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terça-feira, maio 24, 2011

a escassez mundial de alimentos vai moldar cada vez mais a política global

A NOVA GEOPOLÍTICA DOS ALIMENTOS

por Lester R. Brown
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 “Preparem-se, tanto agricultores como chanceleres, para uma nova era em que a escassez mundial de alimentos vai moldar cada vez mais a política global”, alerta Lester R. Brown, presidente do Earth Policy Institute, em artigo publicado na revista Foreign Policy e reproduzido pelo jornal O Estado de S.Paulo, 22-05-2011.
Segundo ele, “imagens de satélite mostram duas novas e imensas bacias de areia: uma se estendendo pelo norte e o oeste da China e oeste da Mongólia, a outra cruzando a África Central. A civilização pode sobreviver à perda de suas reservas de petróleo, mas não pode sobreviver à perda de suas reservas de solo”. “À medida que terra e água se tornam mais escassas – constata Lester Brown – que a temperatura da Terra sobe e a segurança alimentar mundial se deteriora, está surgindo uma geopolítica perigosa de escassez de alimentos”.
Eis o artigo.
Nos EUA, quando os preços mundiais do trigo sobem 75%, como no ano passado, isso significa a diferença entre um pão de US$ 2 e um pão custando, talvez, US$ 2,10. Se você viver em Nova Délhi, contudo, essa alta exorbitante dos preços realmente conta: uma duplicação do preço mundial significa que o trigo custa duas vezes mais.
Bem-vindos à nova economia alimentar de 2011: os preços estão subindo, mas o impacto não será sentido de maneira equitativa. Para os americanos, que gastam menos de um décimo da sua renda no supermercado, a alta do preço dos alimentos que assistimos até agora é um incômodo, não uma calamidade. Mas para os 2 bilhões de pessoas mais pobres do planeta, que gastam de 50% a 70% de sua renda em comida, essa disparada dos preços pode significar passar de duas refeições por dia para uma.
Os que mal conseguem se segurar nos degraus mais baixos da escada econômica global correm o risco de se soltar de vez. Isso pode contribuir – e tem contribuído – para revoluções e insurgências.
Com a quebra de safra prevista para este ano, com governos do Oriente Médio e da África cambaleando em função das altas de preços, e com mercados nervosos enfrentando um choque após outro, os alimentos rapidamente se tornaram um condutor oculto da política mundial. E crises como esta vão se tornar cada vez mais comuns. A nova geopolítica dos alimentos parece muito mais vulnerável do que era. A escassez é a nova norma.
Até pouco tempo atrás, altas súbitas de preços não tinham tanta importância, pois eram rapidamente seguidas por um retorno aos preços relativamente baixos dos alimentos que ajudaram a moldar a estabilidade do fim do século 20 em boa parte do planeta. Agora, porém, tanto as causas como as consequências são sinistramente diferentes. Lamentavelmente, as altas de preços de hoje são causadas por tendências que estão contribuindo tanto para o aumento da demanda como dificultando o aumento da produção: entre elas, a rápida expansão da população mundial, os aumentos de temperatura que ressecam plantações, e o esgotamento de poços de irrigação.
Mais alarmante ainda, o mundo está perdendo sua capacidade de mitigar o efeito da escassez. É por isso que a crise dos alimentos de 2011 é genuína, e por isso ela poderá trazer consigo novas combinações de revoltas do pão e revoluções políticas. E se as sublevações que saudaram os ditadores Zine al-Abidine Ben Ali, na Tunísia; Hosni Mubarak, no Egito; e Muamar Kadafi, na Líbia não forem o fim da história, mas seu começo? Preparem-se, tanto agricultores como chanceleres, para uma nova era em que a escassez mundial de alimentos vai moldar cada vez mais a política global.
Demanda e produção
A duplicação dos preços mundiais dos grãos desde o início de 2007 foi impelida principalmente por dois fatores: o crescimento acelerado da demanda e a dificuldade crescente de expandir rapidamente a produção. O resultado é um mundo que parece chocantemente distinto da generosa economia mundial de grãos do século passado. Como será a geopolítica dos alimentos numa nova era dominada pela escassez? Mesmo neste estágio inicial, podemos ver ao menos os contornos gerais da economia alimentar emergente.
No lado da demanda, os agricultores agora enfrentam claras fontes de pressão crescente. A primeira é o crescimento populacional. A cada ano, os agricultores do mundo precisam alimentar 80 milhões de pessoas adicionais, quase todas em países em desenvolvimento.
A população mundial quase dobrou desde 1970 e está a caminho de 9 bilhões em meados do século. Ao mesmo tempo, os EUA, que um dia conseguiram atuar como um amortecedor global contra safras ruins, agora estão convertendo quantidades imensas de grãos em combustível para carros, embora o consumo mundial de grãos, que gira em torno de 2,2 bilhões de toneladas métricas por ano, esteja crescendo em velocidade acelerada. Mas a taxa em que os EUA estão convertendo grãos em etanol tem crescido ainda mais rapidamente.
Essa capacidade massiva de converter grãos em combustível significa que o preço dos grãos está agora atrelado ao preço do petróleo. Assim, se o petróleo sobe para US$ 150 o barril ou mais, o preço dos grãos acompanhará a alta já que se torna mais lucrativo converter grãos em substitutos do petróleo. E esse não é um fenômeno apenas americano: o Brasil, que destila etanol de cana de açúcar, é o segundo maior produtor depois dos EUA, enquanto a União Europeia, que pretende obter 10% de sua energia de transporte de energias renováveis, em sua maioria biocombustíveis até 2020, também está desviando terras de culturas alimentares para esse fim.
Escassez de água
Essa não é apenas uma história sobre a demanda crescente por alimentos. Do esgotamento de lençóis freáticos à erosão de solos e às consequências do aquecimento global, tudo significa que a oferta mundial de alimentos provavelmente não acompanhará nossos apetites coletivamente crescentes. Tome-se o caso a mudança climática: a regra prática entre ecologistas da produção vegetal é que, para cada 1 grau Celsius de aumento da temperatura acima do ótimo para a estação de crescimento, os agricultores podem esperar uma quebra de 10% no rendimento dos grãos. Essa relação foi confirmada dramaticamente durante a onda de calor de 2010 na Rússia, que reduziu a safra de grãos do país em quase 40%.
Com a elevação das temperaturas, os lençóis freáticos estão diminuindo na medida em que os agricultores bombeiam em excesso para irrigação. Isso infla artificialmente a produção de alimentos no curto prazo, criando uma bolha dos alimentos que estoura quando os aquíferos são esgotados e o bombeamento é necessariamente reduzido à taxa de recarga.
