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quinta-feira, fevereiro 17, 2011

o PT hoje. Um depoimento com conhecimento de causa

Éramos jovens e tínhamos cabelo

por Selvino Heck*
“Nada como iniciar o ano e descobrir que um dia cada um de nós foi jovem e tinha cabelo.” Assim comecei minha coluna semanal na Folha do Mate, jornal da minha terra, Venâncio Aires, Rio Grande do Sul, onde mantenho coluna semanal. No ‘Relembrando’, o jornal publicara notícia de janeiro de 1986, há 25 anos, quando o ex-governador e ministro Olívio Dutra, o hoje deputado estadual Raul Pont e eu visitávamos o município, num ato de filiação partidária. 
E arrematei: “No meu caso, a publicação histórica serviu para duas coisas pelo menos. Mostrar aos menos avisados, ou aos que não me conheciam então, que, sim, eu tinha cabelos (e barba comprida) e, sim, não tinha barriga. Fez-me lembrar também que fui vice-presidente estadual do PT junto com figuras ilustres como Olívio Dutra e Raul Pont. E que, de alguma maneira, os fatos históricos relatados e a trajetória de suas figuras maiores explicam o sucesso posterior do PT em Venâncio Aires e região, no Rio Grande do Sul e no Brasil.”
10 de fevereiro de 2011. Estou na Secretaria Geral da Presidência da República, depois de ter ficado oito anos na Assessoria do Gabinete do Presidente Lula. Olho ao redor e vejo Dilma Roussef, do PT, primeira mulher presidenta da República, Tarso Genro, governador do Estado do Rio Grande do Sul, vice-presidente estadual do PT gaúcho quando eu fui seu presidente, Marco Maia presidente da Câmara Federal, que conheci com 18 anos, metalúrgico e participante de grupo de jovens em Canoas, RS, Adão Villaverde, antigo companheiro de jornada, presidente da Assembléia do Rio Grande do Sul. 
Em 1986, o PT/RS elegeu a primeira bancada de 4 deputados estaduais, da qual eu fazia parte. Hoje tem 14 deputados estaduais. Elegeu 2 deputados federais, hoje tem 7, mais um senador. Elegeu 16 deputados federais no Brasil inteiro, hoje tem 88, nenhum senador, hoje tem 14. Elegeu os primeiros quatro prefeitos gaúchos em 1988. Hoje, só no Rio Grande tem cerca de 70 prefeitos, outros 70 vice-prefeitos em coligações e está presente em mais outros 70 governos municipais. E governa Venâncio Aires, com o PDT e outros aliados.
10 de fevereiro de 1980. Um grupo de abnegados militantes e lideranças sociais da Lomba do Pinheiro, conjunto de vilas entre Porto Alegre e Viamão, funda o núcleo do PT da Lomba. Concorre em 1982 com dois pedreiros a prefeito e vice em Viamão. Hoje governa o município de Viamão há 4 mandatos. 31 anos depois, o PT é governo em todos os níveis, é o maior partido brasileiro, o partido de esquerda mais importante do mundo.
Escrevo na Folha do Mate: “A vida passa, a história acontece. Se alguém em janeiro de 1986 (mais ainda em fevereiro de 1980) perguntasse a qualquer um dos participantes daquele ato em Venâncio Aires que o Partido dos Trabalhadores teria a trajetória que hoje, olhando para trás, ajudamos a construir, nenhum de nós imaginaria ou acreditaria, nem no melhor dos seus sonhos. É preciso ter ideais, perseguir sonhos e manter a coerência básica. Aí está a força do PT, de sua militância e o acerto da maioria dos seus governos.”
Mas será isso mesmo que aconteceu nestes 31 anos de história e luta? É possível dizer que o PT manteve a coerência básica, os ideais e os sonhos? Não é fácil construir um partido político no Brasil, um país onde a democracia ainda está em consolidação, onde partidos políticos pela primeira vez ultrapassam os 30 anos na legalidade, onde o povo sofrido começa a ter vez e voz no terceiro milênio e no século XXI, à base de muita luta, mobilização, ocupações, greves e protestos. 

Todos os que participamos dessa construção certamente podemos afirmar com orgulho algumas coisas (e outras nem tanto). O PT ajudou a construir a democracia, nas Diretas-Já, na Constituinte, na conquista e ocupação de espaços institucionais. O PT ajudou a construir os movimentos sociais, com todo seu enraizamento na sociedade e construção de direitos para todos e todas. Nos governos, o PT chamou a atenção para a desigualdade social e econômica e colocou como prioridade os direitos dos trabalhadores e dos mais pobres, contribuiu na democratização do Estado e da sociedade com práticas como o Orçamento Participativo, a participação social, o diálogo e a parceria com a sociedade nas políticas públicas, apostou no desenvolvimento de um mercado interno de massas, afirmou a soberania nacional.
Mas se no seu início, anos oitenta, como dizia o saudoso deputado Adão Pretto, tinha um pé na luta social, outro pé na institucionalidade, com o passar dos anos o segundo pé foi ficando muitas vezes mais forte, às vezes até sufocando o pé da luta social e da construção coletiva. Nem sempre a ética, um dos princípios básicos de sua fundação, permaneceu como referência no trato com a coisa pública. Tampouco os sonhos de mudança e de transformação radical continuam todos vivos e presentes no dia a dia da ação política. Muitas vezes o pragmatismo tomou conta e sufocou a ousadia libertária e a construção democrática e coletiva. 
O mundo mudou, é certo, nestes 31 anos e qualquer partido político precisa saber ler a realidade. Chegar ao poder, ou pelo menos ao governo, leva a novos compromissos programáticos e novas formas de prática política. No essencial, contudo e apesar de tudo, eu que sou um de seus fundadores e nele permaneço, não me arrependo de ter contribuído na construção do Partido dos Trabalhadores, com milhares ou milhões de lideranças sociais, lutadores da boa causa, companheiros de mística, sonhos e utopia. O que, em termos de Brasil, não deixa de ser uma referência e algum sinal dos tempos. A melhor idade se aproxima, os cabelos são ralos, mas o desejo e a necessidade de mudança permanecem. 
(*) Assessor Especial da Secretaria Geral da Presidência da República
Fonte: Carta Maior | Debate Aberto, 10/02/2011

domingo, janeiro 09, 2011

não está parecendo tão fácil agora...

