terça-feira, maio 18, 2010

primeira piada

MILAGRES APARECE

Um jovem casal havia comprado um apartamento e recém acabado de mudar. Ainda sem conhecer bem seus vizinhos, eles costumavam após o almoço do sábado fazer aquele amorzão, e na hora dos prazer e orgasmos da esposa, o maridão costumava falar propositadamente o seu belo nome porto-riquenho: MILAGRES, MILAGRES!!! Um show, invariavelmente em alto e bom som.

Eles só não sabiam que seus vizinhos do apartamento logo abaixo, eram um tanto religiosos, e realizavam cultos reunindo-se com outros irmãos. Claro que isso terminava em arroubos fervorosos, numa cantoria bastante animada, que geralmente dava numa catarse coletiva e gritos de aleluias ao som de um piano que ecoava por todo os andares próximos.

Num belo sábado enquanto o jovem casal estava naquele love, naquela empolgação gostosa, o maridão começou a chamar o nome da esposa, um tanto alto e, assim sem perceber, passaram a formar nada menos que um coro uníssono, quase afinado, com o coral do culto religioso que acontecia logo abaixo, disso então se ouvia:

MILAGRES, MILAGRES... - O marido gritava.
A esposa gostosamente soltava – SIM, SIM...
E no culto logo abaixo ouvia-se – ALELUIA, ALELUIA.

Nesse embalo harmonioso alguns dos religiosos ficaram curiosos pelo fervor dos vizinhos acima. Ao ouvirem os gritos do recém casal e achando aquilo muito em sintonia, um ato de verdadeira fé, então, resolveram fazer uma rápida visita. Subiram inesperadamente, todos juntos, de Bíblia na mão. Como em uma romaria uns seguiram pelo elevador, outros pelas escadas, e ao chegarem no andar pararam em frente ao apartamento do jovem casal tocando a campainha; fez-se silêncio, todos aguardavam, mas ninguém respondia a chamada. Então insistiram batendo na porta, num toc, toc, toc mais insistente. De repente a porta se abre e, o jovem marido aparece de camiseta suada deparando-se com aquela gente toda, uma “tropa enfatiotada”, séria, parecendo mensageiros chegados de uma travessia do Egito para nova Canaã. Olhando o grupo sem nada entender, perguntou-lhes então... O que desejam? O representante do grupo se pronuncia, com certa polidez, logo revelando o porque da inusitada aparição, e solicitam ao jovem marido e sua família para reunirem-se numa confraternização religiosa.

O jovem marido então com alguma cerimônia, embora ainda numa excitação aparente, chama da porta a sua esposa para apresentá-la ao inquieto povo de Deus. Então ela subitamente aparece, sem saber da situação presente na sala, e diante da porta ajeitando o babydoll fino, quase transparente, que inutilmente pretendia cobrir os fartos seios morenos, isso combinando com a minúscula calcinha tipo fio dental, que obviamente bem pequenininha só enfeitava seu corpo perfeito, robusto, sensual e de rico cofrinho. Ela estanca.

O marido meio tonto ainda quis lhe advertir da presença do grupo, mas já era tarde. Ele sem jeito, tenta remediar o clima geral provocado pela entrada da mulher, estonteantemente sensual. E assim quase cantando seu nome, fala silabicamente: MIII-LAAA-GREEEES!!! Ela com certo ar maroto nos olhos sorri, e com muita espontaneidade lhe responde: SIM, SIM!!!

sexta-feira, maio 14, 2010

sistema mundo

Europa entra numa era de austeridade
Victor Mallet, Financial Times, de Madri
14/05/2010

