistas pragmáticos, como os da Worldwatch. Segundo o seu presidente, Christopher Flavin, a verdadeira ponte para um futuro da energia totalmente de fontes alternativas é um combustível fóssil: o metano.
O gás, ao contrário da energia nuclear, produz gás carbônico – e, portanto, efeito estufa – embora em uma medida inferior do que o carvão e o petróleo. Nos últimos anos, uma série de modificações nas técnicas de extração o tornaram, surpreendentemente, econômico e abundante. Flavin destaca que uma central de gás custa cerca de um décimo da instalação nuclear equivalente. Pode ser de dimensões reduzidas. Principalmente, ao contrário de uma nuclear atômica, que deve estar permanentemente em funcionamento, possivelmente no máximo da capacidade, ela pode ser facilmente desligada, ligada ou atuar em um regime menor. O complemento perfeito, segundo Flavin, para uma central eólica ou solar, às quais se somaria, fornecendo energia nos momentos de queda da produção.
Nada de tudo isso, juram os autores dos relatórios sobre o futuro das fontes alternativas, incidirá sobre o nosso modo de vida.
De resto, ainda hoje, se reestruturarmos nossas casas, teremos que montar janelas isolantes. E, com a tarifa bi-horária [taxas diferenciadas da energia, dependendo do horário do consumo], é conveniente ligar a lavadora de noite ou no final de semana, quando a demanda de eletricidade é mais baixa.
Os relatórios, entretanto, estão menos dispostos a abordar o tamanho das contas a serem pagas. Mas, com ou sem a energia nuclear, é difícil não pensar que as contas irão aumentar: a era da energia de baixo custo, no futuro previsível, acabou.
Reportagem publicada no jornal La Reppublica, 16-03-2011.
Tradução: Moisés Sbardelotto
Fonte: IHU, 17/3/2011

segunda-feira, julho 26, 2010

qual 'modelo de desenvolvimento'