O cortejo do atraso
O queixume entreouvido nos bastidores do governo logo evoluiu para um desavergonhado bate-boca. Primeiro, o PMDB se ressentiu da perda de espaço no primeiro escalão, com ministérios relevantes como o das Comunicações e da Saúde subtraídos da cota do principal partido aliado da presidente Dilma Rousseff e entregues, respectivamente, aos petistas Paulo Bernardo e Alexandre Padilha. Depois, a cúpula não se conformou com a troca de mãos das joias do segundo escalão das duas pastas, os Correios e a Funasa.
E o novo ministro teve de ouvir uma espécie de “vai para casa, Padilha” do líder peemedebista na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN): “Parece que vocês não aprenderam com o mensalão. Depois não venham correr atrás do PMDB para resolver os problemas”.
A temperatura na formação de novos governos é tradicionalmente quente na história política brasileira, afirma o filósofo e coordenador do Núcleo Direito e Democracia, do Centro Brasileiro de Planejamento e Análise (Cebrap), Marcos Nobre. “Ministros se xingavam em público na composição da equipe do primeiro mandato do Fernando Henrique, em 1995”, lembra esse paulistano de 45 anos, doutor pela Universidade de São Paulo (USP), com pós-doc na Universidade de Frankfurt, Alemanha. Mas Dilma deve estar atenta, diz, pois o xadrez da partilha de cargos pode complicar.
Professor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade de Campinas (Unicamp), Nobre tem se dedicado ao estudo de um fenômeno singular da cultura política brasileira, o “peemedebismo” – espécie de consenso conservador, feito para acomodar todo o mundo e deixar tudo como está. Em artigo publicado na revista Piauí, Nobre sustenta que, diante de tal traço de continuidade na política brasileira, nem o Plano Real de FHC nem o “lulismo” descrito pelo cientista político André Singer podem se apresentar como grandes novidades.
Na entrevista a seguir, o filósofo defende que a polarização política é necessária ao funcionamento da democracia no Brasil. Afirma que o modelo da aliança PT–PMDB começou no programa Luz Para Todos, do Ministério das Minas e Energia, sob a batuta de Dilma – sendo essa a principal razão da escolha de Lula por ela. E alerta: a nova presidente terá dificuldades para lidar com um aliado que promete governabilidade, mas pode entregar a paralisia do País.
A entrevista é de Ivan Marsiglia e publicada pelo jornal O Estados de S. Paulo, 09-01-2011.
Eis a entrevista.
A primeira crise entre PT e PMDB já nos primeiros dias de governo o surpreendeu?
Nem um pouco. Mas é bom distinguir o que é tendência de curto prazo do que é mais longo. Todo governo que se instala passa por isso: se você lembrar a composição da equipe do primeiro mandato do Fernando Henrique, em 1995, em janeiro os ministros se xingavam em público. E a verdade é que Dilma foi muito inteligente em usar Lula como escudo na negociação. Ao deixar circular que foi ele quem “sugeriu” tais e tais nomes, emplacou na verdade os que ela queria. A discussão de cargos é apenas uma primeira etapa. Nos próximos três ou quatro meses é que vamos ver fechar o círculo central do poder. Aí, ou Dilma terá repactuado sua relação com o PMDB ou terá sérios problemas em seu governo.
O que achou da formação do ministério?
Até agora, o perfil se parece com o do governo Lula 1: com peso muito forte do PT. Minha impressão é que, cedo ou tarde, Dilma terá que entregar ao PMDB o que ele pede.
A temperatura entre aliados subiu mais por causa da Funasa e dos Correios, áreas historicamente apontadas como focos de corrupção. É por acaso?
Nem um pouco. Quando Dilma disse querer pessoas com currículo imaculado para esses postos, ecoava uma decisão política que tomou com Lula no fim do governo. O fato de Paulo Bernardo ter ido para as Comunicações e Padilha para a Saúde tem a ver com isso. Alguém tinha que controlar os Correios, pois de lá saíram todas as crises do governo Lula, do mensalão ao caso Erenice. Na Funasa, não estourou nada ainda. Mas o passado, com máfia dos sanguessugas, etc, mostra que é área delicada.
O sr. escreveu um artigo em que diz estarem errados tanto os acadêmicos tucanos, quando dizem que o Plano Real marcou um novo período da política brasileira, quanto o cientista político petista André Singer, que aponta o ‘lulismo’ como novidade. Por quê?
Porque há um movimento mais fundo na política brasileira, que vem desde a redemocratização, e trava a polarização necessária para que o sistema funcione. A democracia necessita de polarizações políticas consistentes, não apenas episódicas. Durante a redemocratização, os militares conduziram a transição. Havia, nos anos 80, uma pressão enorme da sociedade civil por participação, mas não se criaram instituições que pudessem dar vazão a ela. E passamos de uma situação de travamento total, com a hegemonia do PMDB, para o cesarismo alucinado do Collor. Dois extremos.
Essa polarização não se recolocou em seguida ao impeachment de Collor?
Sim, e foi o Plano Real, ainda no governo Itamar, que organizou isso. Quando Erundina é convidada a participar do governo e o PT recusa, opta pela oposição. Surgem dois polos que enfraquecem o ‘peemedebismo’.
O que é exatamente o peemedebismo?
É uma cultura política que tem como características estar no poder – igualar sobrevivência política com adesão a quem estiver no governo – e não ter consistência ideológica, um discurso completamente anódino, que qualquer um pode subscrever. É um sistema de gerenciamento de interesses no qual, como ninguém formula nada muito precisamente, todo mundo pode entrar. Fazer política dentro do peemedebismo significa receber direito de veto sobre algumas questões: a bancada evangélica pode vetar qualquer coisa que diga respeito à religião; a ruralista, questões relativas à terra; e assim por diante.
Se o Plano Real criou uma polaridade que enfraqueceu o peemedebismo, por que o sr. diz que o plano não representa novidade?