No conjunto, mais da metade da população mundial vive em países onde os lençóis freáticos estão diminuindo. O Oriente Médio árabe politicamente convulsionado é a primeira região geográfica onde a produção de grãos atingiu o pico e começou a declinar por escassez de água, apesar de as populações continuarem a crescer. A produção de grãos já está diminuindo na Síria e no Iraque e, em breve, poderá declinar no Iêmen. Mas as maiores bolhas alimentares estão na Índia e na China. Como esses países enfrentarão a escassez inevitável quando os aquíferos forem esgotados? Ao mesmo tempo em que estamos secando nossos poços, estamos também maltratando nossos solos, criando novos desertos. A erosão do solo decorrente do excesso de cultivo e do manejo indevido da terra está solapando a produtividade de um terço das terras cultiváveis do mundo.
Qual a gravidade disso? Imagens de satélite mostram duas novas e imensas bacias de areia: uma se estendendo pelo norte e o oeste da China e oeste da Mongólia, a outra cruzando a África Central. A civilização pode sobreviver à perda de suas reservas de petróleo, mas não pode sobreviver à perda de suas reservas de solo.
Nesta era de aperto dos suprimentos mundiais de alimentos, a capacidade de cultivar alimentos está rapidamente se tornando uma nova forma de alavancagem geopolítica, e os países estão tratando de garantir seus próprios interesses paroquiais às custas do bem comum.
Terras estrangeiras
Temendo não ser capaz de comprar os grãos necessários no mercado, alguns países mais ricos, liderados pela Arábia Saudita, Coreia do Sul e China, tomaram, em 2008, a medida incomum de comprar ou arrendar terras em outros países para cultivar grãos para si próprios. A maioria dessas compras de terras é na África, onde alguns governos arrendam terras cultiváveis por menos de US$ 2,5 por hectare/ano. Entre os principais destinos estão Etiópia e Sudão, países onde milhões de pessoas estão sendo sustentadas pelo Programa Mundial de Alimentos da ONU.
Muitos dos acordos de terras foram feitos secretamente e, na maioria dos casos, a terra envolvida já estava em uso por aldeões quando foi vendida ou arrendada. Com frequência, os que já estavam cultivando a terra não foram nem consultados nem sequer informados dos novos acordos. A hostilidade local a essas apropriações de terra é a regra, não a exceção.
Em 2007, quando os preços dos alimentos começaram a subir, a China assinou um acordo com as Filipinas para arrendar 1 milhão de hectares de terras destinadas a cultivar alimentos que seriam embarcados para a China. Quando a notícia vazou, o clamor público obrigou Manila a suspender o acordo. Um clamor parecido abalou Madagáscar, onde uma empresa sul-coreana, a Daewoo Logistics, havia tentado obter direitos a mais de 1,2 milhão de hectares. Notícias sobre o acordo ajudaram a criar um furor político que derrubou o governo e obrigou o cancelamento do acordo. Aliás, poucas coisas são mais propensas a alimentar insurgências do que privar pessoas de suas terras. Equipamentos agrícolas são facilmente sabotados. Os campos de grãos maduros queimam rapidamente quando se lhes ateia fogo.
Essas aquisições representam um investimento potencial de estimados US$ 50 bilhões em agricultura em países em desenvolvimento. Então perguntamos: quanto isso tudo ampliará a produção mundial de alimentos? Não sabemos, mas a análise do Banco Mundial indica que somente 37% dos projetos serão dedicados a culturas alimentares. A maioria da terra adquirida até agora será usada para produzir bicombustíveis e outras culturas de interesse industrial.
Mesmo que alguns desses projetos acabem por aumentar a produtividade da terra, quem se beneficiará? Se virtualmente todos os insumos – o equipamento agrícola, o fertilizante, os pesticidas, as sementes – são comprados do exterior e se toda a produção é enviada para fora do país, eles pouco contribuirão para a economia do país hospedeiro. Por enquanto, as apropriações de terras contribuíram mais para provocar agitação social do que para aumentar a produção de alimentos.
Disputa
Ninguém sabe onde chegará essa crescente competição por suprimentos alimentares, mas o mundo parece estar se afastando da cooperação internacional que evoluiu em muitas décadas depois da 2ª Guerra para uma filosofia de cada país por si. O nacionalismo alimentar poderá ajudar a garantir suprimentos alimentares para países ricos individuais, mas faz pouco para melhorar a segurança alimentar do mundo. Aliás, os países de baixa renda que hospedam apropriações de terras ou importam grãos provavelmente sofrerão uma deterioração de sua situação alimentar.
Depois da carnificina de duas guerras mundiais e dos descaminhos econômicos que levaram à Grande Depressão, os países se uniram em 1945 para criar a ONU, percebendo, finalmente, que no mundo moderno não podemos viver em isolamento por mais tentador que isso possa parecer. O Fundo Monetário Internacional foi criado para ajudar a gerir o sistema monetário e promover a estabilidade econômica e o progresso. Dentro do sistema da ONU, agências especializadas, da Organização Mundial de Saúde (OMS) à Organização para Agricultura e Alimentação (FAO) jogam importantes papéis no mundo de hoje. Tudo isso promoveu a cooperação internacional.
Mas embora a FAO colete e analise dados agrícolas globais e forneça assistência técnica, não há nenhum esforço organizado para garantir uma adequação dos suprimentos mundiais de alimentos.
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, está propondo lidarmos com a alta dos preços dos alimentos com uma redução da especulação nos mercados de commodities. Por útil que isso possa ser, trata os sintomas da insegurança alimentar crescente, não as causas, como o crescimento populacional e as mudanças climáticas. O mundo precisa se concentrar hoje, não só na política agrícola, mas numa estrutura que a integre com políticas para energia, população e água, que afetam diretamente a segurança alimentar.
Perigo
Isso, porém, não está ocorrendo. Em vez disso, à medida que terra e água se tornam mais escassas, que a temperatura da Terra sobe e a segurança alimentar mundial se deteriora, está surgindo uma geopolítica perigosa de escassez de alimentos. A apropriação de terra, de água, e compra de grãos diretamente de fazendeiros em países exportadores são hoje partes integrantes de uma luta pelo poder global para segurança alimentar.
Com estoques de grãos baixos e a volatilidade climática aumentando, os riscos crescem. Hoje estamos tão perto da borda que uma ruptura do sistema alimentar poderá surgir a qualquer momento.
Talvez não tenhamos sorte para sempre. O que está hoje em questão é se o mundo conseguirá ir além de se concentrar nos sintomas da deterioração da situação alimentar e atacar suas causas subjacentes.
Se não conseguirmos aumentar o rendimento agrícola com menos água e conservar os solos férteis, muitas áreas agrícolas deixarão de ser viáveis. E isso vai muito além dos agricultores. Se não conseguirmos nos mexer com velocidade de um tempo de guerra para estabilizar o clima, talvez não sejamos capazes de evitar uma disparada dos preços dos alimentos. Se não conseguirmos acelerar a mudança para famílias menores e estabilizar a população mundial, mais cedo do que mais tarde, as filas de famintos continuarão a aumentar. A hora de agir é agora – antes que a crise dos alimentos de 2011 se torne a nova normalidade.
Fonte: Ecodebate, 24/05/2011, publicado pelo IHU On-line, parceiro estratégico do EcoDebate na socialização da informação.