Em meio a brados de indignação e expressões de descrença, uma nova era de austeridade chegou à Europa.
Enquanto os governos da zona do euro impõem cortes numa escala sem paralelo em décadas, a Grécia, considerada epicentro da crise, já foi palco de manifestações violentas e greves gerais. Agora há crescente temor de que essas manifestações de ira pública se tornem mais generalizadas.
Sindicatos espanhóis ameaçavam ontem com greves e protestos em todo o país. O choque é palpável nos países que passaram da pobreza à prosperidade nas décadas de crescimento quase ininterrupto após a Segunda Guerra e sempre gozaram dos benefícios materiais da adesão à União Europeia (UE).
"Duas coisas são difíceis de acreditar: posso ser demitido e terei de trabalhar até 65 anos para me aposentar", disse Yannis Adamopoulos, vigia numa estatal grega. Outro grego, Fotis Magriotis, engenheiro civil autônomo, pôs sua picape à venda. Está difícil encontrar trabalho e os impostos sobre a gasolina dobraram. "Não há alternativa a um enxugamento ", diz ele.
Tais declarações inspiram humor sarcástico na metade setentrional da Europa, onde insegurança no emprego, aposentadoria aos 65 anos, carros pequenos e gasolina cara não são incomuns.
Em última instância, foram os mercados financeiros, e não os austeros alemães, os "donos da bola" na zona euro, que expuseram a vulnerabilidade de Grécia, Espanha e Portugal e desencadearam o pacote de socorro de € 750 bilhões acertado do domingo passado.
O plano de socorro veio sob condicionantes da UE, do Fundo Monetário Internacional (FMI) e dos EUA: após a farra de gastos fiscais nos dois anos que se seguiram à crise financeira de 2008 e que tornaram a vida mais fácil durante a recessão, os governos serão obrigados a cortar seus déficits, e cortá-los duramente.
Pela primeira vez desde que a ajuda da UE começou a afluir livremente, na década de 80, os gregos sofrerão uma queda significativa nos padrões de vida. A economia grega deverá encolher 4% neste ano e outros 2,6% em 2011.
A nova realidade imposta pelo governo socialista grego - corte de 12% no salário dos funcionários públicos, redução na aposentadoria e o espectro de demissões no setor público - atordoou os servidores no inchado setor estatal.
Um ajuste similar, mas menos severo, está sendo imposto pelo governo socialista espanhol. O primeiro-ministro, José Luis Rodríguez Zapatero, irritou nesta semana seus antigos aliados no movimento sindical ao recuar de suas promessas e cortar em 5% a remuneração do funcionalismo público a partir de junho, como parte de um esforço para conter o déficit.
Economistas ortodoxos e oponentes conservadores de Zapatero dizem que o governo e o povo espanhol custaram a perceber a importância de um setor privado dinâmico para custear o Estado de bem-estar social. "Os espanhóis querem pensar como cubanos e viver como ianques", diz Lorenzo Bernaldo de Quirós, economista e consultor de empresas.
No norte, os alemães mantiveram sua reputação de trabalhadores diligentes, prudentemente conscientes do eterno dilema serviços versus impostos. Muitos eleitores no pleito realizado no Estado de Renânia do Norte-Vestefália no domingo passado disseram preferir pagar mais impostos do que ver o fechamento da piscina ou jardim de infância locais.
"Os alemães são muito mais favoráveis à estabilidade e austeridade, e não a gastos deficitários", diz Jürgen Falter, professor de ciência política na Universidade de Mainz. "Isso faz parte da memória coletiva, que remonta à hiperinflação que destruiu a poupança de seus avós na década de 20".
A divisão norte-sul, no entanto, não é tão gritante quanto parece.
A França tem regiões no norte e no sul da Europa e poderá ser palco de protestos contra o congelamento, por três anos, dos gastos do governo. Irlanda e Reino Unido, no noroeste da Europa, estão entre os países mais perdulários da Europa, onde bolhas no mercado imobiliário e no setor de serviços financeiros incharam insustentavelmente nos anos frenéticos anteriores ao colapso do Lehman Brothers.
Em Dublin, pelo menos, os duros cortes anunciados para por em ordem as finanças públicas estão começando a se fazer sentir. Pertinho dos edíficios públicos, o sapateiro John Myley reclama que muitos de seus clientes estão com dificuldades para pagar. "Todo mundo está tentando manter as aparências. Mas, neste momento, posso lhe garantir, tenho 14 pares de sapatos "pendurados", de pessoas que não podem pagar até que recebam [o salário] no final do mês".
O governo britânico anterior e o novo propuseram amplos cortes nos gastos públicos, mas a questão não foi muito discutida na campanha eleitoral e os detalhes permanecem em segredo. Não há meios de saber, ainda, até que ponto o Reino Unido aceitará bem seu destino. Porém, mesmo pequenos cortes de 500 milhões de libras nas verbas destinadas a universidades, neste ano, provocaram protesto.
E os europeus meridionais não são, necessariamente, tão perdulários como sugerem alguns.
Os italianos sentem que seu cinto vem sendo apertado já há algum tempo, embora a palavra austeridade não tenha entrado no vocabulário político italiano, pois o primeiro-ministro Silvio Berlusconi gosta de manter o clima de otimismo. Nos últimos cinco anos, governos tanto de centro-esquerda como de centro-direita mantiveram os gastos sob controle relativamente severo, mantendo o déficit fiscal dentro de limites administráveis em relação ao PIB.
Em Portugal, a população economicamente conservadora está reagindo às duras medidas de austeridade economizando, buscando honrar o financiamento imobiliário e defendendo seu emprego.
Tal como em recessões anteriores, quando milhares de pessoas trabalharam durante meses sem remuneração, o país optou por aguentar o tranco, em vez de revoltar-se. A poupança doméstica está crescendo, e o nível de inadimplência nos financiamentos habitacionais continua baixo.
No entanto, após uma década de baixo crescimento econômico na zona euro, os portugueses estão prevendo mais quatro anos de aperto de cintos. A frustração é crescente.
O mesmo vale para a maior parte da Europa ocidental. Cada país da zona do euro está tomando as medidas que deve ou pode implementar - da repressão à evasão fiscal na Espanha e na Grécia à redução das deduções por número de dependentes na Irlanda e o controle dos gastos públicos em quase todos os países - para atingir a meta de 3% do PIB para o déficit orçamentário nos próximos três ou quatro anos.
O risco é de que uma Europa acuada pelas forças de mercado tenha agido tarde demais e que essas grandes doses de austeridade asfixiarão os primeiros sinais de renovado crescimento econômico, agravando assim os problemas orçamentários futuros, a uma recaída recessiva.

matriz energética em mudança

A ‘corrida do ouro’ da energia renovável

por José Eustáquio Diniz Alves


 [EcoDebate] A chamada Terceira Revolução Industrial ou Revolução Pós-industrial ou Revolução Científica e Tecnológica já começou. Três marcos fundamentais são: 1) as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC); 2) A biotecnologia e o genoma; e 3) A nanotecnologia.
Contudo, não haverá Revolução de fato sem a mudança da matriz energética do mundo. A energia fóssil, além de ser poluidora e grande responsável pelo aquecimento global, é finita e tem os seus dias (ou décadas) contados para esgotamento das reservas. O pico da produção do petróleo e gás está chegando ao seu limite máximo, enquanto a demanda por eletricidade deve continuar a crescer na medida em que cresce a população mundial e os países emergentes assumem um papel cada vez mais ativo na produção global.
O recente desastre provocado pela explosão de uma plataforma de petróleo da British Petroleum (BP) no dia 21 de abril de 2010, no Golfo do México, tem provocado prejuízos ambientais incalculáveis, enquanto a mancha de petróleo se espalha pelo oceano e atinge o litoral dos estados de Lousiana, Alabama, Flórida e Mississipi, nos EUA. Talvez este desastre sirva, também, de alerta para a exploração do óleo do pré-sal brasileiro.
A Segunda Revolução Industrial foi marcada por uma economia do alto carbono e da alta poluição. Somente com Revolução Científica e Tecnológica será possível superar a era da poluição do petróleo e caminhar para uma economia do baixo carbono.Assim, as novas necessidades da sociedade Pós-industrial, a subida do preço do petróleo em 2008, os crescentes danos ambientais e o agravamento das mudanças climáticas desencadearam uma “corrida do ouro” pela energia renovável.
Segundo o projeto “Energia limpa 2030” da Google.org, o custo para adotar uma matriz energética verde nos Estados Unidos até 2030 é de cerca de US$ 3,86 trilhões. Para o resto do mundo, pode-se multiplicar este custo por pelo menos 5 vezes, ou seja, cerca de US$ 20 trilhões. O que não é muito, considerando que o PIB mundial está, atualmente, em torno de 60 trilhões de dólares.
Porém, os investimentos necessários para incrementar a energia renovável do mundo terão um enorme efeito multiplicador sobre as economias nacionais, possibilitando a geração de empregos verdes e a melhoria da qualidade de vida humana e ambiental. Os países que saírem na frente desta “corrida do ouro” terão ganhos adicionais, não só em termos ambientais, mas também econômicos e em termos de competitividade internacional.
Segundo o Programa de Meio Ambiente da ONU (Unep, na sigla em inglês), o investimento mundial em energia renovável (chamado de “corrida do ouro verde”), aumentou cerca de 60 por cento, em 2007. O investimento em energia solar cresceu 254%. O investimento em energia limpa, de fontes como vento, sol e biocombustíveis cresceu no ano passado três vezes mais rápido do que o previsto pelo Unep. Por outro lado, uma subida no preço do petróleo, levará a um aumento nos investimentos em energia renovável e limpa.
Na corrida entre os países, a China ultrapassou os Estados Unidos, em 2009, e se tornou o maior investidor em tecnologia de energias renováveis, segundo a BBC. Os pesquisadores do instituto americano Pew calculam que a China investiu US$ 34 bilhões em energia limpa, em 2009, quase o dobro do investimento realizado nos Estados Unidos. A China está não só investindo na mudança da sua matriz energética – que é uma das mais poluidoras do Planeta – mas também criando uma industria de equipamentos de energia verde que vai transformar o país no maior exportador do mundo nesta área e líder da Revolução Científica e Tecnológica.
O Brasil, graças aos investimentos em biocombustíveis, ficou em quinto lugar na lista entre os países do G20, tendo investido aproximadamente R$ 13,2 bilhões, atrás de China, EUA, Grã-Bretanha e Espanha. Porém, o Brasil tem problemas ecológicos com seu programa de biocombustíveis e tem investido pouco quando se trata de energia eólica e, principalmente, energia solar concentrada e fotovoltaica.
O fato é que a “corrida do ouro” da energia renovável já começou e o país que quiser garantir qualidade de vida para sua população, respeitando o meio ambiente, terá participar desta maratona que pode garantir bem-estar geral e contribuir para salvar o Planeta.


