domingo, maio 23, 2010

técnica e valores (I)

Ecoética e conhecimento a partir de uma postura hermenêutica*
*(resumo do capítulo, do livro Correntes da Ética Ambiental de M. L. Pelizzoli).

Questões iniciais

Este capítulo tem cinco partes: análise do prisma de conhecimento e de “constituição de mundo” da chamada “visão cartesiana”, associada ao progresso e o que isso implica; analisa brevemente os limites da alternativa “holística” que vem sendo proposta e os riscos do espiritualismo; entra propriamente na perspectiva hermenêutica, aplicada ao modo como concebemos e nos relacionamos com a natureza; remetida a proposições a partir do Gadamer, as quais podem ser frutíferas para a (eco)ética; pensa na aplicação desta perspectiva histórica na Educação.
Sempre com um olhar hermenêutico, podemos começar a perguntar: em que implica a hegemonia do paradigma epistemológico da ciência moderna[1] – como vimos antes em sua cosmovisão cartesiano-baconiana-galileana da Revolução Científica – no seu sentido reducionista, aplicada às metodologias das várias disciplinas e perpassando a ênfase (axiomas, princípios, bases...) do saber em geral? (...) O que eles tem a ver hoje com a crise socioambiental?  Como começar a viabilizar a partir daí um trabalho em nível teórico-conceitual que contorne as impossibilidades geradas na visão dos paradigmas antiecológicos? Como gerar novos valores e ethos?

O paradigma “cartesiano objetificador”

É desde este prisma, relativo ao estatuto do saber técnico-científico moderno, que se centram investigações filosóficas, epistemológicas e críticas de tonalidade hermenêutica referentes aos procedimentos antiecológicos na civilização tecnoindustrial. Torna-se infrutífero repensar o saber, a ética e a Educação (socioambiental) sem revisitar os fundamentos do pensamento científico moderno e a motivação de seus modos de conhecimento, inatacáveis anteriormente. Tais parâmetros mostram toda sua força cultural no fato mesmo de que só diante das contradições reais – corrida bélica, envenenamento de ambientes, poluição visível, destruição irreversível de habitats naturais etc. – tais formas mentais começaram a ser investigadas, mesmo que com um instrumental precário.
Fazendo uma “arqueologia” das posturas antiecológicas se encontra o que já apontamos como “atitude objetificadora do ambiente”, espelhada na supremacia da razão instrumental, ou como pensamento unilateral do hegemônico (império do Mesmo sobre o Outro). Tal forma de inteligência, tal com a ave fênix renascente, reposiciona sempre de novo a racionalidade ocidental como dominação – diante da natureza e em relação ao Criador; torna-se um princípio absoluto, recriador de uma segunda natureza, cada vez mais tecnológico-artificial. O grande salto desta empossamento de homem como senhor da natureza e reprodutor de seus organismos – em escalas mecânico-tecnológicas – pode ser acompanhado nos frutos do cartesianismo epistemológico e da Revolução Científica, ponto crucial da lógica e da práxis reorganizadora e reapropriadora nas Ciências Naturais, e então da tecnologia, e assim da produção e economia, até chegar aos estilos de vida e consumo.
Nesta virada tem papel central o estabelecimento de padrões de apreensão da Natureza não mais qualitativos mas quantitativos; a linguagem matemática e as relações numéricas reordenam a visão de mundo (a natureza este escrita em linguagem matemática – Galileu). Este torna-se um modelo concebido por uma “lógica que pressupõe a redução de todos os fenômenos naturais a relações matemáticas”, a passar pela decomposição analítica investigadora e recriadora. O que se configura, bem demonstrado a partir da hermenêutica, é um instrumental de interferência na ordem autônoma da natureza de base reducionista e mecanicista, o qual proporcionará uma relação objetificante e não mais “viva” com o real. Onde estão agora, perguntava R. D. Lang, as cores, cheiros, sabores, intuições, tradições, sensibilidades, o “mundo da vida”? Como reafirma Mauro Grun, seguindo H. H. Flickinger, a reprodução desta trajetória que vai do orgânico ao mecânico, ao nível da teoria do conhecimento, representa a perda do ‘orgânico’ enquanto objeto de conhecimento. A consequência disto é que o conceito de vida é expulso da ciência. O paradigma mecanicista é incapaz de dar conta da vida enquanto processualidade[2].
       A epistemologia moderna não questionou a dicotomia ciência versus sabedoria. A “Nova Ciência” abala as propriedades “subjetivas”, estéticas, espirituais. O conhecimento será objetivo na medida em que domina e controla mais a natureza e mais se afasta do primitivo e selvagem. A Ciência e a própria Educação institucionalizada instrumentalizam um “antropocentrismo” instrumentalizante e um ethos antiecológico.
           Então, a chave de abordagem do real na base da linearidade causa-efeito e sujeito-objeto reducionista, dicotômica e mecanicista, chocou-se necessariamente com a base biológica e ecológica das culturas anteriores; ela “resolveu” terminantemente a complexidade e os mistérios da dinâmica do natural pela via da simplicidade da simbologia matemática quantificadora e da mecânica conjugada com a  experimentação científica. O reducionismo pressupõe que a “matéria é a base de toda a existência, e o mundo material é visto como uma profusão de objetos separados, montados numa gigantesca máquina”[3]. Por fim, a razão cartesiana “pressupõe a divisibilidade infinita do objeto. A indivisibilidade do espírito é a divisibilidade do objeto. É impossível opor duas autonomias. Se a razão é autônoma, a natureza não pode sê-lo[4]. E grave é quando as Ciências Humanas beberam desta fonte.
            É só neste século que se começa a perceber realmente que as verdades deste modelo são aproximações até restritivas do real (vide as novas complexidades trazidas pela Física quântica, ou pela abordagem ambiental) e excluem toda uma gama de fatores subjetivos, interconexões não-explícitas, contextos, e a concepção de uma natureza própria como tal em sua dinâmica viva. O novo paradigma que desponta pode ser chamado de dialógico, visando a recuperar a noção de interação efetiva (observador/observado, vivo/não-vivo, Eu/Outro) com o que se chama de “real”, e com o “ambiente”; sua força ainda é menor que a do cartesianismo/reducionismo, do status quo, mas a visão de ambiente ecológico, das inter-relações e da (auto)produtividade da vida como criação contínua cresce a cada dia.
            Neste sentido, por um lado, ainda estamos nas mãos da Ciência e da tecnologia, as quais precisam reincorporar o caráter humano dos valores, o nível ético, estético e a problemática social. Como afirma Hoesle, “a crise do mundo contemporâneo está ligada ao fato de que a racionalidade científica, que ficou autônoma, se julga a própria razão e considera qualquer outra forma de racionalidade como uma forma deficiente do conhecimento do tipo das ciências naturais”. E, adiantando já um tema central aqui, apontamos: “A dissolução dos valores pela absolutização da racionalidade contemporânea é certamente uma das causas da crise ecológica, que, entrementes, ameaça não só a natureza exterior do homem, mas também a própria natureza interior do homem, e que tem, assim, causas espirituais profundamente enraizadas”[5]. Se acirrarmos a situação é possível que, como diz Bornheim, a “técnica se torne até mesmo numinosa: ela pode salvar, mas representa o perigo [...] esconde em seu bojo o perigo da destruição. De certo modo, é ela que passa a dominar e a decidir, revelando nisto uma margem de irracionalidade surpreendente, que a aproxima do incontrolável”[6].
           Entrementes, não se trata de colocar todo o peso da questão no procedimento científico, mas antes trabalhar a dicotomização entre técnica e valores na própria prática e organização civil – educacional, ética, institucional. Por conseguinte, no entrecruzamento das duas instâncias não se pode passar ao largo do modelo que se conjuga material e economicamente em tal processo, espraiando-se em todos os níveis da sociedade, que é a forma capitalista neoliberal da Economia centralizadora e a permanência do seu status quo[7]. (continua)



[1] A palavra epistemologia tem uma importância fundamental, na medida em que as críticas em jogo vão à raiz dos processos de conhecimento que servem de base para a ciência e que se passam para as sociedades; pergunta-se pelo sentido do conhecimento, no que ele implica, ao que leva; igualmente, favorece a reflexão ética implícita no Saber.
[2] Continuando, “segundo Galileu, os cientistas deveriam se restringir aos corpos materiais – formas, quantidades e movimento. A consequência disto é a perda da sensibilidade estética, dos valores e da ética” (Grun, p. 27).
[3] Capra (1982), p. 44.
[4] Grun, p. 32, grifo meu.
[5] Hoesle, p. 589s. In: Stein & De Boni (orgs.), grifo meu.
[6] Bornheim, p. 167. In: Stein & De Boni (orgs.).
[7] Cf. aqui o nosso capítulo sobre o ecossocialismo.

quinta-feira, maio 20, 2010

por que não a China? (II)

O FUTURO DA HISTÓRIA HUMANA COMO UMA CIÊNCIA*
*resumo desse capítulo, do livro de Jared Diamond “Armas, Germes e Aço”, pp. 404-427.