segunda-feira, maio 09, 2011

o rápido crescimento econômico aumenta o consumo de água

China enfrenta desertificação acelerada

Em Turpan, no noroeste do país, os sistemas tradicionais não conseguem mais atender à demanda de água
Sentado ao lado de seu pai no quintal de uma antiga casa tradicional uigure de tijolos ocre, Kalik comemora: “Nós conseguimos produzir 500 quilos de uva por dia”, diz. Essa produtividade é um milagre, considerando as condições climáticas às quais está submetida Turpan, oásis situado em pleno deserto, na região de Xinjiang, extremo noroeste da China. O solo é seco, muitas vezes arenoso. As chuvas não passam de 20 milímetros ao ano. Reportagem de Harold Thibault, em Le Monde.
O jovem sabe que deve sua produção, que sustenta toda sua família, ao canal que passa a alguns passos da propriedade e foi escavado quatro séculos atrás. É uma das artérias do karez, um sistema de irrigação que remonta a mais de dois milênios e que serviu de corda de segurança para esse oásis, funcionando como parada para as caravanas que tomavam a antiga Rota da Seda. Esses canais de irrigação, outrora chamados de “qanats”, se encontram em diversas regiões áridas da Ásia Central.
“A água é doce, ela provém diretamente da Tian Shan”, explica Kalik, evocando as Montanhas Celestiais, a cordilheira que atravessa a região a quilômetros de Turpan. A rede de canais subterrâneos permite que a água das montanhas chegue até essa depressão, ao mesmo tempo em que evitam a evaporação nessa zona onde a temperatura pode chegar a 50 graus Celsius durante os meses de verão.
Na frente da casa ainda florescem cerejeiras, mas o milagre tem sido colocado duramente à prova há alguns anos. A algumas ruas de lá, os trabalhadores migrantes se empenham nos canteiros de obras de concreto, que aos poucos vão tomando conta dos antigos bairros tradicionais. O sistema de irrigação acompanha com dificuldades o ritmo de crescimento. Turpan não escapa da urbanização maciça e da superexploração dos recursos naturais. Para uma cidade chinesa, ela continua tendo uma dimensão modesta, mas a população hoje ultrapassa os 600 mil habitantes, sendo que em 1949 ela possuía 67.300.
Nos lençóis freáticos
Se os habitantes conseguiram cultivar em pleno deserto uma uva que se tornou famosa em todo o país, foi graças aos 5 mil quilômetros de canais. Mas, superexplorados e mal cuidados, estes secaram. Somente 300 dos 1.237 karez registrados em 1957 ainda estão em funcionamento. O ecossistema que havia se organizado em torno deles está se degradando.
Ao mesmo tempo, a produção agrícola, principal fonte de atividade econômica em Turpan, decolou. A área a ser irrigada passou de 60 mil hectares em 1970 para 113 mil em 2008. Como os karez não fornecem mais água o suficiente para garantir os rendimentos e alimentar as habitações modernas, o vilarejo começou a retirar diretamente dos modestos lençóis freáticos.
Como consequência direta dessa decisão, seu nível tem baixado de 1,5 a 2 metros por ano, calcula o Banco Mundial. “Com o rápido crescimento econômico desses últimos anos, o consumo de água vem subindo e ultrapassa as quantidades disponíveis, levando a um uso excessivo dos lençóis”, observava a instituição em 2010.
“Nos cinco últimos anos, a água se tornou menos abundante, isso se vê particularmente em julho e agosto”, constata Liu Daohong, um trabalhador agrícola que chegou há dez anos da província central de Henan. Ele trabalha em um campo irrigado diretamente pelos lençóis freáticos. Assim como ele, muitos migrantes Han, a etnia maioritária na China, vieram se instalar em Turpan, atraídos pela possibilidade de encontrar um emprego no setor agrícola, nessa região onde a maioria da população pertence à etnia uigure.
A alguns quilômetros ao sul da cidade, a constatação é similar no “jardim botânico”, na verdade um laboratório de pesquisa no meio da natureza sobre a capacidade das plantas de resistirem em zona árida extrema e de servirem de barreira natural contra o avanço do deserto. “Há dez anos, nós podíamos encontrar água a 18 metros de profundidade, mas hoje é preciso perfurar entre 25 e 30 metros. Preferimos utilizar a água a uma profundidade de 156 metros, pois é menos salgada”, explica um professor da Academia de Ciências chinesa, especializada no combate à desertificação.
Ao se conscientizar sobre a ameaça que pesa sobre Turpan, a China deu início a grandes obras, cujo custo deverá ser de US$ 204 milhões (R$ 330 milhões). Três reservatórios serão construídos nas montanhas próximas, a fim de assegurar o abastecimento de água durante o ano, a um custo de US$ 142 milhões (R$ 230 milhões).
No papel, esses projetos apresentam o papel histórico dos karez. Mas as autoridades locais não parecem realmente convencidas do futuro desses canais: do total de somas liberadas, somente US$ 500 mil serão dedicados à recuperação de um único karez, um projeto apresentado como um experimento.
Tradução: Lana Lim
Fonet: EcoDebate, 09/05/2011

quinta-feira, março 31, 2011

Brasil: grande exportador de itens que precisam de muita água

USO RACIONAL DA ÁGUA PODE SER VANTAGEM PARA BRASIL

por Agência Brasil
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A utilização racional da água nos processos de produção pode ser uma vantagem competitiva para o Brasil, na avaliação de Arjen Hoekstra, professor de gestão dos recursos hídricos da universidade holandesa de Twente e criador do conceito de pegada hídrica.
Para Arjen, o país deverá atrair a atenção internacional, nos próximos anos, por ser um grande exportador de itens que precisam de muita água para serem elaborados, como as commodities agrícolas. Segundo o especialista, para produzir a soja que é exportada para o Reino Unido são consumidos 1,43 milhão de metros cúbicos (m³) de água por ano.
Mesmo com o grande impacto sobre os recursos hídricos, o professor destaca que o Brasil ainda é mais econômico do que outros países que vendem itens semelhantes. “Em muitos casos, a pegada hídrica do Brasil é muito menor do que a do Oriente Médio e a dos Estados Unidos”, ressaltou.
A pegada hídrica é um conceito desenvolvido por Arjen Hoekstra e difundido pela Water Footprint Network. A proposta é padronizar a quantificação da água usada e contaminada na elaboração de produtos. Com isso o consumidor pode saber quais itens são mais sustentáveis.
Adotar uma posição comercial que leve em consideração a redução do consumo de água na produção pode abrir espaço para o Brasil no mercado internacional, na opinião do coordenador de Estratégia de Água Doce da organização não governamental (ONG) The Nature Conservancy, Albano Araújo.
Ele lembra que a economia de recursos naturais é também uma maneira de as empresas reduzirem gastos. “Reduzir a pegada hídrica significa reduzir custos e consumo de energia e ainda ganhar em imagem.”
No Brasil, cerca de 95% da água são consumidos de forma indireta, por meio da compra de produtos. De acordo com a estimativa de Arjen, cada casa consome, em média, 3,4 mil litros por dia apenas com consumo de produtos agrícolas. O uso doméstico e os produtos industriais são responsáveis, cada um, por mais 190 litros diários.
Em um país mais industrializado, como o Reino Unido, os manufaturados representam um gasto ainda maior de água. Segundo o estudo, cada casa inglesa consome, em média, 1.110 litros diários com esse tipo de produtos, além dos mesmos 3, 4 mil com os itens agrícolas. O uso doméstico é responsável pelo gasto de 150 litros.
A diferença fundamental está no fato de que a pegada hídrica dos lares do Reino Unido está, principalmente, no exterior. O levantamento aponta que cerca de 60% da água consumida nos lares daquele país foram importados. Enquanto, no Brasil, esse índice é de apenas 8%.
(*) publicado por Agência Brasil, via Agência Carta Maior
Fonte: Fundação Perseu Abramo, 23/03/2011

terça-feira, março 29, 2011

‘Pegada Hídrica’