José Eustáquio Diniz Alves, articulista do EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE. E-mail: jed_alves{at}yahoo.com.br

Fonte: EcoDebate, 14/05/2010

quinta-feira, maio 13, 2010

variável ambiental na Economia

O impacto da internalização da variável ambiental no paradigma reducionista da Economia tradicional

Afranio Campos*

A variável ambiental possui uma forte complexidade, e até arriscaria dizer que possui uma característica (métastable) de meta-estabilidade[1]. Suponho que a natureza da variável ambiental seja invariavelmente de pura expansão, o que a torna “implosiva” para qualquer modelo econômico matemático ou econométrico conhecido, pois se trata de uma variável multidimensional, isto é, envolve n-elementos nela mesma. Esse caráter dinâmico lhes confere uma razoável, ou melhor, uma considerável importância na configuração de um sistema complexo, econômico e com n-inputs: recursos naturais, capital e trabalho (intelectual, laboral), sobretudo, se se pretende analisar, planejar, acompanhar, prospectar, regular, através da formulação de determinada função de produção que contemple as exigências de condições da sustentabilidade econômica e do equilíbrio temporário inerente a sua instabilidade natural.

Uma concepção ricardiana de rendimentos decrescentes do emprego dos recursos materiais e do trabalho humano, ao meu ver, se tornou caduca, mas com serventia, tanto para os cooptados pelo status quo, tornados gerentes do Estado Democrático burguês, quanto aos vencidos pelo cansaço aceitando os benefícios pecuniários da tecno-burocracia, recompensa que o bom combate da praxis não promete. Certamente, cabe nesse quadro os fiéis da recorrente tese malthusiana que se respaldam direta ou indiretamente na defesa da esterilização em massa, e também aos históricos autores de genocídios.

Se conhecemos o grau de intolerância em que as necessidades humanas e ambientais chegaram – ainda que, com todos os recursos tecnológicos disponíveis para soluções variadas, e irregularmente aplicados do ponto de vista sócio-ecônomico-ambiental -, percebemos que a situação requer decididamente uma atenção redobrada de políticas públicas efetivas, estratégias e ações integradas dos agentes econômicos e das atividades produtivas, cadeias e elos que se fortalecem ao contratarem entre si objetivos coletivos e funções específicas, partes de um todo, formando estruturas complexas tendencialmente estáveis.

Mas, sem esquecer da condição entrópica do sistema ou da enganosa e insistente demagogia do “desenvolvimento sustentável” estimulado por interesses capitalistas (mercado verde, mercado da água, mercado do lixo), em que o esforço de todos tem de pagar pelo erro permanente de grandes grupos empresariais oportunistas que enriquecem cada vez mais, com o caos das crises sistêmicas do capitalismo, com a indústria das armas e guerras, especuladores cruéis da fome e agora também da sede de imensa parcela da humanidade. Numa perspectiva ética da economia do meio ambiente, exigem-se responsabilidades científico-tecnológicas voltadas para um desenvolvimento sócio-econômico-ambiental melhor planejado, com uma visão sensível aos ecossistemas e biodiversidades. Em princípio, uma nova linguagem econômica que exprima seu caráter equânime no âmbito da produção, reprodução e distribuição da riqueza.

Para tal, a questão educacional quanto ao ensino de “como fazer ciência” é também um dos paradigmas de sempre, que tem sua significação para o coletivo, e parece essencial tratá-la de forma diferenciada. Nunca existiu em nenhum lugar do mundo sociedade que querendo crescer economicamente e se desenvolver, que não tenha atentado para a formação de seus quadros de cientistas, pesquisadores e profissionais da educação.

O potencial da combinação dos recursos naturais com o estado da arte tecnológico atuais devem ser considerados, não simplesmente com o diletantismo cínico próprio das “velhas” raposas da academia, acomodadas à quietude de suas salas, ou a inexperiência dos novos e curiosos estudantes da economia, mas fundamentalmente com o olhar cuidadoso de quem sabe o destino do consumismo entrópico ou do empreendedor destrutivo desinteressado com o amanhã; e, nem mesmo, como o dedicado estudioso que procura se atualizar com o mais recente artigo publicado pelos melhores centros de produção de conhecimento, embora recheado de positivismo reducionista em suas predileções por modelos sem qualquer ligação concreta com a história, reforçando a fé na “mão invisível” do livre mercado ou perseguindo o equilíbrio mesmo de curto prazo.

Absurdamente, ainda desfrutam um “passeio pelas curvas” das funções matemáticas da economia, numa completa inversão do real, ao acreditar que a determinação de um modelo signifique, por si, a manipulação concreta da própria realidade, ou pior, seja ela mesma, tratando-a como um simples jogo de números e estatísticas, mostrando o sorriso pretensioso do racionalismo econômico tradicional, afirmando-se como a única opção de resposta consistente.


[1] Segundo Simondon, é “connaitre l’individu à travers l’individuation plutôt que l’individuation à partir de l’individu”.  E nesse permanente processo de individuação, a relação entre o ser vivo e o meio ambiente é fundamental.  ”Relação” é uma palavra-chave chave do vocabulário de Simondon. Equilíbrio META-ESTÁVEL (métastable), um tipo de equilíbrio que não exclui o devir. Não há oposição entre ser e devir.  O devir é uma dimensão do ser, correspondendo a uma capacidade do ser de se defasar (déphaser) em relação a ele mesmo.  O ser pré-individual é mais que uma unidade, não se aplicando a ele as noções lógicas tradicionais de identidade e do terceiro excluído. O problema é que desde os gregos, conhecia-se apenas um tipo de equilíbrio, o estável, ao passo que agora, especialmente após a física quântica, podemos falar de equilíbrio META-ESTÁVEL.

quarta-feira, maio 12, 2010

pensar no nós

Instinto de cooperação
 - conversa com José Angelo Gaiarsa

O Eduardo Galeano diz [referindo-se à conferência do escritor uruguaio no FSM2]: é melhor pensar no nós que no eu. Tenho uma argumentação vital, que o mais fundamental dos instintos humanos é a cooperação e que a sociedade capitalista perverteu esse instinto com a noção de um falso individualismo.