Porque não superou o peemedebismo, apenas o reorganizou, produzindo a polarização que durou alguns anos. De um lado, o PSDB e o então PFL; de outro, o PT e seus satélites. Tudo que fica no meio é o peemedebismo, que volta agora com força.
E os oito anos de governo Lula, trouxeram algo de novo em relação a esse consenso conservador?
O peemedebismo é extremamente conservador, como eu disse, pois você só consegue fazer transformações desviando-se dos vetos. Quando um projeto vai para o Congresso, tudo que for matéria de veto nem se discute, simplesmente tira-se do projeto. Por isso Lula optou por apresentar políticas que podiam até ser questionadas, mas não sofreriam veto – como o Bolsa-Família e os aumentos sistemáticos no salário mínimo, que os tucanos consideravam impossíveis. O combate à pobreza, contra o qual ninguém pode ser contra, é o que Lula introduziu de novo no tripé de FHC: câmbio flutuante, superávit fiscal e política de juros.
Então a frase dita por FHC, de que resta aos governos progressistas no Brasil atuar como ‘vanguarda do atraso’, está correta?
Fernando Henrique pegou essa frase do ex-ministro da Justiça de Sarney, Fernando Lyra, que a disse da tribuna da Câmara, em 1986. É uma expressão incrível. E de uma época em que, suprema ironia, Sarney é que era refém do PMDB...
Essa cultura do peemedebismo vai além do partido PMDB?
O PMDB é como se fosse a ponta do iceberg do peemedebismo. Este é um fenômeno de longo prazo, que vai além da agremiação partidária. Para mim, por exemplo, Aécio Neves é uma das maiores expressões do peemedebismo. O que ele tem para dizer? Nada. Seu discurso é anódino e ele nunca tem uma posição contra alguma coisa. Por isso é fácil imaginar que se o PSDB não deixá-lo se candidatar à Presidência, Aécio vai procurar outra opção partidária.
A presença do PMDB no governo petista é comparável à do ex-PFL nos anos FHC?
O PFL aceitou a liderança ideológica e a direção de governo do PSDB. O PMDB tende a ter o mesmo papel, mas até o momento não se submeteu. Por isso digo que, ou Dilma consegue renegociar os dividendos políticos com o PMDB, ou o partido não vai aceitar a liderança petista no governo. Veja que a presidente elencou dois projetos prioritários para o seu mandato: erradicar a miséria e fazer o plano nacional de banda larga. O acordo fechado entre os dois partidos é que desses dois projetos Dilma cuidará de perto, sem interferências – embora o PMDB possa até partilhar dividendos políticos. O problema é que ela ainda tem uma Copa do Mundo e uma Olimpíada para organizar, que poderão servir como matéria de chantagem por parte do PMDB.
Como esse acordo foi fechado?
O padrão de relacionamento entre o PT e o PMDB começou no Ministério das Minas e Energia, com Dilma. Quando a então ministra montou o Luz Para Todos, a liderança, a formulação do projeto e sua implementação ficaram com ela – mas o dividendo político, os louros do negócio, seriam dos prefeitos do PMDB. Porque o que o PMDB quer é aquele pequeno serviço ou obra pública no município que o prefeito da sigla possa vender como seus. Então, havia uma certa divisão do butim. Em minha opinião, foi por isso que Lula escolheu Dilma como candidata a sua sucessão: ele viu que ela era capaz de negociar com o PMDB.
Isso não está parecendo tão fácil agora...
Neste momento, essa divisão que funcionava está em causa. O que Dilma quer é reestabelecer um tipo de relação com o partido aliado nos moldes da que havia no programa Luz Para Todos.
Por que o sr. diz que, após o mensalão, as alianças que Lula formou tornaram ‘quase impossível’ a vida de um oposicionista?
Muitos dizem que o PSDB e o DEM não souberam fazer oposição a Lula. É um engano, pois o problema é estrutural. Diante do predomínio desse centro conservador, a polarização que tínhamos no Brasil durante os anos FHC só funcionava porque havia um partido com vitalidade bastante para permanecer na oposição por muito tempo, o PT. Quando ele vai para o governo e, após a crise do mensalão, compõe com esse centro, enfraquece a polarização.
É isso que explica a permanência de Sarney na presidência do Senado, apesar dos protestos da sociedade e da imprensa?
Exatamente. Sarney é o símbolo do peemedebismo: tem doutorado, livre-docência e titularidade sobre seu funcionamento. E esse predomínio do peemedebismo pode levar a um fechamento do sistema político para a sociedade. Veja a sucessão de crises e seus efeitos cada vez menores: primeiro Collor é derrubado por impeachment, depois ACM e Jader Barbalho são obrigados a renunciar, então Renan Calheiros deixa a presidência do Senado, mas não renuncia e, por fim, Sarney nem sai da presidência nem renuncia. A gente pode gritar quanto quiser porque o sistema está começando a se fechar em si mesmo, está em divórcio muito grave com a sociedade. O que esse sistema político diz? “Enquanto estivermos nesta bonança econômica podemos dar uma banana para a relação com a sociedade.” Agora, uma coisa é fazer isso com um líder popular como Lula mediando as demandas. Outra é com Dilma.
Dilma tem espaço para escapar desse arranjo que atrasa a modernização do País?
Que Dilma pode escapar, pode. Mas as opções que ela tem são muito restritas. É provavelmente a presidente com possibilidades mais restritas que já assumiu. Do ponto de vista político, as mãos dela estão acorrentadas. E a verdade é que, hoje, o jogo não se dá mais entre governo e oposição: ele migrou para dentro do governo.
O peemedebismo pode ser superado?
Não por acaso, Lula saiu do poder dizendo que sua prioridade é juntar lideranças para propor a reforma política. O ex-presidente não é a pessoa mais indicada para encaminhá-la, mas ela é necessária. Temos de produzir um sistema político que permita a polarização, no qual quem governa não seja engolido pela peemedebização. Para isso, não há receita, mas é preciso que o debate – da cláusula de barreira ao financiamento de campanha, por exemplo – seja pautado por esse objetivo. Senão, vamos continuar em uma democracia que patina, discute assuntos tópicos de maneira acalorada, mas não avança em reforma alguma nem desenvolve sua cultura democrática.
Fonte: IHU, 09/01/2011