O CONSUMO DE ÁGUA ESCONDIDO NOS PRODUTOS

Debate sobre ”pegada hídrica” sai da academia e ganha força; para criador do conceito, ideia é ampliar conscientização e reduzir uso da água
Um total de 140 litros de água são consumidos direta e indiretamente em toda a cadeia produtiva do café para que se possa tomar uma xícara dessa bebida, segundo a Water Footprint Network (WFN). Se trocarmos o café pelo chá, diz a organização, contribuiremos para a economia de água: para fazer uma xícara de chá padrão, de 250 ml, são necessários 30 litros de água.
Além do café e do chá, a WFN coloca à disposição dados sobre o consumo de água na elaboração de diversos produtos. Para um quilo de açúcar são consumidos em média 1,5 mil litros de água; para uma taça de vinho, 120 litros; para um quilo de carne bovina, 15 mil litros – dependendo das características regionais, há variação nos números. Essa quantidade de água para produção de um bem recebeu o nome de “pegada hídrica”.
por Afra Balazina O Estado de S.Paulo
O holandês Arjen Hoekstra, diretor científico da WFN, criou há dez anos esse conceito, na Universidade de Twente. Porém, só mais recentemente o debate saiu da academia e começou a chamar a atenção de consumidores e empresas.
Na semana passada, Hoekstra participou de um encontro com empresários em São Paulo e também deu um curso, do qual participaram funcionários da Ambev, do Banco do Brasil, do HSBC e de Itaipu, entre outros.
A Natura, por exemplo, da área de cosméticos, é parceira da WFN e já começou a aplicar a metodologia da organização. “O primeiro estudo que realizamos em parceria com o WFN foi um piloto de cálculo da pegada hídrica de dois produtos do portfólio da Natura”, diz Janice Casara, gerente de sustentabilidade da empresa. O piloto foi concluído no ano passado e, agora, estão sendo realizadas pesquisas complementares.
De acordo com Hoekstra, as empresas por enquanto estão numa “fase exploratória” – ou seja, ainda não estão num estágio de ter metas de redução de pegada hídrica. Ele conta que há grande interesse em geral da indústria de bebidas e de alimento, mas que ainda não provocou muita curiosidade do setor da mineração. “Enquanto o consumidor vê a relação entre o gasto de água para a produção de comida e bebida, o mesmo não ocorre com a mineração. Então, o setor fica mais quieto.”
Segundo Hoekstra, o objetivo não é necessariamente criar selos ou certificação para quem medir a pegada hídrica. Mas simplesmente conseguir ampliar a conscientização e reduzir o consumo de água. “Não adianta fazer um selo se isso não significar uma diminuição do uso de água”, opina.
No levantamento da pegada hídrica entre os países, o Brasil está pouco acima da média mundial – são 1.381 metros cúbicos per capita por ano, contra 1.243 metros cúbicos per capita ao ano no mundo. Para se ter uma ideia, a da China é de 700 e a dos Estados Unidos, de 2,5 mil.
Quem tiver interesse, é possível calcular a pegada hídrica pessoal no site
Sem vilões. O ex-secretário estadual do Meio Ambiente Xico Graziano está preocupado com o uso do conceito de forma preconceituosa, colocando a agricultura como vilã. Ele também discorda das campanhas ambientais que defendem que para ser ecológico é preciso voltar ao passado.
“Mas acho interessante contar, além dos custos econômicos, o custo dos recursos naturais, especialmente a água. As empresas podem usar isso como ferramenta de marketing e o consumidor poderá optar pelo que emite menos gás carbônico e menos água. Faz parte da preparação para uma economia verde.”
O que é levado em conta para a pegada
Água azul
Volume de águas superficiais e subterrâneas consumidas como resultado da produção de um bem ou serviço.
Água verde
Volume de água da chuva consumida durante a produção. É relevante principalmente para produtos agrícolas e florestais e se refere à perda de água da chuva de campos e plantações por transpiração, além da água incorporada ao produto colhido.
Água cinza
Indicador de poluição de água doce que pode ser associado a um produto ao longo de sua cadeia de abastecimento global. É calculado como o volume de água necessário para diluir os poluentes de tal forma que a qualidade da água continue acima dos padrões de qualidade.
Fonte: EcoDebate, 25/03/2011
Nota do EcoDebate: sobre o mesmo tema sugerimos que leiam a matéria “Conceito de ‘Pegada Hídrica’ incentiva o uso responsável da água“.

segunda-feira, janeiro 17, 2011

"No fim todos nós pagamos caro"

TRAGÉDIA EXPÕE FALHAS NA POLÍTICA HABITACIONAL
por Janes Rocha | Do Rio
"Onde o pobre vai morar?"
Há anos o jurista Edésio Fernandes*, um dos maiores especialistas brasileiros em questões urbanísticas e ocupação do solo, vem colocando essa questão em todos os fóruns nacionais e internacionais de que participa.
Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais, Fernandes é professor e pesquisador da Universidade de Londres, cidade onde vive há mais de 20 anos. Membro do conselho consultivo do grupo sobre despejos forçados do Habitat, o programa de assentamentos populacionais da Organização das Nações Unidas (ONU), ele já assistiu a projetos de assentamento em vários países em desenvolvimento nos quais o problema da ocupação irregular se repete em padrões parecidos com os brasileiros.
Ao ver a tragédia da região serrana do Rio, que com mais de 600 mortos encontrados já se configura na maior do tipo na história do Brasil, Fernandes alerta que é preciso discutir urgentemente alguma alternativa para a ocupação desordenada. E que os planejadores urbanos em todo país, seja a nível federal, estadual ou municipal, têm que apontar claramente os espaços que as pessoas mais pobres podem ocupar nas cidades de forma digna, com acesso a serviços e à infraestrutura.
Para ele, apesar dos investimentos recordes em infraestrutura e produção habitacional realizados no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Brasil ainda está longe de atender às necessidades de moradia das pessoas que ganham abaixo de cinco salários mínimos, a faixa populacional mais numerosa e maior vítima de catástrofes naturais como as que a cada verão se intensificam.
"Sem opção de acesso à moradia, os mais pobres têm cada vez mais ocupado as áreas excluídas dos mercados imobiliários formais, especialmente áreas de preservação ambiental e áreas públicas, ficando assim muito mais vulneráveis aos desastres naturais", diz este especialista. Ele lembra que, ao contrário do que costuma pensar a classe média, não é barato morar mal assim.
"Comprar, alugar ou contratar equipamentos e serviços públicos como saneamento básico, um caminhão-pipa ou a coleta de lixo são muito mais caros nas favelas do que em áreas mais adequadas à moradia", afirma. Também a regularização fundiária costuma ser, segundo seus cálculos, três vezes mais cara do que a construção de novas habitações. "No fim todos nós pagamos caro".
Ele defende que o governo tem que atacar o problema em pelo menos duas frentes fundamentais. Primeiro ter um programa habitacional específico para a população de baixa renda. Segundo, ter uma programa de gerenciamento de riscos.
Construir casas para os pobres é importante, mas não é a única solução, diz Fernandes. Os números mostram que mais de 90% do déficit habitacional, equivalente a cerca de 6 milhões de moradias, estão concentrados na população que ganha entre zero e três salários mínimos.
"Mas existe um estoque de 5,5 milhões de imóveis públicos vazios, sem utilização, pertencentes por exemplo ao INSS ou à extinta Rede Ferroviária Federal, que poderiam ser usados para fazer uma política de habitação social", diz.
Isso sem contar os imóveis privados localizados em áreas centrais ou portuárias nas grandes cidades e há anos desocupados. Segundo ele, na Alemanha, França e Inglaterra, os governos têm políticas habitacionais para a baixa renda, inclusive utilizando imóveis abandonados através do chamado aluguel social.
"Precisamos de uma política habitacional que explore todas estas opções, mas tem que ser pensado de maneira integrada". E neste ponto ele faz uma crítica ao Minha Casa Minha Vida. Para Fernandes, falta ao programa uma articulação com políticas fundiárias que permitam ao estado construir casas em locais já abastecidos de infraestrutura e serviços urbanos.
"Como os terrenos mais próximos aos grandes centros são caros, o Estado tem que comprar terras nos subúrbios, repetindo-se a velha mania de levar o pobre para locais distantes, sem transporte, sem serviços públicos, condenando-os às áreas fora do mercado formal, de várzeas, encostas dos morros, fundos de vales e margens de rios".
Por outro lado, diz Fernandes, independentemente da política habitacional, falta também no Brasil uma política de gerenciamento de riscos e prevenção de desastres que faça frente aos novos desafios ambientais.
A intensidade dos desastres naturais está aumentando em todo mundo devido ao aquecimento global. No Brasil este fenômeno está chegando na forma de eventos antes inexistentes no país como ciclones, tornados e chuvas em intensidade inédita. "O Brasil tem que incorporar estes fatores em sua legislação ambiental e de construções", afirma Edésio Fernandes.
(*) Edésio Fernandes é especialista em questões urbanísticas.
Fonte: Valor Econômico, 17/01/2011

