Brasileiros aderem a chamado de
mobilização global dia 15
por Fábio Nassif
Chamados a participar de uma
mobilização mundial, jovens brasileiros resolveram aderir e adaptar os eixos
internacionais à realidade do país. A convocatória veio da Espanha, dos
movimentos que levantaram a bandeira da “democracia real já” e protestam contra
os efeitos da crise econômica. Os protestos também se referenciam em movimentos
de outros locais como Grécia, Chile, Estados Unidos e países do Oriente Médio,
que de maneiras distintas estão realizando manifestações massivas.
Segundo o site http://15october.net/es/,
atividades públicas já
foram marcadas neste dia em 951 cidades de 82 países de todos os continentes. De maneira genérica, a mobilização global centra fogo no que parece coincidir em vários desses levantes: a crítica aos regimes políticos e ao modelo econômico.
foram marcadas neste dia em 951 cidades de 82 países de todos os continentes. De maneira genérica, a mobilização global centra fogo no que parece coincidir em vários desses levantes: a crítica aos regimes políticos e ao modelo econômico.
“Unidos em uma só voz, faremos saber aos políticos
e às elites financeiras a quem eles servem, que agora somos nós, as pessoas,
quem decidiremos nosso futuro”, afirma o chamado. E completa: as pessoas não
são “mercadorias nas mãos de políticos e banqueiros”, e estes, por sua vez, não
os representam.
No Brasil
A partir de uma garimpagem na internet, é possível
descobrir as cidades brasileiras que planejam atividades. O site www.democraciarealbrasil.org/aponta 41 locais com eventos
divulgados no site do Facebook. O número de pessoas confirmadas, apesar da
pouca precisão desta fonte de informação, passa de 11 mil.
Cada cidade está organizando de maneira independente
suas mobilizações. Em São
Paulo , o grupo que está se reunindo há quase um mês anunciou
um acampamento no Vale do Anhangabaú. Está prevista a concentração a partir das
10 horas do sábado, seguida de uma passeata até o local de instalação das barracas.
Lá, ocorrerão grupos de discussão sobre educação, meio ambiente, saúde e
transporte, debates com o tema “o que é democracia real”, atividades culturais
e assembleias organizativas.
O manifesto paulista, além de situar os levantes no
mundo, critica a desigualdade social como “principal marca deste país, desde
que ele existe como tal”. O material também afirma que o movimento é
auto-organizado, autofinanciado, autônomo de empresas, Estado, governos e
partidos políticos, apesar de contar com participantes de algumas organizações.
As bandeiras elencadas refletem também as
manifestações ocorridas durante todo o ano. A quantidade de vezes que esses
movimentos saíram às ruas demonstra algumas mudanças também no cenário
nacional. Só em 2011 foram realizadas marchas contra o aumento das passagens de
ônibus, do dia internacional de luta da mulher, contra a homofobia, da maconha,
da liberdade, das vadias, contra Belo Monte, contra o novo Código Florestal, da
consciência negra, contra corrupção, do Fora Ricardo Teixeira, entre outras. A
maioria delas aconteceu em 10 cidades, sendo que se chegou a atingir 40 locais
diferentes, com números de participantes acima do que não se via há algum
tempo.
As ocupações também foram instrumentos
mobilizadores. Em São Paulo ,
a ocupação da Fundação Nacional das Artes (Funarte), com o lema “é hora de
perder a paciência” se destacou. Por pautas específicas e pelo investimento de
10% do PIB para educação pública, o movimento estudantil realizou ocupações de
reitorias na onda das greves dos técnico-administrativos na UFPR, UEM, UFSM,
UFSC, UFRB, UFAL, UFMT, UnB, UFES, UFRGS, UFAM, UFRJ, UFF, com conquistas
pontuais. No sindicalismo, algumas outras categorias como trabalhadores da
construção civil, do Correios e bancários também fizeram grandes greves.
As organizações políticas, os protagonistas e as
pautas de todas essas mobilizações não estão concentradas em um único programa.
O 15 de outubro é, no entanto, uma evidência que mesmo diante das incertezas
dos desdobramentos da crise econômica mundial, parte da população está se
organizando para buscar respostas coletivas, nas ruas.
Fonte: Carta Maior | Movimentos Sociais, 14/10/2011
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