Modelo predatório: termoelétricas, usinas nucleares e desmatamento

por Heitor Scalambrini Costa*

[EcoDebate] Nas últimas semanas foram veiculadas pela mídia notícias que deixaram, no mínimo, preocupados todas as pessoas que querem, esperam e desejam que Pernambuco se desenvolva de forma sustentável e assim, melhore a condição de vida da população pernambucana. O crescimento econômico do Estado tão propalado e propagandeado não é um fim em si mesmo.  Ele é uma ferramenta, um instrumento para o desenvolvimento.  E o desenvolvimento que nós defendemos é aquele que seja sustentável em todos os aspectos: econômico, ambiental, social e cultural.
Inicialmente, deixou-nos perplexos, o anúncio do secretario estadual de Recursos Hídricos, na 9ª Reunião do Conselho deliberativo da SUDENE, ocorrida em 29 de abril, de que o Estado vai entrar na disputa para receber uma central nuclear que o governo federal planeja instalar no Nordeste. É sabido que no seu artigo 216, a Constituição Estadual proíbe a instalação de usinas nucleares em Pernambuco enquanto não se esgotar toda a capacidade de produzir energia elétrica de outras fontes. Logo, o governador vai ter que mudar a Constituição Estadual.
Outra ação do executivo, na mesma linha da perplexidade, foi o envio à Assembléia Legislativa (AL) do Projeto de Lei (PL) 1496/2010, autorizando o desmatamento de 1.076,49 hectares de vegetação nativa, para a ampliação do Complexo Industrial e Portuário de Suape, no Grande Recife. Com a pressão das organizações da sociedade civil pelo absurdo proposto, um substitutivo foi enviado e aprovado, para o desmatamento de 691 hectares (tamanho aproximado de 700 campos de futebol), de mata nativa, sendo 508 de mangue, 166 de restinga e 17 de mata atlântica. Ação idêntica de desmatamento de vegetação nativa está também em tramitação na AL, o PL 1591, que autoriza o desmatamento de 7,4 hectares, distribuídos em 44 fragmentos, visando o alagamento de uma área para a formação do reservatório de uma PCH (pequena central hidrelétrica) chamada Pedra Furada, no município de Ribeirão, na Mata Sul.
Mais recentemente, o comunicado divulgado pelo grupo finlandês Wärtsilä, que irá assumir a construção da usina termelétrica Suape II, no Complexo Industrial e Portuário de Suape, com uma potência instalada de 380 MW, funcionando com óleo combustível: uma sujeira só para o meio ambiente. O projeto do tipo “chave na mão” (turnkey) pertence a um grupo formado pela Petrobrás e a Nova Cibe Energia (Grupo Bertin), cujo início de operação comercial está prevista para 1º de janeiro de 2012.
Em nome de alavancar o desenvolvimento do Estado, com novos investimentos para a região e a criação de novos postos de trabalho e geração de renda, se perpetua um modelo predatório, cujas consequências podem ser traduzidas na aceleração da degradação ambiental e no aumento das emissões de gases de efeito estufa, responsável pelas mudanças climáticas; além de pressionar os problemas econômicos e sociais com mais concentração da riqueza gerada.
A questão das opções e das escolhas das fontes de energia é assunto em pauta, no contexto mundial, pois são as fontes energéticas atuais (petróleo/derivados, gás natural, carvão mineral e minérios radioativos) responsáveis por mais de 2/3 das emissões de gases de efeito estufa no mundo. Com relação à instalação de termoelétricas no Estado, recordemos da TermoPernambuco (TermoPe), movida a gás natural, que até recentemente, por falta deste insumo, nunca havia atingido sua capacidade instalada plena de 520 MW, além de ter contribuído e contribuir significativamente para a majoração extraordinária das tarifas de energia elétrica no Estado. Trata-se de um exemplo que não podemos esquecer.
O que deixa atônito a todos é este anúncio, completamente inexplicável do ponto de vista ambiental e da oferta de energia elétrica, da Energética Suape II. O combustível a ser empregado é o óleo combustível, que dentre os combustíveis fósseis é o mais “sujo”, pois para cada 0,96 m3 de óleo combustível consumido na usina serão emitidas 3,34 toneladas de CO2 (segundo a Agência Internacional de Energia).
O interesse pelas usinas nucleares é outra decisão absurda do governo estadual, completamente descabida, fora de propósito e equivocada. Os argumentos utilizados como o da diversificação da matriz energética, atendendo o crescimento da demanda de energia da região, de que é uma tecnologia segura, não emissora de CO2 e barata para a produção de energia elétrica, são argumentos falaciosos e não representam a verdade dos fatos.