segunda-feira, outubro 04, 2010

eleições Brasil

Balanço inicial do primeiro turno
por Emir Sader
A esquerda teve o melhor resultado eleitoral de sua história: Dilma em primeiro lugar, governadores no Rio Grande do Sul, na Bahia, em Pernambuco, no Ceará, no Espírito Santo, Sergipe, Acre, boas possibilidades no Distrito Federal, possibilidades ainda no Pará, limpa impressionante e renovação com grande bancada no Senado, maiores aumentos nas bancadas parlamentares na Câmara.
A frustração veio da expectativa criada pelas pesquisas de uma eventual vitória no primeiro turno para presidente. Uma análise mais precisa é necessária, a começar pelo altíssimo numero de abstenções e também dos votos nulos e brancos que, somados, superam um quarto do eleitorado.
Mas também dos efeitos das campanhas de difamação – sobre o aborto, luta contra a ditadura, etc., assim como o efeito que o caso da Erenice efetivamente teve para diminuir o resultado final da Dilma.
A votação da Marina certamente influenciou. A leitura desse eleitorado é complexa, nem de longe se trata de onda ecológica no Brasil – as outras votações dos verdes foram inexpressivas. Juntaram-se varias coisas, desde votos verdes, esquerda light, até votos anti-Dilma, votos desencantados com o Serra, entre outros. Mas o montante alto requer uma análise mais precisa.
Para o segundo turno contam esses votos: mais da metade concentrados em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, além do DF, onde ela ficou em primeiro lugar. Qualquer que seja a decisão de apoio no segundo turno – a convocação de assembléias para definir deve confirmar a tendência a abstenção, tornando mais difícil a operação política da direção de apoiar Serra -, esse eleitorado se orientará, em grande medida, não pela decisão partidária, ficando disponível para os outros candidatos. Em 2006, nem o PSol conseguiu que seus votos deixassem de ir para outros candidatos, desobedecendo a orientação do voto em branco.
É uma ilusão considerar que o segundo turno é outra eleição. É a continuação do primeiro, em novas condições – de bipolarização. A campanha deve ser dirigida diretamente por Lula, deve ser centrada na comparação dos governos do FHC e do Lula, deve ter uma estratégia específica para o eleitorado da Marina e deve multiplicar os comícios e outros atos de massa – um diferencial importante entre as duas candidaturas.
Em 2006 o segundo turno foi muito importante para dar um caráter mais definido à polarização com os tucanos, o mesmo deve se dar agora. Que ele multiplique a votação e a mobilização, para tornar mais forte ainda a vitória da Dilma. Ela é favorita, mas devemos precaver-nos das manobras dos adversários, do uso da imprensa, das campanhas difamatórias.
Pode ser um segundo turno de polarização mais clara também, porque os debates diluíam os temas, na medida em que havia um coro de 3 candidatos colocando ênfase nas denúncias. Não soubemos colocar como agenda central o fato de que o Brasil se tornou menos injusto, menos desigual, com Lula, e que esse é o caminho central a seguir.
Outros temas do primeiro turno abordaremos em outros artigos. Este é para abrir a discussão com todos.
Emir Sader é sociólogo e cientista, mestre em filosofia política e doutor em ciência política pela USP - Universidade de São Paulo.
Fonte: Carta Maior, Blog do Emir, 04/10/2010 

sexta-feira, setembro 03, 2010

ilusões que sobem à cabeça

Marina no colo da direita
por Emir Sader
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No Forum Social Mundial de Belém, em janeiro de 2009, Marina propagava que ela seria o Obama da Dilma. Já dava a impressão que as ilusões midiáticas tinham lhe subido à cabeça e que passava a estar sujeita a inúmeros riscos.

De militante ecologista seguidora de Chico Mendes, fez carreira parlamentar, até chegar a Ministra do Meio Ambiente do governo Lula, onde aparecia como contraponto de formas de desenvolvimentismo que não respeitariam o meio ambiente. Nunca apresentou alternativas, assumiu posições perdedoras, porque passou ao preservacionismo, forma conservadora da ecologia, de naturalismo regressivo. Só poderia isolar-se e perder.

Saiu e incutiram na sua cabeça que teria condições de fazer carreira sozinha, com a bandeira supostamente transversal da ecologia. Saiu supostamente com criticas de esquerda ao governo, mas não se deu conta – pela visão despolitizada da realidade que tem – da forte e incontornável polarização entre o bloco dirigido por Lula e pelo PT e o bloco de centro direita, dirigido pelos tucanos. Caiu na mesma esparrela oportunista de Heloisa Helena de querer aparecer como “terceira via”, eqüidistante entre os dois blocos, ao invés de variante no bloco de esquerda.

Foi se aproximando do bloco de direita, seguindo as trilhas do Gabeira – que tinha aderido ao neoliberalismo tucano, ao se embasbacar com as privatizações, para ele símbolo da modernidade – e foi sendo recebido de braços abertos pela mídia, conforme a Dilma crescia e o fantasma da sua vitória no primeiro turno aumentava.

As alianças da Marina foram consolidando essa trajetória na direção do centro e da direita, não apenas com empresários supostamente ecologistas – parece que o critério do bom empresário é esse e não o tratamento dos seus trabalhadores, a exploração da força de trabalho – e autores de auto-ajuda do tipo Gianetti da Fonseca, ao mesmo tempo que recebia o apoio envergonhado de ecologistas históricos.