Por que o capitalismo vai muito bem? Porque é baseado, em alto grau, na inveja coletiva, porque todos nós queremos ser capitalistas. Temos inveja de todos os que possuem dinheiro, todos gostariam de comprar muita coisa gostosa que a gente não tem.

Três argumentos

Vou passar rapidamente por três gigantescos argumentos para provar que o instinto de cooperação é muito maior que o de autodefesa, muito maior que o do sexo. Em primeiro lugar, alguns dos maiores biólogos contemporâneos defendem a idéia de que toda a vida é simbiótica.

Os organismos simples foram se juntando e criando organismos cada vez mais complexos. Bactérias foram se unindo, formaram protozoários e assim por diante... Nosso corpo é uma gigantesca colônia de sub-colônias.

O fígado, os rins, o cérebro, todos são colônias que rendem muito mais funcionando juntos. Uma forma espontânea de cooperação que se aplica aos vários níveis biológicos. Qualquer ecossistema é cooperativo, se você tira três elementos ele se desorganiza completamente.

Uma frase ficou muito marcada para mim, de dois "animantropólogos" - que estudam os homens dado o comportamento animal. Só a espécie humana faz trocas. "Me dá seu marreco porque você tem dois, que eu te dou dois peixes porque tenho três".

Os primeiros conquistadores da humanidade foram os pescadores, que iam pelo mundo trocando. A raiz civilizatória é muito mais comercial que guerreira, o que acho muito bonito. Trocas são a essência da economia.

O que é a economia de um país senão a soma de todas as trocas que acontecem a cada instante retratadas na bolsa de valores? A bolsa é uma feira instantânea, quantos caminhões de urânio por quantos navios de petróleo. A troca nos uniu completamente. Tudo o que você faz é para os outros, e tudo o que você tem foi feito pelos outros.

Quer prova mais absurda de que nós somos nós, e não eu? Imagine-me, coitado de mim, no meio da floresta amazônica, pelado. Não duro três dias.

Então veja como é profundo esse instinto de cooperação, que não é falado. Predomina a frase capitalista: "O homem é naturalmente egoísta", e a lei número um do capitalismo: "se dá lucro, está certo". "Olha, que sujeito sensacional, ficou rico!”.

segunda-feira, maio 10, 2010

"A Dança da Vida" no Clube de Autores


A poética da biodança  
Por: Afranio Campos

Cover_front_mediumOs efeitos da biodança em mim foram surpreendentes ao longo dos quatro primeiros meses de vivências como integrante do grupo regular Abraçando a Vida, assistido pelo competente facilitador de biodança, Jailson Santana. Participei da Maratona do Renascimento na Fazenda Campo Verde, realizada de 13/04/07 a 15/04/07, e logo nos dias seguintes comecei a notar algumas alterações em meu ser (corpo, mente, espírito), sobretudo no meu comportamento emocional e afetivo.  E por que não dizer em minha saúde integral? Quero deixar esse depoimento como alguém que passou a descobrir um novo caminho, o da reintegração da própria vida.
Acesse: 





sexta-feira, abril 30, 2010

Aquíferos da Bacia Potiguar

CE: Água em áreas da Chapada do Apodi está contaminada com agrotóxicos


Na Chapada do Apodi, a fruticultura é a produção principal


Os agrotóxicos identificados nas águas apresentam solubilidade de moderada a alta e mobilidade moderada quanto à capacidade de retenção no solo, significando que podem ser detectados em águas subterrâneas. A conclusão consta de uma análise feita pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) na Chapada do Apodi, região leste do Estado, onde se concentram as maiores áreas irrigadas com água subterrâneas do Ceará.

O estudo, financiado pelo Banco Mundial, constatou a presença de calcário na água que também é salobra, sendo, portanto, imprópria para o consumo humano. “Segundo a população local (os que vivem em sítios e distritos) o alto índice de calcário tem causado muitos problemas renais“, de acordo com o relatório. Reportagem de Rita Célia Faheina, em O Povo, CE.

O documento, batizado de Plano de Gestão Participativa dos Aquíferos da Bacia Potiguar (CE), foi concluído em outubro do ano passado pelos técnicos da Cogerh, mas foi apresentado há dois meses aos usuários da água na Chapada do Apodi, informa o diretor de planejamento do órgão, João Lúcio Farias de Oliveira.

Ele disse que foi criado um grupo gestor que fará o acompanhamento quantitativo e qualitativo da água na região, principalmente nos municípios cearenses de Limoeiro do Norte, Quixeré, Tabuleiro do Norte e Alto Santo. Foram instaladas 40 estações de monitoramento que dão informações de hora em hora.

João Lúcio reafirma que a água de lá é muito pesada, tem muito calcário e precisa ser acompanhada com relação aos agrotóxicos pulverizados na área de plantio. No relatório, é citada a preocupação dos moradores com relação ao meio ambiente “altamente impactado em função das queimadas, dos agrotóxicos e das caieiras que não são estruturadas“.

A população, por causa disso, constata o aumento do número de doenças provocadas pela poluição do ar como a tuberculose, alergias, micose, problemas respiratórios e até casos cancerígenos. Isso é o que consta no relatório da Cogerh.

Fiscalização


O diretor de planejamento do órgão diz que foi firmado um convênio com a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) para a fiscalização naquela área e para um trabalho de educação ambiental. Doze comunidades são envolvidas nesse trabalho. E, de dois em dois meses, serão apresentados os dados do monitoramento da água. Estão sendo feitas ainda reuniões com os produtores de fruticultura.


SAIBA MAIS

* A médica e professora do Departamento de Saúde Comunitária da Universidade Federal do Ceará (UFC), Raquel Rigotto, e uma equipe de pesquisadores realizam, desde 2007, um trabalho de acompanhamento do impacto dos agrotóxicos na saúde do trabalhador e dos consumidores de frutas no Ceará, com ênfase na Chapada do Apodi. O trabalho é patrocinado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e já constatou a contaminação da água por produtos químicos.

* No último dia 21, o ambientalista José Maria foi assassinado com 19 tiros. Ele vinha denunciando o uso de agrotóxicos na região que tem área destinadas ao plantio da fruticultura para exportação.

