OH? CDE
por Paul Krugman
Hoje,
a OCDE – Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico alertou que as
coisas estão muito, mas muito ruins:
Políticas decisivas precisam ser urgentemente implementadas para
evitar que a crise da dívida soberana da zona do euro continue a se
propagar e provoque um novo retrocesso na atividade global já frágil, é o
que diz a OCDE na sua última Perspectiva Econômica.
A crise do euro continua sendo o grande risco para a economia
global, de acordo com o documento. As preocupações com a sustentabilidade da
dívida soberana se alastram cada vez mais. Se não solucionado o problema,
o contágio recente para países considerados como tendo suas finanças públicas
relativamente sólidas podem provocar transtornos econômicos enormes. A
pressão sobre os balancetes e financiamentos bancários aumenta o risco de um
aperto do crédito.
Um outro grave risco é de que nenhuma ação seja adotada para
contrabalançar o forte aperto fiscal decorrente da legislação vigente nos
Estados Unidos. O que pode mergulhar a economia numa recessão que a política
monetária pouco poderá fazer para impedir.
Isso
tudo é perfeitamente sensato. Mas como chegamos neste ponto? Em grande
parte ouvindo pessoas e órgãos como a OCDE, que em 2010 exigiram maior rigor fiscal e aumentos de
juros. E
sim, foram as mesmas pessoas que agora estão apavoradas com as consequências
daqueles cortes e gastos e elevação de juros.
Não
seria necessário um exame de consciência?
Para
ser justo, contudo, não foi apenas a OCDE. Os historiadores, no futuro,
examinarão com espanto o Grande Pivô de 2010, em que todas as Pessoas Muito
Sérias dos dois lados do Atlântico – e, triste dizer, de ambos os
partidos nos Estados Unidos – decidiram que, diante do alto nível de
desemprego, crescimento fraco e inflação baixa, o que o mundo realmente
precisava era de austeridade.
Na
verdade, estou tendo dificuldade para escrever sobre tudo isso; é muito
deprimente.
Fonte: Estadão | Economia
& Finanças | Blogs, 28/11/2011
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