(continuação)
Agora, compare esses acontecimentos na China com o que ocorreu quando as frotas de exploração começaram a sair da Europa politicamente fragmentada. Cristóvão Colombo, um italiano de nascimento, transferiu sua lealdade para o duque de Anjou, na França, depois para o rei de Portugal. Quando este recusou seu pedido de embarcações para explorar o oeste, Colombo voltou-se para o duque de Medina-Sedonia, que também recusou, depois para o conde de Medina-Celi, que fez o mesmo, e, finalmente, para o rei e a rainha de Espanha, que negaram seu primeiro pedido, mas acabaram cedendo a seu novo apelo. Se a Europa estivesse unificada sob qualquer um dos três primeiros governantes, sua colonização das Américas poderia ter sido natimorta.
De fato, justamente porque a Europa era fragmentada, Colombo teve êxito em sua quinta tentativa de persuadir um das centenas de príncipes europeus a patrociná-lo. Depois que a Espanha iniciou assim a colonização européia da América, outros Estados europeus viram a riqueza fluindo para a Espanha, e outros seis passaram a participar da colonização da América. A história se repetiu com o canhão da Europa, a iluminação elétrica, a imprensa, as armas de fogo pequenas e outras incontáveis inovações: cada uma, no início, era rejeitada ou combatida em algumas partes da Europa por razões idiossincráticas, mas depois que era adotada em uma área, acabava se difundindo pelo resto da Europa.
Essas consequências da desunião da Europa formam um acentuado contraste com as consequências da unidade da China. De vez em quando a corte chinesa decidia interromper outras atividades além da navegação ultramarina: ela abandonou o desenvolvimento de uma sofisticada máquina de fiar movida a água, retrocedeu à beira de uma revolução industrial no século XIV, destruiu ou praticamente aboliu os relógios mecânicos depois de ser líder mundial na fabricação de relógios e retirou-se da indústria de dispositivos mecânicos e da tecnologia em geral depois do fim do século XV. Esses efeitos potencialmente prejudiciais da unidade foram desencadeados novamente na China moderna, durante a loucura da Revolução Cultural nas décadas de 1960 e 1970, quando uma decisão de um ou de alguns líderes fechou todas as escolas no país inteiro durante cinco anos.
A freqüente unidade da China e a eterna desunião da Europa têm uma longa história. As regiões mais produtivas da China moderna uniram-se politicamente pela primeira vez em 221 a.C. e assim permaneceram a maior parte do tempo desde então. A China só teve um sistema de escrita desde os primórdios da alfabetização do mundo, uma única língua dominante por muito tempo e uma unidade cultural significativa durante dois mil anos. Por outro lado, a Europa nunca chegou nem perto de uma unificação política: ela ainda estava dividida em mil pequenos Estados independentes no século XIV, 500 em 1500, caiu para um mínimo de 25 Estados na década de 1980, e está agora com quase 40 no momento em que escrevo esta frase. A Europa ainda tem 45 línguas, cada uma com seu próprio alfabeto modificado, e uma diversidade cultural ainda maior. As divergências que continuam a frustrar até tentativas modestas de unificação européia pela Comunidade Econômica Européia (CEE) são sintomas do arraigado compromisso da Europa com a desunião.
Consequentemente, a verdadeira dificuldade para se compreender por que a China perdeu a primazia política e tecnológica para a Europa é entender a unidade crônica da China e a desunião crônica da Europa. A resposta é sugerida novamente pelos mapas. A Europa tem um litoral muito recortado, com cinco grandes penínsulas que são quase ilhas em seu isolamento, todas as quais desenvolveram línguas, grupos étnicos e governos independentes: Grécia, Itália, Ibéria, Dinamarca e Noruega/Suécia. O litoral da China é muito mais homogêneo, e só a península coreana próxima atingiu importância isolada. A Europa tem duas ilhas (a Inglaterra e a Irlanda) suficientemente grandes para afirmarem sua independência política e manter suas próprias línguas e etnicidades, e uma delas (a Inglaterra) bastante grande e fechada para se tornar uma importante potência independente. As duas ilhas maiores da China, Taiwan e Hainan, têm cada uma menos da metade da área da Irlanda; nenhuma das duas era independente e importante até Taiwan se destacar nas últimas décadas; e o isolamento geográfico do Japão o manteve, até recentemente, muito mais isolado politicamente do continente asiático do que a Inglaterra do continente europeu. A Europa é dividida em unidades lingüísticas, étnicas e políticas independentes por altas montanhas (Alpes, Pirineus, Cárpatos e as montanhas da fronteira norueguesa), ao passo que as montanhas da China a leste do planalto tibetano são barreiras muito menos assustadoras.  A área central da China é limitada de leste a oeste por dois extensos sistemas fluviais navegáveis em vales aluviais ricos (os rios Yang-Tsé e Amarelo), e é unida de norte a sul por conexões relativamente fáceis entre essas duas redes fluviais (finalmente ligadas por canais). Em consequência, a China foi dominada muito cedo por duas imensas áreas geográficas centrais de alta produtividade, apenas vagamente separadas uma da outra e, que acabaram fundidas em um único núcleo. Os dois maiores rios da Europa, o Reno e o Danúbio, são menores e ligam uma pequena parte da Europa. Ao contrário da China, a Europa tem muitos núcleos pequenos espalhados, nenhum suficientemente grande pra dominar os demais, e cada um é o centro de Estados cronicamente independentes.
Quando a China foi finalmente unificada, em 221 a.C., nenhum outro Estado independente teve oportunidade de surgir e persistir por muito tempo na China. Embora períodos de desunião tenham ocorrido várias vezes após esta data, eles sempre acabavam em reunificação. Mas a unificação da Europa resistiu aos esforços de conquistadores determinados com Carlos Magno, Napoleão e Hitler; nem mesmo o império romano em seu auge conseguiu controlar mais que metade da área da Europa.
Assim, a ligação geográfica e a existência de barreiras internas apenas modestas deram à China uma vantagem inicial. China setentrional, China meridional, o litoral e o interior contribuíram com culturas agrícolas, criações de gado, tecnologias e características culturais diferentes para a China unificada. Por exemplo, o cultivo do milhete, a tecnologia do bronze e a escrita surgiram na China setentrional, enquanto o plantio do arroz e a tecnologia do ferro fundido apareceram na China meridional. Em grande parte deste livro, enfatizei a difusão da tecnologia que ocorre na ausência de grandes barreiras. Mas a conectividade da China acabou se tornando uma desvantagem, porque uma decisão tomada por um déspota podia, e repentinamente conseguiu, deter a inovação. Já a balcanização geográfica da Europa resultou em muitos pequenos Estados independentes e rivais, e centros de inovação. Se um Estado não tratasse de descobrir uma determinada inovação, outro o faria, obrigando os Estados vizinhos a fazer o mesmo, do contrário seriam conquistados ou deixados para trás no aspecto econômico. As barreiras da Europa eram suficientes pra evitar a unificação política, mas insuficientes para deter a expansão de tecnologia e idéias. Nunca houve um déspota que pudesse fechar a torneira para toda a Europa, como aconteceu na China.
Essas comparações sugerem que a conexão geográfica provocou efeitos positivos e negativos na evolução tecnológica. (...). Naturalmente, outros fatores contribuíram para que a história tivesse rumos diversos em partes diferentes da Eurásia. (...) Fatores ambientais incluem também a localização geográfica intermediária do Crescente Fértil, controlando as rotas de comércio que uniam a China e a Índia à Europa, e a localização mais distante da China em relação a outras civilizações avançadas da Eurásia, fazendo a China praticamente uma ilha gigantesca dentro de um continente. O isolamento relativo da China é especialmente importante para sua adoção das tecnologias, e depois para a rejeição delas, que tanto lembram a rejeição na Tasmânia e em outras ilhas (Capítulos 13 e 15). Mas essa breve discussão pode, pelo menos, mostrar a importância dos fatores ambientais para os padrões da história de menor escala e de prazo mais curto, assim como para seu padrão mais geral.
As histórias do Crescente Fértil e da China também oferecem uma lição saudável para o mundo moderno: as circunstâncias mudam, e a primazia passada não é garantia de primazia futura. Alguém pode se perguntar se o raciocínio geográfico usado ao longo deste livro acabou se tornando totalmente irrelevante no mundo moderno, agora que as idéias se difundem imediatamente para todos os lugares pela Internet e as cargas são habitualmente despachadas de avião da noite para o dia entre os continentes. Pode parecer que as regras completamente novas se apliquem à competição entre os povos do mundo, e que, por isso novas potências estejam emergindo, com Taiwan, Coréia, Malásia e, especialmente o Japão.
Refletindo, nós vemos, entretanto, que as regras supostamente novas são apenas variações das antigas. Sim, o transistor, inventado na Bell Labs, no leste dos Estados Unidos, em 1947, saltou quase 12 mil quilômetros para iniciar a indústria eletrônica no Japão, mas não deu um salto menor para fundar novas indústrias no Zaire ou no Paraguai. As nações que surgem com novas potências ainda são aquelas que estavam incorporadas, milhares de anos atrás, aos velhos centros de domínio baseados na produção de alimentos, ou que foram repovoadas por povos desses centros. Ao contrário do Zaire ou do Paraguai, o Japão e outras novas potências conseguiram explorar o transistor rapidamente porque suas populações já tinham uma longa história de alfabetização, maquinaria de metal e governo centralizado. Os dois centros de produção de alimentos mais antigos do mundo, o Crescente Fértil e a China, ainda dominam o mundo moderno, ou por meio de seus Estados sucessores imediatos (a China moderna), ou por meio de Estados situados em regiões vizinhas influenciados por esses dois centros (Japão, Coréia, Malásia e Europa), ou por Estados repovoados ou governados por emigrantes deles (Estados Unidos, Austrália, Brasil). As perspectivas de domínio mundial dos africanos subsaarianos, aborígines australianos e ameríndios permaneceram obscuras. A mão do curso da história em 8000 a.C. recai pesadamente sobre nós.