* Agrotóxicos são produtos e agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, usados na produção, armazenamento e beneficiamento dos produtos agrícolas e pastagens. É usado ainda em ambientes urbanos, hídricos e industriais para alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa dos seres vivos.

FONTE: EcoDebate, 30/04/2010

Água consumida no mundo


Infográfico O Globo


Os já limitados recursos hídricos dos países em desenvolvimento correm o risco de serem enxugados em grande parte por causa da produção de mercadorias que vão para o Ocidente.

A afirmação é de um estudo da associação britânica Royal Society of Engineers, segundo a qual dois terços do total da água utilizada para produzir alimentos e bebidas apenas para a Grã-Bretanha vêm de países que já sofrem com uma seca endêmica.

A reportagem é do jornal do Vaticano, L’Osservatore Romano, 21-04-2010. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Segundo o relatório, os países em desenvolvimento, estimulados pela demanda de mercadorias do Ocidente, estão utilizando grande parte dos seus recursos hídricos em produtos de exportação, correndo o risco assim de ficarem sem água.

O relatório apresenta uma lista de quanta água é necessária para a produção de alguns alimentos e bebidas, considerando as quantidades necessárias para a produção de todos os ingredientes: para um pint de cerveja (cerca de meio litro) gastam-se 74 litros de água, enquanto para uma xícara de café são necessários 140 litros.

Segundo as previsões do relatório, quando a população mundial superar os oito bilhões, isto é, em cerca de 20 anos com base nas previsões demográficas, a demanda geral de alimento e energia irá crescer 50% e a de água, 30%, o que poderia determinar uma crise hídrica mundial. A Royal Society of Engineers pede, portanto, que a comunidade internacional tome precauções imediatas.

Com relação aos recursos hídricos, além disso, a questão crucial é a da gestão e da proteção, certamente não a da quantidade. A humanidade não tem pouca água, mas não é garantido a grande parte da população do mundo o acesso à água limpa.

Justamente nestas semanas, foram divulgados os dados da descoberta de uma gigantesca reserva aquífera no subsolo da Amazônia, a maior do mundo, que poderia fornecer água potável a uma população 100 vezes maior que a população mundial.

No estudo realizado pelos pesquisadores da Universidade do Pará, afirma-se que o imenso depósito – 440.000 quilômetros quadrados com uma espessura média de 545 metros – contém 86.000 quilômetros cúbicos de água doce, uma quantidade superior ao volume do Mediterrâneo. O perigo é que, como já ocorreu com outras importantes reservas aquíferas subterrâneas, esta também possa ser comprometida pela poluição ou pela exploração desenfreada.

(Ecodebate, 30/04/2010) publicado pelo IHU On-line, parceiro estratégico do EcoDebate na socialização da informação.

[IHU On-line é publicado pelo Instituto Humanitas Unisinos - IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, em São Leopoldo, RS.]

quarta-feira, abril 28, 2010

meio ambiente e agronegócios

Avança o monopólio da terra para produção de agrocombustíveis

por Maria Luisa Mendonça

O monopólio da terra segue como tema central diante do avanço do capital sobre recursos estratégicos em todo o mundo. Nesse contexto, a produção de agocombustíveis cumpre o papel de justificar este processo, a pretexto de servir como suposta alternativa para a crise climática. Porém, quando falamos sobre mudanças climáticas, estamos realmente nos referindo a mudanças no uso do solo, com a expansão dos monocultivos, da mineração, das grandes barragens, e outros projetos de controle de recursos energéticos, que estão na raiz da crise climática.

No Brasil, os velhos usineiros, agora travestidos de empresários “modernos”, em conseqüência da propaganda sobre as supostas vantagens do etanol, intensificam suas campanhas internacionais para vender o produto. Recentemente, ganharam um reforço especial, com o anúncio do governo sobre acordos trabalhistas e de zoneamento ambiental. Porém, um breve relato sobre as atuais tendências do setor é suficiente para mostrar que estas são apenas medidas de fachada.

As características que historicamente marcaram a oligarquia rural no Brasil permanecem inalteradas. Ou seja, o monopólio da terra, a exploração do trabalho e de recursos naturais estratégicos. A principal mudança tem sido a presença crescente do capital internacional na indústria dos agrocombustíveis. Há alguns anos verifica-se um aumento do ritmo de aquisições no setor sucro-alcooleiro, com um crescimento na participação de empresas estrangeiras e um aumento na concentração do poder econômico de determinados grupos.

A participação de empresas estrangeiras na indústria da cana no Brasil cresceu de 1% em 2000 para 20% em 2010. Existem cerca de 450 usinas no Brasil, controladas por 160 empresas nacionais e estrangeiras. De acordo com estudo do grupo KPMG Corporate Finance, de 2000 a setembro de 2009, ocorreram 99 fusões e aquisições de usinas no Brasil. Entre estas, 45 negociações aconteceram no período de 2007 a 2009, sendo que em 22 casos ocorreu a compra de uma usina nacional por um grupo estrangeiro.

Em outubro de 2009, a empresa francesa Louis Dreyfus Commodities anunciou a compra de cinco usinas da Santelisa Vale, de Ribeirão Preto (SP). A fusão criou o grupo LDC-SEV Bioenergia, tornando-se o segundo maior produtor mundial de açúcar e etanol. O grupo pretende produzir 40 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por ano e tem participação acionária das famílias Biaggi e Junqueira, do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e do banco Goldman Sachs.

Uma nova característica da indústria do etanol, se comparada ao Pró-Alcool da década de 1970, é a aliança entre setores do agronegócio com empresas petroleiras, automotivas, de biotecnologia, mineração, infra-estrutura e fundos de investimento. Neste cenário, não existe nenhuma contradição destes setores com a oligarquia latifundista, que se beneficia da expansão do capital no campo e do abandono de um projeto de reforma agrária.

Em 2009, a empresa petroleira britânica British Petroleum (BP) anunciou que irá produzir etanol no Brasil, com um investimento de US$ 6 bilhões de dólares nos próximos dez anos. A BP irá atuar através da Tropical Bioenergia, em associação com o Grupo Maeda e a Santelisa Vale, em Goiás, que contam com uma área de 60 mil hectares para a produção de cana no estado.

Em julho de 2009, a Syngenta divulgou a aquisição de terras para produzir mudas de cana-de-açúcar na região de Itápolis (SP). O projeto inclui a produção de mudas transgênicas e pretende se expandir para outros estados, como Goiás, Minas Gerais, Paraná e Mato Grosso do Sul.