segunda-feira, dezembro 06, 2010

un servicio fundamental para la población

AGUA VA

por Roberto Navarro
Durante la década del noventa el gobierno menemista impulsó la privatización de casi todas las empresas públicas bajo la premisa de que eran ineficientes. A partir de 2003 la gestión kirchnerista avanzó en algunas reestatizaciones. Las AFJP, Aerolíneas Argentinas, el Correo y Aguas Argentinas fueron los procesos más importantes. Cash realizó una investigación sobre la actuación estatal en comparación con la privada en un servicio fundamental para la población: la empresa de agua y saneamiento. La estatal AySA reemplazó a la subsidiaria de la francesa Suez, Aguas Argentinas. En forma contundente el saldo es favorable a AySA:
- En 13 años de gestión, los franceses brindaron nuevo servicio de agua potable a 460 mil habitantes; AySA, en cuatro años, habilitó el servicio a 1,2 millones.
- La compañía privada incluyó en el servicio cloacal a 210 mil personas; la empresa estatal, a 700 mil.
El 21 de marzo de 2006 el gobierno nacional creó AySA “con el objetivo prioritario de expandir los servicios de agua potable y de-sagues cloacales a todos los habitantes del área de su concesión: 17 municipios de la provincia de Buenos Aires y la Ciudad de Buenos Aires, área en la que habitan 10 millones de personas”, señala el Plan Rector de la empresa estatal. El Plan que presentó hace cuatro años prevé completar esta tarea en 2020 y contempla un presupuesto total de 17.580 millones de pesos.
Desde entonces, lleva invertidos 5400 millones de pesos en el mantenimiento y la expansión de los servicios, que dieron como resultado 1,9 millones habitantes beneficiados. AySA se comprometió a alcanzar la cobertura total de agua potable y el 80 por ciento de cloacas en cinco años. Para fin de 2011 se estima que tendrán agua potable el millón y medio de personas que aún no cuentan con el servicio. Aunque todavía falta colocar cloacas a 3,5 millones de personas, en AySA aseguraron a Cash que el 100 por ciento de los habitantes del área bajo su gestión tendrán ese servicio varios años antes que la meta fijada en el plan rector, que estimaba la finalización de las obras en 2020.
Las metas planteadas en el pliego de licitación con el que llegó Suez a manejar el negocio sanitario eran poco exigentes. Se estimaba llegar al 100 por ciento de los habitantes del área concesionada con el servicio de agua en 2024, trece años después del plan que está cumpliendo la empresa estatal. Pero, además, la evolución hacia esas metas no se estaba cumpliendo. Según un informe del ente de regulación de esa privatizada, en el primer quinquenio de la concesión se previeron obras por 1449 millones de pesos, pero sólo se ejecutaron 837 millones, el 58 por ciento. En el segundo quinquenio el resultado no fue mejor: entre 1999 y 2002 se habían previsto obras por 752 millones de pesos y sólo se realizaron por 428 millones, el 57 por ciento del total.
Durante toda su gestión, Aguas Argentinas argumentó que las tarifas eran insuficientes para cumplir con sus obligaciones. Como en otras licitaciones implementadas por la administración menemista, el ganador surgió de una oferta por precio. El pliego indicaba taxativamente que esas tarifas no podían modificarse hasta 2003. Sin embargo, esa oferta oportunista tuvo sucesivas renegociaciones poco transparentes con el gobierno de entonces, hasta casi duplicar la tarifa, que también fue dolarizada. Durante los trece años de gestión, Aguas acumuló deudas por multas impagas al ente de control superiores a los 30 millones de pesos, que no pagó.
AySA elaboró un Plan de Mantenimiento y Mejora que contempla la renovación y rehabilitación de las redes existentes, y el mantenimiento, ampliación y mejora de las instalaciones, con el objeto de atender la calidad, presión y continuidad de los servicios para los habitantes que ya cuentan con las prestaciones. Ya se están realizando obras básicas de gran envergadura como la Planta Potabilizadora Juan Manuel de Rosas, en Tigre; el establecimiento depurador de líquidos cloacales Del Bicentenario, en Berazategui; y la planta de Osmosis Inversa Virrey del Pino, en La Matanza. La planta potabilizadora de Tigre demandará una inversión de 2800 millones de pesos y traerá beneficio a 2 millones de habitantes. Por su lado, el establecimiento Del Bicentenario, con una inversión de 482 millones de pesos, dará servicio a una población de aproximadamente 4 millones de personas. En tanto la Planta de Osmosis Inversa Virrey del Pino, la más grande de América del Sur con esta tecnología, permitirá llevar el servicio de agua potable a 400 mil habitantes del partido de La Matanza, con una inversión de 58,4 millones de pesos.
En cuanto a las obras contempladas en el Proyecto de Desarrollo Sustentable de la Cuenca Matanza-Riachuelo, AySA inició en diciembre pasado el proceso de contratación para la construcción del Colector Margen Izquierda, el Desvío Baja Costanera y obras complementarias: la Planta de Pretratamiento Riachuelo y el Emisario Planta Riachuelo. Estas obras de infraestructura sanitaria forman parte del Plan Director de agua potable y desagües de AySA que contempla –para la Cuenca Matanza-Riachuelo– una inversión total en los próximos diez años de 16.600 millones de pesos. Además de estos emprendimientos, la empresa tiene en ejecución más de 700 obras.
En relación con el marco regulatorio, su mayor mérito es que prohíbe cortar el servicio por falta de pago de la factura. Aguas Argentinas podía hacerlo y era un drama para miles de familias carenciadas. Ahora, en cambio, después de los reclamos de rigor, AySA puede colocar una válvula que restringe la provisión de agua hasta un consumo básico. Es la solución que se aplica en Europa.
Según la Organización Mundial de la Salud, “el agua potable y las cloacas son elementos indispensables para mantener la salud de la sociedad”. Aguas Argentinas no cumplió con su pobre plan de ampliación del servicio. El argumento oficial para anular el contrato en marzo de 2006 fue que la empresa Suez puso además en “peligro potencial” a la sociedad al distribuir aguas contaminadas. Los afectados fueron más de 800 mil personas del sudoeste del conurbano. El hecho incluso había sido admitido por la propia concesionaria ese verano, cuando recomendó a través de las facturas el no consumo de agua por parte de embarazadas y niños.
El Consejo de Derechos Humanos de la ONU afirmó que “el derecho al agua y al saneamiento están incluidos en los tratados vigentes de garantías fundamentales, por lo que los Estados tienen la responsabilidad de asegurar a los ciudadanos su ejercicio y goce pleno”. Aún en la década del noventa, cuando gran cantidad de países del mundo se lanzaron a privatizar sus empresas de servicios públicos, fueron pocos los que se arriesgaron a ceder a manos privadas un servicio tan delicado como el sanitario; la mayoría de ellos lo reestatizaron. La positiva diferencia de gestión entre el Estado y la empresa de servicios sanitarios más grande del mundo se notó en apenas cuatro años.
Fonte: Página 12, 5/12/2010

