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O capitalismo, da forma como o conhecemos, está em uma encruzilhada, segundo Chandran Nair, fundador do centro de estudos Global Institute for Tomorrow, de Hong Kong, na China.
O capitalismo, da forma como o conhecemos, está em uma encruzilhada, segundo Chandran Nair, fundador do centro de estudos Global Institute for Tomorrow, de Hong Kong, na China.
A
BBC perguntou a Nair e a outras personalidades ao redor do mundo se eles acham
que o capitalismo ocidental fracassou ou está chegando ao fim.
Nascido
na Malásia, de família indiana, Nair diz que o capitalismo se expandiu às
custas de mão-de-obra e de recursos naturais baratos. Com o mundo prestes a
alcançar sete bilhões de habitantes, é chegada a hora de uma reestruturação,
que passa por uma discussão sobre progresso humano. Abaixo, o texto de Chandran
Nair.
"A
forma extrema do capitalismo que permeia o mundo nos últimos 30 ou 40 anos
enfrenta um profundo dilema, que nós insistimos em negar.
É
importante entender dois princípios fundamentais do capitalismo: que os seres
humanos são racionais e os mercados funcionam racionalmente e, o segundo, que
os mercados definirão os preços, embora isso também seja falho.
É
importante, então, entender as raízes do capitalismo moderno.
Pode-se
argumentar que a escravidão foi a primeira tentativa de rebaixar o preço dos
recursos produtivos. Quando acabou a escravidão, veio o colonialismo, que
novamente foi uma tentativa do modelo capitalista de conseguir recursos a preço
baixo.
Quando
veio o desconforto com o fim das colônias, passamos a usar o argumento da
globalização do crescimento econômico. Depois, a globalização financeira.
Quando
falo sobre isso na Europa, eles citam os últimos 30 anos como tempos de
alavancagem. Eu digo que eles deveriam multiplicar isso por dez e ver que são
300 anos de exploração do crescimento, essencialmente em relação a como as
pessoas irão viver.
Precisamos
substituir noções simples de crescimento por discussões com nuances mais
sofisticadas a respeito do progresso humano - o que não é a mesma coisa que
apenas sugerir que o crescimento econômico dará a todas as pessoas a
possibilidade de ter um 'i-Toy' (referência a gadget eletrônico) ou um carro. Isso não é possível e é nesse ponto
que o capitalismo empacou. Uma conversa muito séria precisa acontecer."
Fonte:
BBC Brasil, 07/10/2011
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