No início de 2010, ocorreram novas fusões. Em janeiro, a multinacional agrícola Bunge anunciou a compra de quatro usinas do Grupo Moema, incluindo a usina Itapagipe que tinha participação acionária de 43,75% da empresa norte-americana Cargill. Com a negociação, a Bunge passará a controlar 89% da produção de cana do Grupo Moema, estimada em 15,4 milhões de toneladas por ano.

Em fevereiro, foi anunciada a fusão da ETH Bioenergia, do grupo Odebrecht, com a Companhia Brasileira de Energia Renovável (Brenco), que pretende se tornar a maior empresa de etanol no Brasil, com capacidade para produzir três bilhões de litros por ano. Alguns dos acionistas da Brenco são Vinod Khosla (fundador da Sun Microsystems), James Wolfensohn (ex-presidente do Banco Mundial), Henri Philippe Reichstul (ex-presidente da Petrobrás), além da participação do BNDES. Já a Odebrecht tem sociedade com a empresa japonesa Sojitz. O novo grupo irá controlar cinco usinas: Alcídia (SP), Conquista do Pontal (SP), Rio Claro (GO), Eldorado (MS) e Santa Luzia (MS).

O conglomerado ainda participa da construção de um alcoolduto entre o Alto Taquari e o porto de Santos, e pretende instalar usinas na África. A empresa pretende captar R$ 3,5 bilhões até 2012, dos quais pelo menos 20% virão do BNDES, além de outros R$ 2 bilhões que o banco já investiu anteriormente na Brenco.

Nesta mesma linha, em fevereiro de 2010, a gigante petroleira holandesa Shell anunciou uma associação com a Cosan para a produção e distribuição de etanol, com o objetivo de produzir 4 bilhões de litros até 2014. Ao divulgar a operação, a nota da Shell afirmava que pretende criar “um rio de etanol, correndo desde as plantações no Brasil até a América do Norte e a Europa”. Apesar da repercussão internacional da prática de trabalho escravo na Cosan, a empresa segue como líder no setor.

Seguindo esta tendência, a Vale anunciou que pretende produzir diesel a partir do óleo de palma na região amazônica a partir de 2014, através de uma parceria com a empresa Biopalma da Amazônia S.A. A intenção é produzir 500 mil toneladas de óleo de palma por ano. Parte do combustível será utilizada nas locomotivas da estrada de ferro e nas minas de Carajás, no Pará.


A expansão do monocultivo de cana-de-açúcar

Em relação ao avanço territorial do monocultivo de cana, dados da CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento) mostram que, em 2006, eram 4,5 milhões de hectares e, em 2008, chegaram a 8,5 milhões de hectares. Na a safra de 2009 houve um aumento de 7,1% em relação a 2008. Esta expansão é estimulada por recursos públicos. Entre 2008 e 2009, estima-se que o setor sucroalcooleirotenharecebido mais de R$ 12 bilhões do BNDES. Esta verba é extraída, em grande medida, do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

Segundo a CONAB, 45,08% da safra foi destinada à produção de açúcar e 54,9% à produção de etanol, que resultou em 25,87 bilhões de litros do produto. A expansão da área plantada foi de 6,7%, ou cerca de 473 mil hectares. A maior expansão ocorreu na região do Cerrado, principalmente em Mato Grosso do Sul (38,80%) e Goiás (50,10%).

Dados do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Lapig), da Universidade Federal de Goiás, indicam que o ritmo atual de desmatamento do Cerrado poderá elevar de 39% para 47% o percentual devastado do bioma até 2050. A pesquisa demonstra ainda que a destruição do Cerrado coloca em risco a disponibilidade de recursos hídricos para o Pantanal e a Amazônia, pois estes biomas estão interligados.

Trabalho escravo

As usinas de cana se tornaram campeãs em trabalho escravo nos últimos anos. De acordo com dados da Campanha Nacional de Combate ao Trabalho Escravo da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em 2007, dos 5.974 trabalhadores resgatados da escravidão no campo brasileiro, 3.060, ou 51%, foram encontrados no monocultivo da cana de açúcar. Em 2008, dos 5.266 resgatados, 2.553, ou 48% dos trabalhadores mantidos escravos no país estavam em plantações de cana. De janeiro a junho de 2009, este número era de 951 trabalhadores, que representavam 52% do total.Ao final de 2009, o Ministério do Trabalho registrou a libertação de 1.911 trabalhadores nas usinas de cana nos estados de Goiás, Mato Grosso, Pernambuco, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Em 2009, o Ministério do Trabalho inclui grandes usinas na chamada “lista suja” do trabalho escravo. Uma delas foi a Brenco, que tem participação acionária de 20% do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Entre 2008 e 2009, o BNDES liberou R$ 1 bilhão para usinas da Brenco em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. Ao mesmo tempo, o Grupo Móvel expediu 107 autos de infração contra a empresa, que é presidida pelo ex-presidente da Petrobras Henri Philippe Reichstul. Apesar da prática de trabalho escravo, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, anunciou a continuidade do financiamento para a Brenco.

Em 31 de dezembro de 2009, foi a vez do grupo Cosan — a maior empresa do setor sucroalcooleiro do país, com produção anual de 60 milhões de toneladas de cana. Apesar da prática de trabalho escravo, a Cosan recebeu R$ 635,7 milhões do BNDES em junho de 2009, para a construção de uma usina de etanol em Goiás. O BNDES manteve o financiamento para a Cosan, mesmo após a evidência de trabalho escravo. A Cosan possui 23 usinas, controla os postos da Exxon (Esso do Brasil) e teve um faturamento de R$ 14 bilhões de reais em 2008.

Em outubro de 2009, o Grupo Móvel libertou 55 trabalhadores escravizados na Destilaria Araguaia (chamada anteriormente de Gameleira), no Mato Grosso. Segundo o auditor fiscal Leandro de Andrade Carvalho, que coordenou a operação, os trabalhadores estavam sem receber salário há três meses. Esta foi a terceira libertação realizada em oito anos na mesma usina. A Destilaria Araguaia pertence ao Grupo Eduardo Queiroz Monteiro (EQM) – um grande conglomerado econômico com sede em Pernambuco. O grupo controla outras usinas em Pernambuco, Tocantins e Maranhão, além de participar como acionista em veículos de comunicação como o jornal Folha de Pernambuco, a Rádio Folha de Pernambuco, Folha Digital de Pernambuco e Agência Nordeste.

Em junho de 2009, fiscais do Ministério do Trabalho e do Ministério Público detectaram irregularidades em usinas fiscalizadas na região de Ribeirão Preto, em São Paulo, entre elas a Bazan, Andrade, Central Energética Moreno Açúcar e Álcool, e Nardini Agroindustrial. As usinas não forneciam equipamento adequado (como luvas, sapatos e caneleiras) e foram constatadas irregularidades no pagamento da jornada de trabalho. Os trabalhadores declararam que cortam cerca de 20 toneladas de cana por dia. Os fiscais também registraram condições precárias de moradia, como superlotação, locais com risco de incêndio e falta de condições de higiene.