Com relação aos custos da eletricidade nuclear eles são caros e irão impactar ainda mais as tarifas de energia elétrica, uma das mais caras do mundo. De que é uma tecnologia segura? Como se fosse possível, alguns de seus defensores chegam a afirmar que os riscos de ocorrer um acidente inexistem. Obviamente, não podemos negar os renovados esforços da indústria nuclear em apresentar-se como segura, todavia, acidentes em instalações nucleares em diversos países continuam a demonstrar que esta tecnologia é perigosa, oferecendo constantes riscos que podem trazer conseqüências catastróficas ao meio ambiente e à humanidade, por centenas de milhares de anos. Sem falar em outro problema que continua sem solução no Brasil e no mundo, que é o armazenamento do lixo radioativo gerado pelas usinas. Estima-se que estes rejeitos tenham que ficar isolados durante até 10 mil anos. Aí se evidencia um problema de ordem ética, pois usamos a eletricidade agora e deixaremos para as gerações futuras resolver o que fazer com este lixo.
Afirmar que as centrais nucleares não contribuem para os gases de efeito estufa, que são “limpas”, é uma meia verdade. No conjunto de etapas do processo industrial que transforma o mineral urânio, desde quando ele é encontrado nas minas em estado natural até sua utilização como combustível dentro de uma usina nuclear, chamado ciclo do combustível nuclear, são produzidas quantidades consideráveis de gases de efeito estufa. Segundo dados da Agência Internacional de Energia Atômica se consideramos a mineração do urânio, o transporte, o enriquecimento, a posterior desmontagem da central (descomissionamento) e o processamento e confinamento dos rejeitos radioativos, esta opção produz entre 30 e 60 gramas de CO2 por kWh gerado. Já de acordo com a metodologia de Storm e Smith para o cálculo de emissões, o ciclo de geração por fontes nucleares emite de 150 a 400 g CO2/kWh, enquanto o ciclo para geradores eólicos emite de 10 a 50 gCO2/kWh. O cálculo que faz a Oxford Research Group chega a 113 gramas de CO2 por kWh. Isso é aproximadamente o que produz uma central a gás. Portanto, aqui também tem um mito, um afã de descartar, cortar e mostrar uma parcialidade sobre a realidade desta fonte de energia.
Quanto os desmatamentos previstos na área de Suape, também há um engano que comprometerá as futuras gerações, em afirmar que o “novo ciclo de desenvolvimento (?)”, e que a “redenção econômica do Estado (?)” exigirá “o sacrifício ambiental” daquela área, segundo o diretor de Engenharia e Meio Ambiente de Suape (JC de 25/04/2010 “Os desafios do Desenvolvimento”). É preciso que se façam os investimentos corretos a fim de compatibilizar o desenvolvimento que leva em conta a saúde, a educação, a cultura, com a diversidade e com a proteção dos recursos naturais. Temos sim, que avançar no sentido de uma mudança de paradigma da relação das indústrias com os recursos naturais, com o uso de novas tecnologias, que possam ser menos poluentes, que possam contaminar menos, que assumam esse papel da responsabilidade social e ambiental. É preciso cada vez mais dizer alto e em bom tom que o meio ambiente não atrapalha o desenvolvimento.
Empreendimentos da magnitude que estão ocorrendo não podem acontecer sem uma forte participação da sociedade, pois os impactos ambientais, entendidos como as consequências das ações previstas e em andamento, acabarão influindo na qualidade de vida, não somente dos moradores daquela região, mas de todo o Estado. Partindo do conceito de desenvolvimento sustentável podemos afirmar que é um absurdo e um equívoco que o governo estadual opte pela energia nuclear e pela termoelétrica a óleo combustível para geração de energia elétrica, considerando que o Estado conta com outras opções de produção a partir de energias renováveis e limpas (solar, eólica, bioeletricidade/bagaço da cana de açúcar).  Para um desenvolvimento sustentável, voltado para o bem de todos, da pessoa humana e da natureza, não se deve optar pelo desmatamento e sim pela preservação ambiental.
O mais importante a destacar é que o crescimento que estamos vivenciando em Pernambuco está subordinado a um modelo de desenvolvimento econômico que considera que crescer desmatando e utilizando fontes energéticas “sujas” é o único caminho. Uma visão do século passado que ainda domina as mentes dos gestores.
(*)Colaboração de Heitor Scalambrini Costa, Professor Associado da Universidade Federal de Pernambuco, para o EcoDebate, 02/06/2010.