quarta-feira, maio 19, 2010

por que não a China? (I)

O FUTURO DA HISTÓRIA HUMANA COMO UMA CIÊNCIA*
*resumo desse capítulo, do livro de Jared Diamond “Armas, Germes e Aço”, pp. 404-427.

Naturalmente, os continentes diferem em inúmeras características ambientais que afetam as trajetórias das sociedades humanas. Mas uma simples relação de todas as diferenças possíveis não constitui uma resposta à pergunta de Yali.[1] Apenas quatro conjuntos de diferenças me parecem ser os mais importantes.
O primeiro conjunto consiste nas diferenças continentais entre as espécies selvagens de plantas e animais disponíveis como material inicial para a domesticação. Isto porque a produção de alimentos era decisiva para acumular excedentes de alimentos que poderiam alimentar os especialistas não-produtores de alimentos, e para a formação de grandes populações que desfrutam de uma vantagem militar apenas pela quantidade, antes mesmo de elas terem desenvolvido qualquer vantagem tecnológica ou política. Por essas duas razões, todos os avanços de sociedades politicamente centralizadas, economicamente complexas, socialmente estratificadas, além do nível de pequenas tribos centralizadas emergentes, estavam baseados na produção de alimentos.
(...)
Em cada continente, a domesticação de animais e plantas concentrou-se em alguns locais especialmente favoráveis, que correspondem a uma pequena fração da área total do continente. Também, no caso das inovações tecnológicas e das instituições políticas, a maioria das sociedades adquire muito mais de outras sociedades do que as inventa. Assim, a difusão e a migração dentro de um continente contribuem de modo essencial para o desenvolvimento de suas sociedades, que, a longo prazo, tendem a compartilhar seus avanços (até onde os ambientes permitem) por causa dos processos exemplificados de modo simples pelas Guerras do Mosquete dos maoris na Nova Zelândia. Ou seja, as sociedades que no início não tem uma vantagem, ou a adquirem das sociedades que a têm ou (se não conseguirem adquiri-la) são substituídas por essas outras sociedades.
(...)
(...), a seguinte pergunta já deve ter ocorrido aos leitores: porque havia sociedades européias dentro da Eurásia, em vez das sociedades do Crescente Fértil, da China ou da Índia, aquelas que colonizaram a América e a Austrália, eram líderes em tecnologia e passaram a ter um predomínio político e econômico no mundo moderno? Um historiador que tivesse vivido em qualquer período entre 8500 a.C. e 1450, e que tivesse tentado prever as futuras trajetórias históricas, teria seguramente considerado o predomínio europeu como o resultado menos provável, pois a Europa era a mais atrasada dessas três regiões do Velho Mundo durante grande parte desses dez mil anos. De 8500 a.C. até a ascensão da Grécia, e em seguida a da Itália depois de 500 a.C., quase todas as principais inovações na Eurásia ocidental – a domesticação de animais, a domesticação de plantas, a escrita, a metalurgia, a roda, a formação do Estado etc. – surgiram no Crescente Fértil ou perto dele.
Até a proliferação dos moinhos movidos a água depois do ano 900, a Europa, a oeste ou ao norte dos Alpes, não deu nenhuma contribuição importante para a tecnologia ou a civilização do Velho Mundo. A Europa era, em vez disto, uma receptora dos progressos do mediterrâneo oriental, do Crescente Fértil e da China. Mesmo no período de 1000 a 1450, o fluxo predominante de ciência e tecnologia era para a Europa, a partir das sociedades islâmicas que se estendiam da Índia ao norte da África, e não ao contrário. Durante esses mesmos séculos, a China liderou o mundo em termos de tecnologia, depois de ter iniciado a produção de alimentos quase ao mesmo tempo que o Crescente Fértil.
Por que, então, o Crescente Fértil e a China acabaram perdendo a grande liderança de milhares de anos para a Europa retardatária? Naturalmente, é possível apontar fatores imediatos por trás da ascensão da Europa: o desenvolvimento de uma classe mercantil, o capitalismo e a patente para proteger as invenções, o fracasso em impor déspotas absolutos e uma taxação esmagadora, e sua tradição greco-judaica-cristã de investigação empírica crítica. Mas para todas essas causas imediatas deve-se levantar a questão da causa final: por que esses fatores imediatos surgiram na Europa, e não na China ou no Crescente Fértil?
Para o Crescente Fértil, a resposta é clara. Depois que perdeu a vantagem que obtivera graças à concentração disponível na região de plantas e animais selvagens domesticáveis, o Crescente Fértil não tinha nenhuma outra instigante vantagem geográfica. O desaparecimento dessa vantagem inicial pode ser rastreado em detalhes, como a mudança de impérios poderosos para oeste. Depois da ascensão dos estados do Crescente Fértil no quarto milênio antes de Cristo, o centro do poder permaneceu inicialmente no Crescente Fértil, alternando-se entre impérios como os da Babilônia, os hititas, a Assíria e a Pérsia. Com a conquista pela Grécia de todas as sociedades avançadas, do leste da Grécia à Índia, sob o comando de Alexandre o Grande, no fim do século IV a.C., o poder fez finalmente sua primeira mudança irrevogável para o oeste. Depois ele seguiu mais para oeste com a conquista romana da Grécia no século II a.C., e depois da queda do império romano, o poder deslocou-se de novo, para a Europa ocidental e setentrional.
O principal fator por trás dessas mudanças fica óbvio quando se compara o Crescente Fértil moderno com suas descrições antigas. Hoje, as expressões “Crescente Fértil” e “líder mundial em produção de alimentos” são absurdas. Grandes áreas do antigo Crescente Fértil são agora desérticas, semidesérticas, estepes, solos muito erodidos ou salinizados, impróprios para a agricultura. A atual riqueza efêmera de alguns países da região, baseada num único recurso não-renovável - petróleo -, oculta a pobreza fundamental que vem de longa data.