Ainda em 2009, o Ministério Público do Trabalho (MPT) conseguiu uma liminar que obriga a usina São Martinho, em Limeira (SP), a corrigir irregularidades trabalhistas. Durante fiscalizações nas safras de 2007 e 2008, o MPT constatou a falta de equipamentos de proteção, de segurança no trabalho, de cuidados médicos, de condições de higiene e de alimentação adequadas. A ação judicial inclui ainda a condenação da empresa ao pagamento de R$2 milhões aos trabalhadores por dano moral.

Desemprego e trabalho degradante

A expansão de monocultivos para a produção de agroenergia gera desemprego, pois causa a expulsão de camponeses de suas terras, impede que outros setores econômicos se desenvolvam e gera dependência dos trabalhadores a empregos precários e temporários.

José Alves é cortador de cana no interior de São Paulo e explica, “Esse serviço é muito ruim, a gente só vem porque precisa mesmo. Eu vim de Minas e lá não tem outro serviço. Mas a gente nunca sabe quanto vai receber, porque tem muito desconto do salário. Eu recebo uma média de $700 por mês, mas tudo é caro — aluguel, alimentação, e não sobra nada. A gente sabe que a usina rouba no pagamento, mas temos que ficar calados.

A expansão e a crescente mecanização do setor canavieiro têm gerado maior exploração da força de trabalho. A maioria dos trabalhadores não tem controle da pesagem de sua produção diária. “A gente nunca sabe quanto vai ganhar e o pagamento vem com muitos descontos. A usina rouba no peso ou na qualidade da cana cortada. Por exemplo, uma cana que vale $5 reais a tonelada, eles pagam só $3 reais. É assim que a usina engana os trabalhadores”, denuncia D.S., cortador de cana em Engenheiro Coelho, SP.[1]

Outro trabalhador da região, Jacir Pereira, confirma a denúncia: “A gente ganha pouco e o salário não confere com o que a gente corta, nem com o acordo coletivo. O acordo diz que o preço da tonelada é $5,85, mas a usina paga só $3,87. Eu tenho que cortar 18 toneladas de cana por dia, trabalhando de segunda a sábado. Só de aluguel eu pago $700,00 e não sobra quase nada”.

As mulheres, apesar de discriminadas pelas usinas, também se arriscam no trabalho pesado, como conta a trabalhadora Odete Mendes, “Eu corto dez toneladas de cana por dia e ganho $190 reais por semana. Só de aluguel, eu gasto $270 por mês. Eu vim do Paraná, mas não quero ficar mais aqui. A gente vive num quarto muito pequeno, tem que dormir no chão. Eu já quebrei o braço e nem agüento mais pegar no facão. Sinto falta de ar, às vezes parece que vou morrer”.

Os movimentos repetitivos no corte da cana causam tendinites e problemas de coluna, descolamento de articulações e câimbras, provocadas por perda excessiva
de potássio. Carlita da Costa, presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Cosmópolis, conta que “Quando começa a safra, você vai na roça e vê o pessoal todo com o pulso enfaixado, porque abre o pulso e eles não conseguem movimentar a mão, não agüentam a dor. O pessoal tem muita tosse, muita dor de cabeça, muita câimbra”.

Os ferimentos e mutilações causados por cortes de facão são freqüentes. Porém, raramente as empresas reconhecem estes casos como acidentes de trabalho. Muitos trabalhadores doentes ou mutilados, apesar de impedidos de trabalhar, não conseguem aposentadoria por invalidez. “Já quebrei o braço duas vezes. Quando alguém passa mal durante o trabalho, não recebe atendimento. Outro dia um companheiro feriu o olho e a enfermeira da usina não quis atender. Querem o nosso serviço, mas não temos assistência médica quando alguém se machuca”, diz J.S., trabalhador da usina Ester em São Paulo.

Como forma de evitar que os trabalhadores morram de exaustão, as usinas passaram a distribuir estimulantes com sais minerais, após a divulgação de dezenas de casos de morte nos canaviais. “Um dos trabalhadores que cortava mais cana na usina Ester era o Luquinha, conhecido como “podão de ouro”. Em pouco tempo, ele ficou doente, sentia dores em todo o corpo, não conseguia comer nem andar. Morreu aos 34 anos. O sistema do pagamento por produção é que causa a morte dos trabalhadores”, explica Carlita da Costa, presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Cosmópolis, SP.

“É comum ouvir tosse e gritos nos canaviais. Temos que inalar os agrotóxicos e a cinza da cana queimada o dia todo. Uma vez eu caí no monte de cana e senti um gosto de sangue na boca. Percebi que o corte da cana estava me matando”, completa Carlita.

Migração

Em São Paulo (maior produtor do País), a maioria dos trabalhadores no corte da cana é formada por migrantes. O desemprego causado pelo modelo agrícola baseado no monocultivo e no latifúndio aumenta o contingente de trabalhadores que se submetem a trabalhar em lugares distantes de sua origem, em condições degradantes. Estes trabalhadores são aliciados por “gatos” ou “turmeiros”, que realizam o transporte e fazem a intermediação das contratações com as usinas.

A história do trabalhadorE. S.ilustra a situação dos migrantes, “Tenho 27 anos e vim da Paraíba, porque lá não tem trabalho. Tem muito nordestino aqui. A gente ganha uns $20 reais por dia, mas o custo de vida é muito alto. A usina baixa o preço da cana e não temos controle”.

Ana Célia tem uma história parecida, “Tenho 24 anos e vim de Pernambuco. A usina rouba no peso da cana. A gente corta 60 quilos e recebemos somente por 50 quilos. Tenho problema na coluna, sinto dor no corpo todo. Já emagreci nove quilos nessa safra. Meu marido cortava cana, mas foi afastado porque ficou doente. Quero ir embora”.

A trabalhadora Edite Rodrigues resume a situação no corte da cana. “Tenho 31 anos e vim de Minas Gerais. Tenho três filhos e preciso trabalhar, mas a gente não vê a hora de ir embora. Quando termina o dia, o corpo está todo quebrado, sinto câimbra e ânsia de vômito. Mas no outro dia, começa tudo de novo. A cinza da cana ataca o pulmão e não sara nunca. A terra fica seca com o sol quente e vem aquele pó. Às vezes só ganho $50 reais por semana porque a usina engana a gente.”

Carlita da Costa conclui que, “Vai continuar morrendo gente, o roubo vai continuar até o dia que acabar o trabalho por produção. Esse método de pagamento mata os trabalhadores”.