sexta-feira, maio 14, 2010

matriz energética em mudança

A ‘corrida do ouro’ da energia renovável

por José Eustáquio Diniz Alves


 [EcoDebate] A chamada Terceira Revolução Industrial ou Revolução Pós-industrial ou Revolução Científica e Tecnológica já começou. Três marcos fundamentais são: 1) as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC); 2) A biotecnologia e o genoma; e 3) A nanotecnologia.
Contudo, não haverá Revolução de fato sem a mudança da matriz energética do mundo. A energia fóssil, além de ser poluidora e grande responsável pelo aquecimento global, é finita e tem os seus dias (ou décadas) contados para esgotamento das reservas. O pico da produção do petróleo e gás está chegando ao seu limite máximo, enquanto a demanda por eletricidade deve continuar a crescer na medida em que cresce a população mundial e os países emergentes assumem um papel cada vez mais ativo na produção global.
O recente desastre provocado pela explosão de uma plataforma de petróleo da British Petroleum (BP) no dia 21 de abril de 2010, no Golfo do México, tem provocado prejuízos ambientais incalculáveis, enquanto a mancha de petróleo se espalha pelo oceano e atinge o litoral dos estados de Lousiana, Alabama, Flórida e Mississipi, nos EUA. Talvez este desastre sirva, também, de alerta para a exploração do óleo do pré-sal brasileiro.
A Segunda Revolução Industrial foi marcada por uma economia do alto carbono e da alta poluição. Somente com Revolução Científica e Tecnológica será possível superar a era da poluição do petróleo e caminhar para uma economia do baixo carbono.Assim, as novas necessidades da sociedade Pós-industrial, a subida do preço do petróleo em 2008, os crescentes danos ambientais e o agravamento das mudanças climáticas desencadearam uma “corrida do ouro” pela energia renovável.
Segundo o projeto “Energia limpa 2030” da Google.org, o custo para adotar uma matriz energética verde nos Estados Unidos até 2030 é de cerca de US$ 3,86 trilhões. Para o resto do mundo, pode-se multiplicar este custo por pelo menos 5 vezes, ou seja, cerca de US$ 20 trilhões. O que não é muito, considerando que o PIB mundial está, atualmente, em torno de 60 trilhões de dólares.
Porém, os investimentos necessários para incrementar a energia renovável do mundo terão um enorme efeito multiplicador sobre as economias nacionais, possibilitando a geração de empregos verdes e a melhoria da qualidade de vida humana e ambiental. Os países que saírem na frente desta “corrida do ouro” terão ganhos adicionais, não só em termos ambientais, mas também econômicos e em termos de competitividade internacional.
Segundo o Programa de Meio Ambiente da ONU (Unep, na sigla em inglês), o investimento mundial em energia renovável (chamado de “corrida do ouro verde”), aumentou cerca de 60 por cento, em 2007. O investimento em energia solar cresceu 254%. O investimento em energia limpa, de fontes como vento, sol e biocombustíveis cresceu no ano passado três vezes mais rápido do que o previsto pelo Unep. Por outro lado, uma subida no preço do petróleo, levará a um aumento nos investimentos em energia renovável e limpa.
Na corrida entre os países, a China ultrapassou os Estados Unidos, em 2009, e se tornou o maior investidor em tecnologia de energias renováveis, segundo a BBC. Os pesquisadores do instituto americano Pew calculam que a China investiu US$ 34 bilhões em energia limpa, em 2009, quase o dobro do investimento realizado nos Estados Unidos. A China está não só investindo na mudança da sua matriz energética – que é uma das mais poluidoras do Planeta – mas também criando uma industria de equipamentos de energia verde que vai transformar o país no maior exportador do mundo nesta área e líder da Revolução Científica e Tecnológica.
O Brasil, graças aos investimentos em biocombustíveis, ficou em quinto lugar na lista entre os países do G20, tendo investido aproximadamente R$ 13,2 bilhões, atrás de China, EUA, Grã-Bretanha e Espanha. Porém, o Brasil tem problemas ecológicos com seu programa de biocombustíveis e tem investido pouco quando se trata de energia eólica e, principalmente, energia solar concentrada e fotovoltaica.
O fato é que a “corrida do ouro” da energia renovável já começou e o país que quiser garantir qualidade de vida para sua população, respeitando o meio ambiente, terá participar desta maratona que pode garantir bem-estar geral e contribuir para salvar o Planeta.


José Eustáquio Diniz Alves, articulista do EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE. E-mail: jed_alves{at}yahoo.com.br

Fonte: EcoDebate, 14/05/2010

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