O episódio da tentativa golpista da mídia e do Serra é definidor. Qualquer um com um mínimo de discernimento político se dá conta do caráter golpista da tentativa de impugnação da candidatura da Dilma – diante da derrota iminente no primeiro turno – com acusações de responsabilidade da direção da campanha, sem nenhum fundamento. Ficava claro o objetivo, típico do golpismo histórico – que vinha da UDN, de Carlos Lacerda, da imprensa de direita e que hoje está encarnado no bloco tucano-demista, dirigido ideológica e política pela velha mídia.

Marina, ao invés de denunciar o golpismo, se somou a ele, tentando, de maneira oportunista, tirar vantagens eleitorais, dizendo coisas como “se a Dilma (sic) faz isso agora, vai saber o que faria no governo”. Afirmações que definitivamente a fazem cair no colo da direita e cancelam qualquer traço progressista que sua candidatura poderia ter até agora. Quem estiver ainda com ela, está fazendo o jogo da direita golpista, não há mais mal entendidos possíveis.

Termina assim a carreira política da Marina, que causa danos gravíssimos à causa ecológica, de que se vale para tentar carreira oportunista. Quando não se distingue onde está a direita, se termina fazendo o jogo dela contra a esquerda.
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Fonte: Carta Maior, 03/09/2010.

terça-feira, agosto 17, 2010

reinventar um PT, com ousadia

Criar cinco Embraer por ano*
por Chico de Oliveira[1]