quinta-feira, novembro 25, 2010

ocupação desordenada, degradação ambiental e social

OCUPAÇÃO DESORDENADA CRIA ‘CINTURÃO DE MISÉRIA’ NA PERIFERIA DE BELÉM


Falta de saneamento é um dos principais problemas da área da Bacia do Mata Fome
Falta de saneamento é um dos principais problemas da área da Bacia do Mata Fome
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São as regiões pobres do Brasil as que mais sofrem com a falta de saneamento básico. É o que diz a Síntese de Indicadores Sociais (SIS 2010) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ainda segundo o relatório, a Região Norte divide com o Nordeste o posto de pior saneamento do País. Em 2009, apenas 13,7% dos domicílios urbanos do Norte possuíam os serviços de abastecimento de água, rede de coleta de esgoto e coleta de lixo, ao mesmo tempo. Entre os mais pobres, com renda de até meio salário mínimo, essa taxa não chega a 10%.
Em Belém, a falta de saneamento básico pode ser observada em lugares como a Bacia do Mata Fome, um território localizado ao norte da cidade, abrangendo os bairros Benguí, Parque Verde, Pratinha, São Clemente e Tapanã. É nessa área que o Laboratório de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (LARHIMA), da Faculdade de Geologia da UFPA, desenvolve o Projeto “Os Recursos Hídricos e a Qualidade de Vida na Bacia do Mata Fome, Belém/PA: doenças de veiculação hídrica e o contexto geo-socioambiental.” A bacia hidrográfica de 5,3 km² tem como principal afluente o Igarapé Mata Fome.
O Projeto já funciona há dois anos, vinculado à Universidade. Segundo o professor Milton Matta, coordenador do LARHIMA, o trabalho surgiu da necessidade de alertar a sociedade sobre a degradação ambiental e social que está acontecendo na área, além de tentar melhorar a qualidade de vida das comunidades que vivem ao redor da Bacia.
O Igarapé Mata Fome, que recebeu este nome por servir como subsistência para sua população tradicional, passa, agora, por um grave processo de falecimento, devido à desenfreada ocupação informal do território da Bacia do Mata Fome.
Segundo a estudante Karen Carmona, bolsista do LARHIMA e responsável por pesquisar a qualidade das águas superficiais da Bacia, o espaço do Mata Fome começou a ser intensamente povoado em meados da década de 80. “As pessoas que vivem na Bacia do Mata Fome moravam no centro da cidade, mas, devido à especulação imobiliária, tiveram que mudar para a periferia da cidade. Tapanã e Pratinha são ‘a borda de Belém’ e esta região é chamada ‘cinturão de miséria’”, explica a estudante.
Lixo e esgoto são lançados diretamente no leito do rio
A ocupação urbana desordenada do território da Bacia do Mata Fome acarretou graves problemas ao lugar. O principal deles foi a destruição das vegetações ciliares do Rio Mata Fome. Essa vegetação, característica da borda de rios e mananciais, é uma das armas para evitar o assoreamento, que é o depósito de sedimentos, areia e qualquer tipo de detritos no leito dos rios. “Se eu retiro aquela vegetação, as margens acabam se tornando frágeis e assoreando, porque as raízes não aguentam mais a terra”, explica o professor Milton Matta. A vegetação ciliar foi devastada pelos próprios moradores, que cortavam a madeira das árvores para construir casas, banheiros e pontes.
O assoreamento do Rio Mata Fome é reforçado pelo lançamento de lixo e esgoto em seu leito, “a matéria orgânica produzida pelos moradores da Bacia é lançada diretamente no Igarapé. Os banheiros, por exemplo, são construídos sobre pontes de madeira feitas com a vegetação da área, em cima do Igarapé”, diz o professor.
Da década de 80 até hoje, o Rio do Mata Fome regrediu para Igarapé e continua diminuindo seu volume de água. Contudo, o falecimento do Rio não é o único efeito causado pela poluição das águas e o desmatamento da flora. Vários impactos sociais, que prejudicam a qualidade de vida das quase oitenta mil pessoas que moram na Bacia, também podem ser observados. De acordo com as pesquisas já realizadas no âmbito do Projeto, verificou-se que as águas superficiais estão contaminadas e causam doenças na população.
“Na Bacia, o problema de abastecimento de água é grande, pois os dois poços construídos pela prefeitura não atendem a todos. Nesse contexto, surgiu a figura do ‘agueiro’, pessoa que tem um poço de 10 a 15 metros em sua casa e vende essa água para a população. As pessoas pagam R$ 15 por semana para terem um abastecimento por algumas horas do dia. Essa água não é confiável, porque o poço perfurado pega o aquífero superior, que já está sendo comprometido pela contaminação do Igarapé”, esclarece Karen Carmona.
Planos de trabalho terão perspectiva multidisciplinar
Além da falta de saneamento básico, outros problemas da Bacia são a prostituição infantil, a exploração sexual e os maus-tratos contra os idosos. Em decorrência desses vários problemas socioeconômicos, o Projeto foi pensado de uma maneira multidisciplinar. “Não estudamos só os recursos hídricos. Estudamos, também, todos os outros elementos que estão associados a eles, como o direito, a falta de obediência à legislação ambiental na Bacia, as doenças relacionadas à água, a prostituição infantil, entre outros. Criamos um conjunto de 20 planos de trabalho que analisam a Bacia por dentro e com uma perspectiva geral”, afirma o professor Milton Matta.
Os planos de trabalho abrangem as seguintes áreas de conhecimento: Direito, Serviço Social, Oceanografia, Geologia, Engenharia Sanitária e Ambiental, Geofísica, Medicina, Biologia e Jornalismo. Os planos serão colocados em prática pelas três instituições parceiras no Projeto: a UFPA, a Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) e a Universidade Estadual do Pará (UEPA).
A UEPA participará com dois planos na área da Saúde, os quais pesquisarão as doenças de veiculação hídrica da Bacia do Mata Fome, e dois planos na área da Engenharia Ambiental. Já a UFRA realizará planos relacionados à ictiofauna (conjunto das espécies de peixes) e aos zooplanctons (organismo aquáticos sem capacidade fotossintética, como alguns crustáceos) existentes no Igarapé Mata Fome.
Outros planos de trabalho a serem realizados pela UFPA são a produção de um jornal para acompanhar as atividades do Projeto, a aplicação da Lei do Idoso na Bacia do Mata Fome e uma avaliação da violência, delinquência e prostituição infantil. Essas informações ficarão disponíveis em um banco de dados já elaborado pelo Projeto.
Segundo o professor Milton Matta, a maior dificuldade encontrada para a implantação do Projeto foi a captação de recursos para as pesquisas. “Fizemos todo o trabalho sem dinheiro algum ou utilizando recursos de projetos coordenados por mim. Às vezes, utilizamos recursos do próprio LARHIMA. Nunca recebemos qualquer tipo de ajuda”. Este ano, a empresa Vale aprovou o financiamento das pesquisas por mais dois anos. “Estamos apenas esperando a liberação das verbas para darmos início aos planos de trabalho” afirma.
* foto Acervo Pesquisador
** Reportagem de Dilermando Gadelha no Beira Rio, Jornal da Universidade Federal do Pará . Ano XXIV Nº 88, Novembro de 2010, publicada pelo EcoDebate, 25/11/2010
Fonte: EcoDebate, 25/11/2010