Em tempos antigos, no entanto, grande parte do Crescente Fértil e da região mediterrânea oriental, incluindo a Grécia, era coberta por florestas. A transformação da região, de um bosque fértil em arbustos carcomidos ou desertos foi esclarecida por paleobotânicos e arqueólogos. Suas florestas foram derrubadas para a agricultura, ou cortadas para a obtenção de madeira para construção, ou queimadas como lenha. Por causa de baixa pluviosidade e, consequentemente, baixa produtividade primária (proporcional à chuva), a recuperação da vegetação não conseguia acompanhar o ritmo de sua destruição, principalmente pela presença de muitas cabras pastando. Sem as árvores e a cobertura de grama, sobreveio a erosão e os vales encheram-se de lodo, enquanto a agricultura de irrigação no ambiente de baixa pluviosidade favorecia a salinização. Esses processos, que começaram na era neolítica, continuaram nos tempos modernos. Por exemplo, as últimas florestas perto da antiga capital nabatéia de Petra, na moderna Jordânia, foram derrubadas pelos turcos otomanos durante a construção da ferrovia de Hejaz, pouco antes da Primeira Guerra Mundial.
O Crescente Fértil e as sociedades mediterrâneos ocidentais tiveram, portanto, o azar de nascer em um ambiente ecologicamente frágil. Cometeram um suicídio ecológico destruindo sua própria base de recursos. O poder deslocava-se para o oeste à medida que cada sociedade mediterrânea oriental, por sua vez, enfraquecia, a começar pelas mais antigas, no leste (o Crescente Fértil). A Europa setentrional e ocidental foi poupada deste destino, não porque seus habitantes foram mais sábios, mas porque eles tiveram a sorte de viver em um ambiente mais resistente, com mais chuva, em que a vegetação volta a crescer depressa. Grande parte da Europa setentrional e ocidental ainda pode sustentar sua agricultura intensiva hoje, sete mil anos depois da chegada da produção de alimentos. De fato, a Europa recebeu as culturas agrícolas, as criações de gado, tecnologia e os sistemas de escrita do Crescente Fértil, que aos poucos foi deixando de ser um centro importante de poder e inovação.
Foi assim que o Crescente Fértil perdeu sua grande liderança inicial em relação à Europa. Porque a China também perdeu a liderança? Seu atraso, a princípio, é surpreendente, porque este país desfrutava de vantagens inegáveis: o surgimento da produção de alimentos quase ao mesmo tempo que no Crescente Fértil; uma diversidade ecológica de norte a sul e da costa às altas montanhas do planalto tibetano, dando origem a um conjunto variado de culturas agrícolas, animais e tecnologia; uma extensão grande e produtiva, alimentando a maior população humana regional do mundo; e um ambiente menos seco ou ecologicamente menos frágil que o do Crescente Fértil, permitindo que a China ainda sustente uma produtiva agricultura intensiva depois de quase dez mil anos. Mas seus problemas ambientais estão aumentando hoje e são mais graves que os da Europa ocidental.
Todas essas vantagens tornaram a China medieval capaz de liderar o mundo em tecnologia. A longa lista de seus primeiros inventos tecnológicos importantes inclui o ferro fundido, a bússola, a pólvora, o papel e a imprensa, e muitos outros já citados. Ela também liderou o mundo em poder político, navegação e controle dos mares. No início do século XV, enviou frotas valiosas, formadas de centenas de embarcações de até 400 pés (cerca de 120 metros) com até 28 mil tripulantes no total, pelo oceano Índico até a costa da África, décadas antes de três frágeis caravelas de Colombo cruzarem o estreito oceano Atlântico para a costa leste das Américas. Por que os barcos chineses não seguiram para o oeste, dando a volta no cabo ao sul da África e colonizando a Europa, antes de Vasco da Gama e suas três frágeis caravelas contornarem o Cabo da Boa Esperança para o leste e iniciassem a colonização européia da Ásia oriental? Por que os barcos chineses não cruzaram o Pacífico para colonizar a costa ocidental das Américas? Em resumo, por que a China perdeu sua liderança tecnológica para a tão atrasada Europa?
O fim das tropas valiosas da China nos dá uma pista. Sete dessas frotas saíram da China entre 1405 e 1433. Elas foram depois paralisadas por causa de uma típica aberração da política local, que poderia ocorrer em qualquer lugar do mundo: uma luta pelo poder entre duas facções na corte chinesa (os eunucos e seus adversários). Enviar e capitanear frotas era a marca da primeira facção. Por isso, quando a segunda facção venceu a luta pelo poder, deixou de enviar as frotas, acabou por desmantelar os estaleiros e proibiu o tráfego de embarcações transoceânicas. O episódio lembra a legislação que sufocou o desenvolvimento da iluminação elétrica pública em Londres na década de 1880, o isolacionismo dos Estados Unidos entre a Primeira e a Segunda Guerras, e muitos retrocessos em muitos países, todos motivados por questões políticas locais. Mas na China havia uma diferença, porque a região inteira estava politicamente unificada. Uma decisão parou as frotas em toda a China. Essa decisão temporária tornou-se irreversível, porque não sobrou um estaleiro para construir barcos que provassem a loucura daquela decisão temporária, e para servir como argumento para a construção de outros estaleiros. (continua)


[1] Pergunta feita por Yali, notável político local da Nova Guiné, em julho de 1972, a Jared Diamond, com sua curiosidade insaciável de quem só estudara até a escola secundária. Na nova Guiné, todos os bens (objetos – machados de aço, fósforos, remédios, roupas, bebidas e guarda-chuvas) trazidos pelos colonizadores brancos - que chegaram e impuseram um governo central - eram conhecidos pelo coletivo de “cargo”. Com um olhar penetrante lançado, Yali indagou: “Por que vocês, brancos, produziram tanto ‘cargo’ e trouxeram tudo a Nova Guiné, mas nós, (...), produzimos tão pouco ‘cargo’?” (DIAMOND, 1997, pp.13-15).

terça-feira, maio 18, 2010

primeira piada

MILAGRES APARECE

Um jovem casal havia comprado um apartamento e recém acabado de mudar. Ainda sem conhecer bem seus vizinhos, eles costumavam após o almoço do sábado fazer aquele amorzão, e na hora dos prazer e orgasmos da esposa, o maridão costumava falar propositadamente o seu belo nome porto-riquenho: MILAGRES, MILAGRES!!! Um show, invariavelmente em alto e bom som.

Eles só não sabiam que seus vizinhos do apartamento logo abaixo, eram um tanto religiosos, e realizavam cultos reunindo-se com outros irmãos. Claro que isso terminava em arroubos fervorosos, numa cantoria bastante animada, que geralmente dava numa catarse coletiva e gritos de aleluias ao som de um piano que ecoava por todo os andares próximos.