Carta MaiorA crise financeira atual repõe a centralidade do trabalho, ou seja, devolve à esquerda o sujeito histórico que ela acreditava ter se esfarelado na história?
Chico de Oliveira – Na verdade, não concordo que essa seja uma crise financeira; tampouco acho que a sua origem esteja nos mercados financeiros centrais. A meu ver estamos diante de uma crise da globalização do capital. Todas as outras também foram crises globais, claro, devido à centralidade do capitalismo norte-americano. Mas essa crise não floresce exatamente num ponto geográfico. A rigor, se formos localizá-la, isso se daria na incorporação de mais-valia gerada na China e na Índia nos últimos vinte anos – novidade esta que influenciou o conjunto da globalização capitalista e redundou no atual colapso. Uma crise de realização do valor. O sintoma financeiro é sua manifestação mais evidente, mas não a sua essência.
CMA essência seria o barateamento da mão-de-obra mundial?
Chico – A essência é a impossibilidade de realizar o valor gerado por ela. Ou seja, a mais-valia extraída da incorporação adicional de 800 milhões de novos operários baratos ao mercado de trabalho mundial. Isso produziu uma revolução na medida em que dobrou ou triplicou a oferta de mão-de-obra oferecida ao capitalismo, dilatando a fronteira da mais-valia, sem contudo propiciar uma expansão equivalente da capacidade de realizá-la.
CMPor quê?
Chico – Porque o custo de reprodução de mão-de-obra nas sociedades onde se expande a nova fronteira da mais-valia, casos da China e Índia, principalmente, é muito baixo, ainda que a exploração esteja aliada à tecnologia de ponta. Estamos diante de uma crise clássica de realização do valor, amplificada; uma crise da globalização capitalista. O colapso das hipotecas nos Estados Unidos é a manifestação disso. De um lado, a produção na China e na Índia barateou o consumo norte-americano; propiciou também sobras de capital na periferia para financiar o Tesouro dos Estados Unidos. A China sozinha tem mais de 1 trilhão de dólares aplicados em papéis do governo Bush. De onde saiu esse dinheiro? Certamente não foi geração espontânea. É mais-valia extraída do operário chinês que não se realiza lá porque o custo de reprodução da mão-de-obra local é baixíssimo.
CMA crise marca o esgotamento desse casamento China/Estados Unidos?
Chico – Ele funcionou bem durante algum tempo e continuará a girar porque é proveitoso aos dois lados. Ao mesmo tempo a engrenagem esfarela o mundo do trabalho por todos os lados do globo. Os assalariados norte-americanos simplesmente não tem fonte de renda para o padrão de consumo que ainda desfrutam; estão devolvendo casas e vão morar em garagens coletivas, dentro dos seus carros. O novo presidente Barack Obama teria de elevar brutalmente o poder aquisitivo dessa gente para contornar a crise. Fará isso? Honestamente, não sei dizer. O fato é que as implicações desse processo devem ser estudadas cuidadosamente: estamos diante de algo maior que a própria manifestação financeira da crise; Algo que persistirá para além dela e condicionará todos os passos da história neste século [2].
CMO que o senhor está dizendo é que a tentativa de equacionar a crise a partir de sua manifestação financeira não basta?
Chico – É isso. A contribuição do economista francês François Chesnais à compreensão da dinâmica capitalista foi importante em um outro momento porque os marxistas sempre tiveram dificuldade em lidar com a questão financeira. Mas a interpretação chesniana não dá conta da crise atual. É uma crise de realização do valor.
CM1930 também foi uma crise de realização do valor e se resolveu...
Chico – Foi uma crise de realização do valor circunscrita ao território das economias centrais. Ainda assim exigiu um Roosevelt[3]; e uma guerra mundial para ser contornada. Esse paralelo apenas reafirma a gravidade do que temos diante de nós; e o que temos é uma crise da globalização à la 1929; o ferramental dos anos 1930 não dá conta disso.
CMO receituário keynesiano? [4]
Chico – As opções keynesianas valiam para uma economia fechada que podia conter a livre movimentação de capitais; hoje você precisaria de um dinheiro mundial para regular a parafernália financeira; socorrer déficits em conta corrente[5] e harmonizar desequilíbrios comerciais etc. O dólar não é isso; o dólar é uma moeda hegemônica, não é o dinheiro único que o instrumental keynesiano necessitaria para ter eficácia atualmente.
CMEstamos diante de um longo processo de solavancos e limbo sem redenção...
Chico – Uma crise longa, dura, que exigirá reacomodação brutal de forças e vai impor mudanças em todo o mundo e no Brasil também. Mas não tenhamos ilusão: o capitalismo não chegou ao limite. Tampouco é o fim da associação China/Estados Unidos; de algum modo ela prosseguirá porque é proveitosa aos dois lados. Ademais, o capitalismo não se destrói, ele é superado, como o leitor atento de Marx bem sabe.
CMQue espaço sobra para a periferia do sistema, como o Brasil, entre outros?
Chico – Estamos emparedados entre a concorrência chinesa e a desordem financeira no coração do capitalismo. A crise nos pega no meio do caminho e, naturalmente, não podemos regredir e adotar um padrão chinês de salários de miséria. Alguns até gostariam, mas não dá, felizmente não dá mais, e tentar seria uma calamidade social de proporções incalculáveis.
CMQual a opção à paralisia?
Chico – Não existiu Getúlio Vargas em 1930? A opção é uma soma de coragem política e investimento público pesado. Criar algo como cinco Embraer por ano em diferentes setores; promover uma superação do modelo ancorando-o agora em forças sociais da base da sociedade. Carlos Lessa sugeria isso no BNDES, no começo do governo Lula; não deixaram...
CMMas o Brasil de Vargas não existe mais...
Chico – Para Getúlio também não foi fácil, mas ele fez. E fez à revelia da plutocracia mais poderosa do país. Enfiou seu projeto goela abaixo da burguesia paulista e se firmou como estadista da nossa história. A elite paulista jamais admitirá, mas ele foi o grande estadista do desenvolvimento nacional.
CMHaveria espaço para esse salto nas condições do capitalismo do século XXI?
Chico – A crise é tão grave que abre um período de suspensão do hegemon [6]; não sua derrocada, mas um hiato para lamber as próprias feridas. Isso tomará boa parte do tempo e das energias desse Obama, em relação ao qual, diga-se, não compartilho do otimismo de muita gente de esquerda. Mas o fato é que ele estará ocupado e com uma quantidade apreciável de problemas. Abre-se um espaço, portanto. Talvez até mais que isso: haveria uma potencial complementaridade de interesses se tivéssemos aqui um arranque de investimento público pesado. Isso de certa forma repercutiria positivamente no coração da economia norte-americana. Estamos diante de uma fresta histórica: uma suspensão do hegemon e um espaço de complementaridade para remar na mesma direção, o que poderá favorecer os dois lados a sair do buraco.
CMInternamente a elite talvez não veja as coisas assim, como propriamente complementares, quando se associa crescimento a um arranque pesado de investimento público.
Chico – Nossa burguesia se transformou em gangue. Expoentes nativos são figura do calibre de um Daniel Dantas ou esse Eike Batista, que opera dos dois lados da fronteira boliviana; não se pode contar com protagonistas dessa qualidade para qualquer coisa, menos ainda para uma agenda de desenvolvimento. Não há saída por aí. Mas o Brasil também não teria saído da crise de 1930 se Vargas fosse esperar a mão estendida da plutocracia de São Paulo, por exemplo. Ele ocupou o espaço e fez.
CMLogo...
Chico – Logo precisaria reinventar o PT; um PT com a ousadia de um Juscelino Kubitschek e de um Vargas; para fazer por baixo o que eles tentaram e fizeram por cima; um arranque do desenvolvimento induzido pela base social para mudar a economia e a sociedade. Cinco Embraer por ano e ponto final.
CME o PT faria isso?
Chico – Se depender de torcida para que aconteça, tem a minha. A lógica de acomodação de forças que a crise mundial impõe é de dimensões tão brutais, tão inauditas que exige da esquerda brasileira um desassombro igualmente inusitado.
CME os recursos pra esse ciclo de investimentos pesados?
Chico – O PT tem a base sindical e a base sindical tem o controle de todos os fundos de pensão.
CMOs fundos de pensão aplicam apenas na dívida pública federal recursos da ordem de 155 bilhões de reais.
Chico – Então tem recursos para serem remanejados e repactuados com a base trabalhadora; dentro dela o PT desfruta igualmente de massa e representatividade.
CMEssa é uma agenda para 2010?
Chico – É uma questão delicada para ser tratada num debate aberto; sem oficialismos de uns nem preconceitos de outros. A história brasileira repete um impasse do desenvolvimento que não pode ser respondido com uma farsa porque seu resultado seria uma tragédia. Dessa vez o que se vislumbra como possível, repito, é fazer por baixo, com bases sociais existentes, e organizações disponíveis, aquilo que nos anos 1930 e nos anos 1950 se fez por cima; destravar o desenvolvimento e expandir o mercado interno. É preciso tratar isso com cuidado, insisto, sem oficialismos do PT, nem o sectarismo do PSOL e do PSTU.
CMA candidatura de Dilma Roussef pode oferecer a amarração a esse esforço?
Chico – Honestamente não conheço a ministra Dilma, exceto pelo que leio da má-vontade explícita da mídia em relação a ela. Torço para que seja aquilo que amigos petistas dizem que ela é. Ou então, que seja alguém como o José Sérgio Gabrielli, o Presidente da Petrobrás, que certamente também sabe o que está em jogo e quais são as variáveis para sair da crise. Trata-se de articular uma coalizão de forças dentro da qual o PT seria o operador, porque é quem tem massa e liderança eleitoral; os grupos à esquerda teriam seu papel de ponta-de-lança. O fundamental é ter um debate com muita abertura e sem preconceitos.
CM – Se a crise se agravar há risco de a oposição ganhar terreno e viabilizar uma vitória de Serra?
Chico – Serra, antes que um personagem político, é um caso psiquiátrico. Qual é o seu projeto afinal? É a obsessão pessoal e doentia pelo poder. Diante de uma crise da proporção que temos pela frente, porém, se você não avançar será soterrado por manifestações mórbidas. A pá de cal viria na forma de uma vitória tucana em 2010; aí, sim, estaríamos todos fritos. Eles ficariam aí por mais dez anos.
*Extraído do livro O abc da crise, organizado por Sérgio Sister, publicado pela Editora Fundação Perseu Abramo, São Paulo, 2009.

