Apenas uma teoria: orquestração política oportunista contra o governo Dilma aproveitando Belo Monte.
por Telma Monteiro
Ninguém menciona as empreiteiras, o blindado Ministério de Minas
e Energia, o Sarney e sua eterna marionete de plantão, Edison Lobão. Depois de
anos denunciando o projeto de Belo Monte, só agora os jornais importantes se
deram conta de que ele é inadmissível, destruidor e que os compromissos
assumidos pelo consórcio não estão sendo cumpridos? Depois de anos de conflitos
na região do Xingu em que ficou patente que os indígenas, a biodiversidade, os
ecossistemas estariam ameaçados, somente agora os atores globais questionaram
Belo Monte?
Não foi por falta de dicas, já que até James Cameron esteve por
aqui e se integrou à resistência, aproveitando Avatar. Não estou desmerecendo o
esforço deles todos – é louvável e me parece sincero, está sendo útil, neste
momento, para chamar a atenção da sociedade, que até agora não tinha entendido
realmente o que é Belo Monte. No entanto percebe-se aqui e ali, sutilmente, a
entrada de figuras marcantes e admiradas da constelação global apontando o dedo
para o Xingu, para os custos de Belo Monte e para a energia que dizem que vai
gerar. Só. Mas não se vê uma única palavra sobre a real necessidade de tantas
hidrelétricas na Amazônia, a reboque de Belo Monte, ou sobre os equívocos do
planejamento do setor elétrico exclusividade do PMDB e da projeção da demanda
de energia. Não estou me referindo às Ongs ou movimentos sociais, mas àqueles
que estão se engajando agora, recém saídos da penumbra em que estiveram
envoltos desde que a discussão entrou na fase mais visível, depois que o Ibama
concedeu as licenças para Belo Monte. O vídeo dos atores globais é importante,
como já disse, mas carece de mais algumas explicações, palavras e nomes que
permaneceram preservados, tais como Edison Lobão, Sarney, Camargo Corrêa,
Odebrecht, Queiroz Galvão, BNDES, Eletrobras, Furnas, Votorantim, Vale, Light,
Cemig, Alcoa, etc.
Todos envolvidos diretamente ou com interesses nas obras civis
ou nas receitas futuras de Belo Monte ou na exploração mineral da região. Pode
até parecer, de minha parte, uma tendência de buscar pêlo em ovo ou da teoria
da conspiração, mas Dilma representa uma pedra no sapato do PSDB nas próximas
eleições, apesar desse seu autoritarismo que impôs projetos hidrelétricos na
Amazônia, e da completa falta de aptidão para escolher assessores. A oposição,
a Globo, o Estadão, a Folha, a Época, Exame, etc. estão crucificando esse
governo (com justa razão, há motivos de sobra), mas sem mencionar, em momento
algum, os outros mega-responsáveis que se locupletarão com Belo Monte (gerando
ou não a energia prometida). O mesmo se dá com relação ao Alkmim e Kassab em
São Paulo, aonde tudo vai muito mal, desde o metrô, saneamento, enchentes,
saúde, escolas, manutenção das praças e parques, segurança, corrupção. Os nomes
dos dois, porém, nunca são associados aos fatos que estão sendo noticiados,
pois poderiam denegrir suas régias cabeças candidatas às próximas eleições.
Belo Monte, ao contrário, está sempre associada à Dilma e Lula,
ao PT (não que eu ache que a responsabilidade não seja também deles, reafirmo).
Belo Monte está sendo usada como bomba de efeito retardado para destruir ainda
mais esse governo, como se já não bastassem os escândalos ministeriais. Nunca
vi a mídia, a grande mídia, tão envolvida em combater algo que seja do
interesse de grandes empresas, suas clientes. Belo Monte é produto das suas
clientes, mas os nomes não aparecem. Vejamos um exemplo que pode até confirmar
aquilo que estou tentando concatenar: nas matérias contra Belo Monte estão
sendo citadas as empresas que integram a tal Norte Energia? Não. Norte Energia
tem personalidade jurídica – é o consórcio formado por várias empresas que têm
todos os interesses econômicos em projetos hidrelétricos na Amazônia. Os nomes dessas
empresas jamais são mencionados. Por quê? Eu abomino Dilma, Lula, PT, PSDB,
PMDB, Alkmim, Kassab e todos aqueles que manipulam a economia e se escondem
atrás de grandes obras com sobrepreços e superfaturamento que levam à corrupção
de gente rastaqüera como esse Lupi e apaniguados. Acho que devemos agradecer
aos atores globais e à grande mídia pelo “empenho” contra Belo Monte, mas está
na hora de começar a dar nomes aos bois. Quem leu com atenção a excelente
matéria sobre Belo Monte, de Agnaldo
Brito, na Folha, entende.
Para não dizerem que esqueci, também, de mencionar as empresas
que formam a Norte Energia:
Grupo Eletrobras
Eletrobras: 15,00%
Chesf: 15,00%
Eletronorte: 19,98%
Eletrobras: 15,00%
Chesf: 15,00%
Eletronorte: 19,98%
Entidades de Previdência Complementar
Petros: 10,00%
Funcef: 5,oo%
Petros: 10,00%
Funcef: 5,oo%
Fundo de Investimento em Participações
Caixa FIP Cevix: 5,00%
Caixa FIP Cevix: 5,00%
Sociedade de Propósito Específico
Belo Monte Participações S.A. (Neoenergia S.A.): 10,00%
Belo Monte Participações S.A. (Neoenergia S.A.): 10,00%
Autoprodutoras
Amazônia (Cemig e Light): 9,77%
Vale: 9,00%
Sinobras: 1,00%
Amazônia (Cemig e Light): 9,77%
Vale: 9,00%
Sinobras: 1,00%
Outras Sociedades
J.Malucelli Energia: 0,25%
J.Malucelli Energia: 0,25%
Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM):
Liderado pela Andrade Gutierrez, inclui outras nove empreiteiras: Camargo Corrêa, Norberto Odebrecht, Queiroz Galvão, OAS, Contern, Galvão Engenharia, Serveng-Civilsan, Cetenco e J. Malucelli
Liderado pela Andrade Gutierrez, inclui outras nove empreiteiras: Camargo Corrêa, Norberto Odebrecht, Queiroz Galvão, OAS, Contern, Galvão Engenharia, Serveng-Civilsan, Cetenco e J. Malucelli
Fonte: Ponto de Pauta para o livre debate, 21/11/2011
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