Luta camponesa

Apesar de ocupar apenas um quarto da área, o Censo mais recente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) constatou que a agricultura camponesa responde por 38% do valor da produção (ou R$ 54,4 bilhões). Em relação à geração de empregos, de cada dez trabalhadores no campo, sete estão na agricultura camponesa, que emprega 15,3 pessoas por 100 hectares. No caso da agricultura extensiva, em cada 100 hectares são gerados apenas dois empregos.

Segundo análise de Frei Sergio Gorgen, dirigente do Movimento de Pequenos Agricultores (MPA), “No Plano Safra 2009/2010 foram destinados R$ 93 bilhões para o agronegócio e R$15 bilhões para a agricultura camponesa, sendo que 1 hectare da agricultura camponesa teve, em média, uma renda de R$ 677,00, enquanto que 1 hectare do agronegócio teve, em média, uma renda de apenas R$ 368,00. Daquilo que vai para a mesa dos brasileiros, 70% é produzido pelos pequenos agricultores”.

Além de receber subsídios de forma desproporcional, o latifúndio se beneficia com outras formas de privilégio, como a Medida Provisória que legaliza a grilagem de terras na Amazônia, a “flexibilização” da legislação ambiental e trabalhista, a continuidade da prática de trabalho escravo, entre outras. O monopólio da terra impede que outros setores econômicos se desenvolvam, gerando desemprego, estimulando a migração e a submissão de trabalhadores a condições degradantes. Este cenário significa que a resistência dos camponeses é estratégica, já que se encontram no centro da disputa por recursos estratégicos, com o avanço do capital no meio rural.

Maria Luisa Mendonça é jornalista e coordenadora da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos.

Revista Caros Amigos / Minga Informativa

[1] Estas entrevistas foram realizadas em setembro de 2009. Alguns nomes de trabalhadores foram substituídos por suas iniciais, para evitar retaliação por parte das usinas. A autora agradece o Sindicato de Trabalhadores Rurais de Cosmópolis, ao Movimento Sem Terra e a Comissão Pastoral da Terra pelo apoio a pesquisa.

Artigo socializado pela ALAI, América Latina en Movimiento e publicado pelo EcoDebate, 28/04/2010

quinta-feira, abril 22, 2010

olhar juntos

O que faz um casal?
por Contardo Calligaris

Para existir, um par precisa inventar e compartilhar uma longa aventura.

AS HISTÓRIAS protagonizadas por um casal (sejam elas literárias, cinematográficas, teatrais ou televisivas) podem ser divididas em duas categorias. Há as histórias ditas "de amor", de "Cinderela" a "Romeu e Julieta". Na maioria dessas histórias, trata-se do primeiro encontro dos amantes e das dificuldades nas quais eles esbarram para se juntar. As coisas podem acabar mal ("Romeu e Julieta"), mas, quando acabam bem, a narração termina na hora em que os amantes começariam a "viver felizes para sempre" ("Cinderela"). Ou seja, quando o amor deveria ser o tema principal, o que é narrado são os transtornos iniciais (com mais ou menos meleca sentimental) ou, às vezes, o trágico desfecho. A prática cotidiana do amor é, em geral, apenas objeto de farsas e comédias: risível. A segunda categoria é a das histórias em que um casal vive uma aventura que, aparentemente, não tem nada a ver com seu amor: procuram juntos desvendar um crime, assaltar um banco, roubar um quadro, ganhar uma guerra ou encontrar o Santo Graal. Ao longo dessas façanhas, eles se amam e têm ou não o tempo de se beijar e de transar (nos filmes, esse efeito colateral nos vale cinco minutos de rins, umbigos, pernas e lábios, que não têm nada a ver com a ação e permitem dar um pulo no saguão do cinema para renovar a pipoca). Ora, para mim, os verdadeiros filmes de amor são esses, os da segunda categoria, os filmes "de aventura". Por quê? A maioria desses filmes parece afastada de nossa experiência cotidiana. Com ou sem minha companheira, é raro que eu assalte bancos, roube quadros ou solva enigmas policiais. Mas essas proezas valem como exemplos de um "fazer juntos", que, na prática do amor, é um ideal mais útil do que os meandros dos primeiros encontros, propostos pelos "filmes de amor". Ou seja, os filmes de amor me dizem que, do amor, vale a pena ser narrado apenas o momento do apaixonamento (supõe-se, imagino, que, depois disso, aos poucos, a coisa vire uma lástima). Os filmes de aventura me dizem que existe a possibilidade de uma experiência comum, de uma aventura dos dois (que, claro, não precisa ser tão mirabolante quanto o que acontece na tela). Em suma, concordo com a citação proverbial de Antoine de Saint-Exupéry (o autor de "O Pequeno Príncipe"): "Amar não significa se olhar um ao outro, mas olhar juntos na mesma direção" (se me lembro direito, a frase está em "Terra dos Homens", livro de memórias e reflexões que acaba de ser publicado em português pela Nova Fronteira). Fica a pergunta: o que é "olhar juntos na mesma direção"? Na falta de fortalezas para expugnar, fazer o quê? A forma clássica de olhar juntos na mesma direção é criar filhos. Isso não significa que um casal deva agüentar um inferno conjugal para que pai e mãe fiquem com seus rebentos até eles crescerem. Significa apenas que a tarefa comum de criar os filhos é uma prática possível do amor. Já foi a mais comum, aliás. Num artigo publicado no caderno Mais!, da Folha de domingo passado, Gianni Vattimo nota que a reprodução sexual implica, de uma maneira ou de outra, a vontade de manter e reproduzir o mesmo. O homem do antigo regime previa que seus filhos teriam seu mesmo status num mundo que se manteria igual; nós, homens modernos, sonhamos que nossos filhos nos ultrapassem, mas dentro de um quadro que tendemos a reproduzir (muitos desejam um filho médico, mas poucos gostariam que esse médico fosse Che Guevara). Talvez por essa razão, criar filhos deixe de ser, hoje, a experiência comum dominante na qual prospera o amor de um casal. Há traços da subjetividade moderna que exigem dos casais outras escolhas: a sede de renovação constante (reproduzir e se reproduzir não é mais suficiente para preencher nossa vida) e, sobretudo, a vontade de capitalizar experiência por conta própria (sonhar, por procuração, com a experiência futura dos filhos não nos basta mais). Essa é, portanto, a dificuldade: fora criar filhos, o que é, hoje, para um casal, "olhar na mesma direção"? Alguns praticam o amor lendo poesia em voz alta, outros estudam juntos, outros exercem a mesma profissão ou adotam ambos uma nova religião, outros ainda se dedicam a práticas sexuais "diferentes". Tanto faz. O que importa é que, para existir, um casal precisa inventar e compartilhar uma (longa) aventura.

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