[1] Francisco de Oliveira é sociólogo e fundador do Partido de Trabalhadores (PT) e do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), e coordenador-executivo do Centro de Estudos dos Direitos da Cidadania (Cenedic) da USP. Esta entrevista foi publicada no site Carta Maior no dia 6 de janeiro de 2009 com a chamada “Vargas redefiniu o país na crise de 30; a chance é que o PT faça o mesmo na primeira grande crise da globalização”.
[2] Carta Maior levantou alguns dados que reforçam as preocupações de Chico de Oliveira: a incorporação ao mercado capitalista a produção chinesa, indiana e de países da antiga União Soviética colocou trabalhadores de todo mundo em concorrência internacional direta pela primeira vez na história; trabalhadores ocidentais tornaram-se minoria num mercado mundial que ganhou 1,2 bilhão de operários adicionais nos últimos 30 anos; 350 milhões de trabalhadores treinados, e mais caros, do Ocidente, responsáveis pela maior parcela da população global até recentemente, estão sendo desalojados de empregos e salários; das 3 bilhões de pessoas ativas no mercado global hoje, metade ganha menos de US$ 3 por dia. A China, a nova oficina do mundo, tem um custo/hora do trabalho de US$ 0,60 contra média de US$ 30/h na Alemanha, US$ 21/h nos Estados Unidos e cerca de US$ 4,50/h no Brasil. Resultado: dados compilados pela Comissão Européia revelam que a parcela de riqueza destinada atualmente aos salários é a mais baixa desde 1960 (o primeiro ano com dados conhecidos). Em contrapartida, a riqueza abocanhada pelos detentores do capital financeiro vinha batendo recordes seguidos até o colapso atual. A produtividade ao mesmo tempo não para de crescer – desde 2001, cresceu 15% nos Estados Unidos e saltou em média 8% a 10% ao ano na China. Entre 1990 e 2004, a participação dos produtos chineses no total de bens importados pela América Latina cresceu de 0,7% para 7,8%. No mesmo período, a fatia dos produtos brasileiros na região subiu de 5,3% para 6,5%.
[3] Franklin Delano Roosevelt, presidente dos Estados Unidos entre 1933 e 1945.
[4] John Maynard Keynes (1883-1946), economista britânico, defendeu o papel regulatório do Estado na economia, por meio de medidas de políticas monetária e fiscal, a fim de mitigar os efeitos das crises econômicas.
[5] Conta corrente é o balanço total de moedas fortes (como o dólar e euro) que entram e saem de um país.
[6] Hegemonia de uma potência que pode ditar as políticas de todas as outras potências, com certo grau de consenso, capaz de derrotar qualquer outro poder.

segunda-feira, agosto 31, 2009

ver (des) envolvimento

Desenvolvimento sustentável é estratégico
Agencia Estado, 30/08/2009 às 14:58

Em discurso na cerimônia da sua filiação ao PV, a senadora Marina Silva (AC) evitou hoje fazer críticas ao PT, partido do qual saiu no dia 19, depois de 30 anos de militância. Marina disse enxergar no PV espaço para mostrar que o desenvolvimento sustentável é estratégico para o Brasil e para o planeta. "Está germinando uma nova forma de produzirmos a base material da nossa existência", afirmou.
Marina disse que começou a pensar na proposta de filiação ao PV quando lhe ofereceram uma oportunidade de mudança programática do partido. "Comecei a me expor sobre a possibilidade de saída (do PT)", lembrou. "Muitas pessoas me perguntavam: Por que não permanece no PT para o embate interno? Aí eu vi que meu trabalho não era de convencimento, mas de atuar ao lado de quem está convencido daquilo que o mundo inteiro também já está convencido", afirmou, referindo-se ao tema da sustentabilidade.
A senadora citou a crise financeira internacional para destacar a importância do debate sobre a sustentabilidade. "Existem hoje duas crises, uma é a econômica e outra é uma crise ambiental sem precedentes", afirmou. "A segunda é mais grave. Se não resolvermos a crise ambiental, qualquer saída para a crise econômica será uma falsa saída. Chegamos à era dos limites."
Marina, pelo menos na cerimônia realizada pelo PV numa casa de eventos no bairro de Pinheiros, zona oeste da capital, demonstrou não ter mágoas do PT. "Tenho 30 anos de militância dentro do Partido dos Trabalhadores", afirmou. "Com outras pessoas, sonhamos, aprendemos. Sofremos alguns constrangimentos por erros de poucos. Não venho mais com a ilusão do partido perfeito." Ela comparou sua saída do PT ao convívio familiar, quando umfilho deixa a casa dos pais mas não deixa de fazer parte da família. "Estou saindo para fazer uma outra casa, para morar talvez na mesma rua, no mesmo bairro, na mesma vizinhança", afirmou.
Ao analisar sua mudança do PT para o PV, Marina se emocionou. Disse que tinha preparado um discurso, mas percebera que era "um momento de falar com o coração". Para "homenagear" seu passado, citou uma frase de um conto de Guimarães Rosa. "Será que você seria capaz de se esquecer de mim, e, assim mesmo, depois e depois, sem saber, sem querer, continuar gostando? Como é que a gente sabe?" Para homenagear seu futuro no PV, preferiu Santo Agostinho: "Tarde vos amei, ó beleza tão antiga e tão nova, Tarde vos amei ! Eis que habitáveis dentro de mim, e eu lá fora procurando-vos!".

alternativas ?