Num belo sábado enquanto o jovem casal estava naquele love, naquela empolgação gostosa, o maridão começou a chamar o nome da esposa, um tanto alto e, assim sem perceber, passaram a formar nada menos que um coro uníssono, quase afinado, com o coral do culto religioso que acontecia logo abaixo, disso então se ouvia:

MILAGRES, MILAGRES... - O marido gritava.
A esposa gostosamente soltava – SIM, SIM...
E no culto logo abaixo ouvia-se – ALELUIA, ALELUIA.

Nesse embalo harmonioso alguns dos religiosos ficaram curiosos pelo fervor dos vizinhos acima. Ao ouvirem os gritos do recém casal e achando aquilo muito em sintonia, um ato de verdadeira fé, então, resolveram fazer uma rápida visita. Subiram inesperadamente, todos juntos, de Bíblia na mão. Como em uma romaria uns seguiram pelo elevador, outros pelas escadas, e ao chegarem no andar pararam em frente ao apartamento do jovem casal tocando a campainha; fez-se silêncio, todos aguardavam, mas ninguém respondia a chamada. Então insistiram batendo na porta, num toc, toc, toc mais insistente. De repente a porta se abre e, o jovem marido aparece de camiseta suada deparando-se com aquela gente toda, uma “tropa enfatiotada”, séria, parecendo mensageiros chegados de uma travessia do Egito para nova Canaã. Olhando o grupo sem nada entender, perguntou-lhes então... O que desejam? O representante do grupo se pronuncia, com certa polidez, logo revelando o porque da inusitada aparição, e solicitam ao jovem marido e sua família para reunirem-se numa confraternização religiosa.

O jovem marido então com alguma cerimônia, embora ainda numa excitação aparente, chama da porta a sua esposa para apresentá-la ao inquieto povo de Deus. Então ela subitamente aparece, sem saber da situação presente na sala, e diante da porta ajeitando o babydoll fino, quase transparente, que inutilmente pretendia cobrir os fartos seios morenos, isso combinando com a minúscula calcinha tipo fio dental, que obviamente bem pequenininha só enfeitava seu corpo perfeito, robusto, sensual e de rico cofrinho. Ela estanca.

O marido meio tonto ainda quis lhe advertir da presença do grupo, mas já era tarde. Ele sem jeito, tenta remediar o clima geral provocado pela entrada da mulher, estonteantemente sensual. E assim quase cantando seu nome, fala silabicamente: MIII-LAAA-GREEEES!!! Ela com certo ar maroto nos olhos sorri, e com muita espontaneidade lhe responde: SIM, SIM!!!

sexta-feira, maio 14, 2010

sistema mundo

Europa entra numa era de austeridade
Victor Mallet, Financial Times, de Madri
14/05/2010

Em meio a brados de indignação e expressões de descrença, uma nova era de austeridade chegou à Europa.
Enquanto os governos da zona do euro impõem cortes numa escala sem paralelo em décadas, a Grécia, considerada epicentro da crise, já foi palco de manifestações violentas e greves gerais. Agora há crescente temor de que essas manifestações de ira pública se tornem mais generalizadas.
Sindicatos espanhóis ameaçavam ontem com greves e protestos em todo o país. O choque é palpável nos países que passaram da pobreza à prosperidade nas décadas de crescimento quase ininterrupto após a Segunda Guerra e sempre gozaram dos benefícios materiais da adesão à União Europeia (UE).
"Duas coisas são difíceis de acreditar: posso ser demitido e terei de trabalhar até 65 anos para me aposentar", disse Yannis Adamopoulos, vigia numa estatal grega. Outro grego, Fotis Magriotis, engenheiro civil autônomo, pôs sua picape à venda. Está difícil encontrar trabalho e os impostos sobre a gasolina dobraram. "Não há alternativa a um enxugamento ", diz ele.
Tais declarações inspiram humor sarcástico na metade setentrional da Europa, onde insegurança no emprego, aposentadoria aos 65 anos, carros pequenos e gasolina cara não são incomuns.
Em última instância, foram os mercados financeiros, e não os austeros alemães, os "donos da bola" na zona euro, que expuseram a vulnerabilidade de Grécia, Espanha e Portugal e desencadearam o pacote de socorro de € 750 bilhões acertado do domingo passado.
O plano de socorro veio sob condicionantes da UE, do Fundo Monetário Internacional (FMI) e dos EUA: após a farra de gastos fiscais nos dois anos que se seguiram à crise financeira de 2008 e que tornaram a vida mais fácil durante a recessão, os governos serão obrigados a cortar seus déficits, e cortá-los duramente.
Pela primeira vez desde que a ajuda da UE começou a afluir livremente, na década de 80, os gregos sofrerão uma queda significativa nos padrões de vida. A economia grega deverá encolher 4% neste ano e outros 2,6% em 2011.
A nova realidade imposta pelo governo socialista grego - corte de 12% no salário dos funcionários públicos, redução na aposentadoria e o espectro de demissões no setor público - atordoou os servidores no inchado setor estatal.
Um ajuste similar, mas menos severo, está sendo imposto pelo governo socialista espanhol. O primeiro-ministro, José Luis Rodríguez Zapatero, irritou nesta semana seus antigos aliados no movimento sindical ao recuar de suas promessas e cortar em 5% a remuneração do funcionalismo público a partir de junho, como parte de um esforço para conter o déficit.
Economistas ortodoxos e oponentes conservadores de Zapatero dizem que o governo e o povo espanhol custaram a perceber a importância de um setor privado dinâmico para custear o Estado de bem-estar social. "Os espanhóis querem pensar como cubanos e viver como ianques", diz Lorenzo Bernaldo de Quirós, economista e consultor de empresas.
No norte, os alemães mantiveram sua reputação de trabalhadores diligentes, prudentemente conscientes do eterno dilema serviços versus impostos. Muitos eleitores no pleito realizado no Estado de Renânia do Norte-Vestefália no domingo passado disseram preferir pagar mais impostos do que ver o fechamento da piscina ou jardim de infância locais.
"Os alemães são muito mais favoráveis à estabilidade e austeridade, e não a gastos deficitários", diz Jürgen Falter, professor de ciência política na Universidade de Mainz. "Isso faz parte da memória coletiva, que remonta à hiperinflação que destruiu a poupança de seus avós na década de 20".
A divisão norte-sul, no entanto, não é tão gritante quanto parece.
A França tem regiões no norte e no sul da Europa e poderá ser palco de protestos contra o congelamento, por três anos, dos gastos do governo. Irlanda e Reino Unido, no noroeste da Europa, estão entre os países mais perdulários da Europa, onde bolhas no mercado imobiliário e no setor de serviços financeiros incharam insustentavelmente nos anos frenéticos anteriores ao colapso do Lehman Brothers.
Em Dublin, pelo menos, os duros cortes anunciados para por em ordem as finanças públicas estão começando a se fazer sentir. Pertinho dos edíficios públicos, o sapateiro John Myley reclama que muitos de seus clientes estão com dificuldades para pagar. "Todo mundo está tentando manter as aparências. Mas, neste momento, posso lhe garantir, tenho 14 pares de sapatos "pendurados", de pessoas que não podem pagar até que recebam [o salário] no final do mês".
O governo britânico anterior e o novo propuseram amplos cortes nos gastos públicos, mas a questão não foi muito discutida na campanha eleitoral e os detalhes permanecem em segredo. Não há meios de saber, ainda, até que ponto o Reino Unido aceitará bem seu destino. Porém, mesmo pequenos cortes de 500 milhões de libras nas verbas destinadas a universidades, neste ano, provocaram protesto.
E os europeus meridionais não são, necessariamente, tão perdulários como sugerem alguns.
Os italianos sentem que seu cinto vem sendo apertado já há algum tempo, embora a palavra austeridade não tenha entrado no vocabulário político italiano, pois o primeiro-ministro Silvio Berlusconi gosta de manter o clima de otimismo. Nos últimos cinco anos, governos tanto de centro-esquerda como de centro-direita mantiveram os gastos sob controle relativamente severo, mantendo o déficit fiscal dentro de limites administráveis em relação ao PIB.
Em Portugal, a população economicamente conservadora está reagindo às duras medidas de austeridade economizando, buscando honrar o financiamento imobiliário e defendendo seu emprego.
Tal como em recessões anteriores, quando milhares de pessoas trabalharam durante meses sem remuneração, o país optou por aguentar o tranco, em vez de revoltar-se. A poupança doméstica está crescendo, e o nível de inadimplência nos financiamentos habitacionais continua baixo.
No entanto, após uma década de baixo crescimento econômico na zona euro, os portugueses estão prevendo mais quatro anos de aperto de cintos. A frustração é crescente.
O mesmo vale para a maior parte da Europa ocidental. Cada país da zona do euro está tomando as medidas que deve ou pode implementar - da repressão à evasão fiscal na Espanha e na Grécia à redução das deduções por número de dependentes na Irlanda e o controle dos gastos públicos em quase todos os países - para atingir a meta de 3% do PIB para o déficit orçamentário nos próximos três ou quatro anos.
O risco é de que uma Europa acuada pelas forças de mercado tenha agido tarde demais e que essas grandes doses de austeridade asfixiarão os primeiros sinais de renovado crescimento econômico, agravando assim os problemas orçamentários futuros, a uma recaída recessiva.