terça-feira, novembro 23, 2010

a água mais cara do país

Água do rio São Francisco será a mais cara
Após transposição, nordestino deverá pagar R$ 0,13 por mil litros, enquanto valor médio nacional é de até R$ 0,02. Governo diz que terá de responder por captação e bombeamento da água e que preço se deve à complexidade da obra.
A reportagem é de Sofia Fernandes e está publicada na Folha de S.Paulo, 22-11-2010.
Da torneira do nordestino atendido pela transposição do rio São Francisco vai pingar a água mais cara do país. O Conselho Gestor do Projeto de Integração do São Francisco avalia cobrar dos Estados atendidos pela obra R$ 0,13 por mil litros de água.
O dinheiro será recolhido pela Agnes, estatal em gestação na Casa Civil. A empresa vai gerenciar as operações da transposição do rio e a distribuição da água para as previstas 12 milhões de pessoas beneficiadas.
O preço médio cobrado em outras bacias hidrográficas pelo uso da água é de R$ 0,01 a R$ 0,02 por mil litros. A Sabesp, por exemplo, paga R$ 0,015 ao comitê gestor da bacia do rio Piracicaba, fonte de metade da água consumida na cidade de São Paulo.
Complexidade
O valor mais elevado, afirma o governo, se deve à complexidade do projeto de transposição e ainda porque a Agnes será a responsável pela captação e pelo bombeamento da água.
No entanto, os quatro Estados envolvidos (Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará) terão de investir em obras internas para dar capilaridade à rede de água e ainda precisarão pagar uma taxa fixa à Agnes, provavelmente mensal.
Em construção, os canais para a transposição do rio São Francisco têm 25 metros de largura, 5 metros de profundidade e 622 quilômetros de extensão, somando os dois eixos.
O porte das obras e os obstáculos naturais, como a Serra da Borborema, que vai de Alagoas ao Rio Grande do Norte, explicaria o alto custo de transportar a água no semiárido nordestino. Para isso, serão necessários potentes mecanismos de bombeamento.
Subsídio
O governo não diz se haverá mecanismo para amortizar o custo do consumidor final nos quatros Estados. Em teoria, as obras do São Francisco têm um foco prioritário, que são os pequenos agricultores das terras secas do sertão e do agreste nordestinos.
O Ministério da Integração, responsável pelo empreendimento, afirma que o assunto está em fase de análise e de debates com os Estados receptores. Para que o projeto seja viável, é possível que os Estados promovam subsídios cruzados, aumentando as tarifas de grandes centros urbanos que não receberão as águas da transposição do Velho Chico, como Recife.
A Agnes terá de apresentar um relatório de custos, explicando os motivos para o elevado preço da água. Essa tarifa deverá cobrir os gastos do sistema de transposição em funcionamento, nem mais nem menos.
"Temos de avaliar a planilha de custos da agência para saber se o preço está certo. A tarifa deve cobrir os custos de manutenção e operação do sistema", diz Patrick Thomás, gerente de cobrança pelo uso da água da Ana (Agência Nacional de Águas).
Um dos maiores críticos do projeto, o pesquisador João Suassuna, da Fundação Joaquim Nabuco, acha difícil que o agricultor das áreas atendidas pela transposição consiga pagar essa conta. "Os colonos do Vale do São Francisco hoje já estão com dificuldades para pagar por uma água a R$ 0,02. Imagine com esse preço", afirma o Suassuna.
Mas o pesquisador vê outro problema. O porte das obras e o volume de água deixam patente que o propósito da transposição não é matar a sede e a fome de quem vive na seca. A mira, afirma, está no agronegócio para exportação, a criação de camarão e o abastecimento de indústrias.
   Fonte: IHU, 22/11/2010