Marina Silva, um novo olhar sobre o Brasil
por Leonardo Boff

Erram os que pensam que a saída da senadora Marina Silva do PT obedece a propósitos oportunistas de uma eventual candidatura à Presidência da República. Marina Silva saiu porque possuía um outro olhar sobre o Brasil, sobre o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) do governo que identifica desenvolvimento com crescimento meramente material e com maior capacidade de consumo. O novo olhar, adequado à crescente consciência da humanidade e à altura da crise atual, exige uma equação diferente entre ecologia e economia, uma redefinição de nossa presença no planeta e um cuidado consciente sobre o nosso futuro comum. Para estas coisas a direção atual do PT é cega. Não apenas não vê. É que não tem olhos. O que é pior.
Para aprofundar esta questão, valho-me de uma correspondência com o sociólogo de Juiz de Fora e Belo Horizonte, Pedro Ribeiro de Oliveira, um intelectual dos mais lúcidos que articula a academia com as lutas populares e as Cebs e que acaba de organizar um belo livro sobre “A consciência planetária e a religião”(Paulinas 2009) Escreve ele:
“Efetivamente, estamos numa encruzilhada histórica. A candidatura da Marina não faz mais do que deixá-la evidente. O sistema produtivista-consumista de mercado teima em sobreviver, alegando que somente ele é capaz de resolver o problema da fome e da miséria – quando, na verdade, é seu causador. Acontece que ele se impôs desde o século XVI como aquilo que a Humanidade produziu de melhor, ajudado pelo iluminismo e a revolução cultural do século XIX, que nos convenceram a todos da validade de seu dogma fundante: somos vocacionados para o progresso sem fim que a ciência, a técnica e o mercado proporcionam. Essa inércia ideológica que continua movendo o mundo se cruza, hoje, com um outro caminho, que é o da consciência planetária. É ainda uma trilha, mas uma trilha que vai em outra direção”.
“Muitos pensadores e analistas descobriram a existência dessa trilha e chamaram a atenção do mundo para a necessidade de mudarmos a direção da nossa caminhada. Trocar o caminho do progresso sem fim, pelo caminho da harmonia planetária”.
“Esta inflexão era a voz profética de alguns. Mas agora, ela já não clama mais no deserto e sim diante de um público que aumenta a cada dia. Aquela trilha já não aparece mais apenas como um caminho exclusivo de alguns ecologistas, mas como um caminho viável para toda a humanidade. Diante dela, o paradigma do progresso sem fim desnuda sua fragilidade teórica e seu dogma antes inquestionável ameaça ruir. Nesse momento, reunem-se todas as forças para mantê-lo de pé, menos por meio de uma argumentação consistente do que pela repetição de que “não há alternativas” e que qualquer alternativa “é um sonho”.
“É aqui que situo a candidatura da Marina. É evidente que o PV é um partido que pode até ter sido fundado com boas intenções mas hoje converteu-se numa legenda de aluguel. Ninguém imagina que a Marina – na hipótese de ganhar a eleição – vá governar com base no PV. Se eventualmente ela vencer, terá que seguir o caminho de outros presidentes sul-americanos eleitos sem base partidária e recorrer aos plebiscitos e referendos populares para quebrar as amarras de um sistema que “primeiro tomou a terra dos índios e depois escreveu o código civil”, como escreveu o argentino Eduardo de la Cerna”.
“Mesmo que não ganhe, sua candidatura será um grande momento de conscientização popular sobre o destino do Brasil e do Planeta. Marina Silva dispensará os marqueteiros, e entrarão em campanha os seguidores de Paulo Freire”.
“Esta é a diferença da candidatura Marina. Serra, do alto da sua arrogância, estimula a candidatura Marina para derrubar Lula e manter a política de crescimento e concentração de riqueza. Lula, por sua vez, levanta a bandeira da união da esquerda contra Serra, mas também para manter a política de crescimento e de concentração da riqueza, embora mitigada pelas políticas sociais”.
“Marina representa outro paradigma. Não mais a má utopia do progresso sem fim, mas a boa utopia da harmonia planetária. A nossa visão não é restrita a 2010-2014. Estamos mirando a grande crise de 2035 e buscando evitá-la enquanto é tempo ou, na pior das hipóteses, buscar alternativas ao seu enfrentamento.
É por isso, por amor a nossos filhos, netos e netas, temos que dar força à candidatura da Marina. E que Paulo Freire nos ajude a fazer dessa campanha eleitoral uma campanha de educação popular de massas”.
Digo eu com Victor Hugo: ”Não há nada de mais poderoso no mundo do que uma idéia cujo tempo já chegou”.

(*) Leonardo Boff é teólogo e autor do livro Que Brasil queremos? Vozes 2000.
Fonte: EcoDebate, 31/08/2009.

terça-feira, agosto 18, 2009

"nova utopia"

Marina Novamente
por Roberto Malvezzi

A possibilidade Marina já está na praça. Depois de tanta reação a um texto curto e simples – “A Candidatura de Marina” -, achei por bem comentar os comentários em um segundo texto.


Tantas reações, tão diferenciadas, desde aqueles que vêem nela a “nova utopia”, substituindo Lula, até os que não vêem aí nada de novo, e acham até nefasta sua candidatura, há uma certeza: sua candidatura provocará grande debate em nível nacional. Portanto, gostando ou não, a candidatura de Marina pode suscitar um intenso debate sobre os rumos do país – já está suscitando -, mas também sobre ela mesma e sua conduta como Ministra.

Se o PV é o lugar, se seria refundado, se é possível uma aliança com Heloísa, se os movimentos sociais viriam para essa batalha, até mesmo se vai merecer um voto, tudo dependeria das costuras, das alianças, do programa que se construiria. O Brasil é o inventor do sócio-ambientalismo e está na hora de virar programa político.

Quanto ao PT, Lula e seu governo tiveram todas as chances. Definitivamente, mesmo com conquistas sociais importantes na ponta – que podem continuar -, Lula não soube, não quis, não mostra vontade de entrar numa economia do Século XXI. É triste, mas é a realidade. Portanto, sair para outras articulações não é só lógico, mas absolutamente necessário.

Marina tem falado praticamente como candidata. Fala em inserir o país no século XXI, vencendo a visão economicista dos séculos passados recentes. Se vai ter coerência para defender essa visão, firmeza, grandeza, ou se vai vergar-se diante dos poderes, como tantas vezes o fez como Ministra, só a história dirá. Mas, ela pode ser o pivô de um novo concerto brasileiro, de forças que estão insatisfeitas com as possibilidades presidenciais já apresentadas e que gostariam de pautar a eleição com esses novos conteúdos que os tempos atuais exigem.

Roberto Malvezzi (Gogó) é Assessor da Comissão Pastoral da Terra – CPT, colaborador e articulista do EcoDebate.

Fonte: EcoDebate, 18/08/2009

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