matriz energética em mudança

A ‘corrida do ouro’ da energia renovável

por José Eustáquio Diniz Alves


 [EcoDebate] A chamada Terceira Revolução Industrial ou Revolução Pós-industrial ou Revolução Científica e Tecnológica já começou. Três marcos fundamentais são: 1) as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC); 2) A biotecnologia e o genoma; e 3) A nanotecnologia.
Contudo, não haverá Revolução de fato sem a mudança da matriz energética do mundo. A energia fóssil, além de ser poluidora e grande responsável pelo aquecimento global, é finita e tem os seus dias (ou décadas) contados para esgotamento das reservas. O pico da produção do petróleo e gás está chegando ao seu limite máximo, enquanto a demanda por eletricidade deve continuar a crescer na medida em que cresce a população mundial e os países emergentes assumem um papel cada vez mais ativo na produção global.
O recente desastre provocado pela explosão de uma plataforma de petróleo da British Petroleum (BP) no dia 21 de abril de 2010, no Golfo do México, tem provocado prejuízos ambientais incalculáveis, enquanto a mancha de petróleo se espalha pelo oceano e atinge o litoral dos estados de Lousiana, Alabama, Flórida e Mississipi, nos EUA. Talvez este desastre sirva, também, de alerta para a exploração do óleo do pré-sal brasileiro.
A Segunda Revolução Industrial foi marcada por uma economia do alto carbono e da alta poluição. Somente com Revolução Científica e Tecnológica será possível superar a era da poluição do petróleo e caminhar para uma economia do baixo carbono.Assim, as novas necessidades da sociedade Pós-industrial, a subida do preço do petróleo em 2008, os crescentes danos ambientais e o agravamento das mudanças climáticas desencadearam uma “corrida do ouro” pela energia renovável.
Segundo o projeto “Energia limpa 2030” da Google.org, o custo para adotar uma matriz energética verde nos Estados Unidos até 2030 é de cerca de US$ 3,86 trilhões. Para o resto do mundo, pode-se multiplicar este custo por pelo menos 5 vezes, ou seja, cerca de US$ 20 trilhões. O que não é muito, considerando que o PIB mundial está, atualmente, em torno de 60 trilhões de dólares.
Porém, os investimentos necessários para incrementar a energia renovável do mundo terão um enorme efeito multiplicador sobre as economias nacionais, possibilitando a geração de empregos verdes e a melhoria da qualidade de vida humana e ambiental. Os países que saírem na frente desta “corrida do ouro” terão ganhos adicionais, não só em termos ambientais, mas também econômicos e em termos de competitividade internacional.
Segundo o Programa de Meio Ambiente da ONU (Unep, na sigla em inglês), o investimento mundial em energia renovável (chamado de “corrida do ouro verde”), aumentou cerca de 60 por cento, em 2007. O investimento em energia solar cresceu 254%. O investimento em energia limpa, de fontes como vento, sol e biocombustíveis cresceu no ano passado três vezes mais rápido do que o previsto pelo Unep. Por outro lado, uma subida no preço do petróleo, levará a um aumento nos investimentos em energia renovável e limpa.
Na corrida entre os países, a China ultrapassou os Estados Unidos, em 2009, e se tornou o maior investidor em tecnologia de energias renováveis, segundo a BBC. Os pesquisadores do instituto americano Pew calculam que a China investiu US$ 34 bilhões em energia limpa, em 2009, quase o dobro do investimento realizado nos Estados Unidos. A China está não só investindo na mudança da sua matriz energética – que é uma das mais poluidoras do Planeta – mas também criando uma industria de equipamentos de energia verde que vai transformar o país no maior exportador do mundo nesta área e líder da Revolução Científica e Tecnológica.
O Brasil, graças aos investimentos em biocombustíveis, ficou em quinto lugar na lista entre os países do G20, tendo investido aproximadamente R$ 13,2 bilhões, atrás de China, EUA, Grã-Bretanha e Espanha. Porém, o Brasil tem problemas ecológicos com seu programa de biocombustíveis e tem investido pouco quando se trata de energia eólica e, principalmente, energia solar concentrada e fotovoltaica.
O fato é que a “corrida do ouro” da energia renovável já começou e o país que quiser garantir qualidade de vida para sua população, respeitando o meio ambiente, terá participar desta maratona que pode garantir bem-estar geral e contribuir para salvar o Planeta.


José Eustáquio Diniz Alves, articulista do EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE. E-mail: jed_alves{at}yahoo.com.br

Fonte: EcoDebate, 14/05/2010

quinta-feira, maio 13, 2010

variável ambiental na Economia

O impacto da internalização da variável ambiental no paradigma reducionista da Economia tradicional

Afranio Campos*

A variável ambiental possui uma forte complexidade, e até arriscaria dizer que possui uma característica (métastable) de meta-estabilidade[1]. Suponho que a natureza da variável ambiental seja invariavelmente de pura expansão, o que a torna “implosiva” para qualquer modelo econômico matemático ou econométrico conhecido, pois se trata de uma variável multidimensional, isto é, envolve n-elementos nela mesma. Esse caráter dinâmico lhes confere uma razoável, ou melhor, uma considerável importância na configuração de um sistema complexo, econômico e com n-inputs: recursos naturais, capital e trabalho (intelectual, laboral), sobretudo, se se pretende analisar, planejar, acompanhar, prospectar, regular, através da formulação de determinada função de produção que contemple as exigências de condições da sustentabilidade econômica e do equilíbrio temporário inerente a sua instabilidade natural.

Uma concepção ricardiana de rendimentos decrescentes do emprego dos recursos materiais e do trabalho humano, ao meu ver, se tornou caduca, mas com serventia, tanto para os cooptados pelo status quo, tornados gerentes do Estado Democrático burguês, quanto aos vencidos pelo cansaço aceitando os benefícios pecuniários da tecno-burocracia, recompensa que o bom combate da praxis não promete. Certamente, cabe nesse quadro os fiéis da recorrente tese malthusiana que se respaldam direta ou indiretamente na defesa da esterilização em massa, e também aos históricos autores de genocídios.

Se conhecemos o grau de intolerância em que as necessidades humanas e ambientais chegaram – ainda que, com todos os recursos tecnológicos disponíveis para soluções variadas, e irregularmente aplicados do ponto de vista sócio-ecônomico-ambiental -, percebemos que a situação requer decididamente uma atenção redobrada de políticas públicas efetivas, estratégias e ações integradas dos agentes econômicos e das atividades produtivas, cadeias e elos que se fortalecem ao contratarem entre si objetivos coletivos e funções específicas, partes de um todo, formando estruturas complexas tendencialmente estáveis.

Mas, sem esquecer da condição entrópica do sistema ou da enganosa e insistente demagogia do “desenvolvimento sustentável” estimulado por interesses capitalistas (mercado verde, mercado da água, mercado do lixo), em que o esforço de todos tem de pagar pelo erro permanente de grandes grupos empresariais oportunistas que enriquecem cada vez mais, com o caos das crises sistêmicas do capitalismo, com a indústria das armas e guerras, especuladores cruéis da fome e agora também da sede de imensa parcela da humanidade. Numa perspectiva ética da economia do meio ambiente, exigem-se responsabilidades científico-tecnológicas voltadas para um desenvolvimento sócio-econômico-ambiental melhor planejado, com uma visão sensível aos ecossistemas e biodiversidades. Em princípio, uma nova linguagem econômica que exprima seu caráter equânime no âmbito da produção, reprodução e distribuição da riqueza.

Para tal, a questão educacional quanto ao ensino de “como fazer ciência” é também um dos paradigmas de sempre, que tem sua significação para o coletivo, e parece essencial tratá-la de forma diferenciada. Nunca existiu em nenhum lugar do mundo sociedade que querendo crescer economicamente e se desenvolver, que não tenha atentado para a formação de seus quadros de cientistas, pesquisadores e profissionais da educação.

O potencial da combinação dos recursos naturais com o estado da arte tecnológico atuais devem ser considerados, não simplesmente com o diletantismo cínico próprio das “velhas” raposas da academia, acomodadas à quietude de suas salas, ou a inexperiência dos novos e curiosos estudantes da economia, mas fundamentalmente com o olhar cuidadoso de quem sabe o destino do consumismo entrópico ou do empreendedor destrutivo desinteressado com o amanhã; e, nem mesmo, como o dedicado estudioso que procura se atualizar com o mais recente artigo publicado pelos melhores centros de produção de conhecimento, embora recheado de positivismo reducionista em suas predileções por modelos sem qualquer ligação concreta com a história, reforçando a fé na “mão invisível” do livre mercado ou perseguindo o equilíbrio mesmo de curto prazo.

Absurdamente, ainda desfrutam um “passeio pelas curvas” das funções matemáticas da economia, numa completa inversão do real, ao acreditar que a determinação de um modelo signifique, por si, a manipulação concreta da própria realidade, ou pior, seja ela mesma, tratando-a como um simples jogo de números e estatísticas, mostrando o sorriso pretensioso do racionalismo econômico tradicional, afirmando-se como a única opção de resposta consistente.


[1] Segundo Simondon, é “connaitre l’individu à travers l’individuation plutôt que l’individuation à partir de l’individu”.  E nesse permanente processo de individuação, a relação entre o ser vivo e o meio ambiente é fundamental.  ”Relação” é uma palavra-chave chave do vocabulário de Simondon. Equilíbrio META-ESTÁVEL (métastable), um tipo de equilíbrio que não exclui o devir. Não há oposição entre ser e devir.  O devir é uma dimensão do ser, correspondendo a uma capacidade do ser de se defasar (déphaser) em relação a ele mesmo.  O ser pré-individual é mais que uma unidade, não se aplicando a ele as noções lógicas tradicionais de identidade e do terceiro excluído. O problema é que desde os gregos, conhecia-se apenas um tipo de equilíbrio, o estável, ao passo que agora, especialmente após a física quântica, podemos falar de equilíbrio META-ESTÁVEL.

quarta-feira, maio 12, 2010

pensar no nós

Instinto de cooperação
 - conversa com José Angelo Gaiarsa

O Eduardo Galeano diz [referindo-se à conferência do escritor uruguaio no FSM2]: é melhor pensar no nós que no eu. Tenho uma argumentação vital, que o mais fundamental dos instintos humanos é a cooperação e que a sociedade capitalista perverteu esse instinto com a noção de um falso individualismo.

Por que o capitalismo vai muito bem? Porque é baseado, em alto grau, na inveja coletiva, porque todos nós queremos ser capitalistas. Temos inveja de todos os que possuem dinheiro, todos gostariam de comprar muita coisa gostosa que a gente não tem.

Três argumentos

Vou passar rapidamente por três gigantescos argumentos para provar que o instinto de cooperação é muito maior que o de autodefesa, muito maior que o do sexo. Em primeiro lugar, alguns dos maiores biólogos contemporâneos defendem a idéia de que toda a vida é simbiótica.

Os organismos simples foram se juntando e criando organismos cada vez mais complexos. Bactérias foram se unindo, formaram protozoários e assim por diante... Nosso corpo é uma gigantesca colônia de sub-colônias.

O fígado, os rins, o cérebro, todos são colônias que rendem muito mais funcionando juntos. Uma forma espontânea de cooperação que se aplica aos vários níveis biológicos. Qualquer ecossistema é cooperativo, se você tira três elementos ele se desorganiza completamente.

Uma frase ficou muito marcada para mim, de dois "animantropólogos" - que estudam os homens dado o comportamento animal. Só a espécie humana faz trocas. "Me dá seu marreco porque você tem dois, que eu te dou dois peixes porque tenho três".

Os primeiros conquistadores da humanidade foram os pescadores, que iam pelo mundo trocando. A raiz civilizatória é muito mais comercial que guerreira, o que acho muito bonito. Trocas são a essência da economia.

O que é a economia de um país senão a soma de todas as trocas que acontecem a cada instante retratadas na bolsa de valores? A bolsa é uma feira instantânea, quantos caminhões de urânio por quantos navios de petróleo. A troca nos uniu completamente. Tudo o que você faz é para os outros, e tudo o que você tem foi feito pelos outros.

Quer prova mais absurda de que nós somos nós, e não eu? Imagine-me, coitado de mim, no meio da floresta amazônica, pelado. Não duro três dias.

Então veja como é profundo esse instinto de cooperação, que não é falado. Predomina a frase capitalista: "O homem é naturalmente egoísta", e a lei número um do capitalismo: "se dá lucro, está certo". "Olha, que sujeito sensacional, ficou rico!”.

segunda-feira, maio 10, 2010

"A Dança da Vida" no Clube de Autores


A poética da biodança  
Por: Afranio Campos

Cover_front_mediumOs efeitos da biodança em mim foram surpreendentes ao longo dos quatro primeiros meses de vivências como integrante do grupo regular Abraçando a Vida, assistido pelo competente facilitador de biodança, Jailson Santana. Participei da Maratona do Renascimento na Fazenda Campo Verde, realizada de 13/04/07 a 15/04/07, e logo nos dias seguintes comecei a notar algumas alterações em meu ser (corpo, mente, espírito), sobretudo no meu comportamento emocional e afetivo.  E por que não dizer em minha saúde integral? Quero deixar esse depoimento como alguém que passou a descobrir um novo caminho, o da reintegração da própria vida.
Acesse: 





na tela ou dvd

  • 12 Horas até o Amanhecer
  • 1408
  • 1922
  • 21 Gramas
  • 30 Minutos ou Menos
  • 8 Minutos
  • A Árvore da Vida
  • A Bússola de Ouro
  • A Chave Mestra
  • A Cura
  • A Endemoniada
  • A Espada e o Dragão
  • A Fita Branca
  • A Força de Um Sorriso
  • A Grande Ilusão
  • A Idade da Reflexão
  • A Ilha do Medo
  • A Intérprete
  • A Invenção de Hugo Cabret
  • A Janela Secreta
  • A Lista
  • A Lista de Schindler
  • A Livraria
  • A Loucura do Rei George
  • A Partida
  • A Pele
  • A Pele do Desejo
  • A Poeira do Tempo
  • A Praia
  • A Prostituta e a Baleia
  • A Prova
  • A Rainha
  • A Razão de Meu Afeto
  • A Ressaca
  • A Revelação
  • A Sombra e a Escuridão
  • A Suprema Felicidade
  • A Tempestade
  • A Trilha
  • A Troca
  • A Última Ceia
  • A Vantagem de Ser Invisível
  • A Vida de Gale
  • A Vida dos Outros
  • A Vida em uma Noite
  • A Vida Que Segue
  • Adaptation
  • Africa dos Meus Sonhos
  • Ágora
  • Alice Não Mora Mais Aqui
  • Amarcord
  • Amargo Pesadelo
  • Amigas com Dinheiro
  • Amor e outras drogas
  • Amores Possíveis
  • Ano Bissexto
  • Antes do Anoitecer
  • Antes que o Diabo Saiba que Voce está Morto
  • Apenas uma vez
  • Apocalipto
  • Arkansas
  • As Horas
  • As Idades de Lulu
  • As Invasões Bárbaras
  • Às Segundas ao Sol
  • Assassinato em Gosford Park
  • Ausência de Malícia
  • Australia
  • Avatar
  • Babel
  • Bastardos Inglórios
  • Battlestar Galactica
  • Bird Box
  • Biutiful
  • Bom Dia Vietnan
  • Boneco de Neve
  • Brasil Despedaçado
  • Budapeste
  • Butch Cassidy and the Sundance Kid
  • Caçada Final
  • Caçador de Recompensa
  • Cão de Briga
  • Carne Trêmula
  • Casablanca
  • Chamas da vingança
  • Chocolate
  • Circle
  • Cirkus Columbia
  • Close
  • Closer
  • Código 46
  • Coincidências do Amor
  • Coisas Belas e Sujas
  • Colateral
  • Com os Olhos Bem Fechados
  • Comer, Rezar, Amar
  • Como Enlouquecer Seu Chefe
  • Condessa de Sangue
  • Conduta de Risco
  • Contragolpe
  • Cópias De Volta À Vida
  • Coração Selvagem
  • Corre Lola Corre
  • Crash - no Limite
  • Crime de Amor
  • Dança com Lobos
  • Déjà Vu
  • Desert Flower
  • Destacamento Blood
  • Deus e o Diabo na Terra do Sol
  • Dia de Treinamento
  • Diamante 13
  • Diamante de Sangue
  • Diário de Motocicleta
  • Diário de uma Paixão
  • Disputa em Família
  • Dizem por Aí...
  • Django
  • Dois Papas
  • Dois Vendedores Numa Fria
  • Dr. Jivago
  • Duplicidade
  • Durante a Tormenta
  • Eduardo Mãos de Tesoura
  • Ele não está tão a fim de você
  • Em Nome do Jogo
  • Encontrando Forrester
  • Ensaio sobre a Cegueira
  • Entre Dois Amores
  • Entre o Céu e o Inferno
  • Escritores da Liberdade
  • Esperando um Milagre
  • Estrada para a Perdição
  • Excalibur
  • Fay Grim
  • Filhos da Liberdade
  • Flores de Aço
  • Flores do Outro Mundo
  • Fogo Contra Fogo
  • Fora de Rumo
  • Fuso Horário do Amor
  • Game of Thrones
  • Garota da Vitrine
  • Gata em Teto de Zinco Quente
  • Gigolo Americano
  • Goethe
  • Gran Torino
  • Guerra ao Terror
  • Guerrilha Sem Face
  • Hair
  • Hannah And Her Sisters
  • Henry's Crime
  • Hidden Life
  • História de Um Casamento
  • Horizonte Profundo
  • Hors de Prix (Amar não tem preço)
  • I Am Mother
  • Inferno na Torre
  • Invasores
  • Irmão Sol Irmã Lua
  • Jamón, Jamón
  • Janela Indiscreta
  • Jesus Cristo Superstar
  • Jogo Limpo
  • Jogos Patrióticos
  • Juno
  • King Kong
  • La Dolce Vitta
  • La Piel que Habito
  • Ladrões de Bicicleta
  • Land of the Blind
  • Las 13 Rosas
  • Latitude Zero
  • Lavanderia
  • Le Divorce (À Francesa)
  • Leningrado
  • Letra e Música
  • Lost Zweig
  • Lucy
  • Mar Adentro
  • Marco Zero
  • Marley e Eu
  • Maudie Sua Vida e Sua Arte
  • Meia Noite em Paris
  • Memórias de uma Gueixa
  • Menina de Ouro
  • Meninos não Choram
  • Milagre em Sta Anna
  • Mistério na Vila
  • Morangos Silvestres
  • Morto ao Chegar
  • Mudo
  • Muito Mais Que Um Crime
  • Negócio de Família
  • Nina
  • Ninguém Sabe Que Estou Aqui
  • Nossas Noites
  • Nosso Tipo de Mulher
  • Nothing Like the Holidays
  • Nove Rainhas
  • O Amante Bilingue
  • O Americano
  • O Americano Tranquilo
  • O Amor Acontece
  • O Amor Não Tira Férias
  • O Amor nos Tempos do Cólera
  • O Amor Pede Passagem
  • O Artista
  • O Caçador de Pipas
  • O Céu que nos Protege
  • O Círculo
  • O Circulo Vermelho
  • O Clã das Adagas Voadoras
  • O Concerto
  • O Contador
  • O Contador de Histórias
  • O Corte
  • O Cozinheiro, o Ladrão, Sua Mulher e o Amante
  • O Curioso Caso de Benjamin Button
  • O Destino Bate a Sua Porta
  • O Dia em que A Terra Parou
  • O Diabo de Cada Dia
  • O Dilema das Redes
  • O Dossiê de Odessa
  • O Escritor Fantasma
  • O Fabuloso Destino de Amelie Poulan
  • O Feitiço da Lua
  • O Fim da Escuridão
  • O Fugitivo
  • O Gangster
  • O Gladiador
  • O Grande Golpe
  • O Guerreiro Genghis Khan
  • O Homem de Lugar Nenhum
  • O Iluminado
  • O Ilusionista
  • O Impossível
  • O Irlandês
  • O Jardineiro Fiel
  • O Leitor
  • O Livro de Eli
  • O Menino do Pijama Listrado
  • O Mestre da Vida
  • O Mínimo Para Viver
  • O Nome da Rosa
  • O Paciente Inglês
  • O Pagamento
  • O Pagamento Final
  • O Piano
  • O Poço
  • O Poder e a Lei
  • O Porteiro
  • O Preço da Coragem
  • O Protetor
  • O Que é Isso, Companheiro?
  • O Solista
  • O Som do Coração (August Rush)
  • O Tempo e Horas
  • O Troco
  • O Último Vôo
  • O Visitante
  • Old Guard
  • Olhos de Serpente
  • Onde a Terra Acaba
  • Onde os Fracos Não Têm Vez
  • Operação Fronteira
  • Operação Valquíria
  • Os Agentes do Destino
  • Os Esquecidos
  • Os Falsários
  • Os homens que não amavam as mulheres
  • Os Outros
  • Os Românticos
  • Os Tres Dias do Condor
  • Ovos de Ouro
  • P.S. Eu te Amo
  • Pão Preto
  • Parejas
  • Partoral Americana
  • Password, uma mirada en la oscuridad
  • Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas
  • Perdita Durango
  • Platoon
  • Poetas da Liberdade
  • Polar
  • Por Quem os Sinos Dobram
  • Por Um Sentido na Vida
  • Quantum of Solace
  • Queime depois de Ler
  • Quero Ficar com Polly
  • Razão e Sensibilidade
  • Rebeldia Indomável
  • Rock Star
  • Ronin
  • Salvador Puig Antich
  • Saneamento Básico
  • Sangue Negro
  • Scoop O Grande Furo
  • Sem Destino
  • Sem Medo de Morrer
  • Sem Reservas
  • Sem Saída
  • Separados pelo Casamento
  • Sete Vidas
  • Sexo, Mentiras e Vídeo Tapes
  • Silence
  • Slumdog Millionaire
  • Sobre Meninos e Lobos
  • Solas
  • Sombras de Goya
  • Spread
  • Sultões do Sul
  • Super 8
  • Tacones Lejanos
  • Taxi Driver
  • Terapia do Amor
  • Terra em Transe
  • Território Restrito
  • The Bourne Supremacy
  • The Bourne Ultimatum
  • The Post
  • Tinha que Ser Você
  • Todo Poderoso
  • Toi Moi Les Autres
  • Tomates Verdes Fritos
  • Tootsie
  • Torrente, o Braço Errado da Lei
  • Trama Internacional
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