quinta-feira, novembro 11, 2010

Denúncia: degradação ambiental em Mucuri

Devastação ambiental em Mucuri, BA


Diz uma velha máxima que: “O que os olhos não vêem o coração não sente”. Por essa razão que uma das mais belas lagoas do município litorâneo de Mucuri – BA tende a sumir totalmente dentro de no máximo um ano em razão da destruição da sua bacia. As matas em sua volta estão sendo destruídas para dar lugar a uma extensa plantação de eucalipto. Tudo financiado pela empresa Fibria Celulose S/A, (antiga Aracruz Celulose), que há mais de duas décadas vem patrocinando a devastação do ecossistema e mais uma vez não respeitou os limites legais.
A Lagoa do Espelho, de 9,27 hectares, situada a 800m da costa da Praia do Domingo, no litoral sul do município de Mucuri, está secando e o seu espaço está virando lajedo por causa da aproximação do eucalipto. E mesmo levando em consideração que a região já vem registrando frequentes etapas de chuvas, desde o dia 13 de fevereiro deste ano, a vista da lagoa é mesmo de falecimento em meio à monocultura.
Os moradores da região contaram à reportagem do Teixeira News, que este é o terceiro cultivo de eucalipto na área e a cada novo plantio a empresa de celulose aproxima a floresta sugadora para dentro da Lagoa.
A agressividade é tanta, que a vegetação que margeava a Lagoa, foi destruída pelos plantios de eucalipto e o seu espaço natural que antes era distinguido pelas águas do lago é hoje o cenário de um deserto rachado e marcado pelo poder do capitalismo da celulose. No mínimo deveria ter aberto um corredor ecológico até o lago e procurado preservar o local como forma de contrapartida em favorecimento ao meio ambiente.
As formas como as empresas de celulose conseguem para passar por cima de tudo e de todos na região extremo sul chega a ser impressionante e o fato é demonstrado na ação proposital de se plantar uma cultura madeireira nociva ao solo e ao meio ambiente em geral, dentro do leito de uma lagoa que antes servia de visitação e hoje ficou ilhada por florestas de eucaliptos. Mesmo resistindo às agressões impostas, o lago some devagar, deixando para trás uma paisagem que as futuras gerações não encontrarão mais, numa época que só se discute a salvação do planeta pelas boas ações empregadas ao meio ambiente.
Crime ambiental igual a esse só o cometido pela subestação da empresa Suzano Papel e Celulose S/A, onde os tanques da Estação de Tratamento de Esgoto dão vazão aos resíduos procedentes da indústria para dentro do Rio Mucuri. Até anos atrás, os canos despejavam o líquido a céu aberto no rio, e causavam uma espuma química que não se desfazia facilmente e chamava a atenção sobre as águas de rio abaixo e principalmente dos ambientalistas. Há pouco tempo a empresa instalou as bocas dos canos no fundo do rio, de onde o líquido já sobe dissolvendo a sua espuma grossa na água e causando o broto de uma mancha extremamente escura.
No local é possível ver, mesmo de longe, uma faixa completamente densa jorrada dos canos no fundo do rio, que toma conta das águas por meio de uma faixa que se ver claramente a diferença do líquido na cor de carvão que vem da Suzano, com a da água do rio. A faixa negra vai se espalhando ao longo do leito conforme vai conseguindo extensão sobre as águas. Além dos canos que jorram os resíduos na cor de óleo diesel dentro do rio, o cheiro forte no local é insuportável e nem permite insetos e pássaros voarem. Observa-se também que o lado do rio em que o resíduo é despejado a encosta virou barranco. O outro lado que não é impactado pela contaminação química a vegetação ambiental mantém-se natural.
“A sociedade não imagina o que as comunidades ribeirinhas que ladeiam os povoados de Nova Brasília e Cruzelândia estão sofrendo com a morte do Rio Mucuri causada pela contaminação do seu leito com o veneno despejado 24 horas por dia pela Suzano. São impactos de todos os níveis. E como estaria hoje a foz do rio na plataforma continental de Mucuri, os arrecifes de corais e seus cardumes naturais? Toda a bacia hidrográfica e sua bacia de drenagem sofrem com este impacto. As correntes marítimas são direcionadas também para toda costa das baleias, especialmente o Arquipélago de Abrolhos, com centenas de recifes de corais que alimentam os cardumes. O efeito dominó é natural, refletindo o impacto na qualidade do solo, da água, do ar, da fauna e flora, especialmente na sociedade que sobrevive destes recursos naturais, mas que está sendo expulsa do campo, que sem recursos tecnológicos, seus filhos são obrigados a roubar e as meninas a se prostituírem nas cidades”, pontuou o perito ambiental Fábio Pontes.
E acrescentou. Empresas como a Suzano e a Fibria que matam rios e lagos com suas ações ilícitas em desfavor ao meio ambiente, precisariam no mínimo manter um serviço de alta qualidade de fiscalização, monitoramento, análises de laboratório e estudos especiais diariamente com equipes multidisciplinares para estudar os possíveis impactos causados. Principalmente em se tratando de uma empresa do cultivo da silvicultura e monocultura do eucalipto, que tem uma responsabilidade ambiental ainda maior, todavia, elas precisam de suas certificações para continuar atuando no mercado.
Além dos impactos que a biodiversidade ambiental da região tem sofrido e a tamanha desagregação social que tem mudado a realidade populacional, o que mais se lamenta é a tamanha confiança que as empresas de celulose têm pelo poder do dinheiro que possuem, não respeitando a justiça, o Ministério Público, os poderes políticos constituídos. Desconsideram os organismos de meio ambiente em um município que perde solo e recursos, ficando cada dia mais pobre administrativamente para oferecer bilhões de lucros às empresas de celulose. A Suzano Papel e Celulose S/A, por exemplo, só paga a metade do que deveria pagar de ISS para os cofres de Mucuri.
A Suzano Papel e Celulose privou a sociedade de freqüentar determinadas áreas públicas, a exemplo da praia Cacimba do Padre, no litoral sul do município de Mucuri. Cercou toda a área e impede com homens armados que alguém entre para visitar o local, numa praia que tem um grande significado pelo seu valor de sítio histórico, demarcada por um extenso conjunto arqueológico. Local que foi abrigo natural dos jesuítas no século XVIII.
O Teixeira News tem conversado com pessoas que moram em baixo da ponte do rio Mucuri, na Rodovia BR-101, pouco abaixo da descarga do esgoto químico da Suzano Papel e Celulose. No local eles pescam peixes que estão agonizando. Cascudos e bagres africanos mortos apresentando verrugas avermelhadas em toda a sua pele.
Alguns peixes recolhidos foram encaminhados para um laboratório especializado em São Paulo, com ajuda do biólogo e perito judicial Antônio Carlos Martins Filho. Os exames detectaram e concluíram a origem das infecções oncogênicas. Os peixes estão sendo mortos por um material corrosivo tipo dióxido de cloro com solda cáustica. Justamente os produtos químicos usados no branqueamento do papel, procedente da celulose.
O processo de degradação ambiental em Mucuri demonstra o desequilíbrio difícil de ser revertido. A conscientização e participação comprometida com a causa da população envolvida – pescadores, populações tradicionais, afro descendentes -, e o poder público podem buscar uma solução sustentável para que o homem comum, o mucuriense resgate a alegria e a dignidade perdida ao longo do tempo.
“Além de tudo, nesta região onde o eucalipto tomou conta do solo e expulsou o homem do campo, não existem mais fazendas para oferecer empregos para a população que está encurralada pelos cinturões verdes das empresas de eucalipto. Os pequenos proprietários que insistiram ou insistem em ficar em suas pequenas propriedades rurais pagam um preço muito alto. Foi o que aconteceu com o produtor rural Osvaldo Pereira Bezerra, “Osvaldinho”, 53 anos, que no dia 17 de março passado, foi espancado e teve o braço esquerdo quebrado a pauladas. Ele ainda foi submetido à dura missão de presenciar o seu filho Henrique de Souza Pereira, o “Hique”, 24 anos, ser assassinado com um tiro na cabeça por prepostos da Fibria Celulose S/A, as proximidades da sua casa, na praia dos Coqueiros, no litoral sul do município de Mucuri”, informa a vereadora Justina Souza Cruz “Tina”.
A parlamentar conta que outros pequenos produtores rurais são diariamente coagidos pelos vigilantes das empresas de celulose. Acusando-os de roubo de madeira, invadem suas residências para amedrontá-los. Causam terror de todas as espécies, forçando as pessoas, em sua maioria sem estudo e sem esclarecimentos dos seus direitos, a venderem suas terras a preço de banana ou abandoná-las.
As empresas de eucalipto que deveriam desenvolver programas sociais, qualificar estes trabalhadores e construir escolas para os filhos destes produtores fazem exatamente o contrário. Empurra essas pessoas a furtar suas madeiras para fabricar carvão, única saída de sobrevivência em meio toda aquela extensa mata de eucalipto, longe de tudo e de todos. Ou seja, as ocorrências de furtos de madeiras registradas na região pelas próprias empresas de celulose é uma questão puramente social, onde as próprias empresas criaram ilhas de pobrezas em meio ao seu mar de riqueza.
Denúncia socializada pela CPT Bahia | Comissão Pastoral da Terra – Regional Bahia e publicada pelo EcoDebate, 